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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Idosos, Obesos,
Cardiopatas /
Hipertensos e
Diabéticos
Professora Bianca Ramalho

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Exercício e envelhecimento 3
SUMÁRIO Exercício e obesidade 10

Exercício e diabetes 25

Exercício para hipertensos e cardiopatas 34

Doenças Cardiovasculares 44

Prescrição do exercício 49

Referências Bibliográficas 51

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Objetivos: Ao final desta disciplina o aluno deverá culturais e sociais; maior acesso a medicamentos e
ser capaz de prescrever exercícios físicos para idosos, aumento na prática de atividade física.
obesos, diabéticos, cardiopatas e hipertensos. Para
isso deverá aplicar os conhecimentos aqui obtidos As alterações físicas e fisiológicas são inevitáveis;
sobre cada grupo, como: muitas vezes associadas a eventos particulares
ruins, como a perda do parceiro, começam a
-Alterações fisiológicas. aparecer alterações psicológicas, o que leva a um
isolamento social, diminui a atividade física diária
-Fisiopatologia. e aumenta o surgimento de doenças crônico-
degenerativas. Com todos esses acometimentos o
-Benefícios e Risco da prática de Exercícios Físicos. idoso acaba desenvolvendo dependência e perdendo
sua autonomia, o que gera queda significativa da
Palavras-chaves: fisiologia, fisiopatologia, qualidade de vida e aumenta ainda mais a morbidade
idoso, obeso, diabético, cardiopata, hipertenso. e mortalidade desses indivíduos.

Todos os sistemas sofrem declínio com o


envelhecimento; para facilitar nosso entendimento
EXERCÍCIO E ENVELHECIMENTO estudaremos essas alterações individualmente.

Analisando os acontecimentos dos últimos anos,


observa-se que a fecundidade é cada vez menor e a
Sistema Nervoso
expectativa de vida, maior. Com essa nova realidade
O primeiro que estudaremos é o sistema
é possível observar um aumento na proporção de
nervoso. Sabemos que ele é responsável pelas
idosos e a redução relativa de jovens, assim torna-
sensações, movimentos, funções biológicas e funções
se imprescindível identificar os fatores de riscos
psíquicas, entre outros. O sistema nervoso acaba
e estabelecer terapias efetivas para a prevenção/
sendo um dos mais afetados pelo envelhecimento,
recuperação de patologias típicas do envelhecimento.
isso principalmente devido ao desuso. As células
velhas e que não são estimuladas sofrem apoptose
São considerados idosos os indivíduos com 60
(morte celular programada), comprometendo,
anos ou mais, estima-se que no mundo, a cada
assim, a sinalização e o comando de todos os outros
dez indivíduos, um se encaixe nesse quadro. O
sistemas.
envelhecimento é um processo contínuo e irreversível,
caracterizado por um declínio progressivo de todos
os processos fisiológicos, porém, é sabido que se
mantiver um estilo de vida ativo e saudável é possível
retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem
com a idade. As estimativas para os próximos 20 anos,
para a população brasileira, indicam que a população
idosa poderá chegar a 30 milhões de pessoas, o que
representa quase 13% da população.

Alguns fatores foram indicados como determinantes


para o aumento da população idosa, entre eles, temos:
aumento da assistência médica; melhores hábitos
de vida, incluindo fatores nutricionais, econômicos,

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FIGURA 1: Estruturas neuronais. complacência está relacionada a maior incidência


de hipertensão arterial; como os vasos ficam mais
rígidos o sangue exerce mais pressão na parede dos
vasos ao circular.

A literatura destaca que estas alterações


cardíacas podem ter mínimos efeitos nos indivíduos
em repouso, mas tornam-se significativas durante
o exercício; o treinamento físico é um importante
aliado na manutenção da função cardíaca durante o
processo do envelhecimento.
Fonte da imagem: http://www.lncc.br/~labinfo/tutorialRN/frm1_
inspiracaoBiologica.htm Sistema Musculoesquelético
O comprometimento do sistema nervoso é de Como já foi dito anteriormente, uma grande
extrema preocupação porque ele não possui preocupação com o envelhecimento é a perda da
capacidade de regeneração, sendo, portanto, autonomia do idoso. Sabemos que a força é um fator
um processo irreversível. Este sistema pode ser importante para a manutenção das capacidades
afetado por fatores intrínsecos como: genética, funcionais, o pico de força ocorre entre os 25 e os
circulação, metabolismo, radicais livres e/ou por 30 anos, diminuindo principalmente depois dos 40
fatores extrínsecos como: ambiente, sedentarismo, anos. A estimativa é de que ocorra uma redução de
tabagismo, drogas, radiações. Com tudo isso é aproximadamente 10% na massa muscular entre os
importante buscar meios e estratégias para reduzir o 25 e os 50 anos e uma redução de 40% entre os 50
máximo possível a exposição estes fatores. e 80 anos; o principal fator associado a esta redução
são as alterações hormonais e metabólicas.
Sistema Cardiovascular
A redução na massa muscular, conhecido como
Outro sistema afetado é o cardiovascular. Ele processo de sarcopenia, ocorre devido à diminuição
sofre uma redução de sua capacidade funcional, no tamanho e no número de fibras musculares, sendo
estima-se que o VO2max (o consumo de oxigênio que as principais fibras musculares atingidas são as
máximo) sofra uma redução de 10% a cada década, do tipo II, com uma redução aproximada de 60% das
entretanto, foi caracterizado que em indivíduos fibras tipo II e de 25% das fibras tipo I, levando à
ativos a redução é mais lenta; indivíduos mais velhos lentificação dos movimentos. Isso ocorre de maneira
treinados sofrem redução de aproximadamente 5,5% mais dramática posteriormente aos 70 anos de idade,
no VO2max a cada década, enquanto os sedentários principalmente em membros inferiores (devido à
podem ter redução em torno de 12%; diferença redução da estimulação), assim, há uma redução do
essa que equivale a dez anos de diferença entre o nível de atividade física total diária e um aumento da
envelhecimento cronológico e fisiológico. incidência de lesões por queda.

Anatomicamente o tamanho do coração não muda, Diversos mecanismos estão associados à redução
porém ocorre um aumento leve na massa e rigidez da força e potência muscular com a idade, entre eles:
da parede do ventrículo esquerdo, a aorta perde
elasticidade e o sistema cardiovascular apresenta - Alterações musculoesqueléticas.
uma redução na complacência. Essa redução na

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- Acúmulo de doenças crônicas. FIGURA 2: Degeneração da bainha de mielina.

- Uso de medicamentos.

- Alterações no sistema nervoso, redução da


excitabilidade do músculo e junção mioneural.

- Redução das secreções hormonais.

- Desnutrição.

- Atrofia muscular.

- Reduzido número de unidades motoras.

Fonte da imagem: http://www2.uol.com.br/vivermente/


- Alterações da contratilidade muscular. artigos/a_doenca_do_imprevisto_imprimir.html

- Redução de atividades enzimáticas. Sabe-se que a perda de motoneurônios grandes


é maior que de motoneurônios pequenos. Isto está
- Diminuição da atividade física.
relacionado ao fato das fibras tipo II sofrerem mais
desenervação, consequentemente, as unidades
Desenervação motoras lentas (I) promovem reinervação das fibras
desenervadas; o motivo disso acontecer ainda não
A redução da força também ocorre por causa da
está completamente entendido. Devido a essas
perda de unidades motoras; com isso é induzido um
alterações os idosos apresentam movimentos mais
aumento funcional do tamanho da unidade motora,
lentos, e menos fadigáveis. Esta lentidão é um
que passa a inervar um número maior de fibras
dos principais fatores relacionados ao aumento da
musculares.
incidência de queda em idosos.

Esse processo está relacionado com as adaptações


FIGURA 3: Desenervação e reinervação neuronal.
neurais do envelhecimento; uma das principais
chama-se desenervação e consiste no processo
induzido pela queda na duração e amplitude do
potencial de ação, diminuição da velocidade de
condução e desmielinazação.

Fonte da imagem: http://www.sistemanervoso.com/pagina.


php?secao=11&materia_id=208&materiaver=1

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A fraqueza muscular pode evoluir até que não ABVD = Atividades básicas da vida diária.
seja mais possível realizar atividades comuns da
vida diária. As variáveis da força mais estáveis com AIVD = Atividades intermediárias da vida diária.
o envelhecimento são as que recebem maiores
estímulos no dia a dia, determinados principalmente AAVD = Atividades avançadas da vida diária.
pelo estilo de vida e necessidades diárias, como por
exemplo: Nível I – Fisicamente incapaz. Fisicamente
dependente. Não realiza nenhuma AVD e tem total
- Força nos músculos envolvidos nas atividades da dependência dos outros.
vida diária.
Nível II – Fisicamente Frágil. Indivíduos que
- Força isométrica. podem fazer ABVD, mas não podem realizar nenhuma
AIVD, como fazer compras, lavar e limpar a casa.
- Ações de velocidade lenta.
Nível III – Fisicamente Independente. É capaz
- Ações repetidas de baixa intensidade. de realizar todas as AIVD e ABVD, sem sintomas
de doença crônica, mas com baixo nível de saúde e
- Força de articulação de pequenos ângulos. condicionamento físico.

- Força muscular no gênero masculino. Nível IV – Fisicamente Apto/ativo. Realiza


trabalho físico moderado, esporte de resistência e
O exercício regular e sistemático é eficiente para jogos. Capaz de fazer todas as AAVD. Aparência física
aumentar ou manter a aptidão física desta população, jovial.
além disso, promove o bem-estar funcional, diminui
a taxa de morbidade e mortalidade, sendo o Nível V – Atletas. Realiza atividades competitivas,
treinamento de força um dos meios mais eficazes em podendo competir em nível internacional e praticar
aumentar a força e a condição funcional do idoso. esportes de risco.

A prescrição de exercícios no envelhecimento Apesar das alterações hormonais e metabólicas,


tem como objetivo manter a autonomia e saúde do estudos demonstram que o músculo esquelético
idoso, melhorando assim sua qualidade de vida. A do idoso sofre adaptações similares às dos adultos,
prescrição de exercícios deverá ser direcionada ao mediante o treinamento de força, principalmente no
nível de dependência funcional do idoso, para que os que diz respeito à proliferação de células satélites.
programas sejam mais direcionados às necessidades Os estudos demonstram que 12 semanas de
das pessoas mais velhas, aumentando a efetividade treinamento de força aumentam significativamente a
do programa e reduzindo os riscos ao longevo. proliferação de células satélites, e portanto permite
que ocorra hipertrofia muscular, melhorando a força
Nível de classificação funcional e a capacidade funcional dessa população.

- Nível de classificação funcional de acordo com o As recomendações do Colégio Americano de


nível de atividades de vida diária (Spirduso, 1995). Medicina do Esporte para a prescrição de exercício
para idosos, sugerem que sejam realizados exercícios
*Siglas: ao menos cinco vezes por semana; incluindo
atividades de fortalecimento muscular; aeróbio,
AVD = Atividades da vida diária. flexibilidade e equilíbrio, sendo que as sessões de

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alongamento devem acontecer no mínimo duas vezes O declínio mais acentuado no equilíbrio ocorre a
na semana, acompanhadas de exercício aeróbio ou partir dos 60 anos de idade, há uma maior oscilação
de fortalecimento muscular. e a correção da estabilidade corporal perante
perturbação é mais lenta, dificultando a manutenção
Flexibilidade e Equilíbrio do equilíbrio estático e dinâmico, outro fator que
contribui para que isso aconteça é a deterioração da
A flexibilidade desenvolve-se até a idade adulta visão, sistema vestibular e somatossensorial.
(20-25 anos) e diminui com a idade, sendo mais
evidente a partir dos 55 anos. Os autores apontam Alterações degenerativas da coluna, desequilíbrio
como principal responsável pela redução da muscular e curva cifótica mais acentuada, favorecem
flexibilidade a falta de exercício físico. O exercício o desequilíbrio e a alteração da marcha do idoso.
mantém e/ou melhora a amplitude articular, mantém
o tecido conectivo saudável e atenua a degeneração FIGURA 5: Alterações geradas pelo envelhecimento
articular, prevenindo o aparecimento de doenças que aumentam o risco de quedas.
osteoarticulares.

Com o fortalecimento muscular e o treinamento de


flexibilidade, a manutenção do equilíbrio e da marcha
torna-se mais fácil. Essas duas variáveis sofrem
grande alteração devido à perda da força e a alteração
da comunicação nervosa. As reduções do equilíbrio e
da qualidade da marcha estão relacionadas com o
maior risco de quedas, e, consequentemente, maior
risco de fraturas, facilitadas pela desmineralização
óssea típica do idoso.

FIGURA 4: Principais fatores responsáveis pelo


aumento das quedas em idosos. Fonte da imagem: Elaborado pela professora

Osteoporose

O principal distúrbio mineral ósseo que acomete


os idosos e aumenta incidência de fraturas e
dependência é a osteoporose. Os fatores de risco de
fraturas e osteoporose são divididos em modificáveis
e não modificáveis.

NÃO MODIFICÁVEIS

• História pessoal de fratura no adulto.

• História de fratura relacionada à osteoporose.

• Raça caucasiana ou asiática.


Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

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• Idade. da menstruação), ingestão inadequada de cálcio e


falta de atividade física.
• Gênero feminino.
FIGURA 6: Densidade óssea, em um osso com
• Demência. osteoporose e um osso normal.

• Saúde comprometida com doenças crônicas.

MODIFICÁVEIS

• Baixa densidade mineral óssea.

• Tabagismo.

• Baixo peso.

• Deficiência de estrogênio.
Fonte da imagem: http://topazio1950.blogs.sapo.pt/51848.html
• Uso de glicocorticoide oral.
Um fator importante é que com o envelhecimento
• Alcoolismo. a mulher entra no climatério, situação na qual
ocorre uma redução gradativa nas concentrações
• Baixa ingestão de cálcio.
de estrogênio, até que este hormônio não seja mais
produzido. Sabemos que a deficiência de estrogênio
• Quedas frequentes.
é um dos fatores responsáveis pelo aumento da
osteoporose, isso porque os osteoclastos (células
• Sedentarismo.
secretoras de fatores (IL-6) que podem estimular
• Não adesão/uso incorreto da terapêutica sua própria formação e reabsorção óssea) e os
farmacologia. osteoblastos (células que sintetizam a parte orgânica
da matriz óssea), possuem receptores de estrogênio.
•Diminuição da acuidade visual (Osteoporose,
2013, disponível em: http://www.fisioclinica.com/ O exercício é um importante fator na prevenção e
index.php?:=artigos&c=13) tratamento da osteoporose. Sabemos que durante a
contração da musculatura, ocorre uma deformação
A osteoporose é um distúrbio osteometabólico óssea e o osso interpreta esta deformação como
caracterizado pela diminuição da densidade mineral um estímulo à formação, ativando, portanto, os
óssea, levando a um aumento da fragilidade osteoblastos e aumentando o depósito de cálcio na
esquelética e do risco de fraturas e está relacionado matriz óssea, fazendo o caminho inverso ao que leva
a um aumento da reabsorção óssea e uma redução à osteoporose.
da formação óssea.
A incidência de osteoporose por ano no Brasil é
Os principais fatores correlacionados à osteoporose muito elevada e gera consequências que podem ser
são: deficiência de estrogênio decorrente de permanentes:
amenorreia (distúrbio menstrual em que há ausência
- 70 mil pessoas com fratura no colo do fêmur.

