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Escola Secundária du Bocage

Corrupção e Violência no Desporto vs


Verdade e Espírito Desportivo

Inês Lopes e Sofia Duarte, 12ºD

Educação Física, Prof. Ricardo Rodrigues

Data de entrega: 01 de abril de 2022

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1.Introdução...............................................................................................2
2.Corrupção Desportiva..................................................................................3
2.1. Diferentes tipos de Corrupção Desportiva......................................................4
2.2. Casos de Corrupção Desportiva...................................................................5
2.2.1. Caso do Apito Dourado...........................................................................6
2.2.2. Escândalo Olympique de Marseille vs Valenciennes.........................................6
2.2.3. Máfia do Apito.....................................................................................6
2.2.4. Escândalo da Serie A 2006.......................................................................7
2.2.5. Robert Hoyzer.....................................................................................7
2.2.6. Austrália Open de 2005..........................................................................7
2.3. Consequências da Corrupção.....................................................................7
3. Violência no Desporto.................................................................................8
3.1. Casos de Violência no Desporto.................................................................10
3.1.1. A Tragédia de Heysel...........................................................................11
3.1.2. A Mordida de Mike Tyson.......................................................................11
3.2. Causas e Fatores que Levam à Violência no Desporto.......................................12
3.3. O Papel da Comunicação Social.................................................................13
3.3.1. Na Propagação da Violência no Desporto...................................................14
3.3.2. No Combate à Violência no Desporto........................................................14
3.4. Prevenção e Combate à Violência no Desporto...............................................15
4. Espírito Desportivo...................................................................................16
4.1. Ética e a Ética no Desporto......................................................................17
5. Verdade Desportiva..................................................................................18
5.1. A Verdade e a Ética Desportiva.................................................................19
5.2. Como é que a Verdade Desportiva pode ser afetada?.......................................19
6. Conclusão..............................................................................................19
7. Bibliografia............................................................................................20

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1.Introdução

Este trabalho, tendo sido proposto no âmbito da disciplina de Educação Física, tem
como propósito a melhor compreensão do que é a corrupção e a violência, de que forma é que
estas se manifestam e afetam o desporto, refletindo também sobre a origem destes fenómenos
e observando os acontecimentos relativos a estas problemáticas que mudaram a história do
desporto. Visa-se, ainda, a análise das diferentes formas adotadas pela sociedade para
prevenir e combater a corrupção e a violência no desporto. Além disso, também é objetivo
deste trabalho a compreensão do espírito e da verdade desportiva, sendo necessário analisar a
definição destes dois termos e a forma como estes se expressam e afetam o desporto nas suas
várias vertentes. É também de extremo interesse comparar estes dois conceitos, o espírito e a
verdade desportiva, com os seus opostos, a violência e a corrupção no desporto, observando a
forma como estes se influenciam um ao outro e como afetam o desporto.

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2.Corrupção Desportiva

A corrupção desportiva em Portugal deixou de ser vista como algo que pode ser
combatido, e tem-se acentuado cada vez mais como um meio mais fácil para alcançar certos
objetivos, mas no que é que consiste a corrupção? A corrupção é algo que leva ao
incumprimento das leis e à modificação de dados verdadeiros por dados falsos. Para haver
corrupção existe sempre um comportamento prometido que numa dada circunstância
constitui um crime. A corrupção implica que haja uma vantagem indevida por parte de um
indivíduo.
A corrupção no desporto não é uma ação individual, pois acaba por envolver sempre
mais do que um indivíduo e também não é uma ação recente. O primeiro caso reportado de
corrupção desportiva remete-nos à Grécia Antiga, altura em que um lutador chamado
Eupolos subornou três dos seus adversários para que Eupolos os conseguisse ganhar.
Contudo, a corrupção tem tornando-se cada vez mais recorrente, isto deve-se ao facto de que
hoje em dia o desporto envolve grandes quantidades de dinheiro, tornando-se assim uma
indústria onde os atletas profissionais são os trabalhadores. Por esta razão, os desportos onde
há e pode haver mais ilegalidades deste género é no futebol, no boxe, nas corridas de cavalos,
no ténis, no basebol e no ciclismo. Isto ocorre dado que existe muito dinheiro envolvido
nestes desportos e é também nestes que pode existir mais erros sem se reparar muito neles,
como, por exemplo, a influência nos árbitros, entre outras coisas. Por outro lado, em termos
de organizações desportivas destacam-se principalmente a entidade que tutela os jogos
olímpicos, diversas ligas e clubes de futebol e diversas ligas que organizam competições de
boxe.

