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Idosos, Obesos,
Cardiopatas /
Hipertensos e
Diabéticos
Professora Bianca Ramalho
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
Exercício e envelhecimento 3
SUMÁRIO Exercício e obesidade 10
Exercício e diabetes 25
Doenças Cardiovasculares 44
Prescrição do exercício 49
Referências Bibliográficas 51
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
Objetivos: Ao final desta disciplina o aluno deverá culturais e sociais; maior acesso a medicamentos e
ser capaz de prescrever exercícios físicos para idosos, aumento na prática de atividade física.
obesos, diabéticos, cardiopatas e hipertensos. Para
isso deverá aplicar os conhecimentos aqui obtidos As alterações físicas e fisiológicas são inevitáveis;
sobre cada grupo, como: muitas vezes associadas a eventos particulares
ruins, como a perda do parceiro, começam a
-Alterações fisiológicas. aparecer alterações psicológicas, o que leva a um
isolamento social, diminui a atividade física diária
-Fisiopatologia. e aumenta o surgimento de doenças crônico-
degenerativas. Com todos esses acometimentos o
-Benefícios e Risco da prática de Exercícios Físicos. idoso acaba desenvolvendo dependência e perdendo
sua autonomia, o que gera queda significativa da
Palavras-chaves: fisiologia, fisiopatologia, qualidade de vida e aumenta ainda mais a morbidade
idoso, obeso, diabético, cardiopata, hipertenso. e mortalidade desses indivíduos.
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Anatomicamente o tamanho do coração não muda, Diversos mecanismos estão associados à redução
porém ocorre um aumento leve na massa e rigidez da força e potência muscular com a idade, entre eles:
da parede do ventrículo esquerdo, a aorta perde
elasticidade e o sistema cardiovascular apresenta - Alterações musculoesqueléticas.
uma redução na complacência. Essa redução na
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- Uso de medicamentos.
- Desnutrição.
- Atrofia muscular.
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A fraqueza muscular pode evoluir até que não ABVD = Atividades básicas da vida diária.
seja mais possível realizar atividades comuns da
vida diária. As variáveis da força mais estáveis com AIVD = Atividades intermediárias da vida diária.
o envelhecimento são as que recebem maiores
estímulos no dia a dia, determinados principalmente AAVD = Atividades avançadas da vida diária.
pelo estilo de vida e necessidades diárias, como por
exemplo: Nível I – Fisicamente incapaz. Fisicamente
dependente. Não realiza nenhuma AVD e tem total
- Força nos músculos envolvidos nas atividades da dependência dos outros.
vida diária.
Nível II – Fisicamente Frágil. Indivíduos que
- Força isométrica. podem fazer ABVD, mas não podem realizar nenhuma
AIVD, como fazer compras, lavar e limpar a casa.
- Ações de velocidade lenta.
Nível III – Fisicamente Independente. É capaz
- Ações repetidas de baixa intensidade. de realizar todas as AIVD e ABVD, sem sintomas
de doença crônica, mas com baixo nível de saúde e
- Força de articulação de pequenos ângulos. condicionamento físico.
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alongamento devem acontecer no mínimo duas vezes O declínio mais acentuado no equilíbrio ocorre a
na semana, acompanhadas de exercício aeróbio ou partir dos 60 anos de idade, há uma maior oscilação
de fortalecimento muscular. e a correção da estabilidade corporal perante
perturbação é mais lenta, dificultando a manutenção
Flexibilidade e Equilíbrio do equilíbrio estático e dinâmico, outro fator que
contribui para que isso aconteça é a deterioração da
A flexibilidade desenvolve-se até a idade adulta visão, sistema vestibular e somatossensorial.
(20-25 anos) e diminui com a idade, sendo mais
evidente a partir dos 55 anos. Os autores apontam Alterações degenerativas da coluna, desequilíbrio
como principal responsável pela redução da muscular e curva cifótica mais acentuada, favorecem
flexibilidade a falta de exercício físico. O exercício o desequilíbrio e a alteração da marcha do idoso.
mantém e/ou melhora a amplitude articular, mantém
o tecido conectivo saudável e atenua a degeneração FIGURA 5: Alterações geradas pelo envelhecimento
articular, prevenindo o aparecimento de doenças que aumentam o risco de quedas.
osteoarticulares.
Osteoporose
NÃO MODIFICÁVEIS
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MODIFICÁVEIS
• Tabagismo.
• Baixo peso.
• Deficiência de estrogênio.
Fonte da imagem: http://topazio1950.blogs.sapo.pt/51848.html
• Uso de glicocorticoide oral.
Um fator importante é que com o envelhecimento
• Alcoolismo. a mulher entra no climatério, situação na qual
ocorre uma redução gradativa nas concentrações
• Baixa ingestão de cálcio.
de estrogênio, até que este hormônio não seja mais
produzido. Sabemos que a deficiência de estrogênio
• Quedas frequentes.
é um dos fatores responsáveis pelo aumento da
osteoporose, isso porque os osteoclastos (células
• Sedentarismo.
secretoras de fatores (IL-6) que podem estimular
• Não adesão/uso incorreto da terapêutica sua própria formação e reabsorção óssea) e os
farmacologia. osteoblastos (células que sintetizam a parte orgânica
da matriz óssea), possuem receptores de estrogênio.
•Diminuição da acuidade visual (Osteoporose,
2013, disponível em: http://www.fisioclinica.com/ O exercício é um importante fator na prevenção e
index.php?:=artigos&c=13) tratamento da osteoporose. Sabemos que durante a
contração da musculatura, ocorre uma deformação
A osteoporose é um distúrbio osteometabólico óssea e o osso interpreta esta deformação como
caracterizado pela diminuição da densidade mineral um estímulo à formação, ativando, portanto, os
óssea, levando a um aumento da fragilidade osteoblastos e aumentando o depósito de cálcio na
esquelética e do risco de fraturas e está relacionado matriz óssea, fazendo o caminho inverso ao que leva
a um aumento da reabsorção óssea e uma redução à osteoporose.
da formação óssea.
A incidência de osteoporose por ano no Brasil é
Os principais fatores correlacionados à osteoporose muito elevada e gera consequências que podem ser
são: deficiência de estrogênio decorrente de permanentes:
amenorreia (distúrbio menstrual em que há ausência
- 70 mil pessoas com fratura no colo do fêmur.
