Você está na página 1de 10

CARTILHA EDUCATIVA

BOAS PRÁTICAS VISANDO A


PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
CONTRA ATLETAS NO
AMBIENTE ESPORTIVO
CARTILHA EDUCATIVA

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA


PSICOLOGIA E ESPORTE

ATIVIDADE REALIZADA PELOS ALUNOS:

BEATRIZ ARAGÃO - 1200201139


CARY ANTUNES - 1190200801
CATHARINA SIQUEIRA - 1190202073
CLARA LOUZADA - 1200102965
FLÁVIO FERNANDES - 1190102761
JULIANA KELLY - 1190201725
LEANDER ROCHA - 1200102748
LETÍCIA LOIS - 20201104237
RAFAELA ASSIS - 1200102788
ROSANE SANTANA - 1190200802
SONIA M. DOS SANTOS - 1200102383
PRIMEIRAMENTE, VAMOS ENTENDER
MELHOR OS CONCEITOS DE ESPORTE
E VIOLÊNCIA?

ESPORTE
O esporte é visto pela psicologia como
uma criação da civilização para
entretenimento e, em alguns casos,
como sublimação da agressividade
inerente ao ser humano. Claro que toda
modalidade esportiva possui seu
corolário de regras que visa disciplinar a
prática da mesma e pressupõe no seu
arcabouço imaginário, a geração de
pessoas saudáveis e mais equilibradas
VIOLÊNCIA
emocionalmente. Além disso, o Esporte é
um meio para acesso à fama, riqueza, A palavra “violência” tem a sua origem do

poder ou até mesmo uma melhora da latim violentia. O verbo violare refere-se

vida social e econômica. a tratar com violência, profanar,


transgredir. Faz referência também ao

Porém, nem tudo acontece da forma termo vis que contém em seu significado

idealizada pelo atleta e seus familiares, o as palavras “força”, “potência” e “vigor”.

desgaste físico e mental também faz Se caracteriza como violência, quando

parte da rotina esportiva. Com a essa força quebra regras, avança os

crescente abertura de espaços onde as limites da ordem das relações,

pessoas podem se pronunciar a respeito prejudicando e/ou trazendo malefícios e

desse tema, cada vez mais se tem relatos sofrimento (MATOS e XAVIER, 2020). A

de violência de diversas modalidades violência não possui um locus específico,

sofridos por esse público, que está ela está presente nos mais variados

envolto por interesses e ganhos contextos e espaços geográficos, classes

secundários das partes envolvidas: sociais, culturas diversas, e também na

atleta, família e equipe multidisciplinar. esfera do esporte.


MAS SERÁ QUE EXISTE
MESMO VIOLÊNCIA NO
CONTEXTO ESPORTIVO?

A violência sempre esteve presente no contexto esportivo. O Coliseu da Roma antiga era
sempre marcado por batalhas sangrentas, em função da política dos imperadores romanos,
como uma forma de acalmar e trazer entretenimento para os cidadãos descontentes com a
realidade social da época. Para apaziguar a violência dentro do esporte, foram criadas as
regras, e os grupos esportivos foram em busca do desenvolvimento de novas habilidades e
estratégias (OLIVEIRA e FERRIANI, 2011)

VOCÊ SABIA?

A violência não se limita apenas à agressão física, existem outras formas de agredir, baseado
em opressão, intimidação, medo e terror (CHAUÍ, 1998). Dentre as modalidades de violência
existentes, encontra-se a psicológica, que segundo o Ministério da Saúde (2001), caracteriza-
se como toda ação ou negligência que causa ou visa causar prejuízos à autoestima, à
identidade ou ao desenvolvimento de alguém. Dentro desse contexto, inclui: ameaças,
cobranças de comportamento, exploração, humilhações, discriminações, chantagens,
desqualificação e ridicularização moral e afins. Essa categoria de violência é a mais difícil de
ser identificada, apesar de ser bastante frequente e sempre acompanhar outros tipos de
violência, ela é silenciosa, pois, não necessariamente ocorre o contato físico, mas causa um
sofrimento psíquico, levando a pessoa ao um adoecimento mental, por vezes, resultando em
suicídio (BRASIL, 2001).
Segundo uma pesquisa realizada para o mestrado da ex nadadora Joanna Maranhão,
integrante do Comitê Olímpico do Brasil (COB), aponta que dentre os entrevistados, 93% já
sofreram violência psicológica, 64% foram vítimas de assédio sexual e 49,7% sofreram
violência física. A pesquisa também revela que dentre os países que já realizaram esse tipo
de investigação, o Brasil se sobressai, obtendo o dobro de casos de assédio. A ex atleta
adverte, que esses dados servem como um alerta, principalmente para os pais que se
deslumbram pelo possível acesso ao sucesso, fama e riqueza através dos filhos. A mesma
defende e milita por um ambiente esportivo seguro, no qual, confessa já ter sido vítima de
assédio sexual no passado.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

