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MUSCULAÇÃO E

GINÁSTICA DE
ACADEMIA

Cristiano Cardoso de Matos


Introdução às ginásticas
de academia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar a origem das ginásticas de academia.


„„ Descrever a evolução dos programas de treinamento ao longo do
tempo.
„„ Definir os principais métodos de ginástica de academia.

Introdução
No início, a ginástica, uma das primeiras formas de o homem contextualizar
o corpo, a mente, a expressão, os sentimentos, a cultura, as crenças, entre
outros aspectos, tinha conotações associadas ao exercício, militarismo,
rigidez, etc. Com o passar dos anos, essa ideia foi se transformando para
convergir ao conceito de modalidade esportiva, amplamente difundido
nas academias como conhecemos hoje.
Neste capítulo, você estudará sobre a origem das ginásticas de aca-
demia, a evolução dos programas de treinamento ao longo do tempo e
os principais métodos de ginástica de academia.

1 Origem das ginásticas de academia


Desde sua origem, a ginástica teve como perspectiva a melhora ou a manutenção
da saúde evidenciando o movimento corporal como o centro de tudo. Em grego,
o termo “ginástica” significa arte de exercitar o corpo nu, algo que faz parte
da história do homem. Na Pré-História, o homem lutava e fugia, colocando o
corpo em constante movimento, embora também precisasse ser observador,
atento e construir estratégias. Esses movimentos básicos — correr, nadar, lutar,
cavalgar, atirar, arremessar, etc. — continuaram a ter uma grande importância
2 Introdução às ginásticas de academia

para o ser humano, e não como meio de subsistência, mas para estimulação
da saúde física, rituais religiosos, preparação para guerra, entre outros fins
(OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).
Na Grécia, nasceu o ideal de beleza humana, em que a ginástica era utilizada
como uma espécie de preparadora para esse tipo de corpo. Já em Roma, o
exercício físico tinha como objetivo principal a preparação militar (OLIVEIRA;
NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).
Por muito tempo, a ginástica foi empregada como sinônimo de exercício,
tendo sido praticada por diferentes povos com diversas abordagens (OLI-
VEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).
A ginástica ou o exercício foi estruturado a partir do século XVIII em
quatro grandes escolas (alemã, sueca, francesa e inglesa), que espalharam as
suas estruturas e métodos para outros locais e formando o que conhecemos
hoje sobre exercícios. E, apesar de estruturadas em ideais distintas, as escolas
apresentavam finalidades em comum, como a de promover a melhora da saúde
e estimular o desenvolvimento da vontade, coragem, força e energia, além da
moral do indivíduo. Não podemos esquecer de que a preparação para o indiví-
duo que conseguisse estar apto à guerra servia de base para tudo (OLIVEIRA;
NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).

Escola alemã
Caracterizava-se por ser estruturada na ideia de ginástica natural, formada
por corrida, saltos arremessos e lutas, composta por trabalhos manuais e jogos
sociais. Por fim, definia-se pela utilização de aparatos como barra de suspen-
ção e por exercícios militares com uma finalidade pedagógica (OLIVEIRA;
NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).

Escola sueca
Misturava a literatura com o exercício, fazendo com que os praticantes exal-
tassem a força e a coragem para a defesa do seu povo. Dividida em quatro
estruturas — militar, médica, pedagógica e estética —, tem como base a uti-
lização de aparelhos como o espaldar e o banco sueco (Figura 1) (OLIVEIRA;
NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).
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Figura 1. Banco sueco: um dos legados da escola sueca, tem como características as
medidas de 2 a 4 m de comprimento, 25 a 45 cm de profundidade e largura, com muitas
finalidades, por exemplo, trabalhar o equilíbrio, a destreza e a ordem.
Fonte: Gymnastic... (2017, documento on-line).

Escola francesa
Estruturava-se em uma escola militar, com a principal ideia de melhorar o
potencial dos jovens. Para a sua realização, eram utilizados aros, escadas de
corda, máquinas para quantificar a força e trapézio, e a ginástica/exercício tinha
como objetivo a parte médica higienista. Entre suas práticas, podemos destacar
a medição, a experimentação e a comparação (OLIVEIRA; NUNOMURA,
2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).

