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Aspectos Físicos e Funcional do Idoso

Conteudista: Prof. Me. João Pedro da Silva Junior 


Revisão Textual: Prof. M.ª Dalila Silva Neroni Jora

Objetivos da Unidade:

Conhecer os aspectos da obesidade e da sarcopenia e seus impactos nas variáveis


de saúde;

Conhecer a relação da perda da força na autonomia das AVDs e AIVDs e os


aspectos da perda da potência da capacidade cardiovascular.

ʪ Contextualização

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
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ʪ Contextualização

Vamos iniciar esta Unidade apresentando a definição da Aptidão Física: É a capacidade que um
indivíduo tem de realizar as tarefas do dia a dia sem prejuízo da sua integridade biopsicossocial
(MATSUDO, 1996). Sabe-se que o envelhecimento está associado a alterações moleculares e
celulares, ocasionando perdas funcionais gradativas dos órgãos e do organismo da pessoa. Tal
perda passa a ser sentida no final da fase reprodutiva, como, por exemplo, quando o sistema
respiratório e o tecido muscular começam a diminuir suas funções, isso acontece já por volta
dos trinta anos de idade. 
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ʪ Material Teórico

Introdução
Nesta seção, abordaremos os aspectos da obesidade e da sarcopenia e os seus impactos nas
variáveis de saúde. Trataremos também a respeito da relação da perda da força na autonomia das
AVDs e AIVDs assim como os aspectos da perda da potência da capacidade cardiovascular. A
atividade física oferece importantes benefícios à população da terceira idade, tais como:
prevenção e diminuição de problemas cardiovasculares e pulmonares, auxílio no controle da
diabetes, artrites, fortalecimento muscular, manutenção da densidade óssea, bem-estar físico e
mental, entre outros. Sendo assim, esta unidade tem como propósito proporcionar
significativas melhorias físicas e funcionais em diversos âmbitos, tais como: no equilíbrio, na
velocidade de andar, no reflexo, na ingestão alimentar, na diminuição da depressão e na
prevenção da tão temida osteoporose e suas consequências degenerativas. A relação entre
atividade física, exercício e o esporte no processo de envelhecimento é cada vez mais discutida e
analisada na atualidade e é, praticamente, um consenso entre os profissionais da área da saúde
que um estilo de vida ativo é fator determinante para um envelhecimento com qualidade. Por
isso, devemos trabalhar com o objetivo de obter um melhor estilo e qualidade de vida aos idosos,
e em posse do conhecimento acerca das atividades físicas, inserir uma rotina de exercícios para
esse nicho de pessoas.

Definido como a capacidade de desempenhar, sem prejuízo biopsicossocial, as variáveis de


velocidade, equilíbrio, agilidade, coordenação motora, resistência, potência e força (MELLO et
al., 2005), todas de suma importância tanto para a saúde como para o desempenho, em todas as
fases da vida, inclusive terceira idade (CHRISTOFARO et al., 2018). Contrapondo, níveis
inadequados de atividade física (sedentarismo) acarretam a diminuição da atividade física,
comprometendo a locomoção e autonomia, oferece amplos benefícios físicos, emocionais,
cognitivos e sociais. 
Nesta Unidade, apresentaremos uma grande revisão dos componentes biológicos da aptidão
física relacionados ao processo de envelhecimento. São eles:  Componentes da Aptidão Física, os
fatores biológicos, Variáveis Antropométricas, Variáveis Metabólicas e Variáveis Neuromotoras. 

Variáveis Antropométricas e Envelhecimento


Como já citado e abordado em momentos anteriores, o processo de envelhecimento é um
processo no qual podemos verificar alterações em todos os sistemas do corpo humano, nas
centenas de órgãos e em bilhões de células que sofrem aceleração em um processo denominado
apoptose, que nada mais é do que a morte programada da célula. De todas as alterações nos
diversos sistemas do corpo humano, sem dúvida, a mais importante, sensível e impacta do
processo de envelhecimento é o sistema musculoesquelético

O Sistema musculoesquelético realmente merece atenção dos profissionais de saúde,


especialmente do Profissionais de Educação Física:  

A perda da musculatura esquelética pode ser reduzida e preservada com restrição


calórica;
Figura 1
Fonte: Getty Images

Durante o processo de envelhecimento ocorrem alterações na composição corporal,


na qual há um aumento e uma redistribuição de gordura corporal e redução da
quantidade e qualidade da massa muscular (HUGHES et al., 2011), o que está
intimamente ligado ao movimento humano, sendo um dos efeitos deletérios do
envelhecimento;
Figura 2
Fonte: Getty Images

Essas alterações na composição corporal em idosos, principalmente a redução da massa


muscular, provocam o declínio físico e prejuízo da qualidade de vida, aumentando o risco de
quedas, institucionalização e morte. 