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- 20% morrem de complicações nos primeiros Composição Corporal


seis meses.
Com o envelhecimento também ocorre uma
- 50% nunca mais terão uma vida independente. mudança significativa na composição corporal,
principalmente nas mulheres. É encontrado
- 20-30% vão necessitar de cuidados institucionais um aumento na gordura corporal total, devido
ou de enfermagem domiciliar (MOREIRA, 1998 principalmente à diminuição da atividade física e taxa
p.558-604 ) metabólica basal, além da redistribuição desse tecido,
caracterizada por uma diminuição nos membros
Por isso, é de extrema importância um trabalho e aumento de acúmulo principalmente na região
para evitar o desenvolvimento de qualquer fator risco abdominal. Essas modificações possuem uma estreita
para o surgimento de distúrbios minerais ósseos. relação com alterações metabólicas, aumentando o
aparecimento de doenças como as cardiovasculares
FIGURA 7: Degeneração óssea com o
e diabetes mellitus.
envelhecimento levando a alterações posturais,
alteração da marcha e desequilíbrio. Além de todos os benefícios físicos e fisiológicos
trazidos pela prática de exercícios físicos durante o
processo de envelhecimento, os idosos mais ativos
possuem melhores aspectos psicossociais.

Sabemos que os idosos sofrem preconceito e


discriminação socialmente, isso acontece por causa
de uma visão negativa da sociedade em relação ao
corpo envelhecido. Com isso torna-se difícil para os
idosos terem uma imagem positiva de si mesmos;
a percepção sobre o aumento da aptidão física traz
um importante fator para a melhora psicológica. O
exercício torna o idoso mais confiante, ele passa a
acreditar na realização de coisas novas e aumenta
Fonte da imagem: http://www.jornalopcao.com.br/posts/
ultimas-noticias/o-que-voce-deve-saber-sobre-osteoporose
a confiança no próprio corpo, sendo que para
obtenção desses benefícios o exercício que ganha
maior destaque é o treinamento de força. Os idosos
praticantes de exercício físico são mais inteligentes,
imaginativos e independentes comparados aos não
praticantes.

Por fim, temos as orientações básicas para a


prescrição de exercício para idosos, lembrando sempre
que no planejamento do programa de exercícios é
imprescindível que consideradas as características
de cada indivíduo, adequando assim a atividade às
necessidades de cada um e, portanto, facilitando o
Fonte da imagem: http://www.brevesdesaude.com.br/ed02/ alcance a todos os benefícios que foram comentados.
osteoporoseI.htm

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Prescrição do exercício FIGURA 8: Avanço tecnológico e aumento da


incidência de obesidade na população, refletindo um
Prescrição do treinamento de força para quadro mundial.
idosos frágeis e muito frágeis:

- Grupos musculares relevantes clinicamente: os


envolvidos nas atividades da vida diária.

- Priorizar os exercícios com pesos livres para


treinar o equilíbrio.

- Intensidade: a partir de 80% de 1RM (exercícios


de alta intensidade são mais seguros do que os de
baixa intensidade). Fonte da imagem: http://estrategiaempresarial.wordpress.
com/2008/04/15/imagem-homem-e-tv-a-evolucao/

- Frequência: duas a três vezes por semana.

Prescrição do treinamento de força para


idosos para ganhos de força e hipertrofia

- Repetições: 8 a 12.

- Intensidade: 60 a 80% de 1RM. Fonte da imagem: http://pensemagro.com/blog/obesidade/

- Progressão: máquinas para pesos livres. Desde 1985, a Organização Mundial de Saúde
classificou a obesidade como uma doença crônica
- Grupos musculares: exercícios multiarticulares e
(ou seja, não há cura para esta doença e sim
monoarticulares.
tratamento), multifatorial (já que é resultado da
interação de diversos fatores predisponentes desta
- Frequência: duas a três vezes por semana em
doença como os fatores psicológicos, ambientais,
dias alternados.
dietéticos, endócrino-metabólicos, culturais e
genéticos) caracterizada pelo acúmulo excessivo de
- Tempo de recuperação entre as séries: um a
gordura no tecido adiposo, seja ele localizado ou em
dois minutos (American College of Sports Medicine,
todo o corpo.
1998, p.992-1008 )

Sabe-se que a localização do acúmulo de


EXERCÍCIO E OBESIDADE tecido adiposo está diretamente relacionada à
suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças
Com o passar dos anos o homem e a sociedade
crônico-degenerativas. Sendo assim, a composição
foram evoluindo, houve vários avanços tecnológicos
corporal é considerada um componente de saúde e
e cada vez mais pessoas tornaram-se obesas. Sabe-
essa correlação se dá pela quantidade e localização
se que esse avanço tecnológico é um dos grandes
da gordura.
responsáveis pelo aumento da obesidade, isso porque
a partir dele as pessoas necessitam gastar cada vez
menos energia para realizar suas atividades diárias.

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Tipos de obesidade direcionada para a região periférica, ficando


então armazenada na região central.
Pensando na composição corporal e na distribuição
da gordura podemos classificar a obesidade em O corpo pode aumentar a quantidade de tecido
quatro tipos: adiposo de duas formas:

Tipo I - Excesso de massa corporal ou percentual 1.Aumentando ou “enchendo” as células adiposas


de gordura. existentes com mais gordura, processo denominado
hipertrofia.
Tipo II - Excesso subcutâneo tronco-abdominal
de gordura (forma androide). 2.Aumentando o número total de células adiposas,
processo denominado hiperplasia.
Tipo III - Excesso de gordura visceral abdominal.
O aumento da quantidade de tecido adiposo pode
Tipo IV - Excesso de gordura glúteo-femoral ocorrer desde a fase intrauterina até o indivíduo vir
(forma ginoide). a óbito, porém, cada fase da vida é mais propícia
para que esse aumento aconteça por hipertrofia,
FIGURA 9: A) Acúmulo de gordura na região hiperplasia ou ambos. Sabe-se que três fases da
central, forma ginoide, ou popularmente conhecida vida favorecem a hiperplasia das células adiposas:
como maça. B) Acúmulo de gordura na região glúteo a intrauterina (células pequenas, com pouca
- femoral popularmente conhecida como pera. capacidade de estoque, rapidamente se
multiplicam), primeiro ano de vida (maior
oferta de alimentos, aumento da ingestão
calórica e células ainda com estoque limitado)
e transição para a puberdade (principalmente
devido às alterações hormonais, sobretudo no
gênero feminino). Vale lembrar que o acúmulo
de gordura no tecido adiposo ocorrerá sempre
que a ingestão alimentar for superior a necessidade
energética, levando ao balanço energético positivo.
Toda energia consumida e não utilizada será
armazenada.

Etiologia
Fonte da imagem: https://geracoesk.wikispaces.com/Obesidade
O desenvolvimento da obesidade está relacionado
A obesidade ginoide está mais relacionada ao a fatores genéticos e ambientais, sendo que este
gênero feminino devido à ação do hormônio último é o principal responsável pelo surgimento da
estrogênio, pois ele tem como função armazenar doença. Entre os aspectos ambientais as causas mais
gordura nas mamas, glúteos e nas coxas. No homem importantes são: imprinting metabólico, aspectos
a predominância é do hormônio testosterona, psicológicos e aspectos socioeconômicos.
e, portanto apresentam baixas concentrações
de estrogênio, fazendo que a gordura não seja Imprinting metabólico consiste num fenômeno no
qual ocorrem as primeiras experiências nutricionais

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de um indivíduo, durante um período crítico e são citados entre os fatores causadores da doença
específico do desenvolvimento humano (fase fetal); na maioria das vezes. Entre as várias discussões
pode acarretar num efeito duradouro e persistente psicológicas sobre o desenvolvimento da obesidade,
ao longo da vida que predispõe ao desenvolvimento a de maior ocorrência é o aumento da ingestão
de doenças crônicas na fase adulta como obesidade, alimentar (geralmente de forma descontrolada)
doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Um como forma de suprir as necessidades e desarranjos
estudo feito com ratas demonstrou que quando a emocionais. De maneira mais popular, sabe-se que
mãe, durante a gestação, consumia uma grande vários indivíduos tentam sanar seus problemas com
quantidade de gordura TRANS, ela diminuía a o consumo de alimentos, na sua maioria, ricos em
expressão gênica da adiponectina (adipocina anti- açúcares e gorduras.
inflamatória; protetora) nos seus filhotes e este efeito
não era revertido mesmo que o filhote passasse a Dentro dos aspectos socioeconômicos encontram-
consumir uma alimentação saudável e equilibrada. se mais algumas vertentes: acesso à alimentação,
Portanto, os hábitos alimentares da mulher são de à informação e à prática de atividade física. O
grande importância e responsabilidade já que podem principal limitante do acesso à alimentação é o
determinar, geneticamente, a probabilidade de o recurso financeiro; sabemos que os alimentos
filho desenvolver doenças metabólicas. mais saudáveis, com menores taxas de açúcares e
gorduras, os alimentos integrais, as proteínas (carne,
Quando a mulher ganha peso excessivo ou abaixo peixe, frango), legumes, verduras e frutas são
do necessário durante a gestação facilita que o filho vendidos a valores muito altos, inacessível à maioria
desenvolva obesidade. Para as que ganham mais peso da população, que para alimentar toda a família,
do que seria necessário, o excesso de energia ingerida com uma baixa renda, consome predominantemente
passa também para o bebê através da placenta, carboidratos, açúcares e gorduras.
fazendo que as células adiposas queiram armazenar
essa energia e para isso sofram hiperplasia, assim, Quando pensamos no acesso à informação sobre
este bebê já nasce com uma quantidade de tecido a necessidade e importância do controle do peso
adiposo aumentado. para a saúde, sabemos que a maioria tem acesso
a essas informações, a dificuldade então é fazer
Por outro lado, quando o ganho de peso é que o indivíduo coloque em prática o que lhe foi
insuficiente durante a gestação, a baixa oferta de informado. Além de proporcionar o conhecimento
nutrientes para o feto, faz que seu organismo se deve ser pensada uma estratégia para modificar o
adapte à falta de energia e gaste menos para manter comportamento, fator esse considerado como mais
seu funcionamento, deixando o metabolismo baixo; difícil.
essa redução na capacidade metabólica se mantém
por toda a vida. Após o nascimento é comum os bebês Já em relação ao acesso à atividade física é
baixo peso receberem grande quantidade de comida, necessário criar espaços públicos de qualidade e com
como tentativa de compensação, porém, o excesso segurança para a prática do exercício; apesar do
de energia para um organismo com característica exercício ser extremamente democrático, podendo
metabólica baixa, faz que grande quantidade do que ser praticado por qualquer indivíduo que queira
é ingerido seja armazenado, favorecendo também o (caminhada no próprio bairro, por exemplo), locais e
surgimento da obesidade. orientações específicas para essa prática favorecem a
aderência e potencializam os resultados.
Os aspectos psicológicos geralmente são a base
para o desenvolvimento da obesidade, isso porque

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Além dos aspectos ambientais, a obesidade também pode ocorrer devido a fatores genéticos; acredita-
se que esses fatores possam responder por até 50% da variância no Índice de Massa Corporal (IMC) de
indivíduos obesos. Exceto em pacientes que possuem Síndromes Mendelianas (monogenéticas), a obesidade
é caracterizada com uma síndrome poligênica, e este é um dos fatores de ela ser considerada uma doença
tão complexa.

Em 1993 havia 26 pares de genes codificados relacionados ao desenvolvimento da obesidade. Hoje é


sabido que existem mais de 127 pares de genes relacionados e os indivíduos que apresentam alterações
nestes genes possuem uma suscetibilidade 50% maior de desenvolverem obesidade. (BOUCHARD, 1994,
p.)

Suscetibilidade quer dizer que, quando submetido a um ambiente obesogênico (fatores ambientais
favoráveis ao desenvolvimento da obesidade), estes indivíduos que possuem alterações genéticas têm 50%
de chance a mais de desenvolver a obesidade. Mas se este indivíduo não for submetido a este ambiente
obesogênico, ele não se tornará obeso, ou seja, apesar da característica genética, o que determina o
surgimento da obesidade é o estilo de vida, o ambiente ao qual o indivíduo está inserido.

Avaliação da adiposidade
Uma das maneiras mais simples e mais utilizadas no mundo para verificar se um indivíduo está em seu
peso ideal é o Índice de Massa Corporal (IMC); ele é considerado um preditor internacional de obesidade
adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo
pelo quadrado de sua altura, na qual a massa está em quilogramas e a altura está em metros.

Com o resultado dessa conta é possível classificar o indivíduo.

Tabela 1: Classificação da massa corporal segundo o IMC.


CATEGORIA IMC Kg/m2
Abaixo do peso Abaixo de 18,5
Peso normal 18,5 – 24,9
Sobrepeso 25,0 – 29,9
Obeso leve 30,0 – 34,9
Obeso moderado 35,0 – 39,9
Obeso mórbido 40,0 e acima
Fonte da imagem: Dra ANA DÂMASO

Essa tabela é utilizada para classificação de indivíduos adultos (acima de 18 anos de idade). Para a
classificação de crianças, o cálculo utilizado é o mesmo, porém os parâmetros são diferentes. Para crianças
e adolescentes são utilizadas as curvas de percentil. São duas tabelas dividas em meninos e meninas, com
idades entre dois e 20 anos. Nesse caso, a classificação é considerada pelo ponto de intersecção entre a
linha que corresponde à idade e a linha que corresponde ao IMC. Se o ponto de encontro estiver abaixo do

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percentil 5, é classificado como desnutrição; entre os percentis 5 e 85 é classificado como eutrófico (peso
normal); entre os percentis 85 e 95 a classificação é de sobrepeso e percentil maior que 95 é considerado
obesidade.

