Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As alterações fisiológicas vão ter impacto na manifestação de sintomas, interferir com a medicação
e a qualidade de vida. O que é um idoso – definição com idade cronológica? Legalmente
(fenómenos sociais – reforma – a aptidão para o trabalho é menor) é uma idade igual ou superior a
65 (ou 67), mas é um conceito muito subjetivo. Enquanto médicos, não nos importa tanto a idade
cronológica, mas a biologia – e a forma como envelhecemos é diferente. Em termos médicos e
sociais é importante desprendermo-nos da idade cronológica – gera estigmas sociais não
adequados, até porque a deterioração funcional e cognitiva já não acontece tão cedo em virtude
dos progressos em Medicina. A idade cronológica não é, por si só, um fator preditor de
dependência, morbilidade e mortalidade.
O envelhecimento é, por isso, um processo natural e gradual que acontece desde o nascimento e
que corresponde à perda progressiva de funções biológicas e dos mecanismos de reserva fisiológica
do organismo – o que aumenta a vulnerabilidade a efeitos adversos pela capacidade de
homeostasia limitada – equilíbrio instável que a qualquer momento pode ser comprometido –
fragilidade (condição central da geriatria).
O envelhecimento como processo global pode ser
primário – dependente dos nossos fatores genéticos
(incontornável e próprio da espécie humana, pode ser
deletério, com significado mais funcional, como a
presbiopia (>40a) ou psicológico – embranquecer do
cabelo, rugas afetam psicologicamente ainda que seja
fisiológico) – e secundário, dependente de vários fatores
externos e internos que aceleram o envelhecimento
estes fatores, à partida, são controláveis e podem ser prevenidos.
O envelhecimento primário termina em morte podemos ou
não atravessar uma fase de incapacidade. As alterações do
envelhecimento podem-se ir acumulando e, juntamente com a
doença, dar um grau de incapacidade, que é contra o que
devemos lutar. Por vezes, a barreira entre o fisiológico e o
patológico não está bem estabelecida e há alterações que geram
muita controvérsia entre os peritos envelhecimento renal: há
deterioração da TFG e outras funções e há peritos que acham
que é fisiologia e outros
patologia – na prática, é importante saber que há esse declínio
e agir em conformidade.
Ao longo do tempo há acumulação de alterações bioquímicas,
morfológicas e funcionais com implicações clínicas. O
envelhecimento é natural e não se deve tentar “retroceder”
(anti-ageing). Podemos atrasar alterações, sobretudo
esteticamente em nada mudam a fisiologia do organismo.
É uma degradação diferenciada porque não acontece ao mesmo tempo em todos os órgãos (físico
vs. Cognitivo). A diminuição da função, ainda que não seja doença, compromete os mecanismos de
manutenção da homeostasia – depende de fatores externos e internos. Quanto ao peso dos fatores
ambientais vs. Genéticos: apenas ¼ (25%) depende de fatores genéticos, o que significa que os
outros 75% podem ser alvo da nossa alteração.
O envelhecimento acontece de forma celular e extracelular, atingindo todos os sistemas de órgãos.
Composição corporal
Tem muito impacto na resposta aos fármacos, na
capacidade de se moverem. Há um aumento da
massa gorda e diminuição da massa magra: água –
tendencialmente desidratados; músculo – menor
mobilidade, força; óssea – maior risco de quedas e se
osso tem fragilidade há maior risco de fraturas;
massa funcional das vísceras – menor reserva
funcional e mais risco de doença).
O aumento da massa
gorda acontece sobretudo a nível abdominal.
Massa muscular: diminui em percentagem de 1-2% por ano a partir
dos 50, diminui o seu número e as que ficam, tornam-se mais
pequenas/atrofiadas. Além disso, surge tecido fibrótico, que não tem
funcionalidade impacto na força muscular e possibilidade de
desenvolver sarcopénia e fragilidade. Não é normal os idosos serem
dependentes.
