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PSIQUIATRIA: Transtornos Depressivos e Antidepressivos Prof.

Leonardo Machado
Anotações da Aula por Luciano Sampaio (144)

Transtornos Depressivos oMuitas vezes, o que segura as pessoas de


executarem a tentativa é o medo de falha (e
Epidemiologia continuar vivo, mas com alguma sequela)
 A prevalência da depressão é muito variável dentre o Atenção! Remédios psiquiátricos são seguros,
os países mesmo que os pacientes tomem
o Não é linearmente relacionada ao nível de superdosagem, geralmente não vão conseguir
desenvolvimento se suicidar.
o Lítio diminui a quantidade de ideia de suicídio
 Em depressão que surgiu pela primeira vez em idoso
> 65 anos, é muito mais frequente que ela seja o Na letalidade, homens morrem mais do que
secundária a um quadro demencial, degenerativo mulheres porque tentam de formas mais
 Os transtornos mentais comuns têm maior agressivas
contribuição de fatores ambientais (estresse) do que  Desesperança
genéticos (diátese) o Quanto mais desesperança o paciente tem,
o Depressão, ansiedade, somatização (DAS) mais fácil de se matar
 Os transtornos mentais graves têm 80% de diátese,  Quando o paciente procura ajuda, já é bom
ou seja, de herdabilidade; o fator ambiental é apenas sinal
a gota d’água do que iria acontecer, um fator  Sensação de culpa inapropriada
antecipador de algo que viria a surgir mais tarde o Acha que tudo é culpa sua
o Esquizofrenia, bipolaridade, TDAH, deficiência o Cognitivos
intelectual e autismo (EBTDA)  Atenção e concentração
 A pobreza grande leva a maior estresse, e isso leva  Lapso de memória de curto e longo prazo
individualmente a uma maior predisposição a  Julgamento e dificuldade de tomada de decisões
desenvolver depressão  Prejuízo na avaliação
 O paciente até melhora, mas não consegue
Quadro Clínico reconhecer que melhorou
 Característica geral  Velocidade de pensamento lentificada
o 2 semanas de sintomas  A não ser que ele esteja muito ansioso, aí fica
 Maior parte dos dias, ou todos os dias acelerada
 Maior parte das atividades, ou todas elas
o Físicos
 Sintomas: divididos de forma didática. Quanto mais  Os idosos tendem a ter mais sintomas físicos
sintomas tiver, mais provável de ser depressão.  Fadiga, falta de energia
o Emocionais: cardinais  Na depressão, é geral; na ansiedade, é comum a
 Tristeza, humor deprimido pessoa ter energia no começo do dia e se cansar
 Ansiedade rápido
 É muito difícil ele estar triste e não estar anisoso;  Não é falta de motivação, é importante
comumente ele está triste E ansioso diferenciar
 Irritabilidade, disforia  Ganho de peso/padrão alimentar
 Especialmente em homens  Insônia/hipersônia
 Anedonia, não consegue sentir prazer  Disfunção sexual
 Não é patognomônico; pode existir na  Redução da libido
esquizofrenia, ansiedade  Por isso, pode gerar disfunção erétil; o homem
 Ideação suicida desconcentrado acaba broxando
 Passiva: desejo de morrer de forma indireta  Dores de cabeça
(“dormir pra sempre”, “queria que deus me  Problemas gástricos
levasse”); é menos grave, mas não perde seu  Dor, agitação psicomotora
valor por isso
 Ativa: ideação, planejamento, tentativa e,  O luto não é fator protetor para depressão, e sim de
progressivamente, maior letalidade das risco! Mas cuidado para não medicar o luto.
tentativas
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Anotações da Aula por Luciano Sampaio (144)
 Burnout são sintomas depressivos, ansiosos, mas
relacionados ao trabalho; depressão é algo mais Quem tem mais risco de recorrência?
generalizado  Risco de recorrência
o Após 1 episódio: 50%
 Uma pessoa que tem só 1 episódio e se cura,
entrando na manutenção, passa para risco mais
próximo da população (5 a 20%)
o Após 2 episódios: 70-80%
 Risco de 70-80% de ter um 3º episódio
o Após 3 episódios: 80-90%
 Quanto mais episódios, mais fácil ele ter de novo e
mais prolongado precisa ser o tratamento de
manutenção