Aumento da Massa Gorda


O aumento da gordura corporal, tanto a central como a periférica, acontece de maneira gradativa
durante todo o processo. A primeira, intimamente associada às doenças crônicas não
transmissíveis, denominada Gordura Intra-abdominal, e a segunda, conhecida como Gordura
intramuscular, que deteriora, e muito, a capacidade do músculo em realizar contração muscular,
aumentando a queixa de dor muscular, fadiga e elevando, consequentemente, os processos
inflamatórios musculares.   
As explicações fisiológicas, naturais do processo de envelhecimento, estão na redução da Taxa
Metabólica Basal (TMB). A diminuição da Norepinefrina explicaria a redução da atividade física, e
o aumento da ingestão calórica estaria ligado à TMB, seguido da redução da síntese de proteínas
e da diminuição da massa  dos órgãos, que por sua vez diminui a massa corporal em casos
extremos (caquexia), também ligado à TMB, e, por fim,  o declínio da fração celular da massa
livre de gordura, que impacta diretamente na atividade enzimática  Na-K-ATPase, resultando na
diminuição da Taxa Metabólica Específica, explicando, assim, a diminuição da TMB (CLARK;
MANINI et al., 2010). 

“Apesar do alto componente genético na determinação do peso e da estatura dos

indivíduos, outros fatores, como a dieta, a atividade física, fatores psicossociais,


doenças, entre outros, estão envolvidos nas alterações destes dois componentes
durante o envelhecimento.”

- LIMA, 2007, p. 32

Dentre as alterações antropométricas, o aumento da gordura, nas primeiras décadas do


envelhecimento, e a perda de gordura, nas décadas mais tardias da vida, parecem ser os padrões
mais prováveis de comportamento da adiposidade corporal no processo de envelhecimento. O
que é necessário saber a respeito da massa gorda durante o processo de envelhecimento? A
explicação fisiológica do aumento da massa gorda está relacionada: 

À diminuição do transporte, pela membrana, de ácido graxo livre – AGL;

À  diminuição de até 50% da lipólise por catecolaminas;

À  diminuição da utilização plasmática do AGL;

À  diminuição do número dos β-adrenoreceptores;


À  diminuição da afinidade dos β-adrenoreceptor;

À  diminuição da Carnitina acyltransferase (AG mitocondriais).

Resultando na diminuição da capacidade do músculo de oxidar gordura e levando à diminuição


da utilização de gordura no exercício (BLAAK, 2000).

Sendo assim, o que devemos esperar sobre idosos obesos – maior incidência e prevalência de
osteoartrite de joelho, intolerância ao exercício, diminuição da autoestima, alteração da
mobilidade, dependência funcional, intolerância à glicose, aumento do risco de desenvolver
hipertensão, diabetes, acidente vascular encefálico e apneia do sono;

Já em idosos com baixo peso – úlceras, fratura de quadril, mais tempo para recuperação de
doenças e hospitalização, diminuição da exacerbação das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNTs), alteração da capacidade funcional, disfunção imune e maior susceptibilidade a
doenças infecciosas. 

Isso pode ser verificado na publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que,
resumidamente, apresenta que o Peso Corporal, em homens, aumenta até os 65 anos e em
mulheres, até os 75 anos, e, após estas idades, diminui em ambos os sexos. Com isso, devemos
ter atenção aos valores críticos para perda de peso: 10% em 6 meses – indica risco à saúde, 20%
– risco significante, 30% – risco grave, 40% – ameaça de vida e > 45% – letal.  

Estatura apresenta e uma diminuição com o passar dos anos, cerca de – 1 a 2 cm / década mais
rápido – idades avançadas por causa da compressão vertebral, o estreitamento dos discos
intervertebrais e a cifose. Complementado ainda por alterações na altura e tamanho dos discos
intervertebrais, tônus musculares, arqueamento de membros inferiores, achatamento arco
plantar dos pés e postura (MATSUDO et al., 2002). 