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2.1. Diferentes tipos de Corrupção Desportiva

Para entendermos corretamente o que é a corrupção há que perceber que tanto é


corrupto a pessoa que suborna (Corrupção ativa) como o indivíduo que aceita o suborno
(Corrupção passiva). Existem várias formas de corrupção no desporto, mas esta divide-se em
duas grandes áreas: Corrupção ao nível dos resultados desportivos e Corrupção
extracompetições.
A corrupção ao nível dos resultados desportivos ocorre sob a forma de suborno a
intervenientes diretos, como, por exemplo, árbitros, atletas, treinadores entre outros, um
exemplo deste tipo de corrupção existe quando um atleta aceita dinheiro em troca de desistir
de uma determinada competição afim de permitir que o seu adversário ganhe. Por sua vez,
fala-se em corrupção extracompetições quando o suborno se dirige a intervenientes indiretos
do fenómeno desportivo como, os agentes dos atletas e pessoas que ocupam um cargo em
comissões onde se avalia o desempenho dos atletas. Quando um agente desportivo tenta
interferir com a classificação de desempenho de um determinado atleta, para que assim
consiga patrocínios e contratos milionários ocorre um caso de corrupção extracompetições.

No entanto, nem todos os tipos de corrupção apresentam subornos. O doping também


é considerado um tipo de corrupção e, porém, não existe qualquer tipo de suborno. Este é
considerado um tipo de corrupção, uma vez que. o doping aumenta ilegalmente o rendimento
dos atletas colocando a capacidade física do atleta acima do que é aceitável para o mesmo
tendo em conta as suas características genéticas e físicas, atribuindo-lhes vantagens desleais
em relação aos atletas que não recorrem a este tipo de substância para atingir os seus
resultados desportivos.

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2.2. Casos de Corrupção Desportiva

2.2.1. Caso do Apito Dourado

Ao longo destes anos foram conhecidos vários casos de corrupção desportiva em Portugal,
um dos primeiros casos e mais conhecidos foi o caso do Apito Dourado que surgiu em 2004 e
que até aos dias de hoje é bastante falado contribuindo assim para uma maior perceção da
corrupção no desporto por parte do público. Este processo baseou-se em casos de corrupção
relacionados com os escalões inferiores do futebol português, nomeadamente o União
Desportiva Sousense e o Gondomar Sport Clube. Mais tarde, veio-se a saber da existência de
escutas telefónicas que envolviam o Futebol Clube do Porto e o Boavista neste processo,
escutas essas que foram disponibilizadas no Youtube. Este caso envolvia o tráfico de
influências, agressões a dirigentes desportivos, a coação de equipas de arbitragem, assim
como festas de cariz sexual oferecidas pelo dirigente do FC Porto aos árbitros. As
investigações por parte da polícia judiciária acabariam por incriminar Jorge Nuno Pinto da
Costa, presidente do FC Porto, e Valentim Loureiro, antigo presidente do Boavista. O FC
Porto e o seu presidente, assim como o Boavista e o seu presidente, seriam condenados pelas
instâncias desportivas (Comissão de Disciplina da Liga Portuguesa de Futebol), porém, estes
seriam ilibados por parte dos tribunais civis. Todavia, as escutas seriam ainda assim
aproveitadas para descredibilizar o futebol português e a Justiça em Portugal.
10 anos de Apito Dourado | Ep. 1 | Escutas Inéditas + Reportagem - YouTube- Episódio 1
10 anos de Apito Dourado | Ep. 2 | Escutas Inéditas + Reportagem. - YouTube - Episódio 2

