Tiago Dias, a45714
Síndromes Depressivos
A experiência central é a presença de um estado de humor depressivo
de forma persistente, sofrimento acentuado e com prejuízo da
funcionalidade interpessoal, social e ocupacional.
Síndrome psiquiátrica muito frequente integrada no grupo das
perturbações do humor.
Epidemiologia
• A depressão é uma perturbação psiquiátrica muito
frequente, afetando anualmente cerca de 10% da população
mundial.
• Prevalências durante a vida na população geral variam de
4,9% a 17,1% na depressão major e de 3,2% a 6,3% na
distimia.
• Em Portugal, esta doença afeta até 8% da população geral. A
condição é duas vezes mais prevalente em mulheres do que
em homens.
• A idade média de início é aos 24 anos.
Apresentação Clínica
As características cardinais de um episódio depressivo major é o humor
deprimido e a perda de interesse ou prazer (anedonia) que se mantém
por, pelo menos 2 semanas com impacto na funcionalidade social,
ocupacional e outras áreas de funcionamento pessoal.
Durante este período, para se proceder ao diagnóstico, o indivíduo
deve apresentar, pelo menos, 4 sintomas adicionais para além da
anedonia e do humor deprimido:
1. Humor deprimido
a. É o sintoma mais característico.
b. O doente descreve-se como triste, “em baixo”,
vazio e sem esperança.
c. Humor polarizado para a depressão
autonomamente, isto é, mesmo tentando abstrair
o doente do sofrimento ele volta a sentir-se
deprimido.
d. O humor pode também ser irritável. Manifesta-se
por uma tendência em sentir-se facilmente
incomodado, mal humorado e muito sensível a
estímulos negativos.
2. Anedonia
a. A anedonia também é visível através de
sentimentos de indiferença.
b. Pode também traduzir-se também por perda de
interesse sexual e/ou da líbido, o que pode levar a
dificuldades nas relações íntimas ou conflitos
conjugais
3. Alterações na atividade motora/motricidade
a. Cerca de metade dos doentes desenvolvem
lentificação psicomotora.
b. Traduz-se em lentificação do pensamento,
discurso e movimentos corporais.
c. Em casos extremos, a lentificação psicomotora
pode evoluir para o estupor depressivo com
mutismo e catatonia, na qual o doente fica alheio
à realidade, emudece e deixa de se alimentar.
4. Falta de Energia
a. Falta de energia (adinamia) e/ou cansaço são
queixas frequentes na depressão.
b. Cansaço mental e/ou físico.
5. Alterações do Sono
a. A apresentação clássica é acordar de madrugada
e ser incapaz de voltar a adormecer (insónia
terminal), mas ter um sono agitado (insónia
intermédia) é igualmente comum.
6. Alterações do apetite e do peso
a. A perda de peso e do apetite são os mais
confiáveis indicadores somáticos de depressão.
7. Distorções Cognitivas
a. Ruminações negativistas que invadem a esfera
psíquica do indivíduo, tais como: insegurança,
medo, baixa autoestima, fracasso, ruína,
inutilidade, culpa, doença grave, desesperança,
morte, etc.
b. Podem até surgir delírios
8. Alterações Cognitivas
a. Indivíduos deprimidos podem experienciar
dificuldades de concentração e de tomada de
decisão.
b. As queixas de falta de memória são geralmente
devidas a problemas de atenção e concentração
9. Ideação Suicida
a. Cerca de 2/3 dos pacientes deprimidos podem
experienciar pensamentos suicidas.
b. Um período de alto risco para o suicídio é,
paradoxalmente, durante a fase inicial do
tratamento com antidepressivos. Nesta fase, a
recuperação da energia e motivação antecede a
melhoria dos sintomas cognitivos negativos,
tornando possível aos pacientes suicidas porem
em prática os seus pensamentos e planos.
Subtipos de Síndromes Depressivos
Depressão endógena ou melancólica
• A depressão endógena é caracterizada pela presença de
sintomas vegetativos.
Depressão Atípica
• Depressão atípica caracteriza-se pela presença de sintomas
vegetativos inversos aos encontrados na depressão
melancólica.
• Assim, estes quadros apresentam-se com aumento do
apetite, do sono, ganho de peso, com reatividade do humor
(com capacidade de se alegrar face a eventos positivos).
Depressão sazonal
• Ocorrência de episódios depressivos em épocas
características do ano, mais comumente no inicio do Outono
e Inverno com remissão na Primavera.
Depressão Psicótica
• Quadro depressivo grave, na qual ocorrem sintomas
psicóticos (delírios e/ou alucinações).
• Os delírios são geralmente congruentes com o humor
(catatímicos) - por exemplo, delírios de ruína, delírios de
doença, de culpa ou de negação).
Distimia
• Quadro clínico semelhante ao de um episódio depressivo
major, porém com sintomatologia atenuada e duração
crónica (pelo menos dois anos)
• Na distimia é mais comum a presença de queixas subjetivas
tais como letargia, inércia, anedonia, dificuldades de
concentração, pessimismo, sentimentos de baixa
autoestima, desânimo, de infelicidade que muitas vezes