Com as mudanças no peso e na estatura, o Índice de Massa Corporal (IMC) também se modifica
com o transcorrer dos anos. A importância do IMC no processo de envelhecimento deve-se a
que valores, acima da normalidade, estão relacionados ao incremento da mortalidade por
doenças cardiovasculares e diabetes, enquanto índices abaixo desses valores estão relacionados
ao aumento da mortalidade por câncer, doenças respiratórias e infecciosas. 

Além desse aumento da mortalidade, a obesidade e a desnutrição são dois problemas que
coexistem nos tempos atuais. Apesar da desnutrição em idosos apresentar-se como um fator
mais fortemente associado à mortalidade do que o excesso de peso e a obesidade tem sido
observada em curva ascendente na faixa geriátrica e traz consigo importantes repercussões
clínicas. Sua importância está associada ao fato de acelerar o declínio funcional do idoso e
agravar suas limitações, gerando, assim, perda de independência e autonomia

Ainda, podemos destacar a importância das circunferências na aferição da gordura a


circunferência de cintura e quadril demostrado pelo cálculo da relação cintura/quadril,
independentemente do nível de atividade física, hábito de fumar e nível de glicose sanguínea,
demonstram foram associados maior mortalidade por todas as causas e por doenças
cardiovasculares, em homens e mulheres acima de 75 anos de idade (CABRERA et al., 2005). 

A redução de massa muscular relacionada ao processo de envelhecimento é conhecida como


sarcopenia (ROSENBERG, 1997). Entretanto, o European Working Group on Sarcopenia in Older
People (EWGSOP) considera, atualmente, a força muscular como principal determinante da
sarcopenia (CRUZ-JENTOFT et al., 2019), ultrapassando o papel da baixa massa muscular
(CRUZ-JENTOFT et al., 2010). A expressão do declínio motor está ligada diretamente aos
estágios iniciais da demência – denominada síndrome de risco cognitivo motor (VERGHESE et
al., 2014).

O que precisamos saber sobre a sarcopenia e a dinapenia: 

Há um alto impacto na saúde pública mundial, por aumentar o declínio funcional, a


perda da independência para atividades da vida diária e a internação em lares de
idosos (DEL DUCA et al., 2012);

Pode provocar a depressão, a hospitalização e até a morte. (BEAUDART et al., 2014);

A observação de uma meta-análise (SHAFIEE et al., 2017) revelou que a estimativa


geral de prevalência de sarcopenia em diferentes regiões do mundo foi de 10% para
ambos os sexos;
Um estudo de coorte (VISSER et al., 2005), realizado com 3075 homens e mulheres
entre 70 e 79 anos, encontrou associação positiva, forte e significativa entre a
diminuição da massa muscular e da força muscular com o declínio funcional;

Uma pesquisa (NEWMAN et al., 2006) verificou a associação da mortalidade com o


declínio da força muscular em homens e mulheres, mas não com a redução da
massa muscular, evidenciando que a qualidade é mais importante que a quantidade
para estimação de mortalidade;

Verifica-se alguns fatores desencadeadores, como problemas endócrinos, nutrição


inadequada e/ou má absorção de nutrientes, caquexia, doenças neurodegenerativas
e inatividade física.

Este último fator é influenciado pela diminuição do nível de atividade física que acontece com o
envelhecimento, devendo ser levado em consideração como um importante fator para
modificação.  Indivíduos, mesmo que pouco ativos, possuem chances mais baixas (odds ratio,
OR: 0,45; IC95%: 0,37-0,55) de desenvolverem sarcopenia, comparado aos inativos (STEFFL et
al., 2017). Já aqueles que são mais ativos, contabilizando > 5000 passos/dia, possuem menores
probabilidades de ter baixa massa muscular (OR: 0,32; IC95%: 0,11-0.93) e diminuição da
velocidade de marcha (OR: 0,16; IC95%: 0,02-1,01), em comparação ao grupo de menor nível de
atividade física (<2500 passos/dia) (MEIER; LEE, 2020). 