2.2.2. Escândalo Olympique de Marseille vs Valenciennes

Campeão europeu em 1993, o Olympique de Marseille envolveu-se num escândalo


denunciado pelo Valenciennes quatro dias antes da final da Liga dos Campeões contra o AC
Milan. No jogo realizado entre o Olympique de Marseille e o Valenciennes , o meio-campista
do Olympique, Jean-Jacques Eydelie, pediu para que os jogadores do Valenciennes não
lesionassem os jogadores do Marseille evitando assim que perdesse algum atleta lesionado.
Jacques Glassmann, um dos atletas subornados, disse que os companheiros Jorge Burruchaga
e Christophe Robert aceitaram a proposta em troca de 250 mil francos. O dinheiro foi
encontrado enterrado no quintal da casa da sogra de Robert. O Olympique perdeu o título da
Ligue 1 de 1992-93 e desceu à segunda divisão.

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2.2.3. Máfia do Apito

Em 2005, o árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi figura central do esquema de manipulação
de resultados no Campeonato Brasileiro. Ele foi acusado de receber entre dez e quinze mil
reais por jogo, facto que levou a Confederação Brasileira de Futebol a anular onze jogos por
ele arbitradas, e a determinar que essas partidas fossem novamente realizadas. Por este
episódio, Edilson foi suspenso em 24 de setembro de 2005, e posteriormente banido do
futebol.

2.2.4. Escândalo da Serie A 2006

Em 2006, foi descoberto um escândalo de manipulação de resultados no Campeonato Italiano de


Futebol que envolvia a Juventus, o AC Milan, Fiorentina e Lazio. Inicialmente a Juventus, a
Fiorentina e a Lazio foram penalizados com uma descida de divisão enquanto que o Milan foi punido
a começar o campeonato seguinte com menos 30 pontos e a perder o direito de disputar a Liga dos
Campeões. Todavia, apenas a Juventus desceu efetivamente de divisão.

2.2.5. Robert Hoyzer

Outro caso aconteceu na Alemanha, quando um árbitro, Robert Hoyzer, foi detido após ter
sido acusado de manipular os resultados de cinco jogos disputados em 2004. O Ministério
Publico concluiu que Hoyzer foi abordado por um grupo de apostadores pertencentes à máfia
croata e aceitou subornos para beneficiar estes apostadores, manipulando os resultados em
alguns jogos.

2.2.6. Austrália Open de 2005

O jogo dos quartos de final do Austrália Open de 2005 que opôs o então número 3 do ranking mundial
Andy Roddick e o número 26 Nikolay Davydenko, onde o Nikolay desistiu no terceiro set quando já
se pensava que ia perder o jogo, numa manobra que foi considerada um caso de corrupção por
algumas casas de apostas que devolvem o dinheiro caso o jogador desista do encontro.

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2.3. Consequências da Corrupção

A corrupção no fenómeno desportivo foi criminalizada, no nosso ordenamento jurídico, no


início da década de 90 conduzindo assim ao Decreto-Lei nº390/91 de 10 de outubro, que qualifica
como crime desportivo todos os comportamentos que afetem a verdade da competição, sendo
condenada da seguinte forma:

Qualquer praticante desportivo que aceite ou solicite subornos obtendo assim uma vantagem
desportiva, será punido com pena de prisão de até dois anos. A própria tentativa de corrupção é
punível com um ano de prisão.

Caso tais atos sejam cometidos por um árbitro, dirigente, treinador ou qualquer outro agente que
preste apoio ao praticante desportivo a pena de prisão poderá ser de até quatro anos.

Qualquer indivíduo que administre substâncias que aumentem o rendimento desportivo de um atleta
será punido com dois anos de prisão.

Além deste tipo de condenação existem outros que dependem do grau da gravidade da
situação. A perda de subsídio por parte dos jogadores, o encerramento de recintos desportivos, a
proibição de realização de contratos desportivos e coimas de 10 a 100 mil euros por dia com um
período de duração de cerca de 60 dias, são outros exemplos de condenações desportivas.

