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ARTIGO

________________________________________________________

A Relação entre a Especialização Precoce e o Abandono Prematuro da


Natação

Gabriela Sans de Oliveira


Unicamp – Campinas, SP

Ivan Pereira de Araújo Jr


Puccamp – Campinas, SP

Orival Andries Junior


Unicamp – Campinas, SP

João Bartholomeu Neto


Unirg – Gurupi, TO

Flávia Lira Cielo


Unicamp – Campinas, SP

Resumo

O Abandono precoce de nadadores talentosos nos levou a pesquisar o motivo


desse acontecimento, portanto, o objetivo desse estudo foi identificar os
motivos do abandono precoce em nadadores com potenciais de elevados
resultados desportivos. Para isso foram selecionados 12 indivíduos ex-atletas
de natação que abandonaram precocemente o esporte – nove do gênero
feminino e três masculino, com idade média de 21,41 + 1,97 anos no
momento da aplicação do questionário. A coleta de dados foi através de um
questionário com 24 perguntas abertas e fechadas. Os resultados foram
analisados qualitativa e quantitativamente. A média de idade do abandono da
natação foi de 16 + 2 anos. A análise dos resultados nos permitiu concluir que
existe uma relação altamente significante entre a especialização precoce e o
término da carreira prematuramente, onde o principal motivo foi os resultados
negativos e persistentes que é decorrente de uma especialização precoce.

Palavras Chaves: Treinamento de criança, especialização precoce, natação.

Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 8, n. 11, jul/dez 2007– ISSN 1679-8678
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Abstract

A precocious abandonment of gifted swimmers encouraged the research for


this event; therefore, the objective of this study was to identify the reasons of
the premature abandonment in swimmers with high result sport potential.
Due to that, twelve former swimming athletes who had precociously
abandoned the sport had been selected - nine females and three males, with
average age of 21, 41 + 1,97 years at the moment the questionnaire was
released. The collection of data was through a questionnaire with 24 open and
closed questions. The results had been analyzed qualitatively and
quantitatively. The average swimming abandonment age was of 16 + 2 years.
The analysis of the results allowed us to conclude that a significant relation
between the precocious specialization and the ending of the career exists
highly prematurely, where the main reason was the negative and persistent
results that are caused by a premature specialization.

Keywords: Children training, precocious specialization and swimming.

Introdução

A especialização precoce é uma realidade em diversas modalidades esportivas


tanto no âmbito mundial quanto nacional. Atualmente tem se buscado uma maior
compreensão dos aspectos que envolvem a especialização precoce, assim como os
motivos e meios de evitá-la.

Essa especialização é conceituada de maneira diferente entre os estudiosos do


assunto, para Barbanti (2003), a especialização é um processo pelo qual a pessoa
aprofunda seus conhecimentos numa área específica. Explica ainda que é feita por
meio de atividades e/ou exercícios que levam à aquisição ou aprimoramento das
habilidades específicas do esporte e/ou da atividade física. Já para Weineck (1991, p.
318) a especialização é inevitável no esporte de alto nível, entretanto ela deveria
ocorrer com base em uma estrutura de treinamento adequada ao desenvolvimento,
que leva em consideração o desenvolvimento individual, que contém um aumento
regular da carga, nos moldes de uma formação básica múltipla e, principalmente, que
garanta, movimentos coordenativos gerais, ou seja, a aquisição das habilidades
motoras especiais no tempo certo.

O que vem acontecendo é que o treinamento especializado está sendo realizado


precocemente, ou seja, as crianças vem sendo submetidas a um treinamento
especializado e intenso tendo como objetivo o resultado, submetendo-as muitas vezes
a treinamento de adultos, além do que seria saudável para seu processo biológico,

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antecipando assim várias etapas do seu crescimento, desenvolvimento e maturação,
levando esses praticantes, muitas vezes, ao abandono precoce.

Sabe-se que o abandono de uma prática esportiva pode acontecer e isso é


considerado normal no processo de experimento ao esporte, mas o que nos preocupa
é o abandono precoce de nadadores que nas categorias de base tiveram um começo
de carreira significante, talvez muitos desses nadadores tinham condições futuras de
serem talentosos, podendo auxiliar em um número maior de nadadores de alto-
rendimento, assim como mostra Fernandes (1991) ao dizer que essa especialização
impede muitos jovens de se aproximarem do sonho de se realizarem
desportivamente. Lazarini (1997) concorda dizendo que a especialização precoce vem
diminuir as chances de sucesso dos nossos nadadores, bem como da natação
brasileira. Paes (1989), lembra que torna difícil a manutenção do estado atlético de
um jogador que, busca sua plenitude nas categorias menores e a especialização
precoce tem esse objetivo.