A ginástica na França baseou-se nas ideias dos alemães Jahn e Guts Muths, e, além
do caráter moral e patriótico, apresentava uma preocupação com o desenvolvimento
social: objetivava formar o homem “completo e universal”, sem estar desvinculado
do utilitarismo, tão abordado pela ginástica científica, buscando o desenvolvimento
da força física, da destreza, da agilidade e da resistência. Esse movimento teve como
principais representantes o Método Francês, desenvolvido por D. Francisco de Amoros
e Ondeaño (1770–1848) e George Demeny (1850–1917), e o Método Natural, pensado
por Georges Hébert (1875–1957).
4 Introdução às ginásticas de academia

Para alcançar os seus objetivos, o Método Francês, oriundo da Escola Francesa,


preconiza sete formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios educativos,
exercícios mímicos, aplicações, desportos individuais e coletivos. Adotado em todos
os estabelecimentos de ensino brasileiros em 1929, esse método promoveu as pro-
postas pedagógicas que embasaram a educação física escolar brasileira no período
republicano.
Já o chamado Método Natural de Hébert repudia todas as formas de exercícios ana-
líticos, artificiais ou formais, conhecidos sob a denominação de ginástica, pretendendo
utilizar os gestos de nossa espécie para adquirir o desenvolvimento físico completo,
além de privilegiar a natureza e a qualidade do trabalho em detrimento da qualidade
de execução. Classificou os exercícios em 10 grupos fundamentais de acordo com as
funções úteis da vida cotidiana: a marcha, a corrida, o salto, o movimento quadrúpede,
a escalada, o equilíbrio, o arremesso, o levantamento, a defesa e a natação. Os treinos
deveriam se dar ao ar livre para submeter o corpo às diferentes temperaturas, tendo
a corrida como elemento-base e o fato de que cada um deveria trabalhar no seu
ritmo e capacidade.

Escola inglesa
Escola pouco difundida, tinha como ideia os jogos coletivos como promotores
da educação, e, como prática, o trabalho com organização, regras, técnicas
e padrões de conduta (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010;
MARINHO, 1980).
No Brasil, as escolas que mais foram utilizadas como base para a formação
do indivíduo foram a sueca e, posteriormente, a francesa, que acabou ganhando
um destaque principal. A ginástica calistênica (com objetivos educativos e
higiênicos) chegou ao Brasil aproximadamente em 1893 nas proximidades da
Associação Cristã de Moços (ACM) no Rio de Janeiro (OLIVEIRA; NUNO-
MURA, 2012; LIZ et al., 2010; MARINHO, 1980).

No link a seguir, podemos aprender um pouco mais sobre o treinamento calistênico,


do que se trata, quais são os seus benefícios, os tipos de exercícios e dicas a respeito.

https://qrgo.page.link/kx7qi
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Inicialmente, a ginástica promovida no país tinha um caráter mais relacio-


nado ao militarismo, sobretudo nas décadas de 1930 e 1940. Com o passar do
tempo, seus objetivos foram modificados, e a ginástica começou a tomar um
rumo em direção às academias, que, preliminarmente, se assemelhava a uma
ginástica localizada. Sua estrutura de movimentos e fundamentação teórica
tinha como base a musculação, além da utilização de movimentos calistênicos
ao longo da aula. A ginástica estava passando por um período de manutenção
sem grandes estímulos.
Contudo, na década de 1970, com as ideias revolucionárias do médico
norte-americano Kennedy Cooper, houve um grande aumento do número de
academias no Brasil. Cooper difundia que todos os indivíduos poderiam realizar
algum tipo de exercício, tendo sido um defensor da atividade aeróbia, pelo
fato de estimular melhoras cardíacas, pulmonares e vasculares. Nessa época,
a ginástica enfatizava manter e melhorar a qualidade de vida dos praticantes
por promover uma vida mais ativa e saudável. Com essa ideia, as academias de
ginástica começaram a ser vistas como centros de condicionamento físico que,
paralelamente, propiciavam um local adequado com profissionais habilitados
para a prática de programas de exercício/ginástica.
Por fim, entre o final da década de 1970 e o início da de 1980, com a grande
contribuição do médico Cooper para a prática da atividade física, a ginástica
aeróbica passou a ganhar grande notoriedade, com a promessa de um gasto
energético muito elevado, próximo a valores de 500 kcal por hora (OLIVEIRA;
NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010, BALBINOTTI; CAPOZZOLI, 2008,
AYOUB, 2004; MARINHO, 1980).
Diante desse cenário, podemos observar que o significado da ginástica
no início se confundiu muito com o de exercício, dissociando-se dessa ideia
posteriormente. As aulas de ginástica foram influenciadas localmente pelas
principais escolas que formaram a cultura do exercício em diferentes países.
No Brasil, o divisor para a sedimentação da ginástica se deu na década de
1980 (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010, BALBINOTTI;
CAPOZZOLI, 2008, AYOUB, 2004; MARINHO, 1980).
6 Introdução às ginásticas de academia

2 Evolução dos programas de treinamento


ao longo do tempo
Ao longo das décadas, a ginástica teve diferentes objetivos, como a de um
ideal militar, higienista, postural, etc. Ainda, nos anos iniciais, suas principais
finalidades estavam diretamente relacionadas às escolas que formavam as
ideais dessa prática. Nas décadas de 1980 e 1990, tanto a qualidade de vida
quanto a estética eram os principais objetivos dos seus praticantes (Quadro 1)
(OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010, BALBINOTTI; CAPO-
ZZOLI, 2008, AYOUB, 2004; MARINHO, 1980).

Quadro 1. Objetivos das aulas de ginástica de academia da década de 1930 até 1990

Década Objetivos da ginástica

1930 Estético-corretivo postural

1930 Estético-corretivo postural

1940 Estético-corretivo

1940 Estético-corretivo e recuperativo-respiratório

1950 Estético-recuperativo respiratório

1950 Estético-fisiológico-social

1950 Estético-educativo-social

Estético
1960
Higiene mental

Estético
1970
Saúde física e mental

Saúde obtenção/manutenção
1980
Estética corporal

1990 Melhora da qualidade de vida/estética corporal

Fonte: Adaptado de Silveira Neto e Novaes (1996).


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Próximo ao final da década de 1980, a dança e a ginástica aeróbica chegaram


ao seu auge, ganhando força por se tratar de práticas dinâmicas que quebravam
a monotonia do treinamento de força. A ginástica aeróbica estruturava-se na
ideia do movimento como expressão corporal, trabalhando ao mesmo tempo
a corporeidade, a cultura religiosa, a ludicidade e a experiência de vida (OLI-
VEIRA; NUNOMURA, 2012; LIZ et al., 2010, BALBINOTTI; CAPOZZOLI,
2008, AYOUB, 2004; MARINHO, 1980).

Um grande marco dessa época (década de 1980) foi a atriz norte-americana Jane
Fonda com o seu programa de vídeo “Workout” (trabalho físico), que, basicamente,
consistia em uma dança com os movimentos da ginástica aeróbica e calistenia, que
acabou estimulando uma grande participação de mulheres nas academias de ginástica
(FURTADO, 2009; TOLEDO; PIRES, 2008; COELHO FILHO, 2000). No link a seguir, você
pode acessar o vídeo.

https://qrgo.page.link/FiwFa

As modalidades de ginástica aeróbica ganharam diferenciações em relação


às aulas de maior e menor impacto em seus praticantes. Na ginástica, eram
comuns os pequenos saltos, que, ao longo do tempo, acabavam aumentando
as chances de lesões. Uma das maneiras encontradas para amenizar esse
movimento foi a realização de passadas suaves — em conjunto, sempre um
pé deveria estar no chão, prevenindo-se que o indivíduo realizasse os saltos
(FURTADO, 2009; TOLEDO; PIRES, 2008; COELHO FILHO, 2000).
À época, a musculação também já estava bem sedimentada, embora muitas
pessoas não gostassem dessa modalidade, achando-a monótona, repetitiva e
um esporte apenas de homens. E a ginástica surgiu para oferecer uma nova
modalidade de exercício para os indivíduos que não gostavam de musculação,
já que aulas eram coletivas e dinâmicas, e, apesar de sistematizadas, toda aula
era diferente da anterior, além do fato de a música servir como um grande
estímulo para a prática (FURTADO, 2009; TOLEDO; PIRES, 2008; COELHO
FILHO, 2000).
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Com o tempo, as academias ficaram abarrotadas de indivíduos praticando


diferentes modalidades da ginástica, o que acabou abrindo um grande mercado
no qual profissionais da administração deram início à formação de grandes
corporações. Observando a grande procura por diferentes estímulos, esses
empresários criaram modelos que propiciavam diversificação e padronização
das aulas de ginástica (FURTADO, 2009; TOLEDO; PIRES, 2008; COELHO
FILHO, 2000).
Uma das principais empresas formadas na década de 1980 foi a Body
System, que surgiu na Nova Zelândia como um sistema revolucionário de
preparar aulas coletivas e que tinha como grande característica as aulas pré-
-coreografadas (aulas prontas). Ao longo de 60 a 90 semanas, os alunos ba-
sicamente faziam a mesma aula com as mesmas músicas do Norte ao Sul do
Brasil. A Body System acabou se tornando um sucesso, tendo sido criadas
diferentes aulas com a terminologia body, apresentadas a seguir com seu
respectivo significado (NOSSA..., 2020; BRAUNER, 2007; GOMES; CHA-
GAS; MASCARENHAS, 2010). Todas as modalidades estão disponíveis em
formatos de 55, 45 ou 30 minutos, e algumas academias as fornecem como
um treino virtual.

„„ Body Attack™: aula coletiva estruturada em um programa de alta in-


tensidade que mescla movimentos simples com exercícios de força e
estabilização, combinando movimentos derivados do esporte, como
corrida, saltos e exercícios de força.
„„ Body Balance™: programa fundamentado em movimentos de ioga,
tai-chi e pilates, com a ideia de promover equilíbrio e leveza. Esti-
mula a concentração, a respiração, o equilíbrio e a flexibilidade. Seus
movimentos são lentos, ritmados e exigem toda a amplitude articular.
„„ Body Combat™: une alguns estilos de artes marciais com a ginástica.
Trata-se de uma aula sem contato e com movimentos simplificados:
a ideia é que você libere o estresse com um adversário imaginário.
„„ Body Jam™: programa de ritmos incluindo pop, dance e suas variações,
constituindo uma combinação de música e dança. Trata-se de uma
modalidade atualizada rapidamente para as músicas serem sempre as
mais atuais.
„„ Body Pump™: evidencia o treinamento de força e a resistência com a
utilização de barras e anilhas. São utilizados mesclados pesos leves e
moderados com muita variação no número de repetições.
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„„ Body Step™: programa voltado a movimentos de subir, descer e girar


em cima de um step. Subir escada é um movimento básico treinado no
dia a dia. Essa modalidade exigirá tanto do sistema cardiorrespiratório
quanto da resistência muscular localizada de membros inferiores.
„„ RPM™: programa realizado em cima de uma bicicleta pedalando no
ritmo da música. Basicamente, trata-se de uma aula de ciclismo in-
door, em que você controla a intensidade aumentando ou diminuindo
a resistência da bicicleta, como também aumentando ou diminuindo a
cadência da pedalada.
„„ Power jump™: a aula é integralmente realizada em um minitrampolim
com movimentos sincronizados com a música. Utiliza coreografias
simples, proporcionando um trabalho direcionado ao sistema cardior-
respiratório e equilíbrio.

A Body System continua no mercado ainda em 2020. Antes tratava-se apenas de uma
marca, mas agora é um estilo de ser. A Body System incorporou o nome internacional
Les Mills à marca e continua a desenvolver o seu programa. Les Mills é outra empresa
da Nova Zelândia que atua no ramo fitness, que continua com as mesmas modalidades
observadas anteriormente, mas com a incorporação de algumas novas: a CXWORX é um
programa relacionado ao treinamento funcional; o SH’BAM é um programa que envolve
diferentes tipos de dança e seus diversos ritmos; e o THE TRIP tem aulas intervaladas
nas quais o aluno fica pedalando em uma sala e na parede são projetadas imagens
com atletas pedalando em diferentes locais e competições estimulando o praticante.

Antes, os cursos para professores de educação física eram caros, o que


dificultava seu licenciamento para ministrar esse tipo de aula. Eram realizados
alguns eventos para a troca a cada 60 ou 90 dias dos novos programas de cada
modalidade, e somente professores cadastrados poderiam dar aula. Ainda,
os profissionais que ministravam as aulas deveriam realizar sempre a aula inte-
gralmente, independentemente da quantidade de aulas dadas. O tempo de fala,
as brincadeiras, o descanso e os ajustes necessários eram previamente fixados e
não podiam ser modificados. Praticamente todas as academias tinham vínculo
com esse sistema, cobrando preços diferenciados pelas aulas e pela possibili-
dade de realizar todas as atividades nas academias (Figura 2) (NOSSA..., 2020,
BRAUNER, 2007; GOMES; CHAGAS; MASCARENHAS, 2010).
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Figura 2. Imagem que era fixada nas paredes das academias fazendo a propaganda de
alguns programas da Body System.
Fonte: Carceroni (2010, documento on-line).

Pelo que foi exposto, podemos verificar que, na década de 1990, a modali-
dade ginástica de academia adquiriu o seu lugar no mundo fitness. A academia
era sinônimo de musculação, prática vista como monótona e direcionada apenas
a homens. Com a chegada das aulas de ginástica aeróbica e os programas da
Body System, colocou-se um fim nesse estereótipo, e as aulas de ginástica se
tornaram um ramo altamente rentável para empresários e donos de academia.

3 Principais métodos de ginástica de academia


Analisando dos anos 1980 até os dias atuais, foram criados diferentes métodos
de aulas da modalidade ginástica de academia; alguns serão apresentados a
seguir e discutidos brevemente.
A ginástica localizada basicamente é uma musculação com música, em
que o movimento pode ou não ser ritmado com a música. A parte principal
da aula é estruturada com caneleiras, anilhas, barras e halteres. O número de
alunos varia de acordo com o tamanho da sala, e os alunos iniciantes realizam
a mesma aula, embora com cargas menores em comparação a alunos interme-
diários e avançados. A aula, que varia de 30 minutos a 1 hora, é composta por
aquecimento, parte principal com exercícios localizados e uma volta à calma
(LIMA et al., 2010), como mostrado na Figura 3.
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Figura 3. Alunos realizando uma aula de ginástica localizada com anilhas e barras.
Fonte: (AULA..., [201-?], documento on-line).

O step ou step training acabou ganhando notoriedade no final da década


de 1980 e início de 1990. Basicamente, trata-se de uma modalidade em que
o praticante sobe e desce de uma caixa com a altura regulável realizando os
movimentos com base no ritmo da música. Um dos seus introdutores foi a
professora Gim Muller, que observou que, com a utilização do step, a sobrecarga
no joelho diminuía em comparação às aulas de aeróbica. A aula é constituída
por exercícios aeróbicos de baixo impacto, com os principais objetivos de
melhorar a capacidade cardiorrespiratória, melhorar a coordenação motora,
promover um gasto energético elevado e aumentar a força e a potência em
membros inferiores. O número depende muito do tamanho do local no qual
se realiza a aula. Alunos iniciantes fazem a mesma aula, mas com velocidade
menor e, em algumas partes da aula, sem utilizar o step em comparação aos
intermediários e avançados. A aula varia de 30 minutos a 1 hora, sendo com-
posta por aquecimento, parte principal e volta à calma (ZAZÁ; MENZEL;
CHAGAS, 2010).
A aula de bike compreende uma aula de ciclismo realizada em grupo praticada
com uma bicicleta desenhada especialmente para a modalidade que pode ser
ajustada à resistência e à cadência do movimento conforme o nível do praticante.
A ideia inicial da bike indoor foi criada em 1990 por um ciclista sul-africano
chamado Johnny Goldberg, que desenvolveu um equipamento com o qual o
ciclista pudesse treinar em casa. Com o tempo, acabou sendo comercializado para
as academias do mundo todo. Essa modalidade utiliza a música como indicador
12 Introdução às ginásticas de academia

de ritmo, tem como objetivo a melhora do condicionamento cardiovascular e sua


prática permite simulações de subida e descida como se fosse uma competição.
A aula varia de 40 a 60 minutos, sendo composta por aquecimento, parte principal
e volta à calma (MARQUES; BONATTO, 2006 apud ZAWADZKI, 2007).
A aula de ritmos, como o próprio nome sugere, é composta por coreogra-
fias que empregam a música como referência, variando os ritmos de samba,
pagode, funk, axé e sertanejo. Trata-se de uma modalidade bastante procurada
por promover um melhor condicionamento físico, com exercícios próprios do
treino cardiovascular misturados com os diferentes ritmos de música. Os passos
das danças ensinadas são fáceis de acompanhar e proporcionam uma série de
benefícios para o corpo. E a música auxilia nos movimentos coordenativos da
atividade, por meio de suas informações temporais. A aula de ritmos exige
movimentos sincronizados e percepção rítmica, pois a regulação do movimento
se dá pela música (ARTAXO; MONTEIRO, 2007).
O zumba fitness representa uma modalidade de dança com ginástica de
origem latina, que faz uma mistura de músicas latinas com pop norte-americano
e europeu, combinando o treinamento aeróbico e um intervalo de resistên-
cia para promover uma maior demanda energética. Seis anos depois de sua
criação em 2001 por Alberto Perlman e Alberto Aghion, a partir da empresa
Zumba Fitness LCC, o programa já contava com 10 mil instrutores, estava
disponibilizado em mais de 30 países e já havia vendido mais de três milhões
de DVD. Os alunos têm a liberdade de seguir o ritmo da música e se divertir,
sem haver um movimento certo ou errado, ao som dos ritmos-base, o que
tornava um programa de fácil realização independentemente da idade ou da
habilidade (PESSOA et al., 2018).
O jump ou minitrampolim é uma aula em que são realizados movimentos
aeróbicos ou anaeróbicos com membros inferiores superiores e no ritmo
proposto pela música sugerida pelo professor (14 BENEFÍCIOS..., 2017, do-
cumento on-line). A aula de jump é direcionada a alunos de ambos os sexos
e com idade superior a 14 anos, mas não é uma atividade aberta a qualquer
população: algumas patologias e lesões tornam imprópria ou impossível a
prática da modalidade, como labirintite, osteoporose, lesões ligamentares de
joelho e tornozelo e hérnia de disco. Trata-se de um programa de ginástica
em grupo, em que cada participante utiliza um minitrampolim como equipa-
mento para realizar um trabalho cardiovascular caracterizado por movimentos
pré-coreografados simples e de fácil execução. Na aula, é propiciada uma
variedade de estímulos por uma sequência de exercícios simples e de fácil
execução e períodos de recuperação entre uma música e outra (GROSSL,
2007 apud NEVES, 2011).
Introdução às ginásticas de academia 13

No link a seguir, podemos assistir a uma aula de jump, como se dão os seus movimentos
e o ritmo sincronizado com a música.

https://qrgo.page.link/3yGsu

Neste capítulo, pudemos aprender um pouco sobre a modalidade ginástica


de academia, como se originou, o que levou à sua expansão, os sistemas que
se destacaram e as modalidades praticadas atualmente.

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14 Introdução às ginásticas de academia

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