Como conseguimos perceber com os exemplos acima mencionados a corrupção é em alguns


casos punida, mas será que isto é suficiente? A corrupção no nosso país, neste caso a desportiva, não
passa despercebida. No entanto não existe por parte do público geral interesse em combater este
problema. O desporto em Portugal exerce uma enorme influência na população e, por isso, seria de
esperar que qualquer ato que prejudicasse o desporto fosse devidamente condenado, mas infelizmente
isso não acontece. Muito pelo contrário, estes atos são na maior parte das vezes vistos como “casos”
que não passam da especulação e que não são devidamente trabalhados. Segundo o jornal Público,
entre 2011 e 2015, oito casos de corrupção em Portugal geraram apenas doze condenações e dentro
destas não há registo de nenhuma pena de prisão, surgindo a multa como a sanção mais comum.

Contudo, é preciso perceber que nem todos aqueles erros que acontecem de arbitragem que
são determinantes para o resultado de uma determinada modalidade, são necessariamente esquemas
de corrupção. Nestes casos, o árbitro tem que tomar uma decisão numa questão de segundos e, claro,
que pode cometer um erro, porque na realidade há um ser humano naquele lado.

É importante que todos nós percebamos que a Corrupção só leva à perda de credibilidade do
desporto, pois quem é vitorioso não é quem merece, mas sim quem paga mais ou usa métodos ilícitos
e, para além disto, leva a interações sociais agressivas entre atletas e espectadores fenómeno este que
conhecemos como violência no desporto.

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3. Violência no Desporto

A violência no desporto é definida pela utilização intencional de força ou poder contra


um indivíduo, grupo ou comunidade, com o objetivo de ferir ou inspirar medo, no contexto
de uma atividade desportiva, seja antes de um jogo, durante ou depois.

A violência pode manifestar-se de diversas formas, podendo ser dividida em violência


física, violência verbal, violência psicológica e violência social.

Na violência física ocorre contacto direto entre o agressor e a vítima, existindo uma
ofensa à integridade física da vítima e podendo-se traduzir em comportamentos como murros,
pontapés ou empurrões. Esta forma de violência pode ter consequências graves, resultando,
em casos extremos, em lesões de longa duração ou permanentes, ou até mesmo morte. Caso a
vítima seja o atleta, estas lesões podem custar-lhe a carreira, impossibilitando-o de continuar
a praticar desporto. A violência física tende a ser menos comum no desporto profissional, já
que é mais facilmente detetada e os agressores seriam mais facilmente punidos pelas
autoridades nacionais e locais, caso se tratem de adeptos, e pelas federações desportivas, caso
se tratem de atletas, árbitros ou dirigentes de clubes.

A violência verbal caracteriza-se pela utilização de palavras e expressões insultuosas


para com outro indivíduo, com o intuito de o ridicularizar, humilhar ou ameaçar. É um dos
tipos de violência mais observado no desporto, ocorrendo entre jogadores adversários, entre
jogadores e árbitros, entre adeptos rivais, e entre adeptos e todo o staff desportivo. É uma
forma de violência bastante normalizada, principalmente quando os agressores são os adeptos
e as vítimas são os jogadores, treinadores, e restantes dirigentes desportivos, uma vez que é
difícil de identificar e punir os agressores que se encontram na plateia.

A violência psicológica define-se como qualquer conduta realizada com o propósito


de ridicularizar, humilhar, desrespeitar e discriminar a vítima, causando-lhe danos
emocionais e psicológicos. Este tipo de violência é bastante utilizado no contexto do racismo
no desporto, normalmente vindo de adeptos e dirigido a jogadores de cor. Apesar de ser, por
veres, desvalorizada, a violência psicológica é tão grave como a violência física, podendo ter
consequências sérias na saúde mental da vítima.

Por fim, existe ainda a violência social, que consiste no isolamento propositado e na
exclusão social da vítima, fazendo-a sentir-se indesejada e desprezada. É um dos tipos de
violência mais passivos e difíceis de detetar.

Todas as pessoas envolvidas no desporto podem ser agentes de violência, tanto como
agressor como vítima, no entanto, os dois principais agentes de violência em contextos
desportivos são os atletas e os adeptos.

