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DEPRESSÃO NO IDOSO

Epidemiologia
- Os idosos têm qualquer perturbação de humor
numa prevalência de 13,2%; têm uma diminuição
da depressão major e aumento da depressão
minor, uma vez que apresentam sintomas que não
se integram nos quadros comuns dos jovens.
- Risco de suicídio aumenta com a idade, até aos 75 e mais anos, sempre mais os homens que as
mulheres.

- Neuroticismo (+ansiedade) e
isolamento são fatores muito
importantes; isolamento relacionado
com COVID.
- Se houver uma remissão da
depressão, devemos ter uma
abordagem mais psicossomática e ter
em atenção doenças crónicas e o
isolamento.

Comorbilidade com doença somática – um ponto importante é que a comorbilidade somática vai
aumentando ao longo da vida e se associa a maior depressão. Temos de ter em atenção a vertente
da terapêutica, pois pode haver interações farmacológicas e agravamento das patologias somáticas
quando queremos tratar uma “depressão”

Depressão major: <5 é ligeira; 5-7 moderada e >7 severa

DE ACORDO COM SINTOMATOLOGIA


- Os sintomas depressivos podem estar
relacionados com a Depressão major, mas
num período mais curto que os 15dias e
dentro deste valor de pelo menos 5 sintomas.
Esta é a depressão sub-clínica ou minor é
muito importante, porque é daqui que
surgem os maiores quadros depressivos nos
idosos.
- Distimia = não chega a ter todos os sintomas
necessários, mas tem um quadro evolutivo
muito longo (2 anos)  uma variedade é a
distimia associada a doença crónica. Vamos
encontrar sintomas depressivos (minor) e
associada à doença somática.
- Perturbação de adaptação com humor depressivo: não se enquadra nos restantes e dura pelo
menos 1 mês, havendo uma situação desencadeante.
DE ACORDO COM ETIOLOGIA, temos uma
Depressão major vascular, que é uma forma
de aparecimento de DM muito frequente no
idoso. Também temos a DM por tóxico e
iatrogenia, todas elas secundárias.

Uma depressão em défice cognitivo ligeiro


aumenta risco de demência!
As primeiras queixas são somáticas, vêm de
queixas do corpo, apatia

É importante perceber se a doença psiquiátrica


já existia na pessoa enquanto jovem, uma vez
que essa condição pertence a um tipo de
depressão diferente  inicia-se na juventude
uma DM e pode manter-se = depressão
recorrente.

- Detalhar a rede de apoio, os cuidadores, de que


pessoas se poderão socorrer, se está isolado, se
tem capacidade de se mobilizar  ser muito
detalhados.
- Modelo inflamatório pode justificar alterações
somáticas e laboratoriais, embora não tenha
etiologia definida  há é fator precipitante ou não, genética.
- Podemos passar um MMSE (mini-mental state examination, muito rápido de se fazer).

Pensar em suspeitas associadas à depressão no idoso:

Quando os sintomas cognitivos melhoram/desaparecem após o tratamento da depressão, estamos


perante uma pseudo-demência  esta prova terapêutica demonstra que estes sintomas fazem
parte da depressão! Se não recuperar, pode haver neurodegenerescência, resistindo aos AD.
Quando o idoso se queixa dos sintomas (pessimismo, mau estar, de não se lembrar) está muito
associado a depressão. A pessoa com demência pura tenta não falar desses aspetos e tende a
omitir.

- Risco de suicídio: há duas


perguntas-chave. Se a pessoa disser
que tem um plano de suicídio, o
risco é elevado, pode até já ter tido
uma tentativa prévia; por outro
lado, quanto mais idosa, maior o
risco de suicídio.
- Farmacoterapia e psicoterapia são
indicadas mesmo nos idosos, nada
impede! Quanto aos AD, ter cuidado
com doses (respondem a doses mais
baixas pelo menor metabolismo), EA
(aumentados nos idosos).

Pensa-se que na depressão associada a


alterações cognitivas, estas sejam as zonas
mais afetadas e vão repercutir-se em todos
estes níveis:

- Síndrome da depressão com disfunção


executiva deve ser considerada como uma
categoria à parte.

Ou seja, dentro da depressão no idoso existem estes dois grandes tipos: ou o doente sempre foi
deprimido na sua vida, ou só apareceu nesta idade  e aqui podemos ter a depressão vascular,
que é o melhor exemplo da disfunção fronto-subcortical; ou a neurodegenerativa, onde temos o
hipocampo afetado  pode progredir para Alzheimer.

- Isto é o que fazemos nos não-


idosos, mas podemos aproveitar
alguns tópicos e adaptar. Só se dá
AD em algumas excepções se tem
depressão ligeira.
A depressão major já tem
intervenções mais severas.

- Evitar ansiolíticos no idoso porque muito associado a


quedas! Podemos dar a trazodona, que tem mais efeitos
sedativos. Também se pode usar pregabalina.

- AD tricíclicos têm maior risco de suicídio.


Anticolinérgicos podem diminuir ainda a função
cognitiva = por isso, ter cuidado com AD tricíclicos.
- Mirtazapina aumenta o peso e podemos usá-lo se a
depressão estiver associada a magreza, com efeito
semelhante aos SNRIs. É um AD, mas funciona nos
receptores pós e pré!
- Bupropiona é mais energética e pode aumentar a
irrequietação.
- Trazodona – sonolência que pode ser entendida como
tontura.

- AD tricíclicos devem ser muito evitados nos idosos


porque podem causar hipotensão, agravar obstipação e glaucoma  problemas comuns nos
idosos.

1- Um dos pontos importantes é tratar a ansiedade. Como o podemos fazer? Não podemos dar
BZD, que seria o mais ideal, mas podemos dar a pregabalina ou SSRI (em termos de
segurança é bom, mas pode bloquear citocromo e impedem a degradação! Aumento de
outras substâncias quando fazemos fluoxetina/paroxetina, sendo que de todos os SSRI a
paroxetina é o menos indicado porque é muito anti-colinérgico). Uma sertralina ou
excitalopram já não inibem. O problema da buspirona é que tem um tempo de latência
muito elevado, pode demorar 15d.
2- Foi referido que depressão aumenta mortalidade. É pelo suicídio ou por outras causas?
Pelas duas. Por exemplo, na parte metabólica: menos atividade física (só diminui de peso se
a causa for mais intrínseca – menos de 1/3 de todos os casos; em geral, a má lida com
situações de vida causa depressão com aumento do apetite), se tiver genética favorável,
pode desenvolver diabetes II (sequela)  risco de síndrome metabólico  doença
cv/enfarte. Ou seja, é muito pela via metabólica e inflamatória que aumenta a mortalidade,
além do suicídio.

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