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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO BRASIL-IESB

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA


CURSO: BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
MUNICÍPIO: CAXIAS- MA
PROFESSORA: MAYSA LIMA E SILVA

PLANO DE CURSO

EMENTA: Benefícios da ginástica; ginástica natural, olímpica, rítmica, aeróbica e


localizada; estudo dos movimentos; planejamento da aula de ginástica.

OBJETIVOS:
- Fundamentar ações metodológicas para o ensino da ginástica.
- Diferenciar os tipos de ginástica e sua aplicação.

CONTEÚDOS:
-Ginástica nas aulas de atividade física
-Ginástica natural
-Ginástica olímpica: diferenciação da ginástica olímpica masculina e feminina.
-Ginástica rítmica: conceitos, tipo, aparelhos.
-Ginástica aeróbica e localizada.

METODOLOGIA: Os conteúdos serão ministrados através de aulas expositivas,  


leituras, discussões e micro oficinas práticas.

AVALIAÇÃO: a avaliação é processual, sendo desenvolvida no transcurso da


disciplina, através da participação nas atividades desenvolvidas, freqüência nas aulas e
interesse .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BISSOCHI, Lucy AG e Guimarães, Maria DS. Manual de ginástica rítmica


desportiva.São Paulo: Leme, vol I e II.

CASTELLANI-FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta .


Campinas: Papirus, 1988.

MARINHO, I.P. História da Educação Física e Desportos no Brasil . São Paulo:


Cia Brasil Editora, 1980.

WEINECK, J. Treinamento ideal: instruções técnicas sobre o desempenho


fisiológico, incluindo considerações especificas de treinamento infantil e juvenil.
9.ed. São Paulo :Manole, 1999.
 
TIPOS DE GINÁSTICA

1- Ginástica natural: desenvolvida com movimentos naturais


do ser humano, dentro das aulas de educação física,
podendo ser recreativa e com o objetivo de formação
corporal.
2- Ginástica olímpica ou artística: conjunto de exercícios
corporais sistematizados, aplicados com fins
competitivos,em que se conjugam força, agilidade e
elasticidade. A ginástica olímpica baseia-se na evolução
técnica de diversos exercícios físicos. Para os homens, as
provas são: barra fixa, barras paralelas, cavalo com alças,
salto sobre o cavalo , argolas e solo. As Mulheres
disputam exercícios de solo (com fundo musical), salto
sobre cavalo (de 1,10 m de altura, na horizontal), barras
assimétricas (de 2,30 m e 1,50 m de altura), e trave de
equilíbrio (de 10 cm de largura e 5 metros de
comprimento).
3- Ginástica rítmica desportiva: A Ginástica rítmica
desportiva(GRD), envolve movimentos de corpo e dança
de variados tipos e dificuldades , combinadas com a
manipulação ou não de equipamentos: bola, arco, fita ,
maça e corda. Nas rotinas de GRD, são ainda permitidos
certos elementos pré-acrobáticos , como rolamentos,
entre outros.Ginástas rítmicos devem demonstrar muita
coordenação e controle, assim como um dançarino bem
treinado. Eles devem desenvolve o movimento sempre
em harmonia com a música.

4- Ginástica aeróbica:
   "É uma atividade física realizada em grupo, que tem o
seu ritmo determinado pela música escolhida pelo
professor, com o principal objetivo de desenvolver a
capacidade aeróbica do indivíduo." Paulo Akiau
   " É reconhecida como um atividade física rítmica, que
utiliza os grandes grupos musculares mantendo uma
intensidade adequada por um período prolongado. AFAA
   Chamada de Ginástica Aeróbica (com variações como
cardiofunk, aerobahia, aeroaxé, aerofunk, aerodance,
aerolambada, etc...) ou popularmente de "aeróbica",
enquadra-se nos conjuntos dos exercícios chamados
aeróbicos, que buscam a melhoria das condições
cardiorespiratórias e circulatórias. A manutenção destas
condições em níveis compatíveis com os considerados
adequados é fator determinante de uma menor
possibilidade de acidentes vasculares ou qualquer tipo de
moléstia do coração, provenientes da inatividade por nós
chamada de sedentarismo.

5- Ginástica localizada: série de exercícios localizados, com


o objetivo de trabalhar grupamentos musculares
específicos, para a manutenção ou aumento do tônus
muscular.