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- Repetições: 8 a 12.
- Progressão: máquinas para pesos livres. Desde 1985, a Organização Mundial de Saúde
classificou a obesidade como uma doença crônica
- Grupos musculares: exercícios multiarticulares e
(ou seja, não há cura para esta doença e sim
monoarticulares.
tratamento), multifatorial (já que é resultado da
interação de diversos fatores predisponentes desta
- Frequência: duas a três vezes por semana em
doença como os fatores psicológicos, ambientais,
dias alternados.
dietéticos, endócrino-metabólicos, culturais e
genéticos) caracterizada pelo acúmulo excessivo de
- Tempo de recuperação entre as séries: um a
gordura no tecido adiposo, seja ele localizado ou em
dois minutos (American College of Sports Medicine,
todo o corpo.
1998, p.992-1008 )
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Etiologia
Fonte da imagem: https://geracoesk.wikispaces.com/Obesidade
O desenvolvimento da obesidade está relacionado
A obesidade ginoide está mais relacionada ao a fatores genéticos e ambientais, sendo que este
gênero feminino devido à ação do hormônio último é o principal responsável pelo surgimento da
estrogênio, pois ele tem como função armazenar doença. Entre os aspectos ambientais as causas mais
gordura nas mamas, glúteos e nas coxas. No homem importantes são: imprinting metabólico, aspectos
a predominância é do hormônio testosterona, psicológicos e aspectos socioeconômicos.
e, portanto apresentam baixas concentrações
de estrogênio, fazendo que a gordura não seja Imprinting metabólico consiste num fenômeno no
qual ocorrem as primeiras experiências nutricionais
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de um indivíduo, durante um período crítico e são citados entre os fatores causadores da doença
específico do desenvolvimento humano (fase fetal); na maioria das vezes. Entre as várias discussões
pode acarretar num efeito duradouro e persistente psicológicas sobre o desenvolvimento da obesidade,
ao longo da vida que predispõe ao desenvolvimento a de maior ocorrência é o aumento da ingestão
de doenças crônicas na fase adulta como obesidade, alimentar (geralmente de forma descontrolada)
doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Um como forma de suprir as necessidades e desarranjos
estudo feito com ratas demonstrou que quando a emocionais. De maneira mais popular, sabe-se que
mãe, durante a gestação, consumia uma grande vários indivíduos tentam sanar seus problemas com
quantidade de gordura TRANS, ela diminuía a o consumo de alimentos, na sua maioria, ricos em
expressão gênica da adiponectina (adipocina anti- açúcares e gorduras.
inflamatória; protetora) nos seus filhotes e este efeito
não era revertido mesmo que o filhote passasse a Dentro dos aspectos socioeconômicos encontram-
consumir uma alimentação saudável e equilibrada. se mais algumas vertentes: acesso à alimentação,
Portanto, os hábitos alimentares da mulher são de à informação e à prática de atividade física. O
grande importância e responsabilidade já que podem principal limitante do acesso à alimentação é o
determinar, geneticamente, a probabilidade de o recurso financeiro; sabemos que os alimentos
filho desenvolver doenças metabólicas. mais saudáveis, com menores taxas de açúcares e
gorduras, os alimentos integrais, as proteínas (carne,
Quando a mulher ganha peso excessivo ou abaixo peixe, frango), legumes, verduras e frutas são
do necessário durante a gestação facilita que o filho vendidos a valores muito altos, inacessível à maioria
desenvolva obesidade. Para as que ganham mais peso da população, que para alimentar toda a família,
do que seria necessário, o excesso de energia ingerida com uma baixa renda, consome predominantemente
passa também para o bebê através da placenta, carboidratos, açúcares e gorduras.
fazendo que as células adiposas queiram armazenar
essa energia e para isso sofram hiperplasia, assim, Quando pensamos no acesso à informação sobre
este bebê já nasce com uma quantidade de tecido a necessidade e importância do controle do peso
adiposo aumentado. para a saúde, sabemos que a maioria tem acesso
a essas informações, a dificuldade então é fazer
Por outro lado, quando o ganho de peso é que o indivíduo coloque em prática o que lhe foi
insuficiente durante a gestação, a baixa oferta de informado. Além de proporcionar o conhecimento
nutrientes para o feto, faz que seu organismo se deve ser pensada uma estratégia para modificar o
adapte à falta de energia e gaste menos para manter comportamento, fator esse considerado como mais
seu funcionamento, deixando o metabolismo baixo; difícil.
essa redução na capacidade metabólica se mantém
por toda a vida. Após o nascimento é comum os bebês Já em relação ao acesso à atividade física é
baixo peso receberem grande quantidade de comida, necessário criar espaços públicos de qualidade e com
como tentativa de compensação, porém, o excesso segurança para a prática do exercício; apesar do
de energia para um organismo com característica exercício ser extremamente democrático, podendo
metabólica baixa, faz que grande quantidade do que ser praticado por qualquer indivíduo que queira
é ingerido seja armazenado, favorecendo também o (caminhada no próprio bairro, por exemplo), locais e
surgimento da obesidade. orientações específicas para essa prática favorecem a
aderência e potencializam os resultados.
Os aspectos psicológicos geralmente são a base
para o desenvolvimento da obesidade, isso porque
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Além dos aspectos ambientais, a obesidade também pode ocorrer devido a fatores genéticos; acredita-
se que esses fatores possam responder por até 50% da variância no Índice de Massa Corporal (IMC) de
indivíduos obesos. Exceto em pacientes que possuem Síndromes Mendelianas (monogenéticas), a obesidade
é caracterizada com uma síndrome poligênica, e este é um dos fatores de ela ser considerada uma doença
tão complexa.
Suscetibilidade quer dizer que, quando submetido a um ambiente obesogênico (fatores ambientais
favoráveis ao desenvolvimento da obesidade), estes indivíduos que possuem alterações genéticas têm 50%
de chance a mais de desenvolver a obesidade. Mas se este indivíduo não for submetido a este ambiente
obesogênico, ele não se tornará obeso, ou seja, apesar da característica genética, o que determina o
surgimento da obesidade é o estilo de vida, o ambiente ao qual o indivíduo está inserido.
