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EM IDOSOS
1. INTRODUÇÃO
2. ALTERAÇÕES PSICOMOTORAS
3. AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
Defontaine (1981) adverte que para realizar a avaliação psicomotora do idoso é necessário: seu
consentimento, motivação e participação. Antes de iniciar a avaliação, é importante conversar com
eles para que ganhem confiança, pois normalmente sofrem de solidão, retraimento e desconfiança.
Sugere uma primeira parte da apresentação em que são recolhidos alguns dados pessoais e
observado o seu grau de mobilidade.
Da mesma forma, é necessário realizar um exame clínico para verificar possíveis dificuldades
respiratórias e cardíacas, apraxia, afasia, agnosia ou um estudo mais aprofundado do sistema
nervoso se houver suspeita de que possa haver um problema neurológico.
Como medida de competências psicomotoras, o instrumento que tem sido mais utilizado é a Bateria
Psicomotora de V. da Fonseca (1998), já descrita no Capítulo 3.
A BPM é uma bateria de observação que embora tenha sido concebida para identificar o grau da
maturação psicomotora da criança, apresenta condições para avaliar as habilidades psicomotoras do
idoso. Concretamente, foi aplicado na sua totalidade a idosos (Fonseca, María, Henriques,
Passarinho, Mourão & Alfonso, 1987) e provou a sua utilidade como ferramenta de deteção de
sinais disfuncionais. Observa-se nos idosos uma deterioração que segue o processo inverso da
evolução. A involução ocorre do córtex à medula, do mais complexo ao mais simples e do mais
voluntário ao mais involuntário.
Para analisar os resultados, dividiram a amostra por idade em quatro grupos:
— Grupo 1, de 60 a 69 anos: obteve os melhores resultados em noção corporal, enquanto a
tonicidade apresentou o pior equilíbrio. Este grupo apresentou os melhores resultados de toda a
amostra em todos os testes, com exceção de tonicidade.
— Grupo 2, de 70 a 79 anos: a consciência corporal foi a mais pontuada, e o equilíbrio obteve o
pior resultado. Obteve resultados inferiores ao grupo 1 em todos os testes e superiores aos grupos 3
e 4 em todos os testes, com exceção da tonicidade.
— Grupo 3, de 80 a 85 anos: o teste mais pontuado foi o de noção corporal, e o de estruturação
espaço-temporal o que obteve pior resultado. A soma das médias foi inferior às médias dos grupos 1
e 2, mas superior à do grupo 4.
— Grupo 4, 86 anos ou mais: o melhor teste desse grupo foi consciência corporal e o pior, praxia
fina. Todos os valores obtidos foram inferiores aos dos grupos 1 e 2; Em comparação com o grupo
3, foram obtidos valores mais baixos em todos os testes, exceto naqueles que mediram a
estruturação espaço-temporal.
Em geral, observou-se uma diminuição dos valores do grupo 1 para o grupo 4. Os testes de
tonicidade, consciência corporal e praxia global foram os menos discriminativos por idade,
enquanto os mais discriminativos foram praxia fina, estruturação espaço-temporal e equilíbrio.
Fonseca e cols. (1987) afirmam que no idoso há uma desorganização vertical descendente da praxia
fina em direção à tonicidade, verificando-se a perda progressiva primeiro das aquisições
exteroceptivas, depois das proprioceptivas e por último das interoceptivas. Sugerem que a
tonicidade, como primeiro fator de organização psicomotora, também demora mais para se
desintegrar como último fator psicomotor de desorganização involutiva, embora reconheçam que
nela se registram alterações, principalmente em relação ao enfraquecimento da extensibilidade,
rigidez apendicular paratônica e os mecanismos de aferência e vigilância afetiva.
4. INTERVENÇÃO PSICOMOTORA
É necessário estabelecer programas e recursos preventivos que busquem um maior bem-estar físico,
mental e social. O objetivo é preparar as pessoas para enfrentar a velhice com a melhor idade
funcional possível, aprendendo estratégias e habilidades que lhes permitam continuar cumprindo
uma importante tarefa na sociedade.
Dentre essas habilidades, as psicomotoras ocupam lugar de destaque, pois a retrogênese
psicomotora pode produzir modificações importantes na organização psicomotora e interferir nos
comportamentos cognitivos e socioafetivos (Justo, 2000). A reeducação psicomotora em idosos
pode ser um procedimento eficaz para combater os problemas derivados da retrogênese
psicomotora, sendo especialmente necessários programas gerontopsicomotores em idosos
institucionalizados (Benavente, 1995; Díez Manglano, Vela, Sanz, Bardina, Tricas e Callau, 1991;
Parreño, 1983; García Arroyo, 1995; García Nuñez e Morales, 1995; Linares, 1999b). Lorente
(2003) recomenda a abordagem de três níveis de prevenção da psicologia comunitária.
A abordagem de prevenção primária estaria associada à intervenção com idosos saudáveis para
evitar que os déficits associados à idade aumentassem ou se tornassem patológicos; Desta forma,
intervinha o psicomotricista do centro de dia ou centro de convivência da terceira idade. No
momento em que a pessoa começa a queixar-se de uma determinada deficiência ou apresenta um
défice ou deterioração cognitiva, é necessário um treino mais exaustivo, próximo da reeducação
psicomotora, que seria uma prevenção secundária, destacando as dimensões cognitiva e motora. Se
a pessoa já tem um diagnóstico, como a doença de Alzheimer, seria a prevenção terciária, e a
intervenção psicomotora se concentraria na melhoria da qualidade de vida, no gerenciamento dos
déficits e no prazer do movimento e do trabalho corporal.
TABELA 11.1
Objetivos da intervenção
Área motora
Tônus muscular
— Relaxamento
• Global
• Segmentar
• Diferencial
— Respiração
Coordenação dinâmica geral
— Marcha Equilíbrio
— Equilíbrio dinâmico espontâneo
— Equilíbrio no solo
Coordenação viso-motora
— Habilidade manual
— Coordenação motora fina
Dissociação de movimentos
— Coordenação dinâmica de membros superiores
— Coordenação dinâmica de membros superiores e inferiores
— Coordenação dinâmica e postural
— Mobilização de outros segmentos e de todo o corpo
Área cognitiva
Percepção do corpo
— Percepção global do corpo
— Conhecimento das diferentes partes
— Consciência do espaço gestual
Espaço e objetos
— Noções espaciais
• Orientação espacial
• Transposição de noções espaciais para o outro
— Estabelecer e utilizar diferentes espaços
— Utilização criativa dos objectos
Tempo
— Noções temporais
• Noções básicas
• Relações no tempo
• Coordenação dos vários elementos
— Distribuição e planeamento do tempo
Processos cognitivos
— Atenção
— Memória
— Abstração
— Linguagem
RESUMO