  

A GINÁSTICA DE ACADEMIA

Introdução

    Considerando que no contexto da sociedade atual, as pessoas têm cada vez menos tempo para o
lazer, se alimentar corretamente e se relacionar, o exercício físico além de uma prática saudável, se
tornam um excelente meio de aliviar as tensões do dia a dia. Com isso, as academias se tornaram
uma opção interessante. As atividades em academias atendem a interesses e objetivos diversos, que
vão desde a estética, exigida socialmente, à melhora do desempenho atlético e da saúde.
Obviamente, esses objetivos podem ser alcançados através de outros exercícios e modalidades
esportivas, dentro da própria academia.

    Atualmente, uma das modalidades mais procuradas é a Ginástica, conhecida popularmente como
aulas coletivas, onde existe a presença de música e de um professor responsável, que é seguido
pelos alunos. No entanto, a palavra ginástica significa literalmente “exercitar-se nu”, por outro lado,
segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa é a arte de fortificar, desenvolver e tornar o
corpo flexível por meio de exercícios físicos.

    Não é possível datar com exatidão a origem da ginástica, porém, de forma organizada e
sistematizada surgiu na Grécia Antiga, no qual valorizavam a perfeita harmonia entre corpo e mente,
sendo dessa forma, necessário exercitá-los igualmente (RAMOS, 1982). Mais tarde os romanos
passaram a usar a ginástica com fins militares no preparação do corpo para a batalha, o que ainda é
encontrado no militarismo (RAMOS, 1982). Com a Revolução Industrial a ginástica passou a servir
como preparo do corpo para o trabalho (SOARES, 1994),

    Inúmeros métodos ginásticos foram sendo desenvolvidos principalmente nos países europeus, os
quais influenciaram e até os dias de hoje influenciam a Ginástica mundial e em particular a brasileira.
Dentre aqueles que tiveram maior penetração no Brasil destacam-se as escolas alemã, sueca e
francesa. Essas questões são amplamente analisadas por autores como Ramos (1982), Marinho
(1953, 1956, 1958, 1980) Langlade e Langlade (1970), Castellani Filho (1988), Soares (1994) entre
outros, os quais têm estudado os aspectos históricos relacionados à Educação Física e à Ginástica, e
contribuído de forma significativa para a compreensão de sua evolução em nível nacional e
internacional.

    Portanto, desde sua origem, a ginástica tem evoluído influenciada pelas diferentes culturas e tendo
sofrido transformações ao longo do tempo. Há várias manifestações da mesma, atendendo a
interesses diversos. Não é raro considerar-se que esses objetivos possam ser alcançados apenas pela
prática contínua da ginástica ou outra atividade física, sem se levar em conta outros fatores
contribuintes para a concretização dos mesmos. Atualmente, a ginástica de academia tem atraído
vários adeptos, impulsionados pela mídia que, além de divulgar os métodos que estão na “moda”,
através de propagandas, programas e noticiários, veicula, de acordo com os interesses do mercado,
padrões de corpo a serem buscados (GOYAZ, 2006).

    De acordo com Goyaz (2006), o surgimento das academias no Brasil dá-se por volta de 1970, a
partir da grande repercussão dos fundamentos dos exercícios cardio-respiratórios, desenvolvidos pelo
Dr. Keneth Cooper. Esses exercícios, chamados aeróbicos despertaram o interesse de profissionais da
Educação Física que os difundiram de diferentes formas, chamando a atenção de empresários que, a
partir da década de 1980, investiram na construção de grandes academias. Houve grande divulgação,
pela mídia, dos campeonatos de aeróbica, sendo ela a grande propulsora da atividade física em
academia, onde, atualmente, há uma diversidade de programas tais como: musculação, ginástica
localizada, alongamento, step, hidroginástica (PEREIRA, 1996). Muitas outras modalidades mais
recentes, ainda não definidas na bibliografia da área e encontradas em folders de marketing de
academia ou de cursos promovidos no mundo fitness, povoam as academias com o intuito de atrair
cada vez mais pessoas em busca do corpo ideal, do melhor desempenho físico ou da melhoria da
saúde. Todas essas modalidades de ginástica podem ser fundamentadas por conhecimentos
científicos da Educação Física que perpassam desde a fisiologia do exercício até a recreação e lazer.