Avaliação da adiposidade
Uma das maneiras mais simples e mais utilizadas no mundo para verificar se um indivíduo está em seu
peso ideal é o Índice de Massa Corporal (IMC); ele é considerado um preditor internacional de obesidade
adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo
pelo quadrado de sua altura, na qual a massa está em quilogramas e a altura está em metros.
Essa tabela é utilizada para classificação de indivíduos adultos (acima de 18 anos de idade). Para a
classificação de crianças, o cálculo utilizado é o mesmo, porém os parâmetros são diferentes. Para crianças
e adolescentes são utilizadas as curvas de percentil. São duas tabelas dividas em meninos e meninas, com
idades entre dois e 20 anos. Nesse caso, a classificação é considerada pelo ponto de intersecção entre a
linha que corresponde à idade e a linha que corresponde ao IMC. Se o ponto de encontro estiver abaixo do
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percentil 5, é classificado como desnutrição; entre os percentis 5 e 85 é classificado como eutrófico (peso
normal); entre os percentis 85 e 95 a classificação é de sobrepeso e percentil maior que 95 é considerado
obesidade.
FIGURA 10: Curvas dos percentis para classificação de crianças e adolescentes, entre dois e 20 anos,
meninos e meninas.
Uma das grandes limitações do IMC, principalmente na avaliação de adultos, é que esta medida não
considera a composição corporal, então uma pessoa com grande quantidade de massa muscular e pouca
gordura, pelo IMC pode ser considerado obeso. Para amenizar esse erro é possível correlacionar o IMC com
outras medidas, como por exemplo, a circunferência da cintura.
A circunferência da cintura é utilizada de maneira isolada ou associada ao IMC para predizer o risco de
desenvolver doenças associadas à obesidade. Sendo os valores: maior que 94 cm para homens e maior que
80 cm para mulheres sendo considerado risco aumentado, maior que 102 cm para homens e 88 cm para
mulheres considerados como risco muito aumentado.
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Desde a década de 70 observa-se que com o passar dos anos o índice de pessoas com déficit de peso
reduziu, enquanto o de pessoas com sobrepeso e obesidade aumentou, sendo que a quantidade de mulheres
com sobrepeso e obesidade é maior do que a de homens; isso é determinado pelas diferenças biológicas,
quantidade de massa magra, metabolismo, hormônios, mas também sofre grande influência social, apesar
da mudança atual neste quadro ainda permanece uma porcentagem muito maior de mulheres que tem como
profissão cuidar do lar e dos filhos, aumentando assim a chance de hábitos alimentares e de atividade física
inadequados.
FIGURA 11: Incidência de sobrepeso e obesidade em homens e mulheres nas décadas de 70, 80/ 90 e
anos 2000.
Os estudos demonstram que os indivíduos com sobrepeso e obesidade apresentam uma redução da
expectativa de vida. Estima-se que os homens vivam menos 3,1 anos com sobrepeso e 5,8 com obesidade,
enquanto para mulheres a perda é de 3,4 anos com sobrepeso e de 7,1 anos com obesidade.
Porque emagrecer?
Com essas informações fica claro o porquê se deve emagrecer. Apesar da maioria dos indivíduos procurar
um programa de atividade física com o objetivo de estética, nosso objetivo como profissionais de educação
física é garantir um emagrecimento saudável, a fim de aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos
indivíduos obesos.
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A grande questão então é: porque obesos têm alta incidência de doenças crônico-degenerativas?
Atualmente sabemos que existem três tipos de tecido adiposo: o branco, o marrom e o bege, todos eles
possuem função de estoque de energia, proteção e liberação de energia. Entretanto, o tecido adiposo branco,
além dessas funções ainda possui a função de secreção. As substâncias liberadas por ele foram primeiramente
chamadas de citocinas e com o avançar dos estudos receberam o nome de adipocinas (citocinas secretadas
pelo tecido adiposo branco).
A maior parte dessas adipocinas são pró-inflamatórias, ou seja, trazem prejuízo ao funcionamento
fisiológico do nosso organismo, entre elas destacam-se: Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α) e interleucina-6
(IL-6), que estão intimamente relacionadas ao surgimento do diabetes tipo II, além da Proteína Reativa - C
(PCR), relacionada à formação de placas de ateroma, aumentando o risco cardiovascular. O tecido adiposo
também libera uma adipocina benéfica, que possui ação anti-inflamatória, denominada adiponectina, e ainda
é capaz de sintetizar e secretar o hormônio chamado de leptina, responsável pela sensação de saciedade do
nosso organismo.
O gasto calórico diário corresponde entre 60 e 75% ao metabolismo de repouso, ou seja, a quantidade
de energia que o organismo gasta para manter o funcionamento de todos os sistemas em uma situação
acordada. Entre 15 e 30% do gasto calórico diário são referentes ao efeito térmico da atividade física, ou
seja, quanto o organismo gasta de energia para realizar essas atividades e por fim 10% referem-se ao efeito
térmico das refeições, gasto energético necessário para digestão dos alimentos.
Princípios do emagrecimento
Para um emagrecimento saudável, não adiantam receitas malucas! Precisamos manter todos os nutrientes
e apenas ajustar quantidades e horários para o seu consumo, enquanto aumentamos o gasto de energia do
nosso organismo.
Quando perdemos muito peso de uma vez o organismo reajusta o seu metabolismo, diminuindo-o, pois
ele entende que você está passando por um período de privação, e ele economiza grande parte da energia
pensando na sobrevivência, ou seja, passa a gastar menos energia para manutenção da vida e dificulta o
balanço energético negativo, dificultando o emagrecimento.
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- Intervenção nutricional.
Levando em consideração tudo o que foi dito
sobre a leptina, surge uma questão: porque obesos
- Exercício Físico.
não sentem mais saciedade se eles possuem uma
quantidade significativamente maior de leptina?
- Suporte clínico.
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Balanço energético
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2001 2009
5x por semana Quanto mais, melhor (7x por semana)
Intensidade moderada. Intensidade moderada a vigorosa.
(Vigoroso só para melhora cardiovascular). Vigoroso melhor para composição corporal.