O tempo sedentário, indivíduos que acumulam menos de 8h/d, também possuem


chance reduzida de ter baixa massa muscular (OR:0,43; IC95%: 0,19-0,98) quando
comparado aos que ficam 11 ou mais horas por dia em comportamento sedentário
(MEIER; LEE, 2020);

Ser ativo e acumular pouco tempo em comportamento sedentário foi associado a


maiores níveis de massa muscular e de velocidade de marcha (MEIER; LEE, 2020).
Portanto, estes fatores devem ser identificados para prevenção e reversão do quadro
sarcopênico.

Fisiologicamente podemos construir a seguinte lógica para o processo de envelhecimento e


sarcopenia – a morte do Motoneurônio, ou neurônio motor, diminui a unidade motora,
ocasionando a redução da fibra muscular e, também, do nível de atividade física.  Por sua vez,
alguns processos imunológicos auxiliam a compreensão deste fenômeno da sarcopenia, são
eles: os aspectos nutricionais, como a anorexia e a deficiência de vitamina D, conjuntamente
com a redução dos hormônios associados ao anabolismo, Testosterona/Andrógenos. A
Sarcopenia está relacionada com a redução da massa muscular que ocorre durante o processo de
envelhecimento. Idade, restrições de mobilidade, resistência anabólica muscular, lipotoxicidade
e inflamação são os principais mecanismos subjacentes à sarcopenia. 

Esta condição clínica está associada ao desenvolvimento de desabilidades funcionais entre os


idosos, deixando-os mais susceptíveis a dependência nas realizações das atividades da vida
diária, acarretando a perda de autonomia, levando a quedas e mortalidade. 

Processo de Envelhecimento e Osteoporose


Osteoporose é uma doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando
os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas. Caracterizada pela diminuição de massa óssea,
com o desenvolvimento de ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, tornando-os mais
sujeitos a fraturas.

Os nossos ossos recebem forte influência do estrogênio, um hormônio feminino, mas que
também está presente nos homens, só que em menor quantidade. Este hormônio ajuda a
manter o equilíbrio entre a perda e o ganho de massa óssea.  Por este motivo, as mulheres são as
mais atingidas pela doença, uma vez que, na menopausa, os níveis de estrogênio caem
bruscamente. Com esta queda, os ossos passam a se descalcificar e se tornam mais frágeis. De
acordo com estatísticas, a osteoporose afeta um homem a cada quatro mulheres.

Dados epidemiológicos, apontam que cerca de dez milhões de brasileiros sofrem de


osteoporose. Uma a cada quatro mulheres com mais de 50 anos desenvolve a doença. No Brasil,
a cada ano ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas decorrentes da osteoporose. Duzentas mil
pessoas morrem todos os anos no país em decorrência destas fraturas. Todavia, mesmo após
uma fratura osteoporótica, o paciente não é encaminhado para tratamento, o que leva a um
aumento do risco de uma nova fratura.

Os locais mais comumente afetados pela osteoporose são a coluna (vértebras), a bacia (fêmur),
o punho (rádio) e braço (úmero). Destas, a fratura mais perigosa é a do colo do fêmur. Um
quarto dos pacientes que sofrem esta fratura morrem dentro de seis meses, e os que sobrevivem
apresentam uma redução importante da qualidade de vida e da independência.

Figura 3 – Estágios da Osteoporose


Fonte: Getty Images

A que precisamos ter atenção: 

Muita dor nas costas e diminuição de estatura podem representar fraturas


vertebrais da osteoporose;
O diagnóstico precoce da osteoporose é feito pela medida da densidade óssea, por
meio do exame da Densitometria Óssea;

Ser do sexo feminino representa maior risco para desenvolver osteoporose;

Indivíduos de raça branca; pessoas miúdas (magras e pequenas); mulheres que


tiveram menopausa precoce e não fizeram reposição hormonal; fumantes;
indivíduos que possuem história de fraturas na família; pessoas que possuem
doenças graves ou que utilizam corticoides por longo tempo e aquelas que já tiveram
fraturas na idade adulta;

O Exame de Densitometria Óssea está indicado para todas as mulheres a partir de 65


anos e para todos os homens com 70 anos ou mais. Além disto, todas as mulheres
menopausadas e todos os homens com mais de 50 anos, que possuem um dos
fatores de risco descritos acima, devem realizar o exame para confirmar a presença
da osteoporose;