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A violência em que o adepto é o agressor é a mais comum em contextos desportivos,
variando desde a violência verbal até à física. As vítimas de violência dos adeptos são,
maioritariamente, outros adeptos, atletas, ou outros técnicos envolvidos no desporto, como os
árbitros. O tipo de violência maioritariamente utilizando pelos adeptos no desporto é a
violência verbal, sendo esta bastante normalizada e banal pela falta de consequências que
parece implicar. Apesar disso, há adeptos que chegam a aventurar-se pela violência
psicológica e física, sendo de especial destaque as claques, ou os GOA (Grupos Organizados
de Adeptos). **

É também comum a violência entre jogadores, observando-se a sua ocorrência


maioritariamente durante o evento desportivo e sendo esta, principalmente, física e verbal. A
violência em que os adeptos

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3.1. Casos de Violência no Desporto

3.1.1. A Tragédia de Heysel

Uma das tragédias mais notáveis no desporto foi a Tragédia de Heysel, tendo esta
ocorrido na Bélgica, num jogo de Liverpool contra Juventus, na final da Taça dos Campeões
Europeus. Este acontecimento é tido como a maior demonstração de violência dos hooligans,
fãs fanáticos que recorrem à violência desportiva.

Embora tenham sido tomadas medidas para prevenir possíveis situações de violência,
as provocações entre os ingleses e os italianos tiveram início ainda fora do estádio. Ao
contrário do que tinha sido previsto, o lado norte do estádio estava a ser partilhado por
adeptos das duas equipas, separados apenas por uma pequena barreira e alguns polícias.
Foram os ingleses que deram início aos distúrbios, que começavam a tornar-se incontroláveis.
As grades que separavam as bancadas cederam à pressão, e dezenas de adeptos italianos
foram espezinhados por ingleses, que usaram barras de ferro para bater nos rivais. Com a
pressão das pessoas em pânico, o muro caiu, arrastando na queda mais algumas dezenas de
pessoas. Esta tragédia causou 39 mortos e um número indeterminado de feridos, resultando
na proibição da participação das equipas inglesas em competições europeias durante cinco
anos. Foi um acontecimento que marcou a história do futebol e do desporto.

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3.1.2. A Mordida de Mike Tyson

Em 28 de junho de 1997, o pugilista Mike Tyson disputava o título dos pesos-pesados


contra o adversário Evander Holyfield, numa luta bastante antecipada que chegou a ser
denominada como a “luta do século”. Este confronto acabaria por se tornar num dos mais
insólitos da história do boxe quando, a 40 segundos do final da terceira ronda, Tyson mordeu
a orelha direita de Holyfield, retirando um pedaço de cartilagem e cuspindo-o para o chão do
ringue. A luta foi interrompida durante alguns minutos, sendo, depois, decidido o seu
recomeço, até que Mike Tyson mordeu pela segunda vez a orelha esquerda de Holyfield,
sendo, então, desqualificado e banido de competir durante um ano. Tyson teve, ainda, a sua
licença de boxe suspensa, uma multa de 3 milhões de dólares e foi sujeito a trabalho
comunitário.

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3.2. Causas e Fatores que Levam à Violência no Desporto

Há várias hipóteses para explicar o porquê da recorrência à violência. *

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3.3. O Papel da Comunicação Social

Tratando-se a violência de um fenómeno social e cultural, é de extrema importância o


papel da comunicação social, pelo seu impacto na opinião pública, podendo estes meios
contribuir para uma maior exposição e potencial imitação de comportamentos violentos ao
público geral, ou, pelo contrário, combater a utilização da violência na sociedade e no
desporto.

3.3.1. Na Propagação da Violência no Desporto

Apesar de ser dever da comunicação social e do jornalismo proporcionar aos


espectadores uma perspetiva imparcial dos acontecimentos noticiados, sem qualquer tipo de
opiniões pessoais que possam influenciar a mentalidade do público, incluindo no desporto,
muitas vezes os media, os jornalistas e os comentadores desportivos são incapazes de cumprir
essa regra, abdicando da imparcialidade que lhes é esperada e dando prioridade a relatos
sensacionalistas e extremados sobre os acontecimentos no mundo desportivo. Isto leva a que,
por vezes, a comunicação social contribua, ainda que indiretamente, para um aumento na
tendência de adoção a comportamentos agressivos.