De acordo com a pesquisa, o número de


atletas que sofreram violência psicológica
é bem considerável, o que leva a crer que é
um tema pertinente no esporte, uma vez
que esse tipo de violência afeta
diretamente a autoestima dos
competidores, que experienciam
emoções acentuadas e ansiedade no
ambiente esportivo. Tal atmosfera é
repleta de cobranças de bons resultados e
superações, o que pode contribuir para
atos e discursos discriminatórios,
advindos tanto de colegas, treinador,
membros da equipe esportiva ou até
mesmo de patrocinadores, o que
consequentemente prejudica o
desenvolvimento do atleta.
ASSÉDIO MORAL
Segundo o Ministério Público do Trabalho (2018), o assédio moral, que também é uma
violência, se caracteriza pela exposição de pessoas a situações humilhantes e
constrangedoras, geralmente de forma repetitiva e prolongada, que ofendem a dignidade ou
integridade psíquica.

O ASSÉDIO MORAL NA PRÁTICA


Infelizmente é possível observar situações desse tipo de assédio experenciadas por atletas,
que tiveram sua integridade moral violada, como no caso do jogador de futebol do Real
Madrid, Vinicius Júnior que sofreu uma série de injúrias raciais de torcedores de times
adversários durante algumas partidas, e do jogador Marcus Wendel, que durante uma
partida, enquanto deixava o campo com um placar favorável ao seu time, foi alvejado por uma
banana que fora arremessada da torcida adversária. Na contemporaneidade, observa-se que
os níveis e formas da violência tomam outros rumos, como a violência simbólica, que substitui
a física, que está cada vez mais enraizada pela a cultura do esporte, incluindo os espectadores.

VIOLÊNCIA SEXUAL

A violência ou assédio sexual, consiste em constranger alguém com o objetivo de obter


vantagens ou favorecimento sexual. Na maioria das vezes, ele acontece por meio de
“cantadas” e insinuações desagradáveis, constantes, com alguma conotação sexual. Assim, é
importante destacar que o assédio sexual não precisa se dar por meio de contato físico. Essa
atitude pode ser explícita ou discreta, falada ou apenas insinuada, escrita ou explicitada em
gestos, vir em forma de coação ou, ainda, em forma de chantagem (MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO, 2018).

A VIOLÊNCIA SEXUAL NA PRÁTICA

Um caso emblemático, é o de Larry Nassar, ex-médico americano, acusado por mais de 100
ginastas, de abuso sexual na década de 1990. Ele dizia às adolescentes que estava realizando
procedimentos médicos e, naquela época, as atletas ainda crianças, apesar de sentirem-se
desconfortáveis, acreditaram no criminoso e só tiveram consciência do que haviam passado
quando a ocorrência veio a público, inclusive uma das vítimas violentada aos 10 anos, cometeu
suicídio 16 anos após o ocorrido (O GLOBO, 2017).
E COMO PODEMOS, JUNTOS,
MUDAR ESSA REALIDADE?

O Ministério Público do Trabalho desenvolveu uma cartilha em 2018, onde aponta algumas
diretrizes para vítimas de violência na esfera esportiva. Segundo o material informativo é
importante que a vítima tome algumas providências essenciais como, não se deixar ser
intimidada, anotar os detalhes de todas as humilhações que sofrera: dia, mês, ano, o horário
que ocorreu, o local, anotar o nome do agressor, e das pessoas que presenciaram os fatos. Em
caso de assédio sexual, é importante arquivar conversas de celular, bilhetes eventualmente
escritos pelo o assediador, nunca conversar com o agressor sem a presença de uma
testemunha, comunicar a equipe diretiva da organização esportiva sobre o ocorrido o mais
breve possível. Nos casos de violência que deixam marcas físicas, é importante registrar
através de fotografias as lesões, para que as mesmas sejam usadas como prova. Por último,
prestar queixa na delegacia. Buscar ajuda da família, amigos e profissionais da Psicologia é
fundamental, para uma boa recuperação.