FIGURA 10: Curvas dos percentis para classificação de crianças e adolescentes, entre dois e 20 anos,
meninos e meninas.

Fonte da imagem: McARDLE, KATCH e KATCH, 2004

Uma das grandes limitações do IMC, principalmente na avaliação de adultos, é que esta medida não
considera a composição corporal, então uma pessoa com grande quantidade de massa muscular e pouca
gordura, pelo IMC pode ser considerado obeso. Para amenizar esse erro é possível correlacionar o IMC com
outras medidas, como por exemplo, a circunferência da cintura.

A circunferência da cintura é utilizada de maneira isolada ou associada ao IMC para predizer o risco de
desenvolver doenças associadas à obesidade. Sendo os valores: maior que 94 cm para homens e maior que
80 cm para mulheres sendo considerado risco aumentado, maior que 102 cm para homens e 88 cm para
mulheres considerados como risco muito aumentado.

Melhor do que o IMC e a circunferência da cintura é realizar a classificação através da porcentagem de


gordura corporal, que pode ser obtida por métodos indiretos ou duplamente indiretos.

Tabela 2: Classificação de risco de doenças segunda a porcentagem de gordura.


Homens Mulheres
Risco de doenças e desordens < 3% <12%
associadas à desnutrição
Abaixo da média 6 - 14% 9 - 22%
Média 15% 23%
Acima da média 16 - 24% 24 - 31%
Risco de doenças e associadas à obesidade >25% >32%
Fonte da imagem: BOUCHARD, 2003

14
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Desde a década de 70 observa-se que com o passar dos anos o índice de pessoas com déficit de peso
reduziu, enquanto o de pessoas com sobrepeso e obesidade aumentou, sendo que a quantidade de mulheres
com sobrepeso e obesidade é maior do que a de homens; isso é determinado pelas diferenças biológicas,
quantidade de massa magra, metabolismo, hormônios, mas também sofre grande influência social, apesar
da mudança atual neste quadro ainda permanece uma porcentagem muito maior de mulheres que tem como
profissão cuidar do lar e dos filhos, aumentando assim a chance de hábitos alimentares e de atividade física
inadequados.

FIGURA 11: Incidência de sobrepeso e obesidade em homens e mulheres nas décadas de 70, 80/ 90 e
anos 2000.

Fonte da imagem: IBGE, 2004.

Os estudos demonstram que os indivíduos com sobrepeso e obesidade apresentam uma redução da
expectativa de vida. Estima-se que os homens vivam menos 3,1 anos com sobrepeso e 5,8 com obesidade,
enquanto para mulheres a perda é de 3,4 anos com sobrepeso e de 7,1 anos com obesidade.

Porque emagrecer?
Com essas informações fica claro o porquê se deve emagrecer. Apesar da maioria dos indivíduos procurar
um programa de atividade física com o objetivo de estética, nosso objetivo como profissionais de educação
física é garantir um emagrecimento saudável, a fim de aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos
indivíduos obesos.

A expectativa de vida dessa população é reduzida devido às comorbidades associadas ao excesso de


gordura, as mais comuns são:

Tabela 3: Incidência de doenças crônicas associadas à obesidade.


Doenças Incidência
Diabetes mellitus tipo II 61%
Câncer no endométrio 34%
Colecistopatias 30%
Osteoartrite 24%
Hipertensão arterial 17%

15
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Doenças coronarianas 17%


Câncer de mama 11%
Câncer de cólon 11%
Esteatose hepática não alcoólica 65%
Fonte da imagem: DÂMASO; TOCK, 2006.

A grande questão então é: porque obesos têm alta incidência de doenças crônico-degenerativas?

Atualmente sabemos que existem três tipos de tecido adiposo: o branco, o marrom e o bege, todos eles
possuem função de estoque de energia, proteção e liberação de energia. Entretanto, o tecido adiposo branco,
além dessas funções ainda possui a função de secreção. As substâncias liberadas por ele foram primeiramente
chamadas de citocinas e com o avançar dos estudos receberam o nome de adipocinas (citocinas secretadas
pelo tecido adiposo branco).

A maior parte dessas adipocinas são pró-inflamatórias, ou seja, trazem prejuízo ao funcionamento
fisiológico do nosso organismo, entre elas destacam-se: Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α) e interleucina-6
(IL-6), que estão intimamente relacionadas ao surgimento do diabetes tipo II, além da Proteína Reativa - C
(PCR), relacionada à formação de placas de ateroma, aumentando o risco cardiovascular. O tecido adiposo
também libera uma adipocina benéfica, que possui ação anti-inflamatória, denominada adiponectina, e ainda
é capaz de sintetizar e secretar o hormônio chamado de leptina, responsável pela sensação de saciedade do
nosso organismo.

Como dito anteriormente, o emagrecimento refere-se à redução de gordura, visando principalmente à


saúde e evitar o desenvolvimento de comorbidades. Sabemos que para isso não existe receita milagrosa; a
fisiologia do emagrecimento requer um balanço energético negativo, ou seja, o indivíduo deve ter um gasto
maior do que o seu consumo.

O gasto calórico diário corresponde entre 60 e 75% ao metabolismo de repouso, ou seja, a quantidade
de energia que o organismo gasta para manter o funcionamento de todos os sistemas em uma situação
acordada. Entre 15 e 30% do gasto calórico diário são referentes ao efeito térmico da atividade física, ou
seja, quanto o organismo gasta de energia para realizar essas atividades e por fim 10% referem-se ao efeito
térmico das refeições, gasto energético necessário para digestão dos alimentos.

Princípios do emagrecimento
Para um emagrecimento saudável, não adiantam receitas malucas! Precisamos manter todos os nutrientes
e apenas ajustar quantidades e horários para o seu consumo, enquanto aumentamos o gasto de energia do
nosso organismo.

Quando perdemos muito peso de uma vez o organismo reajusta o seu metabolismo, diminuindo-o, pois
ele entende que você está passando por um período de privação, e ele economiza grande parte da energia
pensando na sobrevivência, ou seja, passa a gastar menos energia para manutenção da vida e dificulta o
balanço energético negativo, dificultando o emagrecimento.

16
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Para que o emagrecimento seja saudável torna-se Controle da ingestão alimentar


necessário seguir alguns princípios básicos:
Quando pensamos na ingestão alimentar, além da
- Uma dieta adequada contém todos os nutrientes forte influência dos fatores psicológicos, temos que
nas quantidades necessárias para cada indivíduo, de pensar também no controle fisiológico.
forma que não fique em excesso ou déficit.
Sabemos que o controle da ingestão alimentar é
- Para que o emagrecimento seja eficiente realizado por um neuropeptídio denominado NPY; ele
e evitar o chamado “efeito sanfona”, a redução do fica localizado no hipotálamo e é responsável pelo
peso corporal deve ser gradual, a recomendação aumento da ingestão alimentar e redução do gasto
é de aproximadamente 1 quilo por semana e este energético. Dois hormônios atuam sobre o NPY, a
emagrecimento está relacionado à perda de gordura Leptina e a Grelina.
e não de massa muscular.
A leptina é um hormônio codificado pelo gene
- Com o passar do tempo fica cada vez mais OB das células adiposas, e, portanto, sintetizada
difícil reduzir gordura, isso porque fica cada vez mais e liberada pelo tecido adiposo branco. Depois de
difícil induzir um balanço energético negativo. Nesse liberada na corrente sanguínea a Leptina exerce
momento é importante manter a dieta e o exercício. sua ação inibindo o NPY no hipotálamo e, portanto,
fazendo que o indivíduo diminua a ingestão alimentar
Não é interessante durante esse processo que
e aumente o gasto energético, devido a isso, esse
ocorra perda de massa magra, quando isso ocorre
hormônio é conhecido como hormônio da saciedade.
há uma diminuição na Taxa Metabólica de Repouso,
dificultando o processo de emagrecimento e A concentração normal de leptina é<15,1ng/mL
facilitando a recuperação do peso. para mulheres e de 2,05 – 5,63 ng/mL para homens.
Para indivíduos obesos são encontrados valores entre
Devido à obesidade ser uma doença multifatorial,
7,20 – 55,40ng/mL de leptina, já que quanto mais
o tratamento adequado e com sucesso depende de
tecido adiposo maior a síntese e secreção deste
um enfoque multidisciplinar, sendo necessário:
hormônio.

- Intervenção nutricional.
Levando em consideração tudo o que foi dito
sobre a leptina, surge uma questão: porque obesos
- Exercício Físico.
não sentem mais saciedade se eles possuem uma
quantidade significativamente maior de leptina?
- Suporte clínico.

Quando falamos de ação hormonal (como no caso


- Intervenção psicológica.
da leptina), o organismo é capaz de realizar uma
Todas essas linhas atuando em conjunto no regulação na interação entre hormônio e receptor,
tratamento da obesidade buscam o fator mais sempre em busca da homeostase. Esse evento é
importante para que o indivíduo consiga emagrecer denominado downregulation e essa regulação ocorre
e não retomar mais seu sobrepeso: MUDANÇA NO em situações nas quais a concentração hormonal
ESTILO DE VIDA. é excessivamente alta; para que o organismo não
tenha respostas excessivas, ocorre uma redução
no número de receptores disponíveis ou ficam
inativados, ou sofrem degradação. Com um número

17
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

menor de receptores a ação hormonal fica O principal objetivo do exercício no tratamento da


diminuída, levando a uma alteração no obeso obesidade é auxiliar no alcance do balanço energético
que foi denominada “resistência à leptina”, e negativo, através do aumento do efeito térmico
é por todos esses fatores que os obesos, neste da atividade física, sempre visando a redução do
caso, têm, na realidade, uma menor sensação de tecido adiposo. Nessa busca existem duas linhas de
saciedade. pesquisa: a mais antiga é a linha metabólica, na qual
se prioriza os exercícios contínuos, de intensidade
A única maneira de reverter esse quadro é moderada e de longa duração; com essa prescrição
através da redução do tecido adiposo. Com a a principal fonte de energia para o exercício vem
diminuição do tecido adiposo branco, ocorre uma do metabolismo dos lipídeos. A segunda linha, mais
diminuição na síntese e secreção de leptina e a atual, é a matemática; nela são mais indicados
queda da concentração plasmática de leptina leva a os exercícios vigorosos, essa intensidade
um aumento no número de receptores disponíveis, proporciona um maior gasto calórico.
possibilitando maior ação da leptina e a retomada da
sensação de saciedade. A linha metabólica diz que o importante é a
predominância do substrato utilizado na atividade
O hormônio antagônico à leptina é a Grelina, ela foi física, então uma intensidade leve a moderada
descoberta em 1999. Formada por 28 aminoácidos e seria melhor para o emagrecimento já que
produzida principalmente pelo estômago, seu efeito predominantemente utiliza lipídeos. Já a teoria
metabólico é a estimulação do NPY no hipotálamo, matemática fala que quanto mais vigoroso o exercício,
fazendo, portanto que o indivíduo aumente a ingestão maior é o gasto calórico, o que favorece o balanço
alimentar e reduza o gasto calórico diário, por esse energético negativo, independente do substrato
motivo é conhecida como hormônio da fome. Há utilizado.
um aumento da concentração plasmática de Grelina
durante o jejum prolongado e uma diminuição após No exercício de intensidade leve a “queima de
as refeições. gordura” equivale a 80% do gasto energético,
enquanto no exercício intenso equivale a
Os trabalhos mostram que a relação entre o aproximadamente 20%. Porém são 80% de 90 kcal
exercício físico e a concentração plasmática de = 72 kcal de lipídeos, e 20% de 300 kcal = 60 kcal
leptina ainda não está clara. Alguns estudos mostram de lipídeos. Então no final, o gasto de gordura como
redução enquanto outros falham em encontrar substrato é quase igual, mas o exercício intenso tem
qualquer alteração. As razões para isso poderiam ainda um gasto significativo dos outros substratos,
ser devido aos diferentes protocolos de treinamento principalmente de glicogênio/ glicose; ao término do
físico empregados nos estudos e ao tempo de coleta exercício o organismo terá que repor este glicogênio
após a sessão do exercício físico. que foi utilizado e para isso irá retirar substratos dos
estoques, inclusive do tecido adiposo, o que auxilia
Com relação à Grelina, os resultados mostram que no processo de emagrecimento.
seus níveis plasmáticos não se alteraram em resposta
ao exercício físico. No entanto, ainda existem poucos FIGURA 12: Gasto calórico e mobilização de
trabalhos sobre este tema dificultando uma conclusão substratos em exercícios de intensidade leve,
(RIBEIRO et al., 2007; MOTA; ZANESCO, 2007; moderada e alta.
BENATTI; LANCHA JR, 2007).

Balanço energético

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

a 11,7 km/ h, durante 30 minutos e quatro vezes


por semana. Com base nesses resultados podemos
verificar que em intensidade vigorosa é necessário
metade do tempo e uma vez por semana a menos
para atingir o gasto calórico determinado (SWAIN;
ACSM, 2001)

Com base no estudo citado acima (SWAN; ACSM,


2001) e em diversos outros estudos o próprio Colégio
Americano de Medicina do Esporte modificou sua
recomendação para “Perda de peso e prevenção do
reganho de peso em adultos”. Um artigo publicado
em 2009 é uma atualização do artigo publicado em
2001 para essa recomendação, e tem como objetivo
focar nas novas informações que têm sido publicadas
e que indicam que é necessário um aumento no
nível de atividade física para prevenção do ganho
de peso, perda de peso e prevenção do reganho de
peso, comparados com o nível de atividade física
Fonte da imagem: POWERS; HOWLEY, 2000
recomendado em 2001.

Esta revisão foi composta por pessoas maiores


de 18 anos inscritas em projetos de pesquisa com
atividade física para prevenção do ganho, perda ou
prevenção do reganho do peso. Indivíduos com co-
morbidades severas que poderiam interferir no peso,
além do uso de medicamentos não foram incluídos.
Voluntários com hipertensão, doença cardiovascular
e diabetes tipo IIe que utilizavam medicamento para
estas co-morbidades foram incluídos, pois estas
doenças são altamente prevalentes na população
americana e geralmente este público procura
programas de perda de peso.