    Uma das maiores inovações nos programas de atividade física em anos recentes tem sido a
necessidade de trabalhos relacionados com a saúde. Com isso, tornou-se necessária a inclusão, em
academias de ginástica, de um planejamento mais específico voltado à qualidade de vida do aluno. À
primeira vista, o desenvolvimento desses programas parece fácil, contudo requer um planejamento
muito delicado e eficiente a fim de alcançar os objetivos desejados, que contemple variedade e
equilíbrio de atividades físicas que, somadas aos trabalhos sedentários do dia a dia ajudarão construir
as aptidões relacionadas à saúde e à consciência corporal.

    Esses programas de natureza pessoal devem ser adequados diretamente à individualidade
biológica, grau de condicionamento, necessidades básicas e objetivos do aluno. Todo programa
requer uma organização e fundamentação dentro de diversos conhecimentos relacionados a
estruturação e planejamento das atividades de ginástica, sendo eles a Fisiologia do Exercício, a Teoria
do Treinamento, os Métodos e Processos de Treinamento a Biomecânica, a Aprendizagem Motora, a
Psicologia do Esporte e até mesmo a Recreação e Lazer. Desta forma, Exigindo assim, conhecimento
e trabalho de pesquisa em contínuos aprendizados por parte dos professores de Educação Física.

Fisiologia do exercício

    Os conhecimentos da fisiologia do exercício que fundamentam o planejamento das atividades de


academias são imprescindíveis. A Fisiologia do Exercício, que aborda o funcionamento dos diversos
sistemas fisiológicos durante diferentes tipos de atividades físicas e os princípios fisiológicos do
treinamento, é extremamente importante para planejamento e condução de uma aula adequada, são
eles: principio da sobrecarga, principio da individualidade biológica, principio da especificidade e
principio da reversibilidade (McARDLE et al., 2007).

    Antes de dar seqüência nos princípios fisiológicos, é de fundamental importância o entendimento
do conceito CARGA dentro do treinamento esportivo. A CARGA é um conjunto de estímulos utilizados
no treinamento esportivo suficientes para provocar alterações e adaptações no organismo do atleta,
e/ ou aluno (WEINECK, 1999). Segundo este autor, a Carga é composta por diversos componentes:
intensidade, duração, freqüência, volume e densidade. Qualquer variação nestes componentes
caracteriza variação no treinamento, passando a ser um novo estimulo.

    Voltando aos princípios fisiológicos, o princípio da sobrecarga nos diz que é necessário que haja
um estímulo de treinamento acima do usual para que o aluno tenha alterações corporais que
determinada atividade física pode fornecer (McARDLE et al., 2007). Considerando as atividades, as
quais fornecem a possibilidade do ganho de massa muscular, que resulta no aumento de força, só
será adquirida caso o programa de treinamento configure numa sobrecarga ao qual o aluno não
esteja adaptado, sendo assim, será possível o ganho dos benefícios que esta atividade física nos
fornece. Por outro lado, isso não ocorre de forma contínua, existe um limite entre presença de
sobrecarga e ganhos fisiológicos resultantes da aplicação da sobrecarga, ou seja, tomando com base
o exemplo anterior, não é contínuo o aumento de massa muscular proveniente da presença da
sobrecarga. Caso isso fosse verdadeiro, as pessoas que praticam treinamento de força com o intuito
de ganho de massa muscular verificariam um constante aumento no peso corporal ao longo dos anos
(FLECK e KRAEMER, 1999).

    Outro princípio fisiológico do treinamento que deve ser considerado na elaboração de um
programa de treinamento físico é o princípio da especificidade. Segundo Weineck (1999), este
princípio defende que estímulos específicos promovem adaptações especificas em sistemas
específicos. Isso significa que os ganhos com o treinamento são diretamente relacionados com o que
foi treinado, ou seja, só haverá melhora na velocidade de chute caso seja treinado esse movimento e
em alta velocidade. Contudo, dentro do treinamento, pode ocorrer transferência, no qual ocorre
pequena melhora em algo que não foi treinado diretamente, mas apresenta relação com o objetivo
treinado.

    Já o princípio da individualidade biológica fornece a informação de que até mesmo em relação ao
treinamento físico, as pessoas são diferentes (McARDLE et al., 2007). Caso duas pessoas tenham o
mesmo programa de treinamento, os mesmos hábitos de vida, mesma dieta alimentar, elas poderão
ter diferentes respostas ao programa de treinamento físico realizado. Sendo assim, o mesmo
programa realizado pelo indivíduo A, pode não ter o mesmo resultado no indivíduo B.