O estudo problemático da violência e sua relação com o esporte revela cenários


desagregadores. As relações oriundas de atividades desportivas dos praticantes e de
torcedores demonstram a existência de um desequilíbrio de força entre os fortes e fracos, ou
oprimidos e opressores caracterizando uma luta de poder.
Não basta possuir profissionais especializados para coibir os atos de violência no
esporte. É de suma importância que sejam tomadas providências:
Como a implementação de ações de políticas públicas preventivas e programas
para a conscientização dos indivíduos;
A promoção de campanhas educativas nas famílias, escolas, clubes, instituições
religiosas, associação de moradores, etc;
Fiscalização adequada das sanções desportivas aplicadas com base no Estatuto de
Defesa do Torcedor;
Adoção de dispositivos legais que protejam a integridade física e mental do
torcedor e praticante de esporte;
Promoção de uma cultura de prevenção de violência e de promoção de valores do
esporte ligados a aspectos que não prejudique o indivíduo;
Fiscalização intensificada para o cumprimento do Estatuto de Defesa do Torcedor e
comprometimento das instituições esportivas de reformular os seus regimentos
adaptados aos novos cenários sociais, políticos e econômicos, porque os novos
tempos, revelam novos desafios e exigem maiores esforços em matéria de
segurança individual e coletiva.
CONFIRA NOSSAS REFERÊNCIAS:
PARTE 1

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar:


orientações para a prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. (Caderno de
Atenção Básica, 8)

CHAUI, Marilene. (1998). "Ética e violência". Teoria & Debate. São Paulo. Fundação Perseu
Abramo, n. 39, p 32-41.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Guia de Orientação sobre Assédio Sexual e Moral nos
Esportes. Brasília, maio de 2018.

MATOS M.C; XAVIER T. B. As violências ocultas dentro do universo esportivo feminino:


uma abordagem dentro do handebol. 2020. Disponível em:
https://app.periodikos.com.br/article/5eeb9bee0e8825373dbf3a9b/pdf/ijpe-2-1-
e20200008.pdf. Acesso em: 15/03/23

MPT-Guia-de-Orientações-sobre-Assédio-Moral-e-Sexual-nos-Esportes.pdf
(cbkw.org.br) Acesso em: 14Mar. 2023, 16:00h.

2 MARANHÃO, Joana. Pesquisa aponta que 93% dos atletas brasileiros já sofreram assédio.
GE – Globo Esporte, Rio de janeiro, agosto de 2022. Disponível em: ge (globo.com). Acesso em:
14Mar. 2023, 16:16h.

GREZ, Mathias. Impunidade em ataques racistas contra Vini Jr. gera discussão na
Espanha: “Estão lavando as mãos”. CNN Brasil, 2023. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/impunidade-em-ataques-racistas-contra-vini-jr-
gera-discussao-na-espanha-estao-lavando-as-maos/. Acesso em: 19 de Março de 2023.
CONFIRA NOSSAS REFERÊNCIAS:
PARTE 2

Torcida atira banana na direção do brasileiro Wendel, do Zenit, em partida na Rússia.


Globo esporte, 2023. Disponível em: https://ge.globo.com/futebol/futebol-
internacional/noticia/2023/02/25/torcida-atira-banana-na-direcao-do-brasileiro-wendel-
do-zenit-em-partida-na-russia.ghtml. Acesso em: 19 de março de 2023.

OLIVEIRA J. E. C; FERRIANI M. G. C. Esporte e Violência. 2011. Disponível em:


https://efdeportes.com/efd156/esporte-e-violencia.htm Acesso em: 21/03/2023

RINALDI, Roberta. Como fazer uma boa proposta de intervenção?29/06/2022.


https://blog.imaginie.com.br/como-fazer-uma-boa-proposta-de-intervencao/ Acesso em
20/03/2023 às 17:00

Como combater a violência no esporte? Fit People Publicação 04/07/2019.


https://fitpeople.com/pt/esportes/violencia-no-esporte/ Acesso em 20/03/2023 às 17:19

STAREPRAVO, F.A. Esporte, Relações Sociais e Violências. Universidade Federal do Paraná/


CEPELS Curitiba PR. Motriz, Rio Claro,v.9,n.1,p.59-63,jan./abr.2003.
http://www1.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/09n1/Starepravo.pdf Acesso em 20/03/2023 às 15:35

Você também pode gostar