Fonte da imagem: MCARDLE, 2004 Tabela 4. Atualização da recomendação do Colégio


Americano de Medicina do Esporte: estratégias para
Um artigo publicado pelo Colégio Americano de uma apropriada intervenção de atividade física para
Medicina do Esporte discute qual a melhor intensidade perda de peso e prevenção do reganho de peso em
para o emagrecimento, se a moderada ou a vigorosa? adultos.
No artigo é determinado um gasto calórico de 1.400
kg por semana, para atingir este gasto calórico com
intensidade moderada foi realizada caminhada a 6,6
km/ h, durante uma hora e cinco vezes por semana.
Já na intensidade vigorosa foi realizada corrida

19
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

2001 2009
5x por semana Quanto mais, melhor (7x por semana)
Intensidade moderada. Intensidade moderada a vigorosa.
(Vigoroso só para melhora cardiovascular). Vigoroso melhor para composição corporal.
Volume médio 280 min Volume entre 225 e 420 min (+ melhor)
Treinamento de força para aumento Treinamento de força para aumento
de MM e manutenção do peso. de MM e manutenção do peso.
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

Outra atualização importante foi da publicação em conjunto da Associação Americana de Cardiologia e do


Colégio Americano de Medicina do Esporte. A atualização foi realizada em 2007 sobre a recomendação de
1995.

Tabela 5. Atualização da recomendação: Atividade Física e Saúde Pública. Melhora da recomendação para
adultos do Colégio Americano de Medicina de Esporte e da Associação Americana de Cardiologia.
1995 2007
Preferencialmente todos os dias No mínimo cinco vezes por semana.
Exercício vigoroso implícito. Exercício vigoroso explícito.
Esclarece que moderado e vigoroso são
complementares para a saúde.
Quantidade recomendada era além Serviços como jardinagem e carpintaria
da rotina diária (não estava claro). por + de 10min contam na recomendação,
o original não especificava.
Importância explícita de exceder o mínimo
recomendado, para redução do risco de
doenças crônicas devido à inatividade
Acúmulo de pequenas séries de A.F Cada sessão deve durar no mínimo 10’.
p/ somar 30’. Não era específico.
Apenas comentava da importância Recomenda no mínimo 2x/sem 8-10
dos exercícios de força. exercícios – 8-12 repetições.
Clareza nas palavras: aeróbio e endurance x
exercício de força (agora incluso na recomendação).
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

Tipo de exercício
Uma questão relevante e que ainda é muito discutida é qual o melhor tipo de exercício para o
emagrecimento: treinamento de força ou aeróbio? Antigamente o mais indicado para indivíduos com objetivo
de emagrecimento era o exercício aeróbio, nem se falava em treinamento de força para essa população.
Hoje sabemos que cada um desses treinamentos tem sua importância. Ambos promovem aumento do gasto
calórico e favorecem o balanço energético negativo, o exercício aeróbio auxilia de maneira mais significativa
na melhora cardiorrespiratória, aumento do VO2 máx e controle do colesterol e triglicérides. O treinamento
de força é o principal responsável pelo aumento da força, velocidade, potência e melhora do equilíbrio, além
disso, o treinamento de força leva vantagem em relação ao aeróbio quando se trata do EPOC (consumo de

20
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

oxigênio pós-exercício). O EPOC é um importante fator que auxilia no balanço energético negativo, ele é uma
perturbação metabólica geral caracterizada pelo metabolismo elevado após o exercício.

FIGURA 13: Comportamento ou a cinética do consumo de oxigênio durante e após o exercício.

Fonte da imagem: http://www.efdeportes.com/efd180/ajuste-da-curva-monoexponencial-do-vo2.htm

Na FIGURA acima é possível observar que existe um aumento exponencial no início do exercício e uma
tendência à estabilização até o final do exercício, isso em se tratando de exercício aeróbio de uma mesma
carga; já o exercício intermitente não apresenta essa estabilização, já que possui intervalos de
recuperação entre as séries. Após o exercício existe uma queda do consumo de oxigênio, uma queda
lenta, necessária ao organismo para retornar a sua condição de homeostase. Essa diminuição lenta é para
promover, por exemplo, restabelecimento dos conteúdos de oxigênio da hemoglobina e mioglobina, síntese
de glicogênio, ressíntese de ATP – CP, fosfagênios de alta energia.

Os componentes significativos do EPOC relacionam-se a processos fisiológicos durante a recuperação,


além dos eventos metabólicos durante o exercício, fatores responsáveis pelo maior consumo de oxigênio
na recuperação. Todos os sistemas fisiológicos ativados durante o exercício aumentam suas próprias
necessidades de oxigênio durante a recuperação, como os ajustes respiratórios, circulatórios, hormonais,
iônicos e térmicos.

- Temperatura corporal.

- Restabelecimento do oxigênio sanguíneo (10%).

- Restabelecimento do oxigênio do miocárdio.

- Mioglobina muscular (2 a 5%).

- Adrenalina/ Noradrenalina.

- Tiroxina.

- Glicocorticoides.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

- Reparação tecidual e Equilíbrio iônico. FIGURA 14: VO2 antes, durante e após exercício
aeróbio de intensidade leve
- Aumento dos volumes ventilatórios (10%).

Todos esses ajustes ocorrem principalmente


em função do nível do metabolismo anaeróbio no
exercício, daí o treinamento de força promover um
EPOC maior do que o exercício aeróbio.

Foi observado que existia uma queda rápida do


consumo de O2, entretanto, após certo período de
tempo o consumo permanecia em intensidade menor
durante um longo período de tempo, assim, o EPOC
foi divido em duas fases: rápida e lenta.

Fonte da imagem: Elaborado pela professora.


Componentes da fase rápida:

Neste exemplo temos um exercício aeróbio leve


- Restauração da mioglobina-O2.
que permite alcançar rapidamente um consumo de
oxigênio em ritmo estável produzindo um déficit de
- Ressíntese de ATP e creatina fosfato.
oxigênio. A magnitude do consumo da recuperação
- Restauração dos níveis sanguíneos de O2. aproxima-se do tamanho do déficit de oxigênio
existente no início do exercício. A recuperação se
- Controle da temperatura, circulação e ventilação. processa rapidamente, o consumo de oxigênio
diminui aproximadamente 50% durante cada período
Componentes da fase lenta: subsequente de 30 segundos até alcançar o nível
pré-exercício.
- Aumento da atividade simpatoadrenal (adrenalina
e noradrenalina). FIGURA 15: VO2 antes, durante e após exercício
aeróbio de intensidade moderada a vigorosa
- Ressíntese de glicogênio.

- Aumento da atividade da bomba de sódio e


potássio.

- Temperatura corporal.

- Ventilação elevada (custo).

- Atividade miocárdica elevada.

Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Já neste exemplo do comportamento do consumo Com essas informações chegou-se a conclusão de


de oxigênio na intensidade moderada à vigorosa, é que a intensidade do exercício influencia de maneira
necessário observar alguns aspectos relevantes como, significativa na magnitude do EPOC, enquanto a
por exemplo, o maior déficit de oxigênio, ou seja, no duração do exercício reflete a duração do EPOC. A
início do exercício foi utilizado um maior componente somatória de treinos pode produzir longos períodos
anaeróbio. Outro aspecto a ser observado é o maior de EPOC durante a semana levando a um gasto
período de recuperação apresentado pelo componente calórico considerável.
lento. Neste exercício é necessário um período de
tempo mais longo para se alcançar um ritmo estável, Além da necessidade de induzir o balanço
o que acarreta um maior déficit de oxigênio do que energético negativo, o exercício desempenha um
o exercício menos intenso. É necessário um maior importante papel no controle dos marcadores
período de tempo para o consumo de oxigênio inflamatórios, das adipocinas. A influência do
retornar ao nível de recuperação no repouso. A curva exercício aeróbio nesses parâmetros já é bem
do consumo de oxigênio da recuperação demonstra conhecida e corroborada, no entanto, nos últimos
um declínio rápido inicial seguido por um declínio anos aumentaram as evidências dos benefícios do
mais gradual até os níveis basais de repouso. treinamento de força nesses marcadores. A literatura
demonstra que o treinamento resistido é uma
FIGURA 16: VO2 antes, durante e após exercício ferramenta não farmacológica eficiente para atenuar
máximo a inflamação de baixo grau associada ao sobrepeso e,
portanto, a inclusão deste tipo de treinamento pode
auxiliar na redução dos marcadores inflamatórios e,
mais especificamente, do risco de desenvolvimento
de aterotrombose em mulheres com sobrepeso.

Como já foi dito anteriormente, a gordura


visceral libera maior quantidade de adipocinas pró-
inflamatórias, sendo importante reduzir a quantidade
de tecido adiposo visceral; o exercício também
é eficiente nesse aspecto. Estudos demonstram
que após 12 semanas de treinamento aeróbio, em
intensidade moderada a vigorosa já ocorre uma
Fonte da imagem: Elaborado pela professora. redução significativa dessa gordura, parece que
quanto maior a intensidade, maiores são as perdas.
Neste exemplo temos o comportamento do Os estudos com treinamento de força e redução
consumo de oxigênio em um exercício máximo, de gordura visceral ainda são inconclusivos, sendo
neste caso não há produção de um ritmo estável no que a maioria não conseguiu demonstrar melhoras
metabolismo aeróbio. Esse tipo de exercício requer significativas, portanto são necessários mais estudos
uma quantidade de energia maior que aquela que para chegar a uma conclusão (KIM et al. 2009;
pode ser fornecida pelos processos aeróbios; nesta IRVING et al. 2008)
condição a transferência de energia anaeróbica
aumenta e ocorre acúmulo de lactato sanguíneo Com tudo isso, podemos concluir que o
sendo necessário um período de tempo considerável treinamento combinado (aeróbio + treinamento de
para se conseguir uma recuperação completa. força) é o melhor no tratamento da obesidade. Assim
é possível obter os benefícios de ambos e ainda

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

somar o gasto calórico, facilitando a manutenção do de comunicação, reduzindo significativamente o


balanço energético negativo. Não podemos esquecer gasto calórico.
de que a dieta deve estar adequada para que todos
os benefícios sejam alcançados e a obesidade possa 5. Dobre suas recompensas
ser controlada; como se trata de uma doença crônico-
degenerativa pode ser tratada, mas não curada. O esforço envolvido no plantio de um jardim –
levantar, abaixar, ajoelhar, regar e plantar – pode
Assim, é de extrema importância trabalhar na queimar mais de 300 calorias/h, além de fornecer
prevenção da obesidade, adotando um estilo de vida uma colheita de legumes frescos.
saudável, no qual a base é a prática de atividade
física e uma dieta adequada à necessidade de 6. Brinque com seu animal de estimação
cada indivíduo. Com esse objetivo (prevenção da
obesidade) o Colégio Americano de Medicina do Neste caso, além de ocorrer aumento do gasto
Esporte publicou um documento intitulado: “10 calórico, ainda auxilia na manutenção do estado de
maneiras práticas de queimar calorias e perder peso”: saúde do animal.

1. Caminhe, não use meios de transporte. 7. Caminhe antes de almoçar

Usar a escada ao invés do elevador queima Caminhar antes da hora do almoço não só queima
aproximadamente uma caloria a cada cinco passos. calorias, como também ajuda a conter a fome devido
à liberação de neurotransmissores e hormônios
Um lance de escadas, em média contém 15 passos. hiperglicêmicos, reduzindo assim a quantidade total
de ingestão calórica.
É possível emagrecer até 3,6 kg se você subir e
descer três lances de escada, uma vez por dia (todos 8. Estacione da maneira correta
os dias da semana) ao longo de um ano.
A menos que o tempo, a segurança, ou o horário
2. Fique em pé não permitam, os indivíduos devem tentar estacionar
seus veículos a uma distância suficientemente longe
Permanecer em pé queima mais calorias que a fim de forçá-los a andar uma boa distância até seu
permanecer sentado. destino.

3. Carregue as compras 9. Viagem inteligente

Quando a quantidade de itens a serem comprados Por exemplo, ao viajar de avião, andar até o
for pequena, é melhor a utilização de cesta, assim portão de embarque/ desembarque ao invés de usar
o peso das compras auxilia do aumento do gasto um carro.
calórico.
E enquanto esperam pelo avião, devem andar
4. Fique algum tempo cara a cara pelo terminal ao invés de sentar e esperar.

Com o avanço da tecnologia as pessoas, 10. Lembre-se que sua avó estava certa
principalmente as crianças, saem de casa cada vez
menos, passando a maior parte do tempo utilizando Manter velhos hábitos, como caminhar mais e
os celulares, computadores e outros meios eletrônicos utilizar menos o carro, lavar a louça na mão ao invés

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

de utilizar a máquina, subir as escadas em vez de dependente de insulina chama-se GLUT-4 e fica
utilizar escadas rolantes ou elevador, levantar para localizado no núcleo das células. Dois tecidos
trocar o canal, ao invés de utilizar o controle remoto e possuem GLUT-4 e, portanto, são dependentes de
tantas outras situações que podem fazer a diferença insulina, as células musculares e as do tecido
no balanço energético (PETERSON, 2000, p.44) adiposo.

EXERCÍCIO E DIABETES Para que a insulina possa exercer suas funções ela
deve se ligar ao seu receptor específico (receptor de
O Diabetes mellitus ou simplesmente diabetes é insulina). Por se tratar de um hormônio não-esteroide
a décima doença que mais causa óbitos nos Estados (característica proteica) ele não consegue ultrapassar
Unidos, onde cerca de 11 milhões de pessoas sofrem a membrana plasmática das células, portanto, seu
dessa doença. No Brasil está entre as dez principais receptor fica localizado na membrana celular, ele é
causas básicas de mortalidade no país. formado por duas subunidades α localizadas no meio
extracelular, e duas subunidades β que vão do meio
Esta doença é caracterizada por um distúrbio do extra ao meio intracelular.
metabolismo dos carboidratos, caracterizado por
níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) Na subunidade β existe uma enzima chamada
e presença de glicose na urina (glicosúria) e pode tirosina quinase. Essa enzima é ativada pela ligação
ocorrer devido a um comprometimento na produção da insulina na subunidade α que, quando ativa
e/ou na utilização da insulina. realiza fosforilação (doação de um grupo fosfato)
a partir de um ATP, fosforilando a subunidade β e
Insulina originando duas moléculas IRS-1 e IRS-2 (substratos
do receptor de insulina); após esta reação, todas as
A insulina é um hormônio produzido pela porção que se seguem são por fosforilação.
endócrina do pâncreas. O pâncreas é uma glândula
que possui duas porções: endócrina e exócrina. A A primeira molécula fosforilada é a PI3-q
porção exócrina é responsável pela síntese e secreção (fosfatidilinositol 3-quinase), uma vez ativada
de enzimas que auxiliam no processo digestivo e promove fosforilação de fosfoinositídeos localizados
são lançadas no sistema digestório através do ducto na membrana, essas moléculas doam seu grupo
pancreático chegando pelo duodeno, no intestino fosfato para a PDK (piruvato desidrogenase quinase),
delgado. que por sua vez realiza a fosforilação da AKT
(quinases serina/ treonina), é a AKT que quando fica
A porção endócrina do pâncreas é formada por ativada promove fosforilação e consequentemente
um conjunto de células: α, β e Δ, que juntas formam ativação do GLUT-4, que se transloca (migra) para
as ilhotas de Langerhans. Cada uma dessas células é a membrana e promove finalmente a captação da
responsável pela produção de determinado hormônio. glicose. Qualquer erro em uma dessas reações
As células α secretam glucagon; as células β secretam compromete a ativação do GLUT-4 e gera a chamada
insulina e as células Δ liberam somatostatina. Como o resistência a insulina.
hormônio relacionado ao diabetes é a insulina vamos
estudar seus mecanismos de ação de forma mais
aprofundada.