Segundo Lima (2002), esse tipo de especialização significa concentrar


precocemente o treinamento em alguns pressupostos e elemento de atividade
desportiva. A especialização precoce pode limitar o potencial de desenvolvimento
motor da criança e depois vem faltar a base ampla necessária para o posterior
melhoramento.

Portanto, a especialização é necessária, porém na hora certa, após passado por


todas as habilidades, como mostra Gomes (2002), ao apontar o ex-campeão do
mundo, M. Gross, que praticou paralelamente à natação, futebol, tênis, cross-country
e as técnicas da natação que eram realizadas por meio de jogos pré-selecionados,
melhorando a capacidade coordenativa antes da especialização e do sucesso da
natação.

Oliveira (2004), concorda dizendo que a preparação física de jovens atletas


deve ter um caráter multifacetado, com uma proposta de treinamento geral,
desenvolvendo equilibradamente as diversas capacidades motoras, utilizando-se
movimentos diversificados e amplos.

Segundo Abreu (1993), na década de 90 houve um aumento de jovens


envolvidas no treinamento precoce e atualmente Oliveira e col. (2006) observaram
que o processo de especialização ainda vem acontecendo precocemente, mas está em
grande evolução, pois concluiu que o mesmo atualmente ocorre aos 9 e 10 anos,

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enquanto segundo Arena (1998) ocorria aos 6 ou 7 anos, mesmo assim, está distante
da idade de início do treinamento proposto pelos estudiosos do assunto.

O objetivo desse estudo foi identificar os motivos do abandono precoce em


nadadores com potenciais de elevados resultados desportivos.

Método

Fizeram parte do presente estudo, 12 indivíduos ex-atletas de natação que


abandonaram precocemente o esporte – nove do gênero feminino e três masculino,
com idade média de 21,41 + 1,97 anos no momento da aplicação do questionário. Os
participantes responderam um questionário com 24 perguntas abertas e fechadas.

Os resultados foram analisados qualitativa e quantitativamente.

Resultados e Discussões

Início aprendizado

Os participantes que iniciaram as aulas de natação com até 02 anos de idade


totalizaram 8%; entre 02 a 04 anos foram 26%; enquanto 04 a 08 anos obteve o
valor de 58% e entre 08 a 10 anos 8%.

Bompa (2002) sugere 7 a 9 anos a idade ideal para iniciar a prática do esporte.

Klar e Urizzi (2006) explicam que a natação é o único esporte que não tem
limite de idade para o aprendizado.

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Gráfico 1 – Idade de início do aprendizado (%)

60 58

50
40

30 26
20

10 8 8

0
Até 02 anos 02 a 04 anos 04 a 08 anos 08 a 10 anos

Início treinamento

A maior parte iniciaram o treinamento antes ou com 8 anos de idade,


totalizando 66%, já com 9 e 10 anos tiveram 17%, a mesma porcentagem para 11 ou
12 anos.

Gráfico 2 – Idade de início do treinamento (%)

70 66
60
50
40
30
20 17 17

10
0
Até 08 anos 09 ou 10 anos 11 ou 12 anos

Maglischo (1999) diz que os atletas devem iniciar um treinamento específico na


natação após os 12 ou 14 anos de idade, porque antes dessa idade eles não estão
preparados fisiologicamente. Bulgakova (2000), cita a mesma idade de Maglischo,
porém para as meninas, já para os meninos dos 13 aos 15 anos.

Bompa (2002) também divide as idades aos sexos, dizendo de 11 a 13 anos


para o sexo feminino e para o sexo masculino concorda com Bulgakova (2000).

Para Pompeu (1995), estabelecer a idade correta é um ponto importante,


porém a idade biológica deve servir de ponto de referência. Makarenko (2001), relata
que a idade adequada corresponde ao período de desenvolvimento orgânico situado
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entre a puberdade e a adolescência, onde há maior desenvolvimento do sistema
muscular.

Porém, Arena (1998), observou que a idade de início do treinamento


especializado da natação no Brasil era de 6 ou 7 anos de idade, enquanto na Rússia
segundo Filin(1996) isso ocorria aos 10-11 anos, o mesmo que nos Estados Unidos no
ano de 1981, segundo Martens(1981). Oliveira e col. (2006) concluiu que atualmente
no Brasil ocorre aos 9 ou 10 anos.

Idade primeira competição

Os indivíduos participaram da sua primeira competição com 7,92 + 1,97 em


média para os atletas e 8,33 + 2,87 para os ex-atletas.

Gráfico 3 – Idade da primeira competição (%)

12 11,2

10 8,33
8
5,46
% 6
4
2
0
DP mín Média DP máx

A Academia Americana de Pediatria contra-indica competições esportivas na


faixa etária de 10 a 12 anos, devido à heterogeneidade de maturação. Já a Fedération
Internationalede Médecine Sportive (1997), contra-indica inferior a 10 anos de idade.

Aspecto primeira competição

A maioria dos participantes tiveram sua primeira competição de acordo com a


alternativa A) com caráter de demonstração do aprendizado e a premiação pela
participação totalizando 50%; B) 8% dos ex-atletas tiveram sua primeira competição
por tempo, sendo que somente os três primeiros colocados ganhavam medalhas; C)

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04% respectivamente foram premiados do primeiro ao oitavo lugar; D) 16% por
tempo, premiados do primeiro ao oitavo, porém os três primeiros obtiveram uma
medalha diferenciada.

Gráfico 4 – Aspecto da primeira competição (%)

50 50

40

30

20
16
10 8
4
0
A B C D

Legenda

A) Caráter de demonstração do aprendizado, e a premiação pela

participação.

B) Por tempo, sendo que somente os três primeiros colocados

ganhavam medalhas.

C) Por tempo, sendo premiados do primeiro ao oitavo lugar.

D) Por tempo, premiados do primeiro ao oitavo, porém os três

primeiros obtiveram uma medalha diferenciada.

Porém no meu ponto de vista é o tipo de competição que deve ser analisada, o
processo deve acontecer gradualmente, no início com aspecto demonstrativo até que
chegue a premiação dos três primeiros colocados.

Becker JR e Teloken (2000), diz que a competição em si mesma não é uma


boa, nem má, o que realmente importa são as circunstâncias do ambiente onde a
criança compete.

Freire (1997) cita que algumas competições têm um caráter negativo porque
supervalorizam o vencedor, premiando apenas os vencedores em detrimento dos
perdedores, ignorando a existência dos que obtêm colocações inferiores.
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Idade e motivo do abandono

Os ex-atletas participantes em sua maioria abandonaram a natação na


categoria juvenil totalizando 42% deles, 33% abandonou na categoria júnior e apenas
8% na categoria sênior. Daria em média 16 + 2 anos de idade.

Os participantes alegaram em 27% o motivo do abandono devido aos


resultados negativos e persistentes, 23% por falta de apoio, 18% por lesão,
empatados em 9% estudo e cansaço da rotina do treinamento intenso e das
responsabilidades da disciplina que o esporte em questão exige e 5% por falta de
integração social.

Gráfico 5 – Categoria de abandono (%)

50
42
40
33
30

20

10 8

0
JUVENIL JUNIOR SÊNIOR

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Gráfico 6 – Motivo do abandono precoce (%)

27
30 23
18
20
% 9 9
10
0
Resultados negativos e persistentes
Falta de apoio
Lesão
Estudo
Cansaço do rotina de treinamento e das responsabilidade

De acordo com Marques (1991), os motivos estão relacionados à rigidez dos


treinos, como cargas excessivas e monótonas que se traduzem por estagnação dos
resultados e insucessos nas competições, problemas escolares e familiares restantes
de uma participação intensa nas tarefas de preparação, bem como saturação do treino
e a aversão à prática esportiva. Para Caldas (2002) a baixa performance e fracassos
na competição, especificamente na natação, são motivos que contribuem para o
abandono.

Esse resultado negativo e persistente é conseqüência do treinamento


especializado precocemente, segundo Lima (2000) devido esse tipo de treinamento há
uma limitação do potencial de desenvolvimento motor da criança e depois vem faltar
a base ampla necessária para o posterior melhoramento.

Pico de Desempenho

A maioria dos ex-atletas, ou seja, 67% atingiram o pico na categoria infantil;


25% na categoria Mirim e mantiveram até a categoria petiz e 8% na categoria juvenil.

Kunz (1983) investigou atletas de categorias juvenis e adultas de atletismo e


pôde constatar que 75% dos atletas que foram campeões nas categorias menores não
atingem a fase adulta.

Vieira (1999) realizou um estudo com atletas de atletismo e concluiu que os


atletas que obtiveram seus melhores resultados precocemente também abandonaram
precocemente a natação.

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Catuaba (1991) lembra que o mesmo acontece na Ginástica Olímpica, ao ver
garotas muito novas participando desse tipo de ginástica, mas quantas voltam à
olimpíada?