A parcialidade jornalística e a natureza sensacionalista das notícias baseiam-se


precisamente na orientação da ação desportiva unicamente para a vitória, no incentivo à
tensão e ao exagero, ao tornar situações simples em situações mais complexas e polémicas do
que estas realmente deveriam ser (como, por exemplo, acusações de corrupção ou injustiça
mediante um erro de arbitragem), na tomada de posições extremas, e na instigação a
rivalidades entre clubes e adeptos. Todas estas atitudes por parte dos meios de comunicação
social alimentam o clima de antagonização, desconfiança e provocação entre os adeptos,
propiciando episódios de violência, não só presencialmente, como também através das redes
sociais.

A propagação da violência através da comunicação social pode ainda acontecer de


forma não intencional. Os órgãos de comunicação social, ao oferecer uma grande exposição a
situações de violência no contexto desportivo, podem potenciar a imitação de tais
comportamentos. No entanto, a atenção dada pela comunicação social a episódios de agressão
no desporto é, geralmente, orientada para o controlo e a prevenção destas atitudes, tendo em
vista a sensibilização da população para esta problemática.

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3.3.2. No Combate à Violência no Desporto

Por outro lado, a comunicação social pode encorajar e apelar à diminuição e


prevenção dos casos de agressão no desporto, incentivando um ambiente desportivo mais
saudável, aberto e tolerante, através de várias alternativas. Nos últimos anos, os casos de
violência no desporto profissional e, em particular, no futebol, têm tido amplo destaque na
comunicação social, gerando reações de vergonha e lançando a discussão sobre a violência na
sociedade e impacto no desporto. A exposição e cobertura de casos de violência nos
desportos contribui para a sensibilização e consciencialização por parte da população de que
este problema é bastante relevante, sendo necessária a união de esforços com o objetivo do
combate à violência e o incentivo ao fair-play.

Têm havido também diversas iniciativas de combate à violência no desporto com o


apoio da comunicação social e outros organismos. Estas, mais uma vez, sensibilizam a
população e trazem atenção a assuntos que, muitas vezes, são desvalorizados e rapidamente
esquecidos.

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3.4. Prevenção e Combate à Violência no Desporto

O desporto pode assumir um papel determinante na construção de uma sociedade mais


equilibrada, solidária e justa, na qual se conciliem aspetos sociais, económicos e éticos. Uma
vez que o desporto atravessa transversalmente toda a sociedade, ao ponto de muitos autores o
considerarem como um reflexo da mesma, o desporto pode constituir uma ferramenta de
progresso social, com alta vocação para a promoção da saúde, bem-estar físico e psicológico
e transmissão/assimilação de valores e princípios éticos. A consciência da problemática da
existência de violência e agressão no desporto resultou na preocupação de tomar medidas a
este respeito. Assim, os intervenientes no sector do desporto, europeus e internacionais,
adotaram uma abordagem mais ativa no combate à violência no desporto.

É de extrema utilidade a organização de campanhas de sensibilização ao combate da


violência no desporto, sobretudo nas escolas e nos meios desportivos. Uma vez que a
violência é algo tão normalizado no desporto, maioritariamente por parte dos adeptos, é
comum observar uma tendência dos jovens para imitar esses comportamentos, passando a
encarar a violência como uma resposta normal às frustrações presentes no contexto
desportivo, tanto como jogadores como adeptos. A organização de campanhas de
sensibilização em relação a esta problemática, bem como um apoio educativo dos pais,
professores ou treinadores, pode prevenir que a violência se torne algo banal para os jovens,
dificultando a formação de um novo ciclo de violência.

Considera-se útil para o combate à violência no desporto um maior envolvimento das


instituições nacionais de combate à violência na promoção do espírito desportivo e na
prevenção de agressões no desporto. Estes organismos poderiam apoiar as federações e os
clubes desportivos no desenvolvimento de atividades de sensibilização. Poderiam também
prestar apoio a eventuais vítimas e, sempre que tal for permitido, participar em ações penais
contra os autores desses atos condenáveis.