A função da insulina é estimular as células


a captarem glicose, o transportador de glicose

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

FIGURA 17: Via de sinalização intracelular da pacientes a produção de insulina é normal, porém,
insulina. ela não consegue exercer sua função com eficiência.
Neste caso são acometidos, em geral, adultos com
mais de 40 anos, entretanto, houve um aumento
impressionante na incidência em crianças, situação
induzida por aumento significativo na obesidade
infantil.

Entre as causas do diabetes tipo II, a considerada


como principal é a incapacidade das células muscular
esquelética e adiposa captarem eficientemente a
glicose, gerando um quadro de hiperglicemia se essa
Fonte da imagem: Crédito de Rodrigo J. Pauli condição não for tratada. Geralmente essa doença
surge em decorrência de um de distúrbios metabólicos
Tipos de Diabetes I e II caracterizados pelo aumento da glicemia de jejum
e pós-prandial. Os principais fatores indutores são:
Classicamente são conhecidos dois tipos de obesidade, hereditariedade, inatividade física, dieta,
diabetes: Tipo I e Tipo II. O diabetes tipo I resulta estresse, medicamentos ou infecção.
de uma resposta autoimune, possivelmente como
resultado de uma única proteína que estimula o sistema O indivíduo com essa doença geralmente responde
imune do organismo a tornar as células β incapazes bem à dieta e exercício não sendo necessária a
de produzir insulina. Os portadores desse tipo de administração de insulina. Quando não controlada
diabetes são conhecidos como insulinodependentes, pode gerar complicações a médio e longo prazo (níveis
já que o pâncreas não é capaz de produzir a insulina, glicêmicos maiores que 140mg/ dL como: problemas
o paciente deve administrar a insulina sintética para nos grandes vasos do coração, nos pequenos vasos
manter a funções do organismo normais. Essa doença dos olhos, rins, pés e nervos).
representa de 5 a 10% dos casos de diabetes, e
acomete principalmente crianças. A obesidade pode preceder o diabetes tipo II e
parece ser o principal fator contribuinte. O excesso de
No diabetes tipo II, o início da doença é mais TNF-α (fator de necrose tumoral – α), liberado pelo
gradual. É frequentemente caracterizado por uma tecido adiposo, interrompe a fosforilação da PI3-q,
entre três disfunções metabólicas: por ser uma proteína pró-inflamatória, fazendo que
o restante das reações não aconteça e a glicose
- Produção excessiva de glicose pelo fígado. não possa ser captada.

- Secreção de insulina retardada ou diminuída. Sem insulina, a síntese de glicogênio no fígado


fica comprometida, ocorrendo aumento da
- Redução da ação da insulina nos tecidos gliconeogênese. Ocorre uma redução na captação de
responsivos,“músculos” (resistência à insulina): glicose pelo músculo e tecido adiposo, aumentando
redução do número e da ativação dos receptores de o catabolismo do glicogênio muscular.
insulina.
Com a queda na captação da glicose ocorre um
Esse segundo tipo de diabetes é denominado aumento na proteólise, liberando aminoácidos dos
não insulinodependente. Isso porque nesses músculos e também um aumento na lipólise com

26
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

aumento da liberação de ácidos graxos livres e glicerol FIGURA 19: Doença cardiovascular (aterosclerose).
dos adipócitos, os aminoácidos e glicerol servem
como substrato para gliconeogênese hepática. Com
a ausência da insulina ocorre a formação de corpos
cetônicos, isso devido a maior oxidação de ácidos
graxos livres.

Complicações do diabetes tipo II


A hiperglicemia decorrente do diabetes tipo II
pode levar a diversas complicações. A principal causa
é que ela leva a uma acidose metabólica, podendo
levar à perda da visão, falência renal crônica e danos
aos nervos periféricos com perda da sensibilidade,
o que pode levar a úlceras de pé, inclusive com
Fonte da imagem: http://viverbembyceicamoreira.blogspot.com.
risco de amputação. Também podem ocorrer danos br/2012/03/aterosclerose-o-deposito-de-colesterol.html
ao sistema nervoso autônomo causando sintomas
gastrintestinais, geniturinários, cardiovasculares e Neuropatia diabética é a presença de sinais
disfunção sexual. Todos estes sintomas dependem ou sintomas de disfunção nos nervos periféricos
diretamente do grau e duração da hiperglicemia. em pacientes diabéticos, caracterizada pela perda
progressiva das fibras nervosas. Os sintomas mais
FIGURA 18: Retinopatia Diabética clássicos são: sensações de dormência, agulhadas
nas pernas e nos pés.

Uma das consequências mais conhecidas e mais


comuns é o pé diabético, as paredes dos vasos
ficam mais espessas diminuindo o espaço interno
para o sangue fluir, assim a irrigação sanguínea fica
diminuída, não levando matéria-prima para a
cicatrização dos tecidos. O pé diabético é a infecção
e/ ou distribuição de tecidos profundos associados
com anormalidades neurológicas e vários graus de
doença vascular periférica no membro inferior. A
tríade é composta por: neuropatia, doença vascular
periférica e infecção.
Fonte da imagem: http://diabetesunb.blogspot.com.br/2011/06/
retinopatia-diabetica.html O tratamento do pé diabético inclui medicamentos
vasodilatadores e antiagregantes plaquetários, além
A doença cardiovascular constitui a principal de exercícios periodizados; também é necessária a
causa de morte de pacientes diabéticos, sendo eliminação ou controle de fatores de risco como:
mais prevalente do que na população não diabética, tabagismo, hiperlipidemia, hipertensão arterial
devido à aterogênese acelerada. Após 10 anos de e tratamento de infecções basicamente com
diabetes, 50% têm retinopatia, subindo para 80% antibióticos. É muito importante a realização de
após 15 anos de doença. medidas preventivas como:

27
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

- Inspeção e exame regular dos pés e calçados: todos os pacientes diabéticos devem ter seus pés
examinados pelo menos uma vez por ano.

- Identificação do paciente de alto risco.

- Educação do paciente, família e provedores de saúde.

- Calçados apropriados.

- Tratamento de patologia não ulcerativa. Em pacientes de alto risco, os calos, as alterações patológicas
de unhas e pele devem ser tratadas regularmente e preferivelmente por profissionais treinados em cuidados
dos pés.

FIGURA 20: Neuropatia periférica (pé diabético)

Fonte da imagem: http://patologianafacul.blogspot.com.br/2010/09/pe-diabetico.html

Apesar do diabético tipo II ser conhecido como não insulinodependente, em alguns casos a administração
de insulina nessa doença se faz necessária, como:

- Hiperglicemia severa.

- Grande perda de peso.

- Hiperglicemia apesar de tratamento oral combinado

- Enfermidade intercorrente com hiperglicemia

- Gravidez.

- Corticoterapia.

28
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Tabela 6: Tipos de insulina e tempo de ação.


Tipo de Insulina Início (horas) Pico (horas) Duração (horas) Duração Máxima
(Horas)
Humalog® < 15 min 0,5 – 1,5 2–4 4–6
Regular® 0,5 – 1 2–3 3–6 6 – 10
NPH® 2–4 4 – 10 10 – 16 14 – 18
Lenta® 3 -4 4 – 12 12 – 18 16 – 20
Ultralenta® 6 – 10 18 mínimo 18 – 20 20 – 24
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

3.4. Outros tipos de diabetes


Diabetes tipo I e tipo II são as mais comuns e mais conhecidas, entretanto, existem outros tipos de
diabetes:

Diabetes MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young)

É um subtipo de diabetes mellitus caracterizado por manifestação precoce (em geral abaixo dos 25
anos de idade) e com transmissão autossômica dominante (determinada em pelo menos três gerações).
Corresponde a um defeito primário na secreção de insulina, associado à disfunção na célula β pancreática e
não há autoimunidade.

Diabetes MODY 2

Neste tipo ocorre uma queda na sensibilidade à glicose na célula β, levando a uma hiperglicemia leve.
A prevalência de complicações crônicas vasculares (micro/ macroangiopatias) é considerada baixa
quando comparada a outras formas de diabetes. Menos de 2% dos casos requerem insulina e menos de 20%
administram hipoglicemiantes.

Diabetes MODY 3

O início desta doença ocorre por volta dos 21 anos de idade, caracterizada por um aumento da glicemia,
com piora ao longo dos anos, 50% desses doentes precisarão de insulina com o decorrer da doença, já que
a secreção de insulina é inapropriada.

Diabetes LADA
Subgrupo de diabetes autoimune que se manifesta mais tardiamente, após os 35 anos de idade. É
caracterizado por um longo período assintomático, ausência de sintomas agudos ou cetonúria (presença de
corpos cetônicos na urina) preservação da função residual das células β, simulando muitas vezes o diabetes
tipo II. Este tipo de diabetes é responsável por 10% de todos os casos de diabetes, ela ainda responde pelo
segundo pico de incidência de diabetes autoimune entre os 50 e 60 anos de idade, bastante distante do pico
conhecido da criança e adolescente.

Diabetes Insipidus

29
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Esse tipo de diabetes surge em decorrência de histórico familiar de diabetes, baixa estatura (menor
uma deficiência na produção de ADH (hormônio que 1,50m), crescimento fetal excessivo, hipertensão
antidiurético) ou resistência a sua ação; em função ou pré-eclâmpsia na gravidez atual, antecedentes
disso ocorre perda da capacidade de reabsorver água, obstétricos como morte fetal, ou neonatal e
levando à poliúria (volume urinário muito grande), macrossomia (crescimento fetal exagerado). Os
sede e desidratação, mucosas secas, saliva escassa, sintomas apresentados nesse caso são: poliúria
urina com baixa densidade, hipertermia, hipotensão (volume de urina muito elevado); polidipsia (sede
e coma. excessiva); polifagia (fome excessiva), perda ou
ganho de peso exagerado; cansaço, fraqueza e
Diabetes Insipidus Central: desânimo. As principais consequências são: parto
cesárea, macrossomia, bebê com hipoglicemia e
nesta doença podem ser encontrados dois tipos. morte fetal intrauterina.
O primário: idiopático (autoimune), forma familiar
(hereditário). E secundário: tumores, traumas, FIGURA 21: Macrossomia (crescimento fetal
infecções, doença vascular, gravidez. exagerado).

Diabetes Insipidus Nefrogênico:

neste caso também podemos encontrar dois tipos.


O primário: idiopático (autoimune), hereditário.
E secundário: medicamentos, anemia falciforme,
diurese osmótica, doenças sistêmicas ou metabólicas,
insuficiência renal crônica, infecção urinária.

Diabetes Gestacional
Intolerância a carboidratos, em diversos graus,
diagnosticado pela primeira vez durante a gestação, e
que pode persistir ou não após o parto. Essa disfunção
ocorre devido à liberação de alguns hormônios Fonte da imagem: http://www.diabeticool.com/todas-as-
vantagens-do-exercicio-fisico-na-gravidez/
necessários para manutenção da glicemia para mãe
e o bebê, como por exemplo: lactogênio placentário,
cortisol, progesterona e estrogênio. A liberação
desses hormônios associado a fatores de risco levam
à hiperinsulinemia relativa, insensibilidade tecidual à
insulina.

Fatores de risco

Idade maior que 35 anos, obesidade ou ganho


excessivo na gravidez atual (diabetes mellitus e
hipertensão arterial apresentam prevalência de duas a
seis vezes maior em mulheres com excesso de peso),
deposição central excessiva de gordura corporal,

30
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Sintomas FIGURA 24: Perda de massa magra e massa gorda.

Sintomas mais comuns no diabetes:

FIGURA 22: Polidipsia


Fonte da imagem: http://dtr2001.saude.gov.br/pratique_saude/
diabetes.htm

Fonte da imagem: http://www.medclick.com.br/slides/7-sinais-


e-sintomas-que-nao-podem-ser-ignorados.html

Tratamento

Para que o tratamento seja realizado deve ser


avaliada a condição de cada paciente individualmente,
FIGURA 23: Poliúria podendo ser realizado a terapia medicamentosa e
Fonte da imagem: http://tiojuliao.diabetes.org.br/Dias_Betty/
noticias/voce.php sempre envolvendo atividade física e dieta.

O medicamento mais utilizado no tratamento do


diabetes tipo II é a Metformina é utilizada desde
1960, pois não causa hipoglicemia, nem ganho de
peso e não age nas células β; o início do tratamento
é feito com baixas doses, aumentando lentamente
até o máximo de 2.550 mg/ dia. As principais ações
da Metformina são:

- Diminui a absorção intestinal da glicose.

- Diminui a gliconeogênese hepática.

- Aumenta a captação de glicose nos tecidos


muscular e adiposo (aumento da utilização periférica
de glicose).

- Diminui LDL, triglicerídeo e aumenta HDL.

- Diminui ou mantém os níveis de insulina e jejum.

- Reduz o apetite (efeito transitório).