Volume médio 280 min Volume entre 225 e 420 min (+ melhor)
Treinamento de força para aumento Treinamento de força para aumento
de MM e manutenção do peso. de MM e manutenção do peso.
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.
Tabela 5. Atualização da recomendação: Atividade Física e Saúde Pública. Melhora da recomendação para
adultos do Colégio Americano de Medicina de Esporte e da Associação Americana de Cardiologia.
1995 2007
Preferencialmente todos os dias No mínimo cinco vezes por semana.
Exercício vigoroso implícito. Exercício vigoroso explícito.
Esclarece que moderado e vigoroso são
complementares para a saúde.
Quantidade recomendada era além Serviços como jardinagem e carpintaria
da rotina diária (não estava claro). por + de 10min contam na recomendação,
o original não especificava.
Importância explícita de exceder o mínimo
recomendado, para redução do risco de
doenças crônicas devido à inatividade
Acúmulo de pequenas séries de A.F Cada sessão deve durar no mínimo 10’.
p/ somar 30’. Não era específico.
Apenas comentava da importância Recomenda no mínimo 2x/sem 8-10
dos exercícios de força. exercícios – 8-12 repetições.
Clareza nas palavras: aeróbio e endurance x
exercício de força (agora incluso na recomendação).
Fonte da imagem: Elaborado pela professora.
Tipo de exercício
Uma questão relevante e que ainda é muito discutida é qual o melhor tipo de exercício para o
emagrecimento: treinamento de força ou aeróbio? Antigamente o mais indicado para indivíduos com objetivo
de emagrecimento era o exercício aeróbio, nem se falava em treinamento de força para essa população.
Hoje sabemos que cada um desses treinamentos tem sua importância. Ambos promovem aumento do gasto
calórico e favorecem o balanço energético negativo, o exercício aeróbio auxilia de maneira mais significativa
na melhora cardiorrespiratória, aumento do VO2 máx e controle do colesterol e triglicérides. O treinamento
de força é o principal responsável pelo aumento da força, velocidade, potência e melhora do equilíbrio, além
disso, o treinamento de força leva vantagem em relação ao aeróbio quando se trata do EPOC (consumo de
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oxigênio pós-exercício). O EPOC é um importante fator que auxilia no balanço energético negativo, ele é uma
perturbação metabólica geral caracterizada pelo metabolismo elevado após o exercício.
Na FIGURA acima é possível observar que existe um aumento exponencial no início do exercício e uma
tendência à estabilização até o final do exercício, isso em se tratando de exercício aeróbio de uma mesma
carga; já o exercício intermitente não apresenta essa estabilização, já que possui intervalos de
recuperação entre as séries. Após o exercício existe uma queda do consumo de oxigênio, uma queda
lenta, necessária ao organismo para retornar a sua condição de homeostase. Essa diminuição lenta é para
promover, por exemplo, restabelecimento dos conteúdos de oxigênio da hemoglobina e mioglobina, síntese
de glicogênio, ressíntese de ATP – CP, fosfagênios de alta energia.
- Temperatura corporal.
- Adrenalina/ Noradrenalina.
- Tiroxina.
- Glicocorticoides.
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- Reparação tecidual e Equilíbrio iônico. FIGURA 14: VO2 antes, durante e após exercício
aeróbio de intensidade leve
- Aumento dos volumes ventilatórios (10%).
- Temperatura corporal.
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Usar a escada ao invés do elevador queima Caminhar antes da hora do almoço não só queima
aproximadamente uma caloria a cada cinco passos. calorias, como também ajuda a conter a fome devido
à liberação de neurotransmissores e hormônios
Um lance de escadas, em média contém 15 passos. hiperglicêmicos, reduzindo assim a quantidade total
de ingestão calórica.
É possível emagrecer até 3,6 kg se você subir e
descer três lances de escada, uma vez por dia (todos 8. Estacione da maneira correta
os dias da semana) ao longo de um ano.
A menos que o tempo, a segurança, ou o horário
2. Fique em pé não permitam, os indivíduos devem tentar estacionar
seus veículos a uma distância suficientemente longe
Permanecer em pé queima mais calorias que a fim de forçá-los a andar uma boa distância até seu
permanecer sentado. destino.
Quando a quantidade de itens a serem comprados Por exemplo, ao viajar de avião, andar até o
for pequena, é melhor a utilização de cesta, assim portão de embarque/ desembarque ao invés de usar
o peso das compras auxilia do aumento do gasto um carro.
calórico.
E enquanto esperam pelo avião, devem andar
4. Fique algum tempo cara a cara pelo terminal ao invés de sentar e esperar.
Com o avanço da tecnologia as pessoas, 10. Lembre-se que sua avó estava certa
principalmente as crianças, saem de casa cada vez
menos, passando a maior parte do tempo utilizando Manter velhos hábitos, como caminhar mais e
os celulares, computadores e outros meios eletrônicos utilizar menos o carro, lavar a louça na mão ao invés
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de utilizar a máquina, subir as escadas em vez de dependente de insulina chama-se GLUT-4 e fica
utilizar escadas rolantes ou elevador, levantar para localizado no núcleo das células. Dois tecidos
trocar o canal, ao invés de utilizar o controle remoto e possuem GLUT-4 e, portanto, são dependentes de
tantas outras situações que podem fazer a diferença insulina, as células musculares e as do tecido
no balanço energético (PETERSON, 2000, p.44) adiposo.
EXERCÍCIO E DIABETES Para que a insulina possa exercer suas funções ela
deve se ligar ao seu receptor específico (receptor de
O Diabetes mellitus ou simplesmente diabetes é insulina). Por se tratar de um hormônio não-esteroide
a décima doença que mais causa óbitos nos Estados (característica proteica) ele não consegue ultrapassar
Unidos, onde cerca de 11 milhões de pessoas sofrem a membrana plasmática das células, portanto, seu
dessa doença. No Brasil está entre as dez principais receptor fica localizado na membrana celular, ele é
causas básicas de mortalidade no país. formado por duas subunidades α localizadas no meio
extracelular, e duas subunidades β que vão do meio
Esta doença é caracterizada por um distúrbio do extra ao meio intracelular.
metabolismo dos carboidratos, caracterizado por
níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) Na subunidade β existe uma enzima chamada
e presença de glicose na urina (glicosúria) e pode tirosina quinase. Essa enzima é ativada pela ligação
ocorrer devido a um comprometimento na produção da insulina na subunidade α que, quando ativa
e/ou na utilização da insulina. realiza fosforilação (doação de um grupo fosfato)
a partir de um ATP, fosforilando a subunidade β e
Insulina originando duas moléculas IRS-1 e IRS-2 (substratos
do receptor de insulina); após esta reação, todas as
A insulina é um hormônio produzido pela porção que se seguem são por fosforilação.
endócrina do pâncreas. O pâncreas é uma glândula
que possui duas porções: endócrina e exócrina. A A primeira molécula fosforilada é a PI3-q
porção exócrina é responsável pela síntese e secreção (fosfatidilinositol 3-quinase), uma vez ativada
de enzimas que auxiliam no processo digestivo e promove fosforilação de fosfoinositídeos localizados
são lançadas no sistema digestório através do ducto na membrana, essas moléculas doam seu grupo
pancreático chegando pelo duodeno, no intestino fosfato para a PDK (piruvato desidrogenase quinase),
delgado. que por sua vez realiza a fosforilação da AKT
(quinases serina/ treonina), é a AKT que quando fica
A porção endócrina do pâncreas é formada por ativada promove fosforilação e consequentemente
um conjunto de células: α, β e Δ, que juntas formam ativação do GLUT-4, que se transloca (migra) para
as ilhotas de Langerhans. Cada uma dessas células é a membrana e promove finalmente a captação da
responsável pela produção de determinado hormônio. glicose. Qualquer erro em uma dessas reações
As células α secretam glucagon; as células β secretam compromete a ativação do GLUT-4 e gera a chamada
insulina e as células Δ liberam somatostatina. Como o resistência a insulina.
hormônio relacionado ao diabetes é a insulina vamos
estudar seus mecanismos de ação de forma mais
aprofundada.
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
FIGURA 17: Via de sinalização intracelular da pacientes a produção de insulina é normal, porém,
insulina. ela não consegue exercer sua função com eficiência.
Neste caso são acometidos, em geral, adultos com
mais de 40 anos, entretanto, houve um aumento
impressionante na incidência em crianças, situação
induzida por aumento significativo na obesidade
infantil.
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
aumento da liberação de ácidos graxos livres e glicerol FIGURA 19: Doença cardiovascular (aterosclerose).
dos adipócitos, os aminoácidos e glicerol servem
como substrato para gliconeogênese hepática. Com
a ausência da insulina ocorre a formação de corpos
cetônicos, isso devido a maior oxidação de ácidos
graxos livres.
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- Inspeção e exame regular dos pés e calçados: todos os pacientes diabéticos devem ter seus pés
examinados pelo menos uma vez por ano.
- Calçados apropriados.
- Tratamento de patologia não ulcerativa. Em pacientes de alto risco, os calos, as alterações patológicas
de unhas e pele devem ser tratadas regularmente e preferivelmente por profissionais treinados em cuidados
dos pés.
Apesar do diabético tipo II ser conhecido como não insulinodependente, em alguns casos a administração
de insulina nessa doença se faz necessária, como:
- Hiperglicemia severa.
- Gravidez.
- Corticoterapia.
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É um subtipo de diabetes mellitus caracterizado por manifestação precoce (em geral abaixo dos 25
anos de idade) e com transmissão autossômica dominante (determinada em pelo menos três gerações).
Corresponde a um defeito primário na secreção de insulina, associado à disfunção na célula β pancreática e
não há autoimunidade.
Diabetes MODY 2
Neste tipo ocorre uma queda na sensibilidade à glicose na célula β, levando a uma hiperglicemia leve.
A prevalência de complicações crônicas vasculares (micro/ macroangiopatias) é considerada baixa
quando comparada a outras formas de diabetes. Menos de 2% dos casos requerem insulina e menos de 20%
administram hipoglicemiantes.
Diabetes MODY 3
O início desta doença ocorre por volta dos 21 anos de idade, caracterizada por um aumento da glicemia,
com piora ao longo dos anos, 50% desses doentes precisarão de insulina com o decorrer da doença, já que
a secreção de insulina é inapropriada.
Diabetes LADA
Subgrupo de diabetes autoimune que se manifesta mais tardiamente, após os 35 anos de idade. É
caracterizado por um longo período assintomático, ausência de sintomas agudos ou cetonúria (presença de
corpos cetônicos na urina) preservação da função residual das células β, simulando muitas vezes o diabetes
tipo II. Este tipo de diabetes é responsável por 10% de todos os casos de diabetes, ela ainda responde pelo
segundo pico de incidência de diabetes autoimune entre os 50 e 60 anos de idade, bastante distante do pico
conhecido da criança e adolescente.
Diabetes Insipidus
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
Esse tipo de diabetes surge em decorrência de histórico familiar de diabetes, baixa estatura (menor
uma deficiência na produção de ADH (hormônio que 1,50m), crescimento fetal excessivo, hipertensão
antidiurético) ou resistência a sua ação; em função ou pré-eclâmpsia na gravidez atual, antecedentes
disso ocorre perda da capacidade de reabsorver água, obstétricos como morte fetal, ou neonatal e
levando à poliúria (volume urinário muito grande), macrossomia (crescimento fetal exagerado). Os
sede e desidratação, mucosas secas, saliva escassa, sintomas apresentados nesse caso são: poliúria
urina com baixa densidade, hipertermia, hipotensão (volume de urina muito elevado); polidipsia (sede
e coma. excessiva); polifagia (fome excessiva), perda ou
ganho de peso exagerado; cansaço, fraqueza e
Diabetes Insipidus Central: desânimo. As principais consequências são: parto
cesárea, macrossomia, bebê com hipoglicemia e
nesta doença podem ser encontrados dois tipos. morte fetal intrauterina.
O primário: idiopático (autoimune), forma familiar
(hereditário). E secundário: tumores, traumas, FIGURA 21: Macrossomia (crescimento fetal
infecções, doença vascular, gravidez. exagerado).
Diabetes Gestacional
Intolerância a carboidratos, em diversos graus,
diagnosticado pela primeira vez durante a gestação, e
que pode persistir ou não após o parto. Essa disfunção
ocorre devido à liberação de alguns hormônios Fonte da imagem: http://www.diabeticool.com/todas-as-
vantagens-do-exercicio-fisico-na-gravidez/
necessários para manutenção da glicemia para mãe
e o bebê, como por exemplo: lactogênio placentário,
cortisol, progesterona e estrogênio. A liberação
desses hormônios associado a fatores de risco levam
à hiperinsulinemia relativa, insensibilidade tecidual à
insulina.
Fatores de risco
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Tratamento
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
- O exercício pode promover redução do peso realizada sempre em função da doença mais grave,
corporal, a duração deve ser em torno de 60 minutos mais limitante.
se o emagrecimento depender apenas do exercício.
- O paciente que possuir neuropatia periférica,
- Mínimo de 150 minutos por semana, de porém sem ulceração aguda, poderá realizar o
exercício aeróbio (moderado a vigoroso), três vezes treinamento de força e o exercício aeróbio em
por semana, não mais do que dois dias consecutivos. intensidade moderada, sempre atentando ao tipo
de sapato utilizado para reduzir o máximo possível o
- Treinamento de força (moderado a vigoroso), risco de ulceração nos pés.
pelo menos duas a três vezes por semana.
- A intensidade do exercício pode ser controlada
- O treinamento combinado traz benefícios através da porcentagem da frequência cardíaca
adicionais para a saúde, embora formas mais leves de reserva, lembrando a importância de realizar
de exercício (como a ioga) têm mostrado resultados o controle também com a escala de percepção de
conflitantes. esforço, que para o nível moderado deve ficar entre
11 e 14 (DIABETES CARE, 1990 785-789; 1994, p.
- Flexibilidade pode ser incluída, mas não deve 924-937)
substituir os treinamentos: aeróbio e força.
Sabemos que durante o exercício os músculos em
- Cuidado com níveis de glicemia superior a atividade chegam a captar sete vezes mais glicose em
300 mg /dL (16,7 mmol/ L) sem cetose. comparação com o período de repouso, esse aumento
na captação de glicose permanece por algum tempo
- Diabetes sem insulina exógena improvável ter após o término do exercício, podendo durar por até
hipoglicemia relacionada ao exercício. quatro horas após. A contração muscular faz que
os GLUT4 localizados no interior da célula migrem
- Em usuários de insulina é necessário
para a membrana se fundindo com a mesma e esse
completar com carboidratos para evitar hipoglicemia
efeito pode ser mantido por até 48h após a sessão de
durante e após o exercício, além de ajustar a dose
treino. Se o treinamento é interrompido, as melhoras
medicamentosa.
obtidas, na sensibilidade à insulina e na tolerância
a glicose desaparecem, porém, pode ser recuperada
- Ajuste da dose medicamentosa para evitar
rapidamente com o retorno a atividade.
hipoglicemia.
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O sistema simpático inerva músculo liso nas liberado pelo fígado, chamado de angiotensinogênio,
artérias, arteríolas, vênulas e veias. O tono simpático após essa reação origina-se outra substância
refere-se à frequência de potenciais de ação nas denominada angiotensina I, no entanto, ela sozinha
fibras simpáticas. O nível do tono é dado pelos não pode ajudar o organismo a restabelecer o
baroceptores, receptores de volume do átrio e volume plasmático e a pressão arterial. Através de
quimioceptores, e o processamento da informação uma enzima liberada pelos pulmões (ECA – Enzima
ocorre no bulbo. Conversora de Angiotensina) a angiotensina I é
convertida em angiotensina II. A angiotensina II é
O aumento da atividade eferente simpática capaz de agir diretamente nas arteríolas estimulando
promove elevação da frequência cardíaca e da força que sofram vasoconstrição, e, portanto levando a um
de contração cardíaca levando a um consequente aumento da pressão arterial.
aumento do débito cardíaco. Também gera elevação
do tono arteriolar e assim da resistência vascular Entretanto, o problema ainda não está resolvido;
periférica e ainda é responsável pelo aumento do é necessário normalizar o volume sanguíneo, para
tono das vênulas, facilitando o retorno venoso. isso a angiotensina II estimula o córtex da glândula
suprarrenal a liberar o hormônio aldosterona; esse
FIGURA 26: Inervação simpática e parassimpática hormônio aumenta a reabsorção de sódio e a excreção
no coração de potássio, com isso ocorre uma maior retenção de
água levando a um aumento do volume plasmático e
por fim aumento da pressão arterial.
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tubulares dos rins, estimulando reabsorção de água e assim auxiliando na manutenção do volume plasmático
e consequentemente da pressão arterial.
Hipertensão
Agora que já relembramos o que é, e quais os meios de controle da pressão arterial surge nossa segunda
questão: o que é hipertensão?
Hipertensão é uma doença crônica degenerativa, ou seja, há tratamento, porém não há cura. É considerada
uma síndrome multifatorial de causa desconhecida e acomete grande parte da população. Apesar de em sua
maioria a hipertensão ser de causa desconhecida, está fortemente associada com um maior risco de eventos
cardiovasculares e de doenças renais não fatais. Existem diversas tabelas que visam classificar o indivíduo
segundo sua pressão arterial e diagnosticar os indivíduos que apresentam o quadro de hipertensão, no
entanto, deve-se lembrar de que todas essas tabelas são construídas levando em consideração os parâmetros
da média populacional, assim, é de extrema importância considerar o caso de cada indivíduo. Quando
o indivíduo avaliado apresentar um biótipo muito discrepante da média população os valores de pressão
arterial, considerados normais, devem ser individualizados, isso porque para manutenção da homeostase a
pressão arterial pode ser diferente.
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A epidemiologia da hipertensão é grave, sabe-se que ela já afeta aproximadamente um bilhão de indivíduos
no mundo inteiro e é responsável direta por 700.000 casos de derrames e 500.000 mortes por infarto
anualmente; 40% dos pacientes acometidos por hipertensão são levados a óbito.
Essa doença também contribui significativamente para problemas nos rins e doenças vasculares
periféricas. Estudos apontam que, em média, 75% e 65% dos casos de hipertensão em homens e mulheres,
respectivamente, são altamente relacionados com o sobrepeso e obesidade.
- A hipertensão, se não tratada adequadamente, provoca lesões no sistema vascular e em órgãos alvos
(cérebro, coração e rins).
De acordo com o VII Consenso Brasileiro para o tratamento de Hipertensão Arterial, (JAMA, 2003) cerca
de 14 milhões de brasileiros são hipertensos, refletindo que essa doença tornou-se um problema de saúde
pública e necessita urgentemente de estratégias para prevenir o seu surgimento e reduzir as intercorrências
médicas decorrentes da doença.
Como já dito anteriormente para a maioria dos hipertensos a causa é multifatorial, podendo estar
relacionada a:
- História familiar.
- Idade.
- Raça.
- Obesidade.
- Diabetes.
- Abuso de álcool.
- Vida sedentária.
- Tabagismo.
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- Estresse. - Pós-menopausa.
Em relação ao histórico familiar foram identificadas O que muda da primeira para a quarta fase é a
mutações isoladas associadas ao surgimento de concentração de estrogênio que se torna cada vez
formas mendelianas raras de hipertensão arterial. menor com o passar das fases; na pós-menopausa
Com essa mutação ocorre um ganho de função a mulher praticamente não produz mais estrogênio,
nos transportadores do néfron distal, que resultam nesse momento ocorrem importantes alterações
em excessiva retenção de Na+, levando à retenção antropométricas, metabólicas, hemodinâmicas
de água, aumento do volume plasmático e e emocionais, aumentando a predisposição e o
consequentemente a elevação da pressão arterial. aparecimento de doenças cardiovasculares. Com tudo
isso, evidências indicam que o estrogênio endógeno
Para caracterizar maior risco de desenvolver teria efeito cardioprotetor.
hipertensão arterial deve se observar a incidência de
infarto do miocárdio, revascularização, AVC (Acidente Quando se trata de associação da hipertensão
Vascular Cerebral) ou morte súbita antes dos 55 anos com a etnia, sabemos que, de acordo com Barreto:
para pai ou irmão e antes dos 65 anos para mãe e
irmã. (...) os negros apresentam maiores
incidências dessa doença, quando comparados
Outro fator de risco importante é a idade. Vários a outras etnias. Sugere-se que eles tenham
fatores contribuem para a hipertensão arterial um defeito hereditário na captação celular de
sódio e cálcio, assim como em seu transporte
do idoso. Homens até 50 anos e mulheres a
renal, o que pode ser atribuído à presença de
partir dos 60 anos de idade apresentam redução
um gene economizador de sódio que leva ao
na complacência das grandes artérias, ou seja,
influxo celular de sódio e ao efluxo celular de
elas tornam-se mais rígidas, “cedendo” menos à
cálcio, facilitando deste modo o aparecimento
passagem do sangue e fazendo que a pressão arterial
da hipertensão arterial. Devido às diferentes
aumente. Com o envelhecimento ocorre também causas da doença, também há diferença de
uma hipossensibilidade barorreceptora, aumentando resposta aos fármacos; neste caso obtém-
a responsividade do sistema nervoso simpático; esse se melhores respostas ao tratamento com
estímulo aumenta na intenção de garantir pressão diuréticos e bloqueadores dos canais de cálcio,
arterial suficiente para que o sangue circule por todo quando comparados aos bloqueadores beta-
o corpo e chegue até o sistema nervoso central. adrenérgicos ou aos inibidores da ECA (enzima
Além disso, com o processo de envelhecimento todos conversora de angiotensina) (BARRETO, et al.,
os tecidos trabalham de maneira menos eficiente, 1993, p. 449-451).
incluindo os rins; isso leva a uma retenção de sódio,
aumenta a expansão plasmática e eleva a pressão Os fatores de risco acima citados como: histórico
arterial. familiar, idade e etnia não podem ser modificados,
todavia, existe um fator de risco extremamente
A mulher idosa passa por um período denominado preocupante e que pode ser modificado: a obesidade.
climatério, que é constituído por quatro fases:
Existem diversos métodos para classificação do
- Pré-menopausa. indivíduo quanto à obesidade, os mais simples
e, portanto, os mais utilizados são IMC (Índice De
- Perimenopausa. Massa Corporal) e circunferência da cintura. Sendo
classificado como obeso o indivíduo que apresentar
- Menopausa.
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
IMC> 30 kg/m e circunferência da cintura > 102 Duas adipocinas intensificam o processo descrito
cm – para homens e > 88 cm – para mulheres. acima e aumentam a formação da placa de ateroma.
Aproximadamente 17% dos obesos desenvolverão A primeira chama-se PCR (Proteína Reativa C). Ela
hipertensão arterial. aumenta a permeabilidade dos monócitos pelas
moléculas de adesão e a segunda chama-se TNF-α
A principal correlação da obesidade com o (Fator de Necrose Tumoral – alfa), que aumenta a
desenvolvimento de hipertensão está nas adipocinas, ligação do LDL nos receptores scavenger.
essas substâncias químicas são liberadas pelo
tecido adiposo branco e em sua maioria possuem FIGURA 29: Formação da placa de ateroma
características pró-inflamatórias. Algumas delas
auxiliam de maneira importante na formação da
placa de ateroma, tendo como consequência diversas
alterações hemodinâmicas, inclusive aumento da
pressão arterial.
Aterosclerose
O quadro que favorece a formação da placa de
ateroma é o LDL (lipoproteína de baixa densidade) FIGURA 30: Artéria com lúmen normal.
alto e o HDL (lipoproteína de alta densidade) baixo.
O LDL possui baixa densidade devido a sua alta
concentração de lipídeos, por esse mesmo motivo
é que ele possui maior afinidade pela parede das
artérias, se prendendo a elas. Esse LDL consegue
permear pela membrana da artéria instalando-se em
sua camada íntima, no entanto, na parede da artéria
existem moléculas denominadas moléculas de adesão;
através delas os monócitos que posteriormente irão
se diferenciar em macrófagos também conseguem
penetrar na íntima da artéria.
Fonte da imagem: http://www.cardiacstudycenter.com/pages/_
Heart_Disease.html
Já na íntima da artéria os macrófagos se unem
aos LDL através de receptores denominados
scavenger. Após essa ligação, os macrófagos iniciam
seu trabalho de fagocitose, na tentativa de eliminar
o LDL, entretanto, pela alta quantidade de lipídeos
a serem digeridos, os macrófagos não conseguem
terminar o trabalho, eles morrem durante o processo.
Assim restam: LDL parcialmente fagocitado e restos
de macrófago morto; essas estruturas juntas formam
as células espumosas, que ficarão acumuladas na
íntima da artéria, formando a placa de ateroma.
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
FIGURA 31: Artéria com placa de ateroma Na prescrição de exercícios aeróbios é indicado
o envolvimento de grandes grupos musculares e
preferencialmente movimentos cíclicos, como: andar/
correr, pedalar entre outros. A intensidade que mostra
maiores benefícios é a moderada, realizada por no
mínimo três vezes por semana.
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Idosos, Obesos, Cardiopatas/Hipertensos e Diabéticos
A angina é considerada uma síndrome não é somente reconhecido como benéfico para
caracterizada por sensação de dor ou hipertensos, como é recomendada sua prática.
desconforto precordial ou torácico, ou menos
frequentemente, localizado na mandíbula ou A indicação é de que o treinamento de força para
membro superior esquerdo. Em geral ocorre em essa população seja baseado em uma prescrição
pacientes com doença aterosclerótica obstrutiva (> básica:
70% da luz do vaso), desencadeada ou agravada por
esforço físico e emoções e aliviada com repouso e A indicação é de que o treinamento de força para
nitrato sublingual. essa população seja baseado em uma prescrição
básica:
Prescrição do exercício para hipertensos • Uma a três séries.
Os estudos demonstram que com mais sessões
• Oito a dez exercícios.
de exercício por semana a redução pressórica é mais
significativa. É recomendado no mínimo três vezes
o Envolver grandes grupos musculares.
por semana e quando possível aumentar para cinco a
sete vezes por semana. A duração deve ser entre 30 e
o Alternar membros superiores e
60 minutos e a intensidade de 40 a 60% da frequência
inferiores.
cardíaca de reserva. (KINGWELL; JENNINGS, 1993).
• Intensidade por volta de 50% de 1
O controle da intensidade pode ser realizado
RM.
através do acompanhamento:
o 30 a 40% de 1RM para membros
- Da respiração: sem ficar ofegante (conseguir
superiores.
falar frases compridas sem interrupção).
o 50 a 60% de 1 RM para membros
- Pelo cansaço subjetivo: sentir-se moderadamente
inferiores.
cansado (escala de percepção de esforço entre 11 e
14). • Repetições = 10 a 15 até a fadiga
moderada.
- Pela frequência cardíaca.
o Cansaço 11 a 14 na escala de
Essa prescrição de exercício aeróbio é recomendada
percepção subjetiva de esforço.
pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte
e parece não oferecer prejuízos aos indivíduos o Prática = Se o aluno realizar 15
hipertensos. movimentos com facilidade, deve se aumentar
a intensidade.
Antigamente a prática de exercícios para
hipertensos era considerada por muitos como o Evidência de apneia com 10 repetições
arriscada, entretanto já havia recomendações para deve-se diminuir a intensidade.
o treinamento aeróbio, enquanto o treinamento de
força continuava sendo considerado arriscado e sem • As pausas devem ser longas, entre
grandes benefícios. Hoje o treinamento de força um e dois minutos.
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infarto pode ser isquêmico ou hemorrágico. Vale a do cateterismo que também pode ser chamado de
pena lembrar que qualquer tecido pode sofrer um coronariografia; esse procedimento é um método de
infarto, já que ele é caracterizado por isquemia (falta diagnóstico bastante preciso para detectar doenças
de sangue), seguida por necrose. nas artérias coronárias, é considerado invasivo e
utiliza uma sonda ou cateter para identificar doenças
FIGURA 33: A) artéria normal; B) Início da placa de obstrutivas, obter detalhes anatômicos das cavidades
ateroma; C) Placa de ateroma avançada, obstruindo ou das válvulas do coração.
quase todo o lúmen do vaso.
Cateterismo
Infarto do miocárdio
FIGURA 34: Infarto agudo do miocárdio.
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Arritmia cardíaca
FIGURA 38: Marca-passo cirúrgico. O gerador envia estímulos elétricos, que são conduzidos pelos eletrodos
até o coração
A estenose (estreitamento) aórtica é uma doença que pode ser congênita ou adquirida (febre reumática,
envelhecimento). Essa doença é caracterizada por uma obstrução da saída de sangue do coração e se
manifesta de forma gradual e crônica. Como a ejeção do sangue está prejudicada o ventrículo esquerdo é
forçado a produzir mais tensão durante a contração na tentativa de manter o débito cardíaco, essa força
extra do músculo cardíaco leva à sua hipertrofia, denominada então cardiomiopatia hipertrófica ventricular
esquerda. Esses ajustes conseguem manter o débito cardíaco normal por vários anos até apresentar déficits.
A preocupação, portanto, é durante o exercício, já que os ajustes gerados são suficientes para manter o
funcionamento no repouso, mas muito limitado no exercício.
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Estenose aórtica
FIGURA 39: Estenose Aórtica. A e B representam uma valva aórtica saudável, quanto C e D representam
a estenose aórtica. A e C valva aórtica aberta e B e D valva aórtica fechada.
As cardiopatias apresentadas acima são algumas das várias que podem acometer um indivíduo. Para que
um cardiopata possa realizar exercícios físicos é sempre necessária uma liberação médica; nela o médico
indicará se o paciente é de baixo, moderado ou alto risco. Para cada uma dessas situações há uma prescrição
de exercícios específica.
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- Fase 2 = Duração de duas a três semanas. - Fase 1 e 2 = uma a duas e duas a três semanas.
Teste indicativo de sintoma em exercício gradual, Idem para paciente de baixo risco.
TA, início TF leve, teste de preensão manual. Pesos
livres de 0,5-2,5 quilos, 8-10 exercícios, 10-15 - Fase 3 e 4 = Duração de quatro semanas.
repetições (uma série), percepção de esforço = 12-
13. Tomar precauções, liberação do médico.
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Exemplo:
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