Um bom exemplo do combate à violência no desporto são as ações da Autoridade


para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), que está encarregue de
prevenir, sancionar, e dissuadir manifestações de violência, de racismo, ou intolerância em
espetáculos desportivos, tanto no interior como no exterior dos recintos desportivos. As
coimas aplicadas a quem infringe os regulamentos presentes na Lei nº 39/2009, que
estabelece o regime jurídico do combate à violência nos espetáculos desportivos, podem
variar entre os 250 euros e os 200 000 euros, dependendo da gravidade da contraordenação,
da culpa do agente, do benefício económico que este retirou da prática da contraordenação,
dos antecedentes de infrações à lei, entre outros fatores. No caso de reincidência, ou seja, da
prática de uma contraordenação no prazo de um ano após ter sido condenado por outra
infração, os valores mínimos e máximos das coimas são elevados em um terço. Certas
infrações, dependendo da gravidade, podem ainda ser puníveis com sanções acessórias. As
decisões finais condenatórias dos processos são publicadas na página na Internet da APCVD

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4. Espírito Desportivo

O espírito desportivo, ou fair-play, surge no contexto desportivo como o oposto da


violência no desporto. O espírito desportivo abrange muito mais do que o respeitar as regras
ou o não ter “mau perder”, estando intimamente associado à ética e aos valores morais no
desporto. Fazendo o desporto parte da nossa sociedade e sendo regido pelos mesmos sistemas
de normas e valores que esta, não fará sentido abordar a ética no desporto como algo
existente num vácuo, desvinculado da ética da sociedade, sendo necessário reconhecer a ética
desportiva como um fenómeno social e cultural, ligada à ética da sociedade moderna. Assim,
de modo a compreender o que é o espírito desportivo, dever-se-á recorrer, primeiramente, à
definição do conceito de “ética” e à forma como esta se manifesta no contexto desportivo.

4.1. Ética e a Ética no Desporto

A ética pode ser definida como o estudo dos valores e das normas morais na
sociedade, definindo uma normatividade de conduta, através da explicação e justificação de
comportamentos e ações humanas, procurando distinguir o que é correto do que é incorreto e
o que é justo do que é injusto. A ética pode, ainda, ser encarada como uma “filosofia do
comportamento”, refletindo sobre o impacto de um comportamento individual em relação à
sociedade e procurando determinar as atitudes e a mentalidade que cada pessoa deve tomar de
modo a garantir o bem-estar de todos, estando, assim, vinculada à moralidade. A ética visa
manter a ordem social e a harmonia, protegendo a sociedade de injustiças e de desrespeito.
Ajuda também na procura de uma qualidade de vida maior, tanto privada quanto pública, que
traga felicidade e conforto a cada pessoa, isto é, o melhor modo de conviver uns com os
outros. Baseia-se no dever, na responsabilidade, na vontade, na aceitação, compaixão e
solidariedade para com os outros.

Sendo o desporto, então, um reflexo da sociedade, admite-se que a ética no desporto


se trata apenas da ética da sociedade aplicada em contextos desportivos. Assim, a ética no
desporto determina a forma como cada pessoa se deve comportar e as atitudes que deve
tomar, assegurando o bem-estar e o conforto de todos os envolvidos e evitando qualquer tipo
de desrespeito ou injustiça para com o próximo. O objetivo da ética desportiva é manter a
harmonia, a solidariedade e a compaixão para com os outros.

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4.2. A Importância do Espírito Desportivo

A prática de desporto implica diversos benefícios que abrangem diferentes vertentes,


podendo a atividade física possuir uma componente lúdica, educativa, e ainda saudável ou,
até mesmo, todas estas em simultâneo. O desporto trata-se de um espaço propício à
fomentação de uma vida saudável e ao desenvolvimento de valores morais e sociais, sendo
importante que todos os participantes possam retirar vantagens da sua prática. No entanto, o
desporto apenas pode tomar essa vertente educativa através da promoção do espírito
desportivo e do cumprimento dos valores éticos associados à participação numa atividade
desportiva, sendo o papel do espírito desportivo essencial para atingir os vários benefícios
que vêm com o desporto.

O incentivo ao espírito desportivo garante aos participantes e aos espectadores a


aprendizagem de valores que não só são importantes para uma prática desportiva agradável a
todos os envolvidos, como também têm uma importância inestimável para toda a sociedade,
contribuindo para a construção de indivíduos mais cooperativos, respeitosos e inclusivos uns
com os outros, tanto dentro como fora do contexto desportivo. Entre os vários valores
transmitidos através da prática do fair-play incluem-se o sentido de justiça e do correto,
permitindo tomar uma posição de protesto contra injustiça e corrupção, o respeito mútuo,
reconhecendo o valor e os esforços dos adversários, a cooperação e interajuda, aprendendo a
trabalhar em equipa para um mesmo objetivo, a inclusão social, rejeitando a discriminação e
defendendo a tolerância e igualdade entre todos os envolvidos, entre muitos outros.

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5. Verdade Desportiva

5.1. A Verdade e a Ética Desportiva

Hoje em dia fala-se muito em Verdade desportiva, e na verdade esta é fundamental


para uma concorrência leal nas diferentes modalidades desportivas. Logo, se existir ética
desportiva, os praticantes de uma determinada modalidade aceitam as decisões do árbitro sem
discussão e sem protestos e competem para ganhar de uma forma honesta, ou seja, com
respeito pelo adversário e sem necessitar de recorrer a métodos corruptos. Sem ética
desportiva não existe Verdade Desportiva.

5.2. Como é que a Verdade Desportiva pode ser afetada?

Quando o tema da Verdade Desportiva é abordado grande parte das pessoas associam-
no imediatamente a questões de erros de arbitragem (nomeadamente no futebol), e quase todo
o tempo e quase todas discussões giram à volta desses erros, mas existem outros fatores que
contribuem decisivamente para a Não-Verdade Desportiva, como o incumprimento de uma
regra. Sempre que não cumprimos uma regra não estamos a ser éticos, pois qualquer que seja
o incumprimento estamos sempre a viciar o jogo e a quebrar as convenções desportivas
contradizendo assim o conceito de espírito desportivo. Um exemplo disso, que nos últimos
tempos tem tido grande notoriedade é o doping. O doping é um tipo de corrupção e uma
maneira de viciar a Verdade Desportiva, colocando um indivíduo em vantagem perante o seu
adversário.
Para meter fim a este estado de Não-Verdade Desportiva as entidades competentes e
reguladoras devem tomar medidas e agir em conformidade de maneira a que haja realmente
Verdade Desportiva nas competições e para que todos os praticantes de desporto possam
iniciar as competições e provas em igualdade de circunstância, e para que exista uma
concorrência leal e justa, ou seja, que exista fair-play. Deste modo, é necessário que se acabe
com a corrupção e isto está nas mãos de todos os cidadãos, assim, todos nós devemos
denunciar qualquer situação de corrupção de que tenhamos conhecimento às autoridades
competentes, permitindo assim que exista justiça e, consequentemente, Verdade Desportiva
nas competições desportivas.

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6. Conclusão

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7. Bibliografia

http://apdd.pt/admin/manage/files/files/artigos/eng/manualpned.pdf

http://www.ruadireita.com/desporto/info/onde-esta-a-verdade-desportiva/

https://dgpj.justica.gov.pt/Documentos/Prevenir-e-combater-a-corrupcao/Exemplos-praticos-
de-corrupcao

https://www.publico.pt/2017/02/10/desporto/noticia/em-cinco-anos-oito-casos-geraram-12-
condenacoes-por-corrupcao-em-portugal-1761522

https://cnnportugal.iol.pt/sociedade/justica/apito-dourado-cronologia-do-processo

https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/15710/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de
%20Mestrado%20-%20A%20Corrup%C3%A7%C3%A3o%20no%20Fen%C3%B3meno
%20Desportivo%20-%20Uma%20an%C3%A1lise%20cr%C3%ADtica..pdf

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