31
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

- Pode induzir perda de peso. Feijão cozido 69


Feijão manteiga 44
Efeitos colaterais da Metformina: Lentilhas 38
All Bran 60
- Anorexia.
Corn Flakes 119
Aveia 78
- Alteração do paladar.
Mingau de aveia 87
Trigo cozido 105
- Náuseas, vômitos.
Farinha de trigo 99
Maça 52
- Diarreia.
Damasco seco 44
Banana 83
Kiwi 75
Sabemos que o diabetes leve pode ser tratado Manga 80
apenas com dieta e exercício físico. Quando pensamos Laranja 62
na dieta, deve ser considerado o índice glicêmico Pêssego enlatado 67
dos alimentos. Índice glicêmico é um indicador da Pêra 54
velocidade de transformação do carboidrato em Ervilhas 68
glicose. Ele mostra quão rápido um alimento ingerido Feijão de soja 23

consegue aumentar a glicemia, comparado a um Espaguete 59

alimento de referência, que pode ser a glicose ou o Batata cozida 121


Batata frita 107
pão branco.
Batata doce 77
Considera-se alto índice glicêmico valores maiores Inhame 73

que 85; índice glicêmico moderado entre 60 e 85; e Chocolate 84

baixo índice glicêmico menores que 60 (tabela). Pipoca 79


Amendoim 21
Tabela 7: Índice glicêmico dos alimentos Mel 104
ALIMENTOS ÍNDICE GLICÊMICO Frutose 32
Bolos 87 Glicose 138
Biscoitos 90 Sacarose 87
Crackers 99 Lactose 65
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.
Pão branco 101
Sorvete 84
A ingestão de alimentos com alto índice glicêmico
Leite integral 39
aumenta a glicemia e consequentemente gera
Leite desnatado 46
hiperinsulinemia, isso devido a uma diminuição da
Iogurte com sacarose 48
sensibilidade dos receptores de membrana à insulina
Iogurte sem sacarose 27
(resistência à insulina). Além disso, dificulta a
Cuscuz 93
entrada de glicose do meio extracelular para o meio
Milho 98
intracelular, fechando o círculo vicioso e provocando
Arroz branco 81
aumento da glicemia.
Arroz integral 79
Arroz parboilizado 68
Tapioca 115

32
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Benefícios do Exercício - Maior translocação da proteína transportadora


de glicose, GLUT- 4.
Outro ponto essencial no tratamento do diabetes
é a prática de atividade física, diversos benefícios - Aumento no número de GLUT-4, diminuindo a
estão relacionados a esta prática, como por exemplo, dependência muscular da insulina.
melhoras físicas e psicológicas. Pode também
- Os exercícios de força têm demonstrado maior
melhorar as funções cardiovascular, respiratória
eficiência na redução da resistência à insulina que os
e muscular, e ajudar a manter os níveis de glicose
exercícios de resistência aeróbia.
plasmática (normoglicemia). Além da importância
no tratamento do diabetes, o exercício
desempenha um papel muito importante na Prescrição do exercício
prevenção do surgimento dessa doença.
Recomendações do Colégio Americano de Medicina
Os benefícios gerados pelo exercício dependem do Esporte e da Associação Americana de Diabetes:
do tipo de diabetes e da gravidade da doença. No
- O exercício promove aumento da captação
diabetes tipo I o exercício auxilia no controle na
de glicose para os músculos com maior dependência
glicemia apenas em alguns casos, na maioria dos
de carboidratos como combustível para atividade
doentes não há interferência direta. No entanto
muscular com o aumento da intensidade.
é eficiente na redução dos riscos coronarianos,
cerebrovasculares e arteriais periféricos; também
- Contrações musculares estimulam o transporte
auxilia no controle da pressão arterial, aumento do
de glicose através de um mecanismo independente
gasto energético e melhora da qualidade de vida.
daquele prejudicado pela resistência à insulina.

Já para os pacientes com diabetes tipo II o exercício


- Embora o exercício moderado melhore a
promove benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais
glicemia e a insulina de forma aguda, o risco de
e eles podem ser alcançados a curto, médio e longo
hipoglicemia induzida pelo exercício é mínimo sem
prazo como, por exemplo:
uso de insulina exógena.

- Melhora no perfil lipídico.


- Hiperglicemia transitória: exercício intenso.

- Redução dos riscos cardiovasculares.


- Os efeitos agudos do treinamento de força
em pacientes com diabetes tipo II: menores níveis
- Aumento do gasto energético.
de glicemia em jejum por pelo menos 24 horas após
- Aumento da massa magra. o exercício.

- Redução da massa gorda. - O treinamento combinado (exercício aeróbio


+ treinamento de força) é mais eficaz no controle
- Melhora da qualidade de vida. da glicemia do que o treinamento aeróbio sozinho, o
efeito pode durar de 2 a 72 horas após o exercício,
- Melhora do controle glicêmico. esse tipo de exercício também melhora a oxidação de
lipídeos.
- Aumento da sensibilidade à insulina.
- O treinamento de força promove aumento da
massa magra, aumentando a captação de glicose.

33
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

- O exercício pode promover redução do peso realizada sempre em função da doença mais grave,
corporal, a duração deve ser em torno de 60 minutos mais limitante.
se o emagrecimento depender apenas do exercício.
- O paciente que possuir neuropatia periférica,
- Mínimo de 150 minutos por semana, de porém sem ulceração aguda, poderá realizar o
exercício aeróbio (moderado a vigoroso), três vezes treinamento de força e o exercício aeróbio em
por semana, não mais do que dois dias consecutivos. intensidade moderada, sempre atentando ao tipo
de sapato utilizado para reduzir o máximo possível o
- Treinamento de força (moderado a vigoroso), risco de ulceração nos pés.
pelo menos duas a três vezes por semana.
- A intensidade do exercício pode ser controlada
- O treinamento combinado traz benefícios através da porcentagem da frequência cardíaca
adicionais para a saúde, embora formas mais leves de reserva, lembrando a importância de realizar
de exercício (como a ioga) têm mostrado resultados o controle também com a escala de percepção de
conflitantes. esforço, que para o nível moderado deve ficar entre
11 e 14 (DIABETES CARE, 1990 785-789; 1994, p.
- Flexibilidade pode ser incluída, mas não deve 924-937)
substituir os treinamentos: aeróbio e força.
Sabemos que durante o exercício os músculos em
- Cuidado com níveis de glicemia superior a atividade chegam a captar sete vezes mais glicose em
300 mg /dL (16,7 mmol/ L) sem cetose. comparação com o período de repouso, esse aumento
na captação de glicose permanece por algum tempo
- Diabetes sem insulina exógena improvável ter após o término do exercício, podendo durar por até
hipoglicemia relacionada ao exercício. quatro horas após. A contração muscular faz que
os GLUT4 localizados no interior da célula migrem
- Em usuários de insulina é necessário
para a membrana se fundindo com a mesma e esse
completar com carboidratos para evitar hipoglicemia
efeito pode ser mantido por até 48h após a sessão de
durante e após o exercício, além de ajustar a dose
treino. Se o treinamento é interrompido, as melhoras
medicamentosa.
obtidas, na sensibilidade à insulina e na tolerância
a glicose desaparecem, porém, pode ser recuperada
- Ajuste da dose medicamentosa para evitar
rapidamente com o retorno a atividade.
hipoglicemia.

- Doença cardiovascular não é uma


EXERCÍCIO PARA HIPERTENSOS E
contraindicação absoluta para prática de exercício; CARDIOPATAS
deve ser avaliado cada caso individualmente e
principalmente o grau de comprometimento do Antes de aprofundarmos na prescrição de
organismo em função da presença da doença. exercícios para hipertensos temos que relembrar
alguns conceitos básicos, porém indispensáveis para
- Se a pessoa com diabetes apresentar o entendimento do conteúdo. Assim nossa primeira
angina classificada como risco moderado ou alto, o questão é: o que é pressão arterial?
programa de atividade física considerado deve ser o
de reabilitação cardíaca; quando um indivíduo possui
mais de uma doença, a prescrição do exercício é

34
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Controle da pressão arterial A pressão arterial depende do volume de sangue


ejetado pelo ventrículo esquerdo e da resistência
Pressão arterial é a mensuração da força exercida vascular periférica, a qual se localiza principalmente
pelo sangue contra a parede das grandes artérias. nas arteríolas, o volume de ejeção reflete a pressão
A existência dessa pressão é indispensável para a arterial sistólica, enquanto a resistência vascular
manutenção da homeostase, isso porque é necessário periférica reflete na pressão arterial diastólica.
que haja pressão sanguínea suficiente para que
o corpo possa circular por todo o corpo, chegando As maiores variações na pressão arterial são
normalmente ao sistema nervoso central e a todos decorrentes da flutuação do débito cardíaco, o qual
os outros tecidos. sofre grande influência das variações do retorno
venoso. A variação de pressão é determinada pela
Quando aferimos a pressão arterial de alguém fórmula:
podemos obter a pressão arterial sistólica, diastólica
e média. A pressão arterial sistólica reflete os PA = (VS x FC) x RVP
acontecimentos da sístole cardíaca, nesse momento
PA: Pressão Arterial
a pressão atinge seu valor máximo e a entrada de
sangue nos vasos supera a drenagem.
VS: Volume Sistólico

Já a pressão arterial diastólica reflete o fluxo


FC: Frequência Cardíaca
sanguíneo, o momento em que o sangue contido nos
vasos é liberado, ocasionando uma queda de pressão
RVP: Resistência Vascular Periférica.
até o seu nível mínimo e a medida de pressão que
tende a empurrar o sangue pelo sistema circulatório A modulação da pressão arterial se dá em função
é denominada pressão arterial média, que é não de dois mecanismos: neurais e humorais:
apenas a divisão de uma pressão pela outra; existe
uma equação própria para esse cálculo. - Neurais = tono simpático dirigido para o coração
e para as arteríolas.
FIGURA 25: Exemplo de cálculo da pressão arterial
média - Humorais = substâncias químicas lançadas
no meio extracelular que vão agir como de forma
sistêmica ou local.

Os ajustes neurais são realizados pelo sistema


nervoso autônomo: simpático e parassimpático.
A participação do sistema parassimpático é muito
restrita, quando ela ocorre promove uma redução de
cálcio (Ca++) e potássio (K+); esse evento leva a
uma hiperpolarização das células nodais – provocando
bradicardia e aumentando o tempo de condução do
impulso cardíaco através do nódulo atrioventricular;
diminuindo o potencial de ação e consequentemente
Fonte da imagem: Crédito Prof. Nivaldo Higajo, UNIFESP. a capacidade de gerar força de contração ventricular.

35
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

O sistema simpático inerva músculo liso nas liberado pelo fígado, chamado de angiotensinogênio,
artérias, arteríolas, vênulas e veias. O tono simpático após essa reação origina-se outra substância
refere-se à frequência de potenciais de ação nas denominada angiotensina I, no entanto, ela sozinha
fibras simpáticas. O nível do tono é dado pelos não pode ajudar o organismo a restabelecer o
baroceptores, receptores de volume do átrio e volume plasmático e a pressão arterial. Através de
quimioceptores, e o processamento da informação uma enzima liberada pelos pulmões (ECA – Enzima
ocorre no bulbo. Conversora de Angiotensina) a angiotensina I é
convertida em angiotensina II. A angiotensina II é
O aumento da atividade eferente simpática capaz de agir diretamente nas arteríolas estimulando
promove elevação da frequência cardíaca e da força que sofram vasoconstrição, e, portanto levando a um
de contração cardíaca levando a um consequente aumento da pressão arterial.
aumento do débito cardíaco. Também gera elevação
do tono arteriolar e assim da resistência vascular Entretanto, o problema ainda não está resolvido;
periférica e ainda é responsável pelo aumento do é necessário normalizar o volume sanguíneo, para
tono das vênulas, facilitando o retorno venoso. isso a angiotensina II estimula o córtex da glândula
suprarrenal a liberar o hormônio aldosterona; esse
FIGURA 26: Inervação simpática e parassimpática hormônio aumenta a reabsorção de sódio e a excreção
no coração de potássio, com isso ocorre uma maior retenção de
água levando a um aumento do volume plasmático e
por fim aumento da pressão arterial.

FIGURA 27: Sistema Renina Angiotensina


Aldosterona

Fonte da imagem: http://www.geocities.ws/arquivomedico/


imagens/vasosinervacao.gif

O principal sistema de controle humoral é


denominado SRAA – Sistema Renina Angiotensina
Aldosterona. O objetivo desse sistema é promover
aumento da pressão arterial, portanto, sua queda
é o fator ativador do sistema. A queda da pressão
arterial (neste caso) ocorre por uma redução do Fonte da imagem: http://www.ebah.com.br/content/
volume plasmático, que pode ser em função de uma ABAAAem2kAC/sistema-endocrino

hemorragia ou de uma desidratação, por exemplo.


Outro hormônio que pode auxiliar no controle da
Com a queda do volume plasmático ocorre pressão arterial é o ADH (hormônio antidiurético),
também uma redução da pressão arterial, as células também conhecido como vasopressina. Esse
justaglomerulares dos rins percebem essa alteração hormônio é liberado pela neuro-hipófise em
e liberam uma substância química denominada situações de redução do volume plasmático devido
renina, que por sua vez age sobre um substrato principalmente à desidratação. Ele age nas células

36
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

tubulares dos rins, estimulando reabsorção de água e assim auxiliando na manutenção do volume plasmático
e consequentemente da pressão arterial.

FIGURA 28: Secreção e ação do hormônio antidiurético (ADH)

Fonte da imagem: http://ilucas.com.br/?tag=alongamento-balistico

Hipertensão
Agora que já relembramos o que é, e quais os meios de controle da pressão arterial surge nossa segunda
questão: o que é hipertensão?

Hipertensão é uma doença crônica degenerativa, ou seja, há tratamento, porém não há cura. É considerada
uma síndrome multifatorial de causa desconhecida e acomete grande parte da população. Apesar de em sua
maioria a hipertensão ser de causa desconhecida, está fortemente associada com um maior risco de eventos
cardiovasculares e de doenças renais não fatais. Existem diversas tabelas que visam classificar o indivíduo
segundo sua pressão arterial e diagnosticar os indivíduos que apresentam o quadro de hipertensão, no
entanto, deve-se lembrar de que todas essas tabelas são construídas levando em consideração os parâmetros
da média populacional, assim, é de extrema importância considerar o caso de cada indivíduo. Quando
o indivíduo avaliado apresentar um biótipo muito discrepante da média população os valores de pressão
arterial, considerados normais, devem ser individualizados, isso porque para manutenção da homeostase a
pressão arterial pode ser diferente.

Tabela 8: Classificação da Pressão Arterial e Recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte.


Pressão Arterial Pressão Arterial Classificação
Sistólica Diastólica
< ou = 120 < ou = 80 Normal
120 a 139 89 Pré-hipertensão Dieta + Exercício
140 a 159 90 a 99 Hipertensão Leve Dieta + Exercício
>160 > 100 Hipertensão Dieta + Exercício
+ Fármaco
Fonte da imagem: ACSM, 1990

37
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

A epidemiologia da hipertensão é grave, sabe-se que ela já afeta aproximadamente um bilhão de indivíduos
no mundo inteiro e é responsável direta por 700.000 casos de derrames e 500.000 mortes por infarto
anualmente; 40% dos pacientes acometidos por hipertensão são levados a óbito.