    Para finalizar os Princípios Fisiológicos, temos também o princípio da reversibilidade, que diz que
qualquer ganho obtido com o treinamento será perdido caso esse treinamento seja cessado
(McARDLE et al., 2007). Algumas pessoas podem pensar que uma vez ocorrido o ganho de força com
atividades de musculação, caso ela interrompa este treinamento, ela sempre manterá os níveis de
força atingidos. Através do princípio da reversibilidade sabemos que isto não é verdade, ou seja, caso
a sobrecarga contida no treinamento físico não seja suficiente para manter as adaptações
conseguidas com o treinamento, a pessoa perderá gradativamente as adaptações adquiridas. No caso
do exemplo citado, o nível de força atual regressará gradativamente para os níveis iniciais.

    Uma vez seguidos todos os princípios do treinamento físico, acima citados, é possível assegurar
que os conhecimentos fisiológicos relativos à intensidade, duração e freqüência das atividades de
ginásticas realizadas para atingir determinado objetivo foram considerados, tais como: aspectos
muscular, cardiovascular, hormonal, respiratório e metabólicos do exercício.

Teoria do treinamento e métodos e processos do treinamento

    A teoria do treinamento, juntamente com o domínio dos métodos e processos do treinamento são
fundamentos importantes e essenciais para aprimorar o treinamento. É com esses conhecimentos
que será possível controlar a carga de treinamento, definida anteriormente. Visto que qualquer
planejamento de treinamento físico deve estar apoiado em todos os princípios metodológicos de
aplicação da carga, sendo eles a carga crescente, a carga contínua, a carga variável, a carga
periódica, a sucessão exata das cargas e a relação entre as cargas (WEINECK, 1999).

    A carga crescente defende que aos poucos deve-se aumentar a carga para promover novas
adaptações. A carga contínua refere-se ao não distanciamento longo entre as cargas. Já para a carga
variável não se deve aplicar as mesmas cargas de treinamento para promover adaptações diferentes
em sistemas diferentes. A carga periódica defende que uma mesma carga adotada anteriormente
pode ser reutilizada. A sucessão exata das cargas, como o próprio nome diz, trata de saber analisar a
sequência correta do treinamento e dar uma boa seqüência de cargas. Pra finalizar, a relação entre
as cargas defende uma sequência lógica e que mantenha uma relação coerente, caso deva ocorrer
mudanças, não devem ser drásticas.

    Ainda dentro desses fundamentos, a ginástica também pode ser usada como objetivo preparatório
para diversos esportes, tanto coletivo quanto individual. Basta uma análise do perfil motor e
fisiológico para adequar os exercícios da ginástica à demanda do esporte desejado. Através de
exercícios gerais e direcionados o professor pode auxiliar muito no desenvolvimento do atleta
aprimorando seu desempenho. Exercícios gerais não são semelhantes ao esporte visado, no entanto,
desenvolvem o potencial básico de condicionamento (WEINECK, 1999). Já os exercícios direcionados
são semelhantes ao esporte visado, pois trabalham os principais músculos da modalidade, com
mesma direção, força e tempo para o exercício (WEINECK, 1999). Entretanto, na ginástica em
academias não é possível trabalhar os exercícios específicos, pois esses devem ser idênticos ao
esporte visado e concentrar-se no caráter técnico-tático. Mas como foi mencionado, a ginástica de
academia fornece a possibilidade de trabalhar os exercícios gerais e direcionados, que são
importantíssimos e auxiliam muito na condução do planejamento adequado.

Biomecânica

    A orientação aos alunos praticantes das atividades de ginástica perpassa também pela
consideração dos conhecimentos da biomecânica. É necessário que o professor saiba realizar uma
análise cinesiológica dos exercícios realizados, a fim de saber os grupos musculares que participam
do movimento realizado, a melhor forma de realizar um movimento, de forma a acentuar o
desenvolvimento e evitar qualquer tipo de lesão, o que auxilia no planejamento e na orientação de
um programa de treinamento físico mais adequado (HALL, 2000; McGINNIS, 2002). Outro exemplo
da importância do conhecimento da Biomecânica é na preparação de processos de avaliação do
programa de treinamento realizado, o que permite diagnosticar a eficácia contida no programa
realizado. Através do conhecimento desta área o profissional pode selecionar e aplicar testes para a
avaliação das capacidades físicas que foram treinadas e assim confrontar os resultados obtidos com
os esperados (HALL, 2000; MCGINNIS, 2002).