Pele e anexos
Sistema cardiovascular
Coração:
- Aumento da dimensão e do peso do coração por hipertrofia ventricular esquerda (HTA!) aumento de
30% desta massa entre 25-80 anos. O número de miócitos no entento diminui e, como o tecido esquelético,
é substituído por tecido adiposo e fibrótico menor contratilidade cardíaca
- Dilatação da aurícula esquerda (maior risco de desenvolvimento de arritmias) onde está nódulo SA. É
uma arritmia = patologia, sendo uma muito comum a FA precisamente porque AE aumenta de tamanho.
- Menor índice cardíaco, menor reserva cardíaca aumento do risco de insuficiência cardíaca.
- Calcificações valvulares (mitral e aórtica) sopros cardíacos que não significam doença, mas uma
alteração fisiológica. Alterações podem progredir estenose e insuf valvular (patologia) e ++ risco de
endocardite infecciosa! Isto é, uma infeção urinária pode levar a microorg em circulação que facilmente se
instalam naquela válvula cardíaca! Risco maior de sépsis com mortalidade elevada.
- Alterações da condução elétrica: (1) pela alteração da conformação da aurícula e (2) alterações no sistema
cardionetor.
Sistema vascular: aterosclerose, calcificação vascular (++ risco HTA sistólica por diminuição da elasticidade
da parede vascular); hipotensão postural por menor eficácia dos reflexos barorrefletores (muitas vezes
antecede a ocorrência de quedas! Tonturas). HTA pode coexistir com hipotensão dilema porque fármacos
anti HTA podem induzir hipotensão postural. A hipotensão (30-35% idosos >75 anos) pode ser agravada por
muitas outras condições: hipovolémia/desidratação (e tendencialmente já é!), sarcopénia e menor massa
muscular (menor ação músculos gemelares e retorno venoso levantar de repente dá hipotensão e
quedas).
Sistema respiratório
- Caixa torácica mais rígida, menos móvel expande menos por: cifose, alterações diâmetro AP e
transverso, deterioração da elastina nos pulmões, cartilagens e articulações da caixa torácica calcificam!
Menos flexibilidade. Músculos respiratórios com menos força (diafragma menos móvel) + rigidez
Sistema digestivo
Boca: perda de peças dentárias, menor paladar e olfato, menos saliva malnutrição
Estômago: menor Hcl, fator intrínseco (logo menor absorção B12 Fundamental para hemácias, maior risco
de anemias), atraso do esvaziamento gástrico saciedade precoce. Se a pessoa fez gastrectomia (e.g antes
fazia-se para úlcera) alia-se a menor superfície gástrica com estas alterações suplementar B12.
Fígado: menos tecido hepático e menor débito hepático diminuição síntese albumina (imptt para
transporte de hormonas e fármacos) e menor secreção biliar.
Sistema renal
- Glomerulosclerose (menos nefrónios, glomérulos e do seu tamanho!) menor perfusão renal e TFG
leva à diminuição da excreção de produtos nitrogenados e de fármacos (++ sua toxicidade). Controverso se
deve ser encarado como fisiológico ou patológico!
ESTRUTURAL FUNCIONAL
- Maior tempo de
reação!! quedas
- Multitasking +
difícil, + dificuldade
em aprender coisas
novas, menor
memória de
trabalho mas a de
longo prazo está
mantida e
consolidada, bem
como semântica e
conhecimento
menos fluência (sei
a palavra mas não
me lembro dela)
Órgãos sensoriais
Sistema endocrinológico
Sistema imunitário
Caso clínico – quedas (SG paradigmática) repetidas devem ser abordadas na sua CAUSA
- Há várias situações (SU, lares,
internamento) em que podem ser detetados
SG;
- As estratégias devem ser adaptadas à
individualidade de cada idoso: impacto de X
problema é diferente de pessoa para pessoa
e assim varia a nossa intervenção
- Por exemplo, imobilidade pode resultar de
muitas doenças diferentes (de um AVC –
hemiparésia – ou de gonartroses) logo, a intervenção vai ser diferente para o mesmo problema.
A incontinência urinária é um problema que vai ser percepcionado de diferentes formas num
idoso autónomo ou num mais dependente (podendo neste levar à depressão), enquanto que no
autónomo a medicação (que nem era assim tão precisa) leva a alterações cognitivas, agravando
outro SG.