Essa doença também contribui significativamente para problemas nos rins e doenças vasculares
periféricas. Estudos apontam que, em média, 75% e 65% dos casos de hipertensão em homens e mulheres,
respectivamente, são altamente relacionados com o sobrepeso e obesidade.

Existem diferentes tipos e prevalências de hipertensão:

- Aproximadamente 90% da população hipertensa apresenta hipertensão primária ou também conhecida


como essencial. Nesse tipo de hipertensão não existe um único fator responsável pela doença, diversos
fatores associados podem fazer que ela se desenvolva.

- Os 10% restantes da população hipertensa desenvolve a hipertensão secundária na qual a causa é


conhecida e geralmente está associada a alguma alteração renal.

- A hipertensão, se não tratada adequadamente, provoca lesões no sistema vascular e em órgãos alvos
(cérebro, coração e rins).

De acordo com o VII Consenso Brasileiro para o tratamento de Hipertensão Arterial, (JAMA, 2003) cerca
de 14 milhões de brasileiros são hipertensos, refletindo que essa doença tornou-se um problema de saúde
pública e necessita urgentemente de estratégias para prevenir o seu surgimento e reduzir as intercorrências
médicas decorrentes da doença.

Como já dito anteriormente para a maioria dos hipertensos a causa é multifatorial, podendo estar
relacionada a:

- História familiar.

- Idade.

- Raça.

- Consumo de sal em pessoas predispostas.

- Obesidade.

- Diabetes.

- Abuso de álcool.

- Vida sedentária.

- Tabagismo.

38
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

- Estresse. - Pós-menopausa.

Em relação ao histórico familiar foram identificadas O que muda da primeira para a quarta fase é a
mutações isoladas associadas ao surgimento de concentração de estrogênio que se torna cada vez
formas mendelianas raras de hipertensão arterial. menor com o passar das fases; na pós-menopausa
Com essa mutação ocorre um ganho de função a mulher praticamente não produz mais estrogênio,
nos transportadores do néfron distal, que resultam nesse momento ocorrem importantes alterações
em excessiva retenção de Na+, levando à retenção antropométricas, metabólicas, hemodinâmicas
de água, aumento do volume plasmático e e emocionais, aumentando a predisposição e o
consequentemente a elevação da pressão arterial. aparecimento de doenças cardiovasculares. Com tudo
isso, evidências indicam que o estrogênio endógeno
Para caracterizar maior risco de desenvolver teria efeito cardioprotetor.
hipertensão arterial deve se observar a incidência de
infarto do miocárdio, revascularização, AVC (Acidente Quando se trata de associação da hipertensão
Vascular Cerebral) ou morte súbita antes dos 55 anos com a etnia, sabemos que, de acordo com Barreto:
para pai ou irmão e antes dos 65 anos para mãe e
irmã. (...) os negros apresentam maiores
incidências dessa doença, quando comparados
Outro fator de risco importante é a idade. Vários a outras etnias. Sugere-se que eles tenham
fatores contribuem para a hipertensão arterial um defeito hereditário na captação celular de
sódio e cálcio, assim como em seu transporte
do idoso. Homens até 50 anos e mulheres a
renal, o que pode ser atribuído à presença de
partir dos 60 anos de idade apresentam redução
um gene economizador de sódio que leva ao
na complacência das grandes artérias, ou seja,
influxo celular de sódio e ao efluxo celular de
elas tornam-se mais rígidas, “cedendo” menos à
cálcio, facilitando deste modo o aparecimento
passagem do sangue e fazendo que a pressão arterial
da hipertensão arterial. Devido às diferentes
aumente. Com o envelhecimento ocorre também causas da doença, também há diferença de
uma hipossensibilidade barorreceptora, aumentando resposta aos fármacos; neste caso obtém-
a responsividade do sistema nervoso simpático; esse se melhores respostas ao tratamento com
estímulo aumenta na intenção de garantir pressão diuréticos e bloqueadores dos canais de cálcio,
arterial suficiente para que o sangue circule por todo quando comparados aos bloqueadores beta-
o corpo e chegue até o sistema nervoso central. adrenérgicos ou aos inibidores da ECA (enzima
Além disso, com o processo de envelhecimento todos conversora de angiotensina) (BARRETO, et al.,
os tecidos trabalham de maneira menos eficiente, 1993, p. 449-451).
incluindo os rins; isso leva a uma retenção de sódio,
aumenta a expansão plasmática e eleva a pressão Os fatores de risco acima citados como: histórico
arterial. familiar, idade e etnia não podem ser modificados,
todavia, existe um fator de risco extremamente
A mulher idosa passa por um período denominado preocupante e que pode ser modificado: a obesidade.
climatério, que é constituído por quatro fases:
Existem diversos métodos para classificação do
- Pré-menopausa. indivíduo quanto à obesidade, os mais simples
e, portanto, os mais utilizados são IMC (Índice De
- Perimenopausa. Massa Corporal) e circunferência da cintura. Sendo
classificado como obeso o indivíduo que apresentar
- Menopausa.

39
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

IMC> 30 kg/m e circunferência da cintura > 102 Duas adipocinas intensificam o processo descrito
cm – para homens e > 88 cm – para mulheres. acima e aumentam a formação da placa de ateroma.
Aproximadamente 17% dos obesos desenvolverão A primeira chama-se PCR (Proteína Reativa C). Ela
hipertensão arterial. aumenta a permeabilidade dos monócitos pelas
moléculas de adesão e a segunda chama-se TNF-α
A principal correlação da obesidade com o (Fator de Necrose Tumoral – alfa), que aumenta a
desenvolvimento de hipertensão está nas adipocinas, ligação do LDL nos receptores scavenger.
essas substâncias químicas são liberadas pelo
tecido adiposo branco e em sua maioria possuem FIGURA 29: Formação da placa de ateroma
características pró-inflamatórias. Algumas delas
auxiliam de maneira importante na formação da
placa de ateroma, tendo como consequência diversas
alterações hemodinâmicas, inclusive aumento da
pressão arterial.

Aterosclerose
O quadro que favorece a formação da placa de
ateroma é o LDL (lipoproteína de baixa densidade) FIGURA 30: Artéria com lúmen normal.
alto e o HDL (lipoproteína de alta densidade) baixo.
O LDL possui baixa densidade devido a sua alta
concentração de lipídeos, por esse mesmo motivo
é que ele possui maior afinidade pela parede das
artérias, se prendendo a elas. Esse LDL consegue
permear pela membrana da artéria instalando-se em
sua camada íntima, no entanto, na parede da artéria
existem moléculas denominadas moléculas de adesão;
através delas os monócitos que posteriormente irão
se diferenciar em macrófagos também conseguem
penetrar na íntima da artéria.
Fonte da imagem: http://www.cardiacstudycenter.com/pages/_
Heart_Disease.html
Já na íntima da artéria os macrófagos se unem
aos LDL através de receptores denominados
scavenger. Após essa ligação, os macrófagos iniciam
seu trabalho de fagocitose, na tentativa de eliminar
o LDL, entretanto, pela alta quantidade de lipídeos
a serem digeridos, os macrófagos não conseguem
terminar o trabalho, eles morrem durante o processo.
Assim restam: LDL parcialmente fagocitado e restos
de macrófago morto; essas estruturas juntas formam
as células espumosas, que ficarão acumuladas na
íntima da artéria, formando a placa de ateroma.

40
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

FIGURA 31: Artéria com placa de ateroma Na prescrição de exercícios aeróbios é indicado
o envolvimento de grandes grupos musculares e
preferencialmente movimentos cíclicos, como: andar/
correr, pedalar entre outros. A intensidade que mostra
maiores benefícios é a moderada, realizada por no
mínimo três vezes por semana.

Não existe uma prescrição fixa para esse grupo,


tudo vai depender das afinidades, escolhas do aluno
ou seu nível de aptidão e comprometimento físico
e fisiológico, todavia, a escolha da atividade deve
respeitar alguns princípios básicos, para que não
ofereça nenhum risco ao aluno:

- Escolher atividades que possibilitem aferir a


Fonte da imagem: https://lh5.googleusercontent.com/-
pressão arterial durante sua realização, assim, se
y7dkUkQBf-8/TXUT1Q3WyJI/AAAAAAAAAME/kEM4ien09ho/
s1600/CV005.jpg houver alguma alteração significativa o exercício
pode ser interrompido imediatamente.
FIGURA 32: Obstrução do vaso pela placa de
ateroma - Para que o indivíduo seja introduzido em um plano
de atividade física, sua pressão arterial precisa estar
controlada, mesmo que com o uso de medicamentos.
Isso porque sabemos que durante a atividade física a
pressão arterial sistólica sempre irá aumentar, e um
pico pressórico pode levar a um acidente vascular
cerebral (AVC), por exemplo.

- As atividades na água só são recomendadas


para os indivíduos com a pressão arterial controlada
há algum tempo, isso porque em imersão o corpo
sofre ação da pressão hidrostática (de baixo para
Fonte da imagem: http://fisioterapiapucminas.blogspot.com. cima), favorecendo o retorno venoso, aumentando
br/2010/05/doencas-isquemicas-cardiacas.html
o volume plasmático central e consequentemente a
pressão arterial.
Benefícios do exercício
- Em imersão não é possível aferir a pressão
O exercício é um importante aliado na prevenção
arterial. Ocorre uma queda da frequência cardíaca
da obesidade e da formação das placas de ateroma
em até 10 batimentos por minuto, já que ocorre
(através do controle de LDL e HDL) e também auxilia
um aumento do volume sistólico devido ao retorno
no controle dos fatores de risco para desenvolvimento
venoso favorecido.
da hipertensão. A prescrição de exercícios para
indivíduos hipertensos envolve exercícios aeróbios e - Acredita-se ainda que a água quente possa
de flexibilidade, além do treinamento de força. causar analgesia e camuflar um sintoma de angina.

41
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

A angina é considerada uma síndrome não é somente reconhecido como benéfico para
caracterizada por sensação de dor ou hipertensos, como é recomendada sua prática.
desconforto precordial ou torácico, ou menos
frequentemente, localizado na mandíbula ou A indicação é de que o treinamento de força para
membro superior esquerdo. Em geral ocorre em essa população seja baseado em uma prescrição
pacientes com doença aterosclerótica obstrutiva (> básica:
70% da luz do vaso), desencadeada ou agravada por
esforço físico e emoções e aliviada com repouso e A indicação é de que o treinamento de força para
nitrato sublingual. essa população seja baseado em uma prescrição
básica:
Prescrição do exercício para hipertensos • Uma a três séries.
Os estudos demonstram que com mais sessões
• Oito a dez exercícios.
de exercício por semana a redução pressórica é mais
significativa. É recomendado no mínimo três vezes
o Envolver grandes grupos musculares.
por semana e quando possível aumentar para cinco a
sete vezes por semana. A duração deve ser entre 30 e
o Alternar membros superiores e
60 minutos e a intensidade de 40 a 60% da frequência
inferiores.
cardíaca de reserva. (KINGWELL; JENNINGS, 1993).
• Intensidade por volta de 50% de 1
O controle da intensidade pode ser realizado
RM.
através do acompanhamento:
o 30 a 40% de 1RM para membros
- Da respiração: sem ficar ofegante (conseguir
superiores.
falar frases compridas sem interrupção).
o 50 a 60% de 1 RM para membros
- Pelo cansaço subjetivo: sentir-se moderadamente
inferiores.
cansado (escala de percepção de esforço entre 11 e
14). • Repetições = 10 a 15 até a fadiga
moderada.
- Pela frequência cardíaca.
o Cansaço 11 a 14 na escala de
Essa prescrição de exercício aeróbio é recomendada
percepção subjetiva de esforço.
pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte
e parece não oferecer prejuízos aos indivíduos o Prática = Se o aluno realizar 15
hipertensos. movimentos com facilidade, deve se aumentar
a intensidade.
Antigamente a prática de exercícios para
hipertensos era considerada por muitos como o Evidência de apneia com 10 repetições
arriscada, entretanto já havia recomendações para deve-se diminuir a intensidade.
o treinamento aeróbio, enquanto o treinamento de
força continuava sendo considerado arriscado e sem • As pausas devem ser longas, entre
grandes benefícios. Hoje o treinamento de força um e dois minutos.