Aprendizagem motora

    Outra área da Educação Física que fundamenta o trabalho do professor de Ginástica nas
academias, é a Aprendizagem Motora. Como existe um processo de ensino de movimentos, é
imprescindível o conhecimento das formas de transmissão da informação acerca do conteúdo a ser
ensinado, o que configura os processos de demonstração e instrução verbal (NEWELL et al., 1985). É
necessário também que o professor tenha conhecimento dos processos de feedback ao fornecer
informações relativas ao processo de aprendizado de determinado movimento, tanto o feedback
extrínseco quanto o intrínseco, permitindo a otimização da aprendizagem (SCHMIDT e WRISBERG,
2001; MAGILL, 2000). Alguns outros aspectos da aprendizagem motora, tais como: estabelecimento
de metas, estruturação da prática dos movimentos que serão aprendidos, deve ser considerados no
dia a dia do profissional de Educação Física que trabalha com atividades físicas em academia
(SCHMIDT e WRISBERG, 2001; MAGILL, 2000).

Psicologia do Esporte

    As teorias de motivação, estresse e qualidade de vida são alguns dos aspectos da psicologia do
esporte necessários e que fundamentam o professor de Educação Física em seu trabalho nas
academias. É importante que este profissional conheça as teorias da motivação a fim de acompanhar
o processo do aluno no intuito de mantê-lo num adequado estado motivacional para manter o aluno
assíduo e interessado pelo programa de treinamento físico. O conhecimento das teorias de estresse
permite aconselhamentos e estruturação de um programa de relaxamento com objetivo de aliviar as
tensões do aluno e melhorar sua qualidade de vida. A questão da auto estima relacionada a auto
imagem é de estrema importância dentro das aulas de ginástica, visto que todos os tipos de alunos
realizam a aula em conjunto. Portanto, cabe ao professor lidar com essas diferenças, estimulando a
prática da atividade física independente de diferenças estéticas, tornando a aula mais agradável para
todos (SAMULSKI, 2009). Além disso, muitos estudos mostraram que a atividade física também
influencia de forma positiva as variáveis psicológicas, podem auxiliar na diminuição do estresse, da
ansiedade e depressão (McARDLE, KATCH E KATCH, 2007).

Lazer

    Todos os aspectos acima citados, os quais fundamentam a Ginástica nas academias, que por sua
vez, está relacionada à manutenção e promoção da qualidade de vida, o que tem incentivado a
população à procura dessa prática (ROLLA, 2004). No entanto, estética, desempenho físico e saúde
parecem estar mais próximos de tarefas enfadonhas, quase que obrigatórias, para se alcançar estes
objetivos, do que de atividades prazerosas que permeiam a livre escolha das pessoas.

    Desta forma, a ginástica se transforma numa tarefa árdua, cujo fim é um desempenho muitas
vezes inatingível, tendo por meio a disciplina, a produção e tudo que leve a tirar vantagem, sem
passar por um processo de reflexão e crítica, assemelhando-se ao trabalho abstrato, alienante. Ao
manifestar-se desta forma, a ginástica dificulta a sua prática por puro prazer em outros espaços,
como acontece com a dança, jogos e outros esportes. Isso permite compreender a ausência da
ginástica nas atividades de lazer, pois o seu componente lúdico vem sendo negado, afastando-se a
possibilidade das pessoas optarem por ela no tempo livre.

    De acordo com Goyaz (2006), essa situação ocorre porque a mídia atribui significados que são
articulados à saúde e à estética, quando veicula a Ginástica como um de seus produtos, criando
representações para a sociedade, tomada como massa, ocultando outros significados da Ginástica,
dentre eles o lúdico. Desta forma, a mídia se coloca com enorme poder ideológico reforçando certos
padrões culturais considerados importantes para estimular o consumo dos bens culturais.

    O componente lúdico por si só não caracteriza a Ginástica como uma atividade de lazer, pois, esse
componente pode estar presente até mesmo no trabalho. No entanto, no lazer temos ricas
oportunidades de experimentar os efeitos provocados pelo lúdico, tais como: liberdade, prazer,
diversão (PINTO, 1998). Marcellino (1989) considera importante que as atividades de lazer procurem
atender as pessoas no seu todo. Mas, para tanto, é necessário que essas mesmas pessoas conheçam
as atividades que satisfaçam os vários interesses, sejam estimuladas a participar e recebam um
mínimo de orientação que lhes permita a opção. Em outras palavras, a escolha, a opção, em termos
de conteúdo, está diretamente ligada ao conhecimento das alternativas que o lazer oferece.