podem ser consideradas características inerentes ao
indivíduo
• Os sintomas não são incapacitantes, porém comprometem o
rendimento profissional e interferem nas relações sociais e
familiares do indivíduo.
Depressão dupla
• Quadro clínico caracterizado por uma distimia sobreposta
com um episódio depressivo major.
Alterações Imagiológicas
• ventrículos laterais aumentados;
• diminuição do volume do hipocampo;
• diminuição do volume dos gânglios da base;
• diminuição do volume de substância cinzenta no córtex pré-
frontal.
Diagnóstico Diferencial
Reação de Ajustamento
A perturbação de ajustamento (CID-10) ou de adaptação (DSM-V)
é definida pelo desenvolvimento de sintomas emocionais e
comportamentais em contexto de um ou mais fatores de stress
psicossocial identificável.
O diagnóstico de perturbação de ajustamento ou de adaptação
pressupõe a existência de uma ligação clara e direta entre um
determinado evento e as reações patológicas subsequentes.
O que diferencia a perturbação de ajustamento de uma
perturbação do humor é a existência de um factor desencadeante
na origem deste quadro, bem como a sua cronologia (surgimento
dentro de 1 a 3 meses após o fator desencadeante e com uma
duração inferior a 6 meses) e as suas repercussões funcionais.
Perturbação de Humor devido a uma condição médica
Sintomas depressivos podem advir dos efeitos fisiológicos diretos
de uma condição médica pré-existente específica.
PAB
Doentes com perturbação afetiva bipolar tem maior frequência
de episódios depressivos do que maníacos/hipomaníacos
Fisiopatologia
Genética
• Estudos em familiares indicam aumento do risco relativo, de
2x a 3x de desenvolvimento de episódio depressivo major
em indivíduos familiares em primeiro grau de doentes com
perturbação depressiva major diagnosticada
Life-events
• Evidência de que acontecimentos de vida percecionados
como negativos ou stressantes ao indivíduo possam
anteceder o início de um episódio depressivo
• São mais frequentes episódios depressivos major sem
evidência de algum fator desencadeante subjacente.
Teorias Biológicas
• Hipótese das monoaminas que hipotetiza a perturbação
depressiva como resultado de uma deficiência de
neurotransmissores monoaminérgicos (serotonina,
noradrenalina e dopamina) na fenda sináptica.
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• Hipótese molecular admite a possibilidade de a deficiência
na transdução de sinal a jusante do neurotransmissor no
neurónio pós-sináptico como possível etiologia da
perturbação depressiva, na presença de quantidades
normais de neurotransmissores na fenda sináptica.
Teorias Neuroendócrinas
• Alterações no eixo hipotálamo-hipófise-suprarenal
reconhecidas por estarem alteradas em pacientes com
perturbação depressiva major.
o Exposição prolongada aos glucocorticoides tem
efeitos neurobiológicos que podem estar na
génese da sintomatologia depressiva.
o No entanto, nem todos os doentes deprimidos
apresentam no entanto um hipercortisolismo
significativo.
• Disfunção do eixo hipotálamo-tiroideu foi associado a
alterações do estado de humor
o Evidência de sintomatologia depressiva e
deterioração cognitiva em doentes com
hipotiroidismo
Teorias Psicossociais
• Teoria cognitiva-comportamental sugere a perturbação
depressiva como uma interpretação distorcida dos eventos
de vida.
o Este modelo fundamenta-se na tríade cognitiva
de Beck (perspectivas negativas do Eu, do mundo
e do futuro). Esta distorção cognitiva traduz-se no
padrão comportamental característico do
indivíduo deprimido. Esta teoria defende a
ocorrência de eventos de vida precoces
traumáticos como causa destes esquemas
cognitivos disfuncionais.
Terapêutica
Terapêutica Farmacológica
O tratamento farmacológico da depressão compreende duas fases:
• Fase aguda: primeiras 8 a 12 semanas, cujo objetivo é a
remissão sintomatologia depressiva com melhoria
substancial do grau de funcionalidade do doente.
• Fase de manutenção: manutenção do nível de melhoria
conseguida na fase aguda, restaurando o nível de
funcionalidade pré-mórbido e prevenção de recidiva após
remissão sintomatológica, ou recaída de um episódio
depressivo futuro. Deve ser mantido por um período mínimo
de 6 meses até 2 anos.
SSRI (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) - 1º linha
SNRI (inibidores recaptação da serotonina e noradrenalina)
IRND (inibidores da recaptação de noradrenalina e dopamina)
DISN (antagonistas alfa 2 como desinibidores da serotonina e noradrenalina)
Antagonistas/inibidores da recaptação da serotonina
Antidepressivos tricíclicos
Psicoterapia
Para o tratamento da depressão estão indicadas as seguintes
psicoterapias:
• Psicoterapia de resolução de problemas
• Psicoterapia cognitivo-comportamental
• Psicoterapia interpessoal
• Psicanálise
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Para episódios depressivos ligeiros a moderados, estudos indicam que
a psicoterapia parece ser tão eficaz quanto o tratamento
farmacológico.

Em quadros depressivos graves esta indicado o tratamento combinado

de psicoterapia e terapia farmacológica.

Electroconvulsivoterapia

Mantém-se como um dos tratamentos mais eficazes na Psiquiatria.

Supõe-se que o mecanismo seja mediado pela provável mobilização de
neurotransmissores causado pela convulsão

Prognóstico → O não reconhecimento precoce e adequado da mesma

pode ser causa importante de perda de funcionalidade global e por uma
sobretaxa de mortalidade através do suicídio.