42
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

• Progressão: ajustes que mantinham a pressão aumentada cessam


rapidamente, contudo a vasodilatação periférica se
o Quando atingir limite superior mantém durante um tempo maior, provocando assim
confortavelmente, deve aumentar 5% na a hipotensão pós-exercício.
carga.
Atividades físicas de características aeróbias
• Execução adequada apresentam redução significativa dos níveis
pressóricos pós-exercício, enquanto que depois
o Maneira rítmica com velocidade de exercícios resistidos têm sido evidenciados
moderada e controlada. resultados controversos, como a elevação,
manutenção, ou ainda redução da pressão
o Toda amplitude de movimento. arterial pós-exercício.

o Evitar apneia, manobra de valsalva, e Quanto maior for a duração da sessão de


isometria. exercício (45 min vs. 25 min) mais acentuado e
prolongado é o efeito hipotensivo pós-exercício,
• 1 RM e isso tem sido observado tanto para indivíduos
normotensos quanto para hipertensos.
• Material: elástico; pesos livres;
Existem evidências de que o exercício
máquinas.
realizado a 30%, 50% e 80% do VO2 pico resulta
em reduções semelhantes na pressão arterial
O treinamento de flexibilidade deve ser realizado
pós-exercício em normotensos. Intensidades
no mínimo duas vezes por semana, pode ser de
variadas, alternando-se entre 50% e 80% da
maneira isolada, ou associada ao treinamento de
frequência cardíaca de reserva, resultam em
força ou aeróbio (ACSM, 2004, p. 1435-1445).
valores pressóricos mais baixos durante 24h
pós-exercício em relação aos valores obtidos
Efeito hipotensivo pós-exercício no exercício de intensidade constante, realizado
a 60% da frequência cardíaca de reserva, em
Inúmeros benefícios estão relacionados à prática hipertensos.
de exercícios para indivíduos hipertensos; esses
benefícios estão divididos em agudos e crônicos. O São poucos os estudos que avaliaram a
principal efeito agudo refere-se ao efeito hipotensivo resposta pressórica ao exercício intervalado
pós-exercício. Durante o período de recuperação ou de intensidades alternadas, com maior
ocorre uma queda na pressão arterial abaixo dos número de pesquisas contemplando o exercício
valores pré-exercício, variando entre 5 a 7 mmHg a regular, refletindo as recomendações do Colégio
Americano de Medicina do Esporte, de exercícios
menos.
aeróbios a intensidades constantes para
controle da pressão arterialou tratamento não
Durante a transição do repouso para o exercício
medicamentoso da hipertensão arterial. (ACSM,
ocorre um aumento da pressão arterial sistólica, que
2004; FORJAZ et al. 1998, p. 1247-1255)
tende a se estabilizar durante o exercício (intensidade
constante). A pressão arterial diastólica normalmente
Quanto aos efeitos crônicos, no exercício físico
se mantém ou pode até apresentar uma queda
ajustado para uma mesma intensidade relativa não é
devido à vasodilatação arteriolar induzida pelo
verificada atenuação na pressão arterial em indivíduos
exercício. Quando o indivíduo termina o exercício e
normotensos, contudo, indivíduos hipertensos, em
inicia a recuperação (para os valores de repouso), os

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

cargas relativas, apresentam atenuação da pressão - Redução na reabsorção de sódio.


arterial. Os mecanismos para que isso aconteça são:
redução da atividade nervosa simpática, dos níveis - O efeito diurético é máximo em uma hora e a
de catecolaminas circulantes e da resistência vascular natriurese é de aproximadamente quatro horas.
sistêmica e aumento da excreção urinária de sódio.
- A gestante imersa durante 20 a 40 min resulta
O endotélio ainda é capaz de liberar substâncias em aumento das perdas de líquidos em torno de 300
vasodilatadoras: óxido nítrico (ON) - inibição da a 400 ml.
agregação e adesão plaquetária, da ativação
leucocitária e da proliferação muscular lisa; - É observada redução da renina plasmática,
prostaciclina (PGI2) - também inibe a agregação aldosterona e ADH.
plaquetária, diminui a quantidade de colesterol que
penetra nos macrófagos e células musculares lisas - Aumento do volume diastólico final e volume
e previne a liberação de fatores de crescimento sistólico final e do volume de ejeção.
que provocam o espessamento da parede vascular;
- Também apresenta queda da frequência
e vasoconstritoras: endotelina I; prostaglandina
cardíaca, pressão arterial diastólica e maior gasto
(PGH2); angiotensina II, que auxiliam na regulação
calórico (KIHLSTRAND et al. 1999,p. 180-185).
da pressão arterial.

Hipertensão gestacional DOENÇAS CARDIOVASCULARES


Nosso último assunto a ser tratado é sobre exercício
Um quadro importante e que deve ser bem
para cardiopatas, vamos ver que algumas coisas vão
acompanhado é o surgimento da hipertensão
em direção ao que foi discutido no tópico acima e
gestacional. Sua característica difere-se do conceito
outras são exclusivas para a população cardiopata.
clássico de hipertensão, isso porque esse quadro
é desencadeado devido a alterações fisiológicas e Os principais fatores de risco para desenvolvimento
hormonais da gestação e pode desaparecer após o de uma doença cardiovascular são: alteração nas
parto. concentrações de colesterol, inatividade física,
obesidade, hipertensão e tabagismo.
Durante a gestação vários hormônios aumentam
sua concentração com o objetivo de aumentar
a retenção hídrica e favorecer as adaptações
Aterosclerose
gestacionais, como aumento do volume plasmático e
Umas das doenças cardíacas mais citadas é
formação do líquido amniótico, esses hormônios são:
a formação da placa de ateroma, que se forma
progesterona, estrogênio, renina, aldosterona e ADH.
geralmente devido ao excesso de LDL e a baixa de
HDL. Como explicado anteriormente, a formação da
O exercício realizado em imersão auxilia no controle
placa ocorre no interior da camada íntima da artéria e
da pressão arterial de maneira mais importante do
está associada a um processo inflamatório, induzido
que o exercício em solo. Isso ocorre devido a ação
pelos macrófagos.
da pressão hidrostática, que favorece o retorno
venosos, aumenta o volume plasmático central e leva
A placa de ateroma pode chegar a um tamanho
a uma maior diurese (eliminação de água pela urina)
muito grande, levando à obstrução do vaso, que
e natriurese (eliminação de sódio pela urina). Outros
não permite mais realizar a irrigação sanguínea das
benefícios associados ao exercício em imersão são:
células. Esse quadro é caracterizado como infarto. O

44
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

infarto pode ser isquêmico ou hemorrágico. Vale a do cateterismo que também pode ser chamado de
pena lembrar que qualquer tecido pode sofrer um coronariografia; esse procedimento é um método de
infarto, já que ele é caracterizado por isquemia (falta diagnóstico bastante preciso para detectar doenças
de sangue), seguida por necrose. nas artérias coronárias, é considerado invasivo e
utiliza uma sonda ou cateter para identificar doenças
FIGURA 33: A) artéria normal; B) Início da placa de obstrutivas, obter detalhes anatômicos das cavidades
ateroma; C) Placa de ateroma avançada, obstruindo ou das válvulas do coração.
quase todo o lúmen do vaso.
Cateterismo

FIGURA 35: Cateterismo cardíaco

Fonte da imagem: http://daiapersonal.blogspot.com.br/2013/04/


sistema-cardiovascular-final.html

Infarto do miocárdio
FIGURA 34: Infarto agudo do miocárdio.

Fonte da imagem: http://www.saudemedicina.com/cateterismo-


entenda-um-pouco-sobre/

Um método muito utilizado no tratamento das


placas de ateroma é a colocação de stents. O objetivo
deste instrumento é manter o local obstruído,
dilatado, e assim permitir o fluxo sanguíneo e a
adequada irrigação dos tecidos. O implante do stent
segue alguns passos:
Fonte da imagem: http://marlivieira.blogspot.com.br/2010/02/
blog-post_13.html 1. Um raio-x é utilizado para orientar a passagem
do cateter até o local que está obstruído e fornecer
Quando há a suspeita de aterosclerose ou de apoio para o sistema de liberação de stent.
infarto agudo no miocárdio é solicitada a realização

45
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

2. Dois balões minúsculos desinsuflados são Revascularização


introduzidos junto ao cateter. O primeiro é insuflado
no local da obstrução com o objetivo de comprimir FIGURA 37: Revascularização
a placa contra a parede do vaso, dilatando-o. O
segundo a ser introduzido pelo cateter leva ligado
a ele o stent, quando na posição certa esse balão é
inflado prendendo o stent contra a parede do vaso,
fazendo que ele ajude a mantê-lo aberto.

3. São realizados exames para se certificar de que


o stent está totalmente aberto e o quanto o fluxo
sanguíneo melhorou.

4. Quando confirmado o procedimento correto,


o cateter balão, o fio guia, e o cateter guia serão
Fonte da imagem: http://www.drjeffchandler.com/2011/05/
removidos. revascularizacao-miocardica-safena.html

FIGURA 36: Colocação do stent Outra cardiopatia que podemos encontrar em


nossos alunos é a arritmia. Essa doença é causada,
em sua maioria, por um mau funcionamento no
nodo sinoatrial, estrutura cardíaca formada por
células autorrítmicas e responsável pela manutenção
do ritmo cardíaco, ou seja, por gerar os estímulos
para que o coração possa contrair. No caso de falha
dessa estrutura o coração não consegue manter
um ritmo suficiente para manutenção da vida, que
na população geral é em torno de 60 batimentos
Fonte da imagem: http://antonacciovascular.com.br/tratamentos/ por minuto (bpm), assim, torna-se necessária a
tratamento-para-doencas-arteriais/
implantação de um marca-passo cirúrgico que tem
como função manter esse ritmo.
Outro procedimento cardíaco comum é a cirurgia
de revascularização do miocárdio, o objetivo é criar
um novo caminho para que o sangue possa fluir,
como uma espécie de desvio do local de obstrução
de uma artéria. Para criar essa “ponte” pode ser
utilizada parte da safena ou da mamária.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Arritmia cardíaca

FIGURA 38: Marca-passo cirúrgico. O gerador envia estímulos elétricos, que são conduzidos pelos eletrodos
até o coração

Fonte da imagem: http://www.arritmiacardiaca.com.br/p_entendendo07.php

A estenose (estreitamento) aórtica é uma doença que pode ser congênita ou adquirida (febre reumática,
envelhecimento). Essa doença é caracterizada por uma obstrução da saída de sangue do coração e se
manifesta de forma gradual e crônica. Como a ejeção do sangue está prejudicada o ventrículo esquerdo é
forçado a produzir mais tensão durante a contração na tentativa de manter o débito cardíaco, essa força
extra do músculo cardíaco leva à sua hipertrofia, denominada então cardiomiopatia hipertrófica ventricular
esquerda. Esses ajustes conseguem manter o débito cardíaco normal por vários anos até apresentar déficits.
A preocupação, portanto, é durante o exercício, já que os ajustes gerados são suficientes para manter o
funcionamento no repouso, mas muito limitado no exercício.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Estenose aórtica
FIGURA 39: Estenose Aórtica. A e B representam uma valva aórtica saudável, quanto C e D representam
a estenose aórtica. A e C valva aórtica aberta e B e D valva aórtica fechada.

Fonte da imagem: http://sbhci.org.br/tavi/estenose-aortica/

As cardiopatias apresentadas acima são algumas das várias que podem acometer um indivíduo. Para que
um cardiopata possa realizar exercícios físicos é sempre necessária uma liberação médica; nela o médico
indicará se o paciente é de baixo, moderado ou alto risco. Para cada uma dessas situações há uma prescrição
de exercícios específica.

Risco cardíaco em cardiopatas


Tabela 9: Classificação do risco cardíaco em cardiopata
RISCO CARDÍACO PARA PACIENTES EM REABILITAÇÃO Baixo Moderado Alto
Habilidade de monitorar a própria Sim Sim Não
intensidade de exercício.
Habilidade de realizar exercício > 7 METs Sim Sim Não
Sinais de isquemia em repouso ou Não Não Sim
durante exercício < 5 METs
Sinais de isquemia em repouso ou Não Sim Não
durante exercício > 5 METs
Pressão arterial anormal durante o exercício Não Não Sim
Arritmias durante o exercício Não Não Sim
Dois ou mais infartos do miocárdio prévios Não Não Sim
Tratamento com corticosteroides Não Não Sim
Depressão clínica significativa Não Não Sim
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO Percepção de esforço: 13.

Sabendo em qual desses grupos o aluno se encaixa - Continuidade = 10-12 semanas.


podemos então realizar a prescrição do treinamento.
O treinamento deve ser realizado até que ocorra a
Uma consideração importante é a utilização de
fadiga voluntária, aumento de um a dois quilos para
medicamentos que possam interferir nas medidas
membros superiores e dois quilos e meio a cinco
de acompanhamento do exercício físico, como por
quilos para membros inferiores.
exemplo, a administração de betabloqueadores
que reduzem a frequência cardíaca e “mascaram” o
Intensidade: 40-50% de 1RM.
valores reais. Neste caso a frequência cardíaca torna-
se um método limitado para determinar a intensidade Repetições: 10-15.
do exercício, a utilização da escala e percepção de
esforço é considerada mais segura. Exercícios: 8-10 – descanso 30-60s.

A prescrição está dividida por fases (semanas) e Frequência: 2-3.


para pacientes de baixo e moderado risco e pacientes
de alto risco. Percepção de esforço: 17-20*.

- PACIENTES DE BAIXO E MODERADO RISCO O aumento deve ocorrer de acordo com a


tolerância do paciente. Os exercícios aeróbios e de
- Fase 1 = Duração de uma a duas semanas. alongamento devem ser mantidos durante todo o
programa de treinamento.
Mensuração dos parâmetros de saúde e exercício
aeróbio leve. - PACIENTES DE ALTO RISCO

- Fase 2 = Duração de duas a três semanas. - Fase 1 e 2 = uma a duas e duas a três semanas.

Teste indicativo de sintoma em exercício gradual, Idem para paciente de baixo risco.
TA, início TF leve, teste de preensão manual. Pesos
livres de 0,5-2,5 quilos, 8-10 exercícios, 10-15 - Fase 3 e 4 = Duração de quatro semanas.
repetições (uma série), percepção de esforço = 12-
13. Tomar precauções, liberação do médico.

- Fase 3 e 4 = Duração de quatro semanas. Evitar exercícios que tracionem ou alonguem o


esterno por 8 a 12 semanas.
Pesos livres e máquinas, podendo ser circuito.
Começar com pesos livres e/ou circuito.
Intensidade: 40-50% de 1RM.
Intensidade: 40-50% de 1RM.
Repetições: 10-15.
Repetições: 10-15.
Exercícios: 8-10 – descanso 30-60s.
Exercícios: 8-10 – descanso 30-60s.
Frequência: 2-3.
Frequência: 2-3.

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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

Percepção de esforço: 13. 20RM– Fc= 133bpm PAS= 158mmHg PAD=


82mmHg
- Continuidade = 10-12 semanas.
DP= número de repetições
O treinamento de força deve ser realização até
a fadiga voluntária, o aumento de um a dois quilos 1RM– 12709
para membros superiores e dois quilos e meio a cinco
quilos para membros inferiores. 6RM– 14663

Intensidade: 40-50% de 1RM. 20RM– 20997

Repetições: 10-15 DP acima de 40000 risco de IM

Exercícios: 8-10 – descanso 30-60s Exercício aeróbio de 20 min DP= 31811,9

Frequência: 2-3 (VINCENT; VINCENT, 2006 p.207-216)

Percepção de esforço: 15 A partir desse exemplo podemos concluir que o


exercício físico, tanto o aeróbio quanto o treinamento
Checar incômodos no esterno, periodicamente de força, é seguro para hipertensos e cardiopatas,
para pacientes de risco moderado; usar regimento incluindo o teste de uma repetição máxima para
similar, porém com 15 repetições na fase 4. determinação da carga de treino.

Para determinação da carga: inicie com pesos


leves para 10 a 12 repetições; com a percepção não
sendo superior a 13. Se o paciente for assintomático
e tolerar bem, pode ser imposto aumento de dois a
quatro quilos e meio a cada uma ou duas semanas.

Para pacientes hipertensos e cardiopatas é


muito importante considerar o duplo produto, ele
é um indicar de trabalho cardíaco. O duplo produto
é determinado pela pressão arterial sistólica X a
frequência cardíaca.

Exemplo:

Fc e PAS = número de repetições

1RM– Fc= 97bpm PAS= 131mmHg PAD=


72mmHg

6RM– Fc= 107bpm PAS= 137mmHg PAD=


78mmHg

50
Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos

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