Depressão

Enfermagem de Saúde Mental e

Psiquiátrica
Tânia Correia
Depressão

• Depressão: o núcleo afetivo da depressão é a tristeza

profunda que envolve o sujeito até afetar todas as
esferas da sua vida intra e interpessoal.

• A etiologia da depressão é o resultado da interação

de fatores genéticos, psicológicos, sociais e
biológicos.

• A depressão está associada a atributos da

personalidade.

Tânia Correia
Enfermagem VI
Perturbação do humor: depressão

Depressão

Tânia Correia
Depressão

Perturbação do Humor caracterizada por um sentimento de tristeza profunda, associado com

sintomas fisiológicos e cognitivos no indivíduo.

Tanto a CID-10 como a DSM-V caracterizam a depressão como um conjunto de sintomas que incluem:
Diminuição da energia, levando a uma importante falta de
Perda de interesse e prazer por atividades anteriormente
Humor deprimido (tristeza, desesperança, melancolia); ânimo que interfere na vida no indivíduo (alteração do
satisfatórias;
funcionamento anterior).

Este conjunto de sintomas deve estar presente por no mínimo duas semanas e causar prejuízo
significativo na vida social e/ou ocupacional do indivíduo.

Tânia Correia
Epidemiologia

A Depressão é uma perturbação psiquiátrica muito frequente

Afeta mais as mulheres

Estima-se que 5% dos adultos sofram de depressão

Dados da OMS revelam que cerca de 280 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão

É a principal causa de invalidez

Uma das principais causas de baixa laboral nos países desenvolvidos

Tânia Correia
Etiologia
Fatores
genéticos

Fatores Rede social

psicossociais limitada

Experiências Depressão
Desagradáveis
Auto-estima
Durante a
reduzida
Infância/
vida

Alterações
Outros dos
(tóxicos, doenças, Neuro-
Drogas,…) transmissores

Tânia Correia
Etiologia
• Alterações nos neurotransmissores

• Alguns neurotransmissores, como a

serotonina, noradrenalina e dopamina estão associados
ao estado afetivo das pessoas;
• Estes neurotrasmissores estão relacionados com a
regulação do humor, energia, sono e motivação;
• Na depressão pode ocorrer diminuição dos níveis de
serotonina, noradrenalina e dopamina;
• Com menos “mensageiros”, a comunicação entre
neurônios fica prejudicada e também a regulação das
funções desses neurônios.

Tânia Correia
Etiologia

Alterações nos neurotransmissores

Deficiência de neurotransmissores - diminuição de Em alguns doentes ocorre uma atrofia cerebral e até
substâncias protetoras dos neurônios, podendo causar diminuição do hipocampo (área do nosso cérebro
inclusive morte de células cerebrais. relacionada à memória e às emoções).

Alterações da memória;
Dificuldade de concentração;
Diminuição cognitiva.

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Fatores de Risco

➢ Antecedentes de depressão
➢ História familiar de depressão
➢ Sexo feminino
➢ Período pós-parto
➢ Co-morbidade médica (doenças neoplásicas, diabetes, transtornos metabólicos, etc.)
➢ Ausência de apoio social (é um factor de vulnerabilidade)
➢ Eventos de vida (divórcio, viuvez)
➢ História pessoal de abuso sexual
➢ Abuso de substâncias

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Sintomatologia

• As pessoas com depressão exibem um vasto leque de

sintomas;

• Podem ser os mesmos que qualquer pessoa apresenta

quando atravessa um período difícil da vida;

• Apresentam-se de uma forma mais vincada e duradoura

do que nas pessoas que não estão clinicamente
deprimidas.

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Sintomatologia

• Afetividade

• Pensamento e perceção

• Cognição

• Comportamento

• Fisiológicos

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Sintomatologia

• Tristeza
• Anedonia
• Apