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MUSCULAÇÃO

E GINÁSTICA DE
ACADEMIA

Cristiano Cardoso de Matos


Protocolos de treinamento
direcionados a
populações especiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características do treinamento de força para populações


especiais.
„„ Discutir os benefícios, riscos e cuidados da prescrição do treinamento
de força para populações especiais.
„„ Planejar programas de treinamento de força para populações especiais.

Introdução
O treinamento de força é uma prática muito difundida que está tendo
cada vez mais adeptos. Com o avanço das pesquisas sobre essa temática,
está aumentando o número de indivíduos praticantes com algumas
caraterísticas que requerem alguns cuidados especiais. Por consequência,
os profissionais que irão trabalhar com essas populações devem ter um
conhecimento que possibilite dar suporte teórico para a montagem e o
acompanhamento do treinamento de força desses indivíduos.
Neste capítulo, você conhecerá as características do treinamento de
força para populações especiais. Além disso, conhecerá os benefícios,
riscos e cuidados da prescrição do treinamento de força para essas po-
pulações. Por fim, verá exemplos de programas de treinamento de força
para populações especiais.
2 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

1 Treinamento de força para populações


especiais
O treinamento de força está relacionado a uma prática intervencionista, na
qual os seus praticantes submetem os seus músculos a uma resistência ex-
terna, a fim de aumentar a força muscular, a massa magra, a potência e o
desempenho motor. Essa resistência externa pode ser entendida como um
treinamento com pesos livres, aparelhos de musculação, peso corporal, entre
outros (DOMINSKI et al., 2019).
De maneira geral, com o objetivo de promoção da saúde e redução do risco
de mortalidade, a Faculdade Americana de Medicina do Esporte recomenda que
o treinamento de força seja realizado, pelo menos, duas vezes por semana, com
duração de, no mínimo, de 30 minutos para cada sessão (ARTAL; O’TOLLE;
WHITE, 2003).
Entende-se por populações especiais um grupo de indivíduos com uma con-
dição clínica especial que necessitam de supervisão. Pode-se entender, ainda,
que população especial são indivíduos que, devido a uma perda ou alteração
adquirida ou congênita de funções ou de estruturas do corpo, apresentam
dificuldades específicas que limitam ou dificultam a atividade e a participação
em condições de igualdade com as demais pessoas (ANDRELLA; NERY,
2012). O termo populações especiais é muito amplo, de modo que, para este
capítulo, utilizaremos as seguintes populações:

„„ idosos;
„„ cardiopatas;
„„ diabéticos;
„„ gestantes;
„„ obesos.

Conforme Dominski et al. (2019), o treinamento de força gera inúmeros


benefícios para as populações especiais. Entre esses benefícios, destacam-se:
redução de sintomas e melhora no componente da aptidão física e na condição
de saúde. Cada vez mais, os profissionais que trabalham com o treinamento de
força devem estar preparados para prescrever treinos para essas populações.
Desse modo, um maior conhecimento acerca de fisiologia e biomecânica é
fundamental para o entendimento da doença e para a prescrição do treina-
mento como forma de intervenção para melhorar a qualidade de vida desses
Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais 3

indivíduos. Além disso, esses profissionais devem ter uma rede de trabalho
ampla, tendo contato com outros profissionais da área da saúde. Por exemplo,
o professor de educação física deve trabalhar em conjunto com médicos,
fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras. Essa rede de trabalho
poderá promover um melhor atendimento aos alunos com determinadas carac-
terísticas, tidos como populações especiais (CHANDLER; BROWN, 2009).

A rede de trabalho, ou network, nada mais é do que trabalhar em parceria com a


sua rede de contatos. Essa rede é formada pelos profissionais da mesma formação
ou de áreas afins que compartilham do mesmo público-alvo. É uma ferramenta que
vem ganhando muito destaque. Os profissionais da área da saúde que trabalham
com populações especiais devem ter uma network forte, para que possam se auxiliar
e se apoiar mutuamente.

Os componentes que fazem parte do programa de treinamento da população


em geral também fazem parte do programa de treinamento das populações
especiais, como: aquecimento, volta a calma, periodização, princípios do
treinamento, sobrecarga, entre outros fatores devem ser empregados para
todos os participantes do treinamento de força (CHANDLER; BROWN, 2009).
No entanto, para indivíduos com alguma condição especial, são necessárias
adaptações e cuidados adicionais, os quais serão abordados na próxima seção.

2 Benefícios, riscos e cuidados da prescrição


do treinamento de força para populações
especiais
A seguir, serão abordadas as populações especiais em relação a determinadas
variáveis. Para melhor compreensão, será discutida uma população por vez
em cada um dos seus subtítulos.
4 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

Idosos
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, aproximadamente
30% da população brasileira será composta por idosos. O processo de envelheci-
mento é descrito como um processo normal com alterações anatomofisiológicas
irreversíveis, que culminam com uma limitação na capacidade funcional. Essas
limitações acarretam perda da autonomia e, consequentemente, dificuldade
de realizar atividades da vida diária (AVDs) (CHANDLER; BROWN, 2009).
O envelhecimento está associado a muitas modificações, como, por exem-
plo, o aumento da massa de gordura corporal, principalmente na região abdo-
minal, e diminuição da massa muscular, por meio de um processo denominado
sarcopenia. A sarcopenia é uma doença multifatorial que está diretamente
relacionada a inatividade física, nivelação de hormônio diminuída e diminui-
ção da síntese proteica. Observa-se que, entre os 20 e os 80 anos de idade, a
massa magra diminui entre 35 e 40%, com essa perda sendo mais acentuada
nas fibras rápidas tipo 2. Contudo, o treinamento de força pode diminuir ou
retardar esse processo deletério por meio do aumento da capacidade contrátil
dos músculos esqueléticos (PICOLI; FIGUEIREDO; PATRIZZI, 2011).
Outro problema associado à idade é a osteoporose, doença que se caracteriza
pela diminuição da massa óssea e pela deterioração das estruturas internas
do osso, podendo causar um aumento de quedas e fraturas. A osteoporose
é observada em ambos os sexos, mas é mais frequente na mulher, já que,
no climatério, a diminuição dos níveis estrogênicos precipita as perdas de
massa óssea. Até cerca dos 35 anos de idade, a massa óssea atinge o pico, e, a
partir daí, inicia-se um processo lento de perda óssea, equivalente a 1,5% ao
ano (CHANDLER; BROWN, 2009). O treinamento de força, por seu maior
impacto, apresenta alta eficácia para o tratamento dessa doença, visto que esse
tipo de exercício causa uma maior sobrecarga óssea, expondo, assim, o osso a
episódios de estresse e remodelamento. Em contrapartida, quando realizado
em intensidades muito elevadas ou com pouco tempo de recuperação, pode
causar fraturas, devido a exposições de elevado grau de estresse (CHANDLER;
BROWN, 2009).
A seguir, são listados os fatores de risco associados à osteoporose para
homens e mulheres (CHANDLER; BROWN, 2009):

„„ mulheres magras/com esqueleto frágil;


„„ idade avançada;
„„ histórico familiar de osteoporose;
„„ pós-menopausa (incluindo cirurgicamente induzido);
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„„ amenorreia (ausência anormal de período menstrual);


„„ anorexia nervosa;
„„ baixo consumo de cálcio ao longo da vida;
„„ deficiência de vitamina D;
„„ medicamentos (corticosteroides, quimioterapia, etc.);
„„ estilo de vida inativo;
„„ fumar cigarros;
„„ uso excessivo de álcool;
„„ baixos níveis de testosterona em homens.

O processo de envelhecimento também está relacionado a alterações deleté-


rias no sistema nervoso central (SNC). Dessa forma, o perfeito processamento
de sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção
do equilíbrio corporal tende a ficar alterado e prejudicado. Essa alteração pode
ser quantificada pelo desequilíbrio, que tende a causar uma maior necessi-
dade de auxílio de outras pessoas para que o idoso consiga realizar as AVDs.
Além disso, a maioria dos casos de fraturas estão relacionadas a quedas por
desequilíbrio. O treinamento de força tende a melhorar as respostas neuro-
musculares e, por consequência, o equilíbrio, a coordenação e a autonomia
(CHANDLER; BROWN, 2009).
Em relação ao sistema circulatório, o envelhecimento altera muito o seu
funcionamento. Pode-se citar, por exemplo, o processo de aterosclerose, que
culmina com aumentos da pressão arterial. Outra grande alteração que pode
ocorrer está relacionada com o aumento dos níveis de gordura, tanto subcu-
tânea quanto intravascular. Essas alterações tendem a comprometer o sistema
vascular, culminando também em aumentos dos níveis de pressão arterial.
O treinamento de força tem um efeito hipotensor, que está relacionado com a
redução do débito cardíaco (i.e., produto entre a frequência cardíaca e o volume
sistólico), decorrente de uma diminuição da frequência cardíaca associada
à melhora da resposta vasodilatadora. Essa resposta também está ligada a
uma maior disponibilidade de óxido nítrico e a uma diminuição da atividade
nervosa simpática (KRINSKI et al., 2006).
Conforme a Faculdade Americana de Medicina do Esporte, as recomen-
dações em relação ao treinamento de força são cargas de 60 a 90% de 1 RM,
com 6 a 12 repetições (ARTAL; O’TOLLE; WHITE, 2003). As recomenda-
ções para esse tipo de treinamento incluem o uso de pesos livres, aparelhos,
peso corporal, entre outras formas de equipamentos para melhorar a força,
a potência e a resistência muscular. São recomendados de 4 a 6 exercícios
6 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

para grandes grupos musculares e de 3 a 5 exercícios para pequenos grupos


musculares. Os alunos devem realizar de 1 a 3 séries, com intervalos de 1 a 3
minutos. Além disso, sugere-se que as sessões sejam em dias não consecutivos.
É preconizado que os alunos iniciantes utilizem inicialmente mais aparelhos,
visto que esses equipamentos tendem a ser mais seguros para os idosos, pois
tendem a controlar melhor tanto a postura como as cargas utilizadas. Já para
os alunos mais avançados, é preconizado que utilizem mais pesos livres.
Quanto à velocidade do exercício, deve ser mais lenta e controlada, bem como
a respiração deve ser fluida, sem apneia ou manobra de Valsalva.

A manobra de Valsalva é um recurso utilizado por indivíduos que realizam o treinamento


de força para conseguir vencer uma determinada resistência. No entanto, ela pode ser
muito perigosa, devido às consequências em relação à elevação da pressão arterial e
frequência cardíaca (FC) e posterior diminuição da pressão arterial e FC.
Para saber mais sobre a manobra de Valsalva, acesse o link a seguir.

https://qrgo.page.link/jTAfa

Outra capacidade que deve ser estimulada em idosos é o treinamento de


potência, visto que a sua melhora pode conduzir a aumentos na capacidade
para realizar AVDs, prevenir quedas e diminuir a dependência e a deficiência
na vida adulta. Para desenvolver a potência, é necessária uma carga mais baixa
(30–40% de 1 RM), bem como realizar os movimentos com a maior velocidade
possível. Observa-se uma forte associação positiva entre potência muscular
e função muscular, tendo a potência um indicador do desempenho funcional
superior ao da força muscular (ORSANO; MORAES; PRESTES, 2017).

Cardiopatas
Cardiopatia é um termo genérico para as doenças cardíacas. As doenças
cardíacas são as que mais matam no Brasil. Os principais fatores de risco
associados são: pressão alta, colesterol elevado, tabagismo, diabetes e seden-
tarismo (CHANDLER; BROWN, 2009).
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Acredita-se que as cardiopatas, principalmente em indivíduos com isquemia


cardíaca, apresentem algum tipo de miopatia. Essa doença muscular está as-
sociada a alterações funcionais das proteínas contráteis das fibras musculares.
Dessa forma, são observadas diminuições da força musculoesquelética nesses
indivíduos, sem alterações específicas funcionais nos filamentos finos e na
miosina (HERDY et al., 2014; GONÇALVES et al., 2012).
A prática do treinamento de força reduz sensivelmente as chances de de-
senvolvimento de cardiopatias. Observou-se que, após uma sessão de treino, os
níveis pressóricos tendem a diminuir de 2 a 4% em relação a antes do exercício.
Outros benefícios do treinamento de força incluem o controle de fatores de
risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, dislipidemia,
sensibilidade à insulina, controle do peso, prevenção de deficiências e aumento
da capacidade funcional. Além disso, o treinamento de força auxilia na melhora
da força e da resistência muscular, do metabolismo, da função cardiovascular,
evidenciada a partir de aumento do consumo máximo de oxigênio, e do débito
cardíaco, além de apresentar significante redução da percepção do esforço
para atividades submáximas (HERDY et al., 2014; GONÇALVES et al., 2012;
CHANDLER; BROWN, 2009).
Os pacientes com uma boa evolução sem complicações após infarto agudo
do miocárdio (IAM) estão aptos para o retorno ao trabalho, dentro de 4 a 5
semanas, e para a prática do treinamento de força na fase II da reabilitação
cardíaca, ocorrendo em média de 1 a 3 meses após o evento. Os exercícios
devem ser iniciados com baixa intensidade e baixo impacto nas primeiras
semanas para adaptação inicial e prevenção de lesões musculoesqueléticas, bem
como devem estar aliados com uma dieta (HERDY et al., 2014; GONÇALVES
et al., 2012; ARTAL; O’TOLLE; WHITE, 2003).
No entanto, existem contraindicações à prática do treinamento de força,
as quais estão relacionadas a doenças que não estão estáveis ou controladas
(CHANDLER; BROWN, 2009). Recomenda-se que o treinamento de força
seja realizado abaixo do limiar isquêmico, ou seja, abaixo da frequência
cardíaca que leve à indução de sinais clínicos ou eletrocardiográficos de
isquemia miocárdica em esforço. Em média, utiliza-se a frequência cardíaca
de, no máximo, 80% da frequência máxima ou até o valor 8 na escala de Borg
adaptada de 10 pontos (HERDY et al., 2014; GONÇALVES et al., 2012). Sugere-
-se a realização de exercícios monoarticulares com intensidades entre 8 a 15
repetições máximas, com cargas progressivas, suficientes para causar fadiga
nas últimas três repetições, porém sem falha do movimento, com descanso de
3 minutos e velocidade moderada de execução. A frequência de treinamento
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deve ser de 2 a 3 vezes semanais, com um dia de descanso no meio da semana,


e recomenda-se de 8 a 10 exercícios. Durante a execução dos exercícios, o ritmo
das repetições deverá ser controlado, para que sejam lentos, e a manobra de
Valsalva deve ser evitada (HERDY et al., 2014; GONÇALVES et al., 2012).

Diabéticos
O diabetes é uma doença na qual o corpo não produz ou deixou de produzir
insulina ou não consegue empregar a insulina que produz adequadamente.
O diabetes pode ser dividido em dois tipos (CHANDLER; BROWN, 2009).
No diabetes tipo 1, o sistema imune ataca equivocadamente as células betas do
pâncreas, ou seja, pouca ou nenhuma insulina é liberada pelo corpo. Assim, a
glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Em geral, aparece
na infância ou na adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos. Não
existem pesquisas que comprovem de forma conclusiva sobre os fatores de
risco que desencadeiam essa doença. Os indivíduos diabéticos necessitam
da utilização de insulina constantemente (CHANDLER; BROWN, 2009).
O diabetes tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar ade-
quadamente a insulina que produz, ou não produz insulina suficiente para
controlar a glicemia, de modo que o corpo tende a adquirir uma resistência à
insulina. Manifesta-se mais frequentemente em adultos. A prevalência desse
tipo de diabetes é nove vezes maior em comparação à do tipo 1. A sua inci-
dência é maior a partir dos 30 anos, mas também tem sido comum em crianças
obesas. Esse tipo de diabetes está diretamente associado a estresse, estilo de
vida, sedentarismo e a má alimentação e, por consequência, obesidade. Esses
indivíduos podem ou não utilizar insulina (CHANDLER; BROWN, 2009).
Tanto os diabéticos tipo I quanto os tipo II possuem uma chance muito
maior de desenvolverem lesões nos pés, obesidade, hipertensão arterial sistê-
mica, dislipidemia e disfunção endotelial (GALVIN; NAVARRO; GREATTI,
2014). O treinamento de força em intensidades de leve a moderada apresenta
redução de gordura corporal, melhor controle glicêmico, diminuição tanto do
colesterol quanto da frequência cardíaca, entre outros benefícios. Ele pode
diminuir a chance do indivíduo de desenvolver o diabetes tipo 2, bem como
a resistência à insulina. O maior benefício dessa prática está relacionado
à maior sensibilidade à insulina (GALVIN; NAVARRO; GREATTI, 2014;
CHANDLER; BROWN, 2009).
Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais 9

Uma complicação aguda importante para os diabéticos tipo I e II é a


hipoglicemia, que ocorre em exercícios de intensidade moderada e duração
prolongada, na qual a captação de glicose excede a liberação hepática. Os
sintomas são: sudorese, tremores, convulsões, palidez, palpitações, taquicardia,
náuseas, sonolência e fome. Esse quadro ocorre quando os níveis de glicose
estão menores do que 50 mg/dL. Recomenda-se que o diabético, quando per-
ceber esses sinais, fique sentado ou deitado, para evitar quedas. Após verificar
a glicemia, deve-se ingerir de 15 a 20 g de carboidrato simples, o equivalente
a uma colher de sopa de mel, um copo de 200 ml de suco de laranja ou uma
colher de açúcar dissolvido em meio copo de água. Sugere-se que, após a ingesta
do alimento, em média 15 minutos, seja medida a glicemia novamente, para
verificar se está restabelecida (GALVIN; NAVARRO; GREATTI, 2014). Por
esses motivos, sempre que for prescrever um treino para um aluno diabético, o
profissional deve ter em mãos algum dos itens descritos anteriormente, como
uma bebida adocicada (refrigerante, suco) ou algum doce (bala, chocolate,
etc.). Além disso, é extremamente importante salientar que esses alimentos
ingeridos como estratégia de combater a hipoglicemia não podem ser diets.
Os cuidados do diabético em relação ao treinamento de força se referem
ao ajuste na dose de insulina nos dias de exercício, ao tipo de insulina, ao
local de aplicação, ao tempo entre as injeções, à intensidade e à duração do
treinamento de força e ao tempo entre a última refeição e o início da sessão de
treino. Todos esses cuidados são realizados para evitar que ocorra uma hipo-
glicemia no diabético. Os diabéticos devem ter uma grande atenção em relação
aos ajustes na dosagem de insulina quando forem realizar um treinamento de
força. Recomenda-se uma diminuição entre 15 e 20% na dosagem da insulina
de ação rápida na refeição que antecede o treinamento de força moderado,
diminuição da insulina intermediaria pós-exercício e diminuição da insulina
intermediária noturna para indivíduos sedentários. Além disso, a dosagem da
insulina é dependente da intensidade e da duração do treinamento de força.
Dessa forma, quanto maior for a intensidade e a duração do treinamento de
força, menor deve ser a dosagem de insulina.
Outro ponto importante para o treinamento de força com diabéticos é o
local de aplicação da insulina. As injeções de insulina devem ser aplicadas em
partes opostas às exercitadas. Em exercícios aeróbicos, um local seguro para
aplicações é o abdome. O uso da insulina depende muito do tempo em que o
diabetes acomete o indivíduo, a sua idade, o gênero e o nível da intensidade e
a duração do treinamento de força. Esses fatores são cruciais para o controle
da glicemia (GALVIN; NAVARRO; GREATTI, 2014).
10 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

Para os diabéticos, a Faculdade Americana de Medicina do Esporte re-


comenda treinamento na força aliado a uma dieta. Sugere-se a realização de
exercícios multiarticulares e monoarticulares com intensidades entre 10 a 15
repetições máximas (RM) e de 8 a 10 exercícios, com descanso de 2 minutos
e velocidade moderadas de execução. A frequência de treinamento deve ser
de 3 a 5 vezes semanais, com um dia de descanso no meio da semana, e de
30 a 60 minutos por sessão (ARTAL; O’TOLLE; WHITE, 2003).

Gestantes
O treinamento de força gera alguns benefícios para a gestante, como o aumento
de força muscular, menor ganho de gordura corporal e peso, melhor adaptação
do organismo materno às modificações da postura proveniente à evolução
gestacional, prevenção de traumas, melhora do humor, da imagem corporal,
redução da depressão e da ansiedade e diminuição de quedas e de desconfortos
musculoesqueléticos (MCDONALD et al., 2016; DI MASCIO et al., 2016).
Contudo, deve-se evitar posturas que coloquem a gestante em risco, como as
que afetem o equilíbrio (MCDONALD et al., 2016; DI MASCIO et al., 2016).
Um grande cuidado que gestantes devem ter é em relação ao diagnóstico
ou à suspeita de pré-eclâmpsia. Quando diagnosticada, a grávida deve evitar
a prática do treinamento de força, visto que essa condição tende a aumentar
a pressão arterial e reduz o fluxo uteroplacentário, que já está deficiente.
A prática regular de exercício antes e no início da gestação está associada à
diminuição do risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia entre outras doenças
(MCDONALD et al., 2016; DI MASCIO et al., 2016).
Todavia, existem algumas limitações nas quais o treinamento de força não
é o mais adequado para as gestantes. O Quadro 1 apresenta um resumo em
relação às limitações referentes às contraindicações absolutas e relativas para
essa prática. O treinamento de força é uma parte importante do tratamento
de diabetes gestacional, por aumentar a sensibilidade tecidual à insulina,
melhorando o controle glicêmico (MCDONALD et al., 2016; DI MASCIO
et al., 2016).
A intensidade do exercício para a gestante pode ser quantificada pela
FC, com valores de 60 a 80% da FC. O American Journal of Obstetrics and
Gynecology (DI MASCIO et al., 2016) — Jornal Americano de Obstetrícia
e Ginecologia — sugere que gestantes com idade inferior a 20 anos fiquem
com a FC entre 140 a 155 batimentos cardíacos por minuto (bpm); de 20 a
29 anos, entre 135 a 150 bpm; de 30 a 39 anos, entre 130 a 145 bpm; e, por
fim, com mais de 40 anos, entre 125 e 140 bpm.
Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais 11

Outro critério é a escala de percepção subjetiva de esforço de Borg: valores


até 6, correspondem a nenhum esforço; até 20, equivalem ao esforço máximo.
O DI MASCIO et al. (2016) recomenda intensidades entre atributos variando
de 12 e 14 para gestantes. Em relação à frequência e à duração do treinamento,
recomenda-se treinos de 3 a 4 vezes por semana, com duração máxima de 60
minutos para mulheres que já praticam treinamento de força (MCDONALD
et al., 2016; DI MASCIO et al., 2016).
O treinamento de força, de forma geral, deve priorizar os músculos lom-
bares, a cintura escapular e envolver grandes grupos musculares. Existem
evidências que apontam que o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico
durante a gestação diminui o risco de incontinência urinária no pós-parto
(MCDONALD et al., 2016; DI MASCIO et al., 2016).

Quadro 1. Limitações para a prática do treinamento de força para as mulheres ao longo


da gestação

Limitações para a prática do treinamento de força durante a gestação

Contraindicações absolutas Contraindicações relativas

„„ Doenças miocárdicas „„ Falta de controle pré-natal


„„ Suspeita de estresse fetal „„ Hipertensão arterial essencial
„„ Insuficiência cardíaca congestiva „„ Diabetes melito
„„ Enfermidade hipertensiva grave „„ Obesidade excessiva ou peso baixo
„„ Enfermidade cardíaca reumática extremo
„„ Tromboflebite „„ Anemia e outras alterações
„„ Retardo de crescimento sanguíneas
intrauterino
„„ Embolismo pulmonar recente
„„ Gestação múltipla
„„ Enfermidade infecciosa aguda
„„ Risco de parto prematuro

Fonte: Adaptado de Artal, O’Tolle e White (2003).


12 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

Obesos
A obesidade e o sobrepeso podem ser definidos como um acúmulo anormal
ou excessivo de gordura que apresenta risco à saúde, representando um dos
maiores males da humanidade. A obesidade é uma doença causada pelo ex-
cesso de ingestão de alimentos associados à falta de exercício. Esse quadro
tende a levar a uma redução do gasto calórico, que, por consequência, eleva a
predisposição para acumular gordura e o desenvolvimento de outras doenças
(SOUZA, 2010).
Os indivíduos obesos apresentam índice de massa corporal (IMC) maior ou
igual a 30, conforme o Quadro 2, a seguir. O número de obesos no Brasil está
aumentando de maneira exponencial a cada ano. Os órgãos de saúde pública
destacam a necessidade de estímulos para que essa realidade não se agrave
cada vez mais (SOUZA, 2010). A obesidade, muitas vezes, está atrelada a outras
doenças, como diabetes, alterações cardiovasculares e síndrome metabólica
(ARRUDA et al., 2010).

Quadro 2. Valores referente ao IMC, sua classificação, grau de obesidade e risco de co-
morbidade

Grau de Risco de
IMC (kg / m2) Classificação
obesidade comorbidade

Abaixo de 18,5 Peso baixo 0 Baixo

18,5–24,9 Peso normal 0 Médio

25–29,9 Sobrepeso I Aumentado

30–39,9 Obeso II Moderado–alto

Acima de 40 Obeso grave III Altíssimo

Fonte: Adaptado de Capra et al. (2016).

Para a diminuição da gordura corporal, torna-se necessário um balanço


energético negativo. O gasto de energia deve ser maior do que o consumo.
O gasto energético é entendido como a taxa metabólica basal (TMB) somada
Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais 13

ao estímulo dado, como o treinamento de força em conjunto com o efeito


térmico do alimento. A TMB depende diretamente da massa magra corporal,
que sofre influência direta do efeito agudo e crônico do treinamento de força
(ARRUDA et al., 2010).
Pode-se observar que uma das melhores maneiras de se combater a obe-
sidade é por meio do treinamento de força, visto que este, quando aliado a
uma dieta adequada, tende a amenizar esse quadro. O treinamento de força
acarreta estímulos para aumentar o metabolismo basal, bem como causa
alterações hormonais positivas e auxilia no controle da balança (SOUZA,
2010). De maneira geral, o treinamento de força estimula o aumento da massa
magra, por meio das miofibrilas, e da densidade capilar, por meio da fibra
muscular, elevando, dessa forma, a quantidade de proteína e do número total de
fibras musculares. Em paralelo, por estar com o metabolismo mais acelerado,
estimula a diminuição da massa gorda e melhora o condicionamento físico
do praticante. Pode-se destacar também maior resistência para suportar uma
sessão de treinamento de força, aumento da oxidação de gorduras, do consumo
de energia pós-exercício, do consumo de oxigênio e do gasto calórico diário.
Recomenda-se que o programa gere déficit de 500 a 1.000 kcal, para conduzir
perdas de peso de cerca de 0,45 para 0,90 kg por semana, e perda de peso
de 10% em 6 meses (FLECK; KRAEMER, 2017; BOMPA, 2012; ARRUDA
et al., 2010).
Além disso, recomenda-se que o treinamento para essa população seja com
estímulos bem variados e que seja utilizada uma periodização ondulatória,
pelo fato de abranger diferentes manifestações da força. Dessa forma, o treino
tende a promover mais estímulos em um menor tempo (BEAVERS et al., 2017).
Ao longo da sessão de treino, deve-se monitorar a pressão arterial, a frequência
cardíaca e o nível glicêmico, devido às comorbidades existentes nos obesos.
Conforme o posicionamento da Faculdade Americana de Medicina do
Esporte, recomenda-se treinamento na forma de circuito, com uma progressão
gradual. Em conjunto, sugere-se a realização de exercícios multiarticulares,
com intensidades entre 8 a 15 repetições máximas (RM) e descanso máximo de
3 minutos e velocidade moderada de execução (ARTAL; O’TOLLE; WHITE,
2003). A frequência de treinamento para os iniciantes e intermediários deve
ser de 2 a 3 vezes, e, para os avançados, de 4 a 5 vezes semanais, com um dia
de descanso no meio da semana. Ainda, as recomendações são de realizar de
250 a 300 minutos de exercício em intensidade moderada por semana.
14 Protocolos de treinamento direcionados a populações especiais

O IMC é um forte indicador de problemas cardiovasculares. Essa variável é adotada


pela OMS para calcular o peso ideal de cada pessoa. Ela leva em consideração a massa
do indivíduo e a sua estatura.
Para saber mais sobre essa variável relacionada aos cardiopatas, leia o artigo “Quali-
dade de vida e o IMC alto como fator de risco para doenças cardiovasculares: revisão
sistemática”, disponível no link a seguir.

https://qrgo.page.link/4xuDo

Portanto, pode-se observar que, atualmente, está aumentando cada vez


mais o número de populações especiais. Cabe ao profissional de educação
física ter conhecimento a respeito de biomecânica, fisiologia, fisiologia do
exercício e sobre a fisiopatologia de algumas enfermidades para se tornar apto
a trabalhar com esses indivíduos. Em conjunto, o profissional de educação
física deve trabalhar com equipes multidisciplinares, fisioterapeutas, médicos,
nutricionistas, entre outros, para conseguir otimizar os seus resultados e ter
um maior conhecimento sobre o seu aluno.

ANDRELLA, J. L.; NERY, S. S. Populações especiais: conceitos na área das ciências da


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Leitura recomendada
CARVALHO, T. B. et al. Treinamento de força excêntrico em idosos: revisão acerca das
adaptações fisiológicas agudas e crônicas Revista Brasileira de Ciência do Movimento,
Taguatinga, v. 20, n. 4, p. 112–121, 2012. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/
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