Para o melhor entendimento e visualização gráfica da pesquisa foi dado para


cada competição um valor:

Tabela 1 – Quadro de valor para competições

Competição Valor Competição Valor

Entre os 3 primeiros Sulamericano 160 Entre os 8 primeiros brasileiro 70

Entre os 3 primeiros Troféu Brasil 150 Entre 3 primeiros campeonatos estaduais 60

Entre os 8 primeiros Troféu Brasil 130 Entre 8 primeiros campeonatos estaduais 50

Índice Troféu Brasil 120 Entre 3 primeiros a nível regional 30

Récorde Brasileiro 100 Entre 8 primeiros a nível regional 15

Récorde Paulista 90 Nenhuma colocação das anteriores 5

Entre os 3 primeiros brasileiro 80

Gráfico 10 – Desempenho ex-atleta (Através pontuação tabela 1)

Ex-atleta 1 Ex-atleta 2 Ex-atleta 3

12 0 10 0 10 0
10 0
80 80
80
60 60
60
40 40 40
20 20 20
0 0 0
Pré-M

Pré-M

Pré-M
Petiz

Petiz

Petiz
Juvenil

Juvenil

Juvenil
Sênior

Sênior

Sênior

Ex-atleta 4 Ex-atleta 5 Ex-atleta 6

80 80 70
70 70 60
60 60 50
50 50 40
40 40 30
30 30
20 20
20 10
10 10
0 0
0
Pré-M

Petiz

Juvenil

Sênior

l
t iz
iz

il

or
ni
n

é-
t

ni
ve
Pe
Pe

ve

Pr


Ju
Ju

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Ex-atleta 7 Ex-atleta 8 Ex-atleta 9

60 60 70
50 50 60
40 40 50
40
30 30 30
20 20
20
10 10 10
0 0 0

Pré-M

Pré-M

Pré-M
Petiz

Petiz

Petiz
Juvenil

Juvenil

Juvenil
Sênior

Sênior

Sênior
Ex-atleta 10 Ex-atleta 11 Ex-atleta 12

70 80 60
60 70 50
50 60
50 40
40
40 30
30 30
20 20 20
10 10 10
0 0 0
Pré-M

Pré-M

Pré-M
Petiz

Petiz

Petiz
Juvenil

Juvenil

Juvenil
Sênior

Sênior

Sênior
Gráfico 11 – Análise do desempenho ex-atleta (%)

70 67
60
50
40
30 25
20
10 8

0
Mirim e Petiz Infantil Sênior

Após pico

Para os ex-atletas após o pico 92% teve uma queda que variou de 10 a 45
pontos e 8% deles abandonaram a natação após o pico.

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Gráfico 12 – Após pico de desempenho(%)

100 92

80

60
%
40

20 8
0
10 a 45 pontos 30 pontos

Ex-atleta Atleta

Considerações Finais

Analisados os resultados percebe-se a existência de uma relação altamente


significativa entre a especialização precoce e o término da carreira prematuramente,
assim que a análise do desempenho nos mostrou que os ex-atletas tiveram seu auge
muito mais cedo e logo após foram decaindo até que abandonaram o esporte, ou seja,
no momento em que os ex-atletas estariam começando a sua performance, que
segundo Filin (1996), é dos 13 aos 14 para meninas e 15 aos 17 para os meninos, em
uma prática esportiva mais intensa, eles já estavam abandonando o esporte que na
maioria deles era por motivos de estabilização e persistência dos resultados e falta de
apoio.

Portanto, podemos confirmar o que Kunz (1983), Vieira (1999), Catuaba


(1991), Paes (1989) e Witt (1970, Feige, 1978, Andresen e Kroger, 1987; Jock, 1992,
citado por Weineck, 1999), ao afirmarem que a maioria dos atletas que atingiram seu
auge nas categorias de base, ou seja, se especializando precocemente e não chegam
na idade adulta, abandonando precocemente o esporte.

De acordo com Marques (1991), os motivos estão relacionados à rigidez dos


treinos, como cargas excessivas e monótonas que se traduzem por estagnação dos
resultados e insucessos nas competições, problemas escolares e familiares restantes
de uma participação intensa nas tarefas de preparação, bem como saturação do treino
e a aversão à prática esportiva.

Confirmamos, portanto que a especialização precoce pode limitar o potencial de


desenvolvimento motor da criança e depois vem faltar a base ampla necessária para o
posterior melhoramento. Sendo assim há uma persistência nos resultados negativos
até lesões que levam o atleta a abandonar o esporte.

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Essas pessoas quando crianças poderiam ter tido melhores oportunidades, se
tivessem sido trabalhada dentro de uma seqüência pedagógica adequada, com
fundamentos gerais e um vocabulário motor mais amplo, mas ela foi especializada
precocemente. Se seguidos conscientemente todos os passos chegariam ao auge na
hora certa, tendo um desenvolvimento ordenado dentro da maturação, diminuindo
assim a probabilidade do abandono.

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