    Sendo assim, o lazer pode fundamentar o professor de Educação Física na busca de uma
metodologia que abra espaço para a criatividade e a criticidade, que apresente desafios ao aluno,
para que ele descubra possibilidades de realização das atividades de forma lúdica, o que seria uma
forma de conscientizá-lo da importância da Ginástica e das suas possibilidades, o que despertará no
aluno o interesse em optar pela prática da Ginástica em seu tempo livre.

Conclusão

    Considerando todos os aspectos que podem fundamentar a Ginástica nas academias, talvez seja
necessária a inclusão de programas básicos e mistos, caracterizando uma homogeneidade de respeito
ao corpo de cada aluno, sem deixar de lado a consciência corporal como um todo, ao sugerir um
programa com predominância aeróbica, neuromuscular, flexibilidade, exercícios posturais,
relaxamento, e atividades de criação, de pensar, de interagir consigo, com o ambiente e com o
próximo; além de mostrar que o professor de Educação física deve fundamentar-se na Fisiologia do
Exercício, Biomecânica, Aprendizagem Motora, Psicologia do Esporte, Teoria do Treinamento,
Métodos e Processos do Treinamento e no Lazer para realização do seu trabalho.

Referências

 CASTELLANI-FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta .


Campinas: Papirus, 1988.
 FLECK, S.J.; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular . Ed.
ARTMED: Porto Alegre, 1999.

 GOYAZ, M. As possibilidades da ginástica na sua relação com o lazer e com a


sociedade. Pensar a Prática, v. 9, n. 1, 2006.

 HALL, S.J. Biomecânica básica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
 LANGLADE, A., LANGLADE, N.R. Teoria General de la Gimnasia. Buenos Aires:
Editorial Stadium, s.d. 1970.

 MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: E. Blucher,


2000.

 MARCELLINO, N.C. Lazer e educação. Campinas: Papirus, 1989.

 MARINHO, I.P. Ginástica feminina moderna - origens e fundamentos. Arquivos da


ENEFD, v. 9, n. 9, Jan-Jun/1956.

 MARINHO, I.P. História da Educação Física e Desportos no Brasil. 4 volumes. Rio de


Janeiro: Imprensa Oficial, 1953.

 MARINHO, I.P. História da Educação Física e Desportos no Brasil . São Paulo: Cia
Brasil Editora, 1980.

 MARINHO, I.P. Sistemas e métodos de Educação Física . Rio de Janeiro: Cia Brasil
Editora, 1958. 447 p.

 MCARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Exercise physiology: energy, nutrition,
and human performance. 6th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2007.

 MCGINNIS, P.M. Biomecânica do esporte e exercício. Porto Alegre: Artmed, 2002.

 NEWELL, K.M.; MORRIS, L.R.; SCULLY, D.M. Augmented information and the
acquisition of skill in physical activity. Exercise and Sport Science Reviews, Baltimore,
v. 13, p. 235-261, 1985

 PEREIRA, M.M.F. Academia: estrutura técnica e administrativa . Rio de Janeiro: Sprint,


1996.

 PINTO, L.M.S. Lazer: concepções e significados . Licere, Belo Horizonte, v. 1, n. 1,


1998.

 RAMOS, J.J. Os exercícios físicos na História e na Arte . São Paulo: Ibrasa, 1982. 348
p.

 ROLLA, A.F.L.; ZIBAOUI, N.; SAMPAIO, R.F. Análise da percepção de lesões em


academia de ginástica de Belo Horizonte: um estudo exploratório. Revista Brasileira
de Ciência e Movimento, v. 12, n. 2, p. 77, 2004.

 SAMULSKI, D.M. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas . 2 ed. Barueri:


Manole, 2009.
 SCHMIDT, R.A.; WRISBERG, C. Aprendizagem e performance motora . 2. ed. São
Paulo: Artmed 2001.

 SOARES, C.L. Educação Física: raízes européias e Brasil. Campinas: Autores


Associados, 1994. 167 p.

 WEINECK, J. Treinamento ideal: instrucoes tecnicas sobre o desempenho fisiologico,


incluindo consideracoes especificas de treinamento infantil e juvenil. 9.ed. Sao
Paulo ; Barueri: Manole, 1999.

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