Etiopatogenia/Fisiopatologia
 Serotonina
o A disfunção na serotonina e na noradrenalina está
associada aos sintomas da depressão relacionados
ao afeto negativo aumentado, incluindo ansiedade
 A serotonina dá mais apatia
o A disfunção na dopamina e na noradrenalina está
associada aos sintomas da depressão relacionados
 Se acontecer uma recaída durante a fase de
ao afeto positivo diminuído
continuação, foi de fato uma recaída, um lapso
 Uma recaída na fase de manutenção é um novo
 Pessoas com depressão tem disfunção no córtex
episódio, uma recorrência
cingulado anterior

Curso do Transtorno Depressivo


Transtorno Depressivo Persistente (Distimia)
 Fase aguda (2 a 3 meses)
 Depressão leve, duradoura, de início insidioso
o Há resposta quando há diminuição de pelo menos
 Mais comum em mulheres e com história de estresse
50% dos sintomas
prolongado ou perdas súbitas
o Há remissão quando há eliminação dos sintomas
 A diferença é que não são 2 semanas, mas 2 anos de
 Fase de continuação (6 a 9 meses)
sintomas
o Mantém o remédio para manter a melhora obtida
 Os sintomas não são tão intensos que cheguem a
o Nessa fase, o importante é fazer a prevenção de
impactar a funcionalidade da pessoa, passa mais
recaídas. Se acontecer alguma recaída, está dentro despercebido, e por isso demora mais a procurar
do mesmo episódio depressivo. ajuda
o A duração é baseada nos fatores de risco: quanto
 Sintoma principal é a irritação, muito mais do que
tempo a pessoa demorou pra melhorar, se tem tristeza
familiares com depressão, etc o Pessoa áspera, chata
o 6 meses é o mínimo, acrescentar meses de acordo
 O tratamento é semelhante, mas precisa de doses
com os fatores de risco que o paciente apresente mais altas
(comorbidade psiquiátrica, etc)
 Atenção! Distimia e depressão crônica são coisas
 Fase de manutenção (1 a 5 anos / vitalício) diferentes. No primeiro, o paciente consegue viver a
o Feita para pacientes de maior risco de recorrência vida normalmente, pois não é incapacitante. No
o Tenta-se fazer a prevenção de recorrências, que segundo, o paciente está “acabado”, impacta muito
nesse caso, correspondem mesmo a novos na sua funcionalidade.
episódios.
o O difícil no tratamento é descobrir quando se tira o
remédio.
Antidepressivos
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Anotações da Aula por Luciano Sampaio (144)
 Inibidores seletivos de recaptação de serotonina o Bupropiona
(ISRS)  Age especificamente em noradrenalina e
o Inibe a bomba de serotonina, fazendo com que dopamina, pode até piorar a ansiedade, então é
possam agir mais no receptor específica para depressão
o São as drogas de 1ª linha (a não ser que haja  Começar os antidepressivos com doses mais baixas,
história familiar ou pessoal de resposta positiva a e na fase inicial prescrever BZD enquanto os
uma droga de outra classe) antidepressivos estão fazendo efeito.
 Inibidores da recaptação de serotonina e o Geralmente faz troca cruzada para evitar piora
noradrenalina (duais) no quadro: enquanto vai aumentando um, vai
o Neurônios serotoninérgicos e dopaminérgicos diminuindo o outro.
 Os fármacos que atuam em receptores
metabotrópicos demoram para fazer efeitos porque
precisam de tempo para atuar no DNA, etc

Principais Antidepressivos
 Tricíclicos: são os mais disponíveis no SUS
o Atuam em vários receptores, não só serotonina e
noradrenalina, mas também dopamina, histamina e
acetilcolina, então são “sujos”
o Histaminérgicos: aumentam peso, dá sonolência
o Anticolinérgicos: retenção urinária, boca seca
o Pode ser usado para outras doenças (ex: dores,
cefaleia), mas em doses menores.
 Amitriptilina
 Imipramina
 Nortriptilina
 É possível de usar em idosos porque é um
metabólito da amitriptilina
 Clomipramina
 Apesar de ser um tricíclico, é mais específica
para serotonina
 ISRS (para TOC, pode fazer superdosagem em relação
às doses da depressão)
o Fluoxetina
o Fluvoxamina
 Menos efeitos colaterais
o Paroxetina
 Engorda, boca seca, disfunção sexual
o Sertralina
 Seguro na gestação
o Citalopram
o Escitalopram
 Esses 2 últimos são bons para idosos, têm pouca
interação
 ISRN (duais), mais usados para dor
o Venlafaxina
o Desvenlafaxina
o Duloxetina
 Inibidor não seletivo dos transportadores de
dopamina e noradrenalina

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