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• A especialização precoce;
• O doping;
• A violência;
• A corrupção.
Na formação dos jovens praticantes desportivos, e no convívio familiar, é essencial alicerçar valores essenciais
(verdade desportiva, fair play) para que, com naturalidade, consigam no futuro integrar e regular os
comportamentos e as atitudes. Só assim se conseguirão limitar e erradicar fenómenos como a violência, o
racismo, a corrupção, etc.
A excessiva valorização da vitória deve ser combatida com o reforço das aprendizagens adequadas à vida em
sociedade, à tolerância, à aceitação da diferença e ao reconhecimento espontâneo do mérito sem nunca
menosprezar adversários.
"A Carta sobre o Espírito Desportivo [...] compreendia cinco elementos básicos a serem respeitados na prática
dos desportos:
1. Respeitar os regulamentos;
3. Respeitar os adversários;
Santos, António (2006) - O Processo de Desenvolvimento Moral e o Espírito Desportivo Fair Play, Algés-Oeiras,
in Ética e Fair Play, Novas Perspetivas, Novas Exigências, CDP
A corrupção no desporto sempre existiu e têm sido muitos os exemplos, nas várias modalidades desportivas,
que vieram a público: pagamentos ilícitos a agentes desportivos (atletas, árbitros, dirigentes) para
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obtenção/facilitação de resultados e criação de condições de algum privilégio e favorecimento nas decisões
de órgãos de direção, disciplina e justiça, chegando, muitas vezes, a ocorrerem casos que levantaram suspeição
aos mais altos níveis desportivos, como, por exemplo, no próprio Comité Olímpico Internacional.
Desde sempre existiram também políticos que utilizaram o desporto para uma imediata e eficaz promoção
pessoal e que, em alguns casos, deixaram heranças pesadas e muitos problemas por resolver.
• Corrupção passiva
• Corrupção ativa
Também existe, no desporto, o crime de tráfico de influências, tipificado nos dois tipos de corrupção: passiva
e ativa.
• Combinar ou manipular resultados - as partes intervenientes têm sempre alguma vantagem, seja ela
financeira, desportiva ou ambas.
• Decisões dos árbitros que não correspondem à realidade dos factos (sejam intencionais ou não) - Um
árbitro, como ser um ser humano que é, pode decidir erradamente, não devendo pressupor-se que está a
favorecer ou a prejudicar intencionalmente uma determinada parte. Só as decisões intencionalmente erradas,
motivadas por uma aceitação, solicitação ou promessa de dádiva, devem ser criminalizadas. Os restantes
"erros" ficam ressalvados para os regulamentos disciplinares próprios das competições no caso concreto.
• Atuação melhorada ou condicionada dos atletas - A atuação melhorada de jogadores faz-se através de
aliciamento financeiro ou substâncias químicas consideradas ilegais (dopagem). A atuação condicionada é feita
em troca de uma vantagem exterior à competição ou por coação feita ao jogador.
Mas a corrupção desportiva por vezes também parte dos agentes desportivos: dirigentes desportivos, técnicos
desportivos, árbitros desportivos, empresários desportivos, pessoas coletivas desportivas bem como pessoas
que, mesmo provisória ou temporariamente, mediante remuneração ou a título gratuito, voluntária ou
obrigatoriamente, a título individual ou integradas num conjunto, participem em competição desportiva ou
sejam chamadas a desempenhar ou a participar no desempenho de competição desportiva.
Agentes desportivos
Dirigente desportivo - É o titular do órgão ou representante da pessoa coletiva desportiva, quem nela tiver
autoridade para exercer o controlo da atividade e o diretor desportivo ou equiparado.
Árbitro desportivo - É quem, a qualquer título, principal ou auxiliar, aprecia, julga, decide, observa ou avalia a
aplicação das regras técnicas e disciplinares próprias da modalidade desportiva.
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Só reforçando a necessidade de valorização permanente do espírito desportivo, de uma saudável paixão pelo
desporto, se podem criar defesas que contrariem a tendência da batota e da vitória a qualquer preço. O futuro
do desporto depende também dessa ação em defesa da verdade desportiva.
A luta contra a corrupção no desporto é uma exigência para se conseguir obter a melhor resposta para
comportamentos que, de forma fraudulenta, falseiam a verdade da competição e os resultados desportivos.
(ver vídeo)
Em Portugal o Decreto-Lei n.º 390/91 de 10 de outubro qualifica como crime comportamentos que afetem a
verdade e a lealdade da competição desportiva.
O desporto apresenta-se associado a conflitos que degeneram, algumas vezes, em atos de extrema gravidade
que ultrapassam fronteiras (ver vídeo) e que mundializam a necessidade de adoção de atitudes e a criação de
regulamentos comuns que salvaguardem a universalidade do desporto e a segurança das pessoas que,
integradas em permanentes movimentos de populações, se deslocam para acompanhar as grandes
competições desportivas.
A sociedade apresenta indicadores que nos demonstram a existência e a permanência de uma vaga crescente
de violência associada ao desporto, que se afirmou definitivamente a partir dos anos 1960. Os ministros do
desporto dos países membros do Conselho da Europa passaram a ter de reunir várias vezes com a finalidade
de estudar as causas dos conflitos violentos que se verificavam no decurso das competições desportivas.
O desporto, como fenómeno social, reproduz o padrão social que o suporta e sustenta, ou seja, traz consigo
os anseios e as expectativas que estão presentes na sociedade.
As sociedades sempre manifestaram necessidade de criarem e gerirem conflitos e tensões, até como processo
inerente de evolução natural.
O desejo de participar ativamente na sociedade do seu tempo desde sempre levou o cidadão a associar-se em
grupo, inclusive a usar formas de identificação/integração coletivas (pinturas, enfeites, vestuário, ritmos e
sons) que as claques dos nossos dias reproduzem.
Outro aspeto a considerar é que a comunicação social mundializa os acontecimentos, quer banalizando factos
terríveis (guerras, fome, destruição...) quer endeusando resultados e atletas desportivos. Porém a própria
comunicação social usa, em muitos casos, os ídolos desportivos, os seus feitos e as suas desgraças, não para
os dar a conhecer, mas, ao invés, como arma de arremesso na frenética luta pelas audiências, o que permite a
valorização do acessório, do mediático, ajudando a criar polémicas estéreis, algumas vezes potenciadoras de
conflitualidade.
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Um dos motivos que podem ser suscitados para a atual realidade de violência no desporto está ligada ao seu
processo de comercialização o qual provoca uma profunda alteração no que diz respeito às pressões que os
atletas sofrem, como por exemplo:
Essas pressões fazem com que muitos jogadores quebrem as regras que regem o desporto, ocasionando um
aumento de comportamentos violentos, sejam eles físicos ou verbais.
1. Desordem por falta de bilhetes de ingresso - um grupo de espectadores procura entrar violentamente numa
instalação desportiva. Não costumam ser muito violentas;
2. Desordem por derrota - esta é entendida como uma injustiça pelos adeptos do grupo derrotado. A violência
pode atingir níveis elevados e as massas podem chegar a confrontar-se com a polícia, quando, procuram atacar
o “causador” da derrota;
4. Desordem no tempo de folga - refere-se a atos violentos ocorridos em festas, celebrações, cerimónias ou
em qualquer ocasião especial, durante a qual se perde o respeito por normais morais (Almeida & Monteiro,
2004).
Falar de violência no desporto é falar de uma das inúmeras formas de violência do nosso tempo.
Só a valorização da ideia do fair play (ver vídeo) e da camaradagem no desporto permite vencer, com sucesso,
os excessos desviantes.
No desporto, nem todos podem ser campeões, mas todos podem dar o melhor de si; todos podem tentar
substituir o seu menos (as suas insuficiências) pelo mais (as aprendizagens que se fazem com os outros).
Por outro lado, os países devem procurar ultrapassar as diferenças e encontrar formas de entendimento e
complementaridade que permitam a elaboração de legislação e códigos de conduta cuidados e adequados que
potenciem os ideais do desporto e ajudem a vencer, com segurança e naturalidade, a luta contra a violência e
o reforço do espírito desportivo.
Como afirmam os autores Costa, A.S. e Costa, M.B (1991), para que seja possível combater a violência no
desporto "Urge sancionar devidamente todos os prevaricadores, modificar, quando necessário, as leis do jogo,
criarem-se as condições de segurança para os árbitros poderem ser tranquilamente rigorosos, informar e
educar o público, em especial a juventude.
Por outro lado, a nível de jovens praticantes é indispensável evitar um elevado clima de ansiedade antes das
provas, bem como as frustrações após as derrotas, ou seja, não se exigir a vitória a qualquer preço antes como
fruto de um trabalho programado e cumprido."
A competição precisa ser encarada com outros olhos. Tanto quem joga quanto quem aprecia o jogo precisam
ter em mente que a competição só existe porque existe o outro. Não é possível jogar sozinho. Os sujeitos que
jogam são as peças mais importantes para a existência do jogo de modo que, a busca pela vitória deve ser
repensada.
A busca pela vitória presente no ato de competir pode ser considerada normal e justificável, porém o que deve
ser analisado e questionado são os mecanismos utilizados para se conquistar a vitória. Se, enquanto
mecanismo, é utilizado a violência a vitória perde o sentido. Não podemos aceitar com naturalidade a ideia de
que a competição ou a busca pela vitória seja mais importante do que o outro.
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Violência para além dos jogadores
Certamente, se fossemos listar os casos de violência relacionados com o
desporto essa lista seria enorme, principalmente, de casos relacionados ao
fanatismo, uma vez que, muitos espetadores fanáticos desconsideram a lógica
da liberdade de escolha e interesse dos outros colocando-se numa posição de
absoluta convicção de superioridade. Assim, o outro não é considerado
somente um adversário no jogo, mas sim, um inimigo.
O perigo do fanático ou do fanatismo consiste exatamente na certeza absoluta e incontestável que ele tem a
respeito de suas verdades. O fanático não aceita discussões ou questionamentos com relação àquilo que
apresenta como sendo seu conhecimento.
As claques organizadas demonstram exemplos claros de fanatismo carregados de ações violentas que fazem
com que o sentido (incentivar o clube do coração) da claque se perca (ver vídeo) Em algumas cidades os
elementos das claques saem às ruas após os jogos partindo tudo, automóveis, lâmpadas dos postes, vidros,
destroem placas de trânsito, sem falar no que já destruíram dentro do estádio, principalmente se for da equipa
adversária.
Os elementos destas claques são pessoas de todas as classes sociais, que não vão aos estádios ou ginásios
simplesmente pela diversão, mas pelo prazer de atos de violência sendo que, muitas vezes, a própria
apreciação do jogo é deixada de lado prevalecendo a violência.
As pessoas precisam compreender que deve prevalecer a preocupação com a integridade do outro o qual não
deve ser encarado simplesmente como um adversário, mas como um ser humano. Assim, precisamos
disseminar a ideia de que os locais destinados à prática ou apreciação desportiva devem ser espaços de
encontro, confraternização e apreciação do jogo; locais onde seja possível a presença da criança, do jovem, do
adulto e do idoso.
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