A prevenção da osteoporose deve iniciar na infância. Além disso, deve-se


proporcionar para a criança e/ou adolescente a possibilidade de brincadeiras e
atividades físicas ao ar livre. Isto não somente vai estimular o exercício físico, que
fortalece o esqueleto em crescimento, mas também possibilitar a exposição ao sol
para que ocorra a produção da Vitamina D na pele. É importante salientar que a
atividade física em qualquer fase da vida tem um papel na prevenção de osteoporose
e fraturas;

A Vitamina D é fundamental para nossa saúde, em especial para o fortalecimento


ósseo. Como ela não está presente na maioria dos alimentos, temos que obtê-la
através da exposição ao sol ou, quando isto não for possível, através de suplementos
vitamínicos;

O risco de desenvolver a osteoporose pode ser reduzido se porventura medidas


forem proporcionadas ao longo da vida, como uma alimentação rica em cálcio, a
manutenção da atividade física e um aporte adequado de Vitamina D. Entretanto, é
importante salientar que, mesmo com todos estes cuidados, uma parte dos
indivíduos terá osteoporose, pois a herança genética ainda não pode ser modificada.
Estudo clássico buscou compreender as alterações ocorridas no processo de envelhecimento,
apresentou dados longitudinais de diversas variáveis, que apresentados no quadro abaixo, um
grande resumo das principais alterações das variáveis antropométricas do processo de
envelhecimento (MATSUDO et al., 2000). 

Quadro 1 – Envelhecimento e Antropométricas

Perda Relativa % / Ano % / Década

Peso 0,4 4

Estatura 0-,18 - 1,8

Relação C/Q 0,2 1,8 a 2,4

Gordura Corporal 0,3 a 0,5 3 a 5,2

Massa Livre
- 0,6 a - 0,4 6a-4
Gordura

Mineral -2 20

 Água - 1,2 - 12

 Proteína - 0,5 -5

Potássio - 0,3 a 0,6 -3a-6

Taxa Metabólica
- 1,0 - 10
Basal
Perda Relativa % / Ano % / Década

Massa Óssea Total - 0,6 a - 1,7 -6 a 17

Fonte: Adaptado de MATSUDO, 2000

Variáveis da Aptidão Física e Funcionais e Envelhecimento


O envelhecimento é um fenômeno que ocasiona alterações fisiológicas e funcionais,
comprometendo a mobilidade e autonomia da população idosa. O envelhecimento que por sua
vez é um fenômeno complexo com variação para todos os indivíduos que podem envolver
mecanismos deletérios que vão influenciar na qualidade deste indivíduo desempenhar suas
funções e não precisa necessariamente ocorrer em paralelo com a idade cronológica.

As modificações morfofuncionais e fisiológicas que acontecem de maneira natural ou devido às


doenças transformam a mobilidade. Essas modificações ocorrem devido a desvios posturais,
perda de equilíbrio e diminuição da condição de resposta automática do corpo no avanço da
idade. Verificam-se tais condições com a perda da funcionalidade, da autonomia, da agilidade do
indivíduo idoso e com a diminuição da massa muscular. Em suma, o envelhecimento gera
diversos tipos de alterações no indivíduo, podendo ser elas sociais, físicas e psicológicas, que
acontecem de forma natural e gradativa. 

Dentre estas alterações, iniciaremos com aquela que, sem dúvidas, merece destaque: A força
muscular é um forte indicativo de saúde para ambos os sexos, considerada imprescindível para a
independência funcional e realização de tarefas do dia a dia. Em idosos, a degradação desta
capacidade funcional leva a maior incidência de quedas, prolonga a recuperação hospitalar e,
consequentemente, leva ao declínio gradativo da qualidade de vida.   Outro fator inter-
relacionado à sarcopenia é a dinapenia, um fenômeno decorrente do processo de
envelhecimento, caracterizado pela redução da força muscular, associada ao declínio
neurológico e do músculo esquelético, levando à redução da capacidade funcional do indivíduo. A
perda da força muscular que ocorre de maneira diferente de aproximadamente 53,1% nos
membros superiores de 26,7% nos membros inferiores (MATSUDO et al., 2002).
O declínio da força e da função muscular é maior que a perda de massa muscular durante o
envelhecimento (XU et al., 2019). O diagnóstico, de acordo com EWGSOP, é feito pela avaliação
da massa muscular (quantidade), força muscular e funcionalidade muscular (qualidade). 

A depreciação da força muscular, fenômeno denominado dinapenia, está relacionada à idade, a


alterações neurológicas e de ordem músculo esquelético, podendo também estar associada às
variáveis ambientais, como a ingestão nutricional e o nível de atividade física. Algumas das
consequências são o risco de aumento da incapacidade física e da mortalidade (CLARK; MANINI,
2012). A força muscular é um forte indicativo de saúde para ambos os sexos, considerada
imprescindível para independência funcional e realização de tarefas do dia a dia. Em idosos, a
degradação desta capacidade funcional leva a maior incidência de quedas, prolonga a
recuperação hospitalar e consequentemente leva ao declínio gradativo na qualidade de vida e
aumento da queixa de dor. 

A dor é a queixa mais comum em casos de afecções musculoesqueléticas e a principal causa de


afastamento e incapacidade. A dor nem sempre traduz a ocorrência de lesão tecidual
identificável. Muitas vezes existe discordância entre os achados dos métodos de imagem e a
condição clínica correspondente, como ocorre em alguns casos (TEIXEIRA MJ, 2006).

“A dor musculoesquelética é um problema de saúde pública pela sua alta

prevalência, seu alto custo e pelo impacto negativo que pode causar na qualidade de
vida dos pacientes e, também, de seus familiares. Pessoas com dor
musculoesquelética crônica, em geral, sentem-se mais velhos que sua idade atual,
apresentam maior prevalência de depressão, sentem-se mais indefesos, e mais
fadigados, apresentam dificuldade de concentração, falta de apetite, transtornos de
sono e de ansiedade.”

- CORDEIRO et al., 2008, p. 241-242


Todos esses efeitos neuromusculares relacionados ao envelhecimento acometem diretamente a
agilidade, a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade e a mobilidade articular, os quais são
explicados pela diminuição da velocidade de caminhar, pouco equilíbrio, comprometimento da
habilidade funcional, diminuição da massa muscular e diminuição da força muscular, como é
possível observar no Quadro a seguir: 

Quadro 2 – Envelhecimento e Neuromotoras

Perda Relativa % / Ano % / Década

Área Muscular -1,0 -10

Nº Fibras
-1,0 a -1,2 -10 a - 12,5
Musculares

Tamanho F.
-0,29 -2,9
Musculares

Tipo I -0,1 -1,1

Tipo II -0,7 -6,5

Força Muscular
-1,0 a -1,5 -10 a - 15
Total

Força Muscular
-1,4 -14
Inferior

Força Muscular
0,6 -6
Superior
Perda Relativa % / Ano % / Década

Agilidade -1,0 -10

Fonte: Adaptado de MATSUDO et al., 2000

Variáveis Metabólicas e Envelhecimento


A aptidão aeróbica diminui cerca de 5-10% por década em indivíduos não treinados e implica em
alterações e mudanças no transporte de O2 capacidade do sistema cardiovascular. O declínio na

capacidade aeróbica não parece ser linear, mas sim acelera drasticamente com o avanço das
décadas. A redução da aptidão cardiorrespiratória é decorrente do processo natural de
envelhecimento. A idade cronológica é identificada como o principal fator de risco para
morbidade e mortalidade cardiovascular, pessoas mais velhas apresentam significativamente
mais propensão a ter doenças cardiovasculares (JAKOVLJEVIC, 2018).

As mudanças fisiológicas mais importantes que ocorrem em resposta ao envelhecimento


avançado é um declínio na capacidade aeróbica máxima. Quanto maior esta diminuição, maior o
risco de uma série de agravos de saúde causados por doenças hipocinéticas, tais como:

Perda da autonomia física, causando uma maior dependência e necessidade de


cuidados clínicos;

Baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória, indicada a capacidade dos sistemas


cardiovascular e respiratório de fornecer oxigênio durante uma atividade física
contínua e envolve grandes grupos musculares;

Tais agravos estão associados a maior morbimortalidade. Ademais, essas


associações são comparáveis as de outros indicadores de saúde, tais como massa
corporal, pressão arterial e níveis de colesterol sanguíneo. (MINATTO et al., 2016).
Outra variável funcional que merece a atenção do profissional da atividade física é o equilíbrio
que, por sua vez, pode ser definido como a habilidade do sistema nervoso central em gerar
respostas coordenadas, buscando a base de suporte para evitar a queda (HORAK et al., 1977).
Esta variável é uma das funções que pode sofrer deterioração progressiva por diversos fatores
oriundos do envelhecimento (GUIMARÃES; FARINATTI, 2005). 

As alterações no equilíbrio podem levar o idoso à queda, que se caracteriza como um importante
fator de incapacidade funcional e já constitui a sétima causa de morte na população idosa nos
Estados Unidos (MORLEY, 2007) e tem se mostrado como importante fator de preocupação dos
estudiosos em gerontologia. Em publicação sobre mortes e causas externas no Brasil,
Gawryszewsk (2004) mostrou que mais da metade das internações de indivíduos com 65 anos
ou mais ocorrem por causa das quedas e que, devido aos dados disponíveis também na
literatura, as quedas devem entrar em pauta na discussão dos profissionais da saúde pública em
virtude do seu alto índice de morbidade e mortalidade.

Mudanças da marcha e da locomoção tornam-se problemas comuns no desempenho funcional


dos idosos. A velocidade de andar relaciona-se com o estado geral da saúde, com a capacidade
funcional, com a aptidão física, com a função cardiovascular e com a realização das atividades da
vida diária (DEL DUCA et al., 2012). O mesmo estudo revelou que entre as características mais
comuns da marcha que apresentam alterações com o envelhecimento podemos citar:  a
diminuição no comprimento da passada na velocidade normal de andar, nas rotações pélvica e
escapular e o aumento da largura do passo. Fatores como a idade, o sexo, a velocidade de andar e
o comprimento da passada, tornam-se determinantes para os níveis de dependência da
população idosa, podendo levar à institucionalização.

Em Síntese 
A atividade física oferece importantes benefícios à população da
terceira idade, tais como: a prevenção e diminuição de problemas
cardiovasculares, pulmonares, auxílio no controle da diabetes,
artrites, fortalecimento muscular, manutenção da densidade óssea,
bem-estar físico e mental entre outros benefícios. Então esta unidade
tem como proposito, proporcionando melhorias significativas físicas e
funcionais tais como: no equilíbrio, na velocidade de andar, no reflexo,
na ingestão alimentar, diminuição da depressão, e prevenindo a tão
temida osteoporose e suas consequências degenerativas.

A relação entre atividade física, exercício e o esporte no processo de


envelhecimento é cada vez mais discutida e analisada na atualidade, e é
praticamente um consenso entre os profissionais da área da saúde que
um estilo de vida ativo é fator determinante para um envelhecimento
com qualidade. Por isso, devemos trabalhar no objetivo de obter um
melhor estilo e qualidade de vida aos idosos, e em posse do
conhecimento acerca das atividades físicas, inserir uma rotina de
exercícios para esse nicho de pessoas.
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Livros  

Avaliação do Idoso
MATSUDO, S. M. M. Avaliação do Idoso. Física e Funcional. 3ª ed. Santo
André – SP: Gráfica Mali, 2010.

Envelhecimento, Exercício e Saúde: Guia de Prescrição e


Orientação
MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento, Exercício e Saúde: Guia de
Prescrição e Orientação. Londrina – PR: Midiograf, 2013.

  Leitura  
Efeitos Benéficos da Atividade Física na Aptidão Física e
Saúde Mental Durante o Processo de Envelhecimento

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
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ʪ Referências

BEAUDART, C. et al. Sarcopenia: Burden and Challenges for Public Health. Archives of Public
Health, [S. l.], v. 72, n. 1, p. 45, 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1186/2049-3258-72-
45>. 

BLAAK, E. E. Adrenergically Stimulated Fat Utilization and Agein. The Finnish Medical Society
Duodecim, Ann Med., v. 32, p. 380-382, 2000.

CABRERA, M. A. S. et al. Relação do Índice de Massa Corporal, da Relação Cintura-quadril e da


Circunferência Abdominal com a Mortalidade em Mulheres Idosas: Seguimento de 5 Anos. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 767-775, 2005. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300010>.

CHRISTOFARO, D. G. D. et al. A Atividade Física de Adolescentes está Associada à Prática de


Atividade Física Anterior e Atual por seus Pais. J. Pediatr., Porto Alegre, v. 94, n. 1, p. 48-55, 2018.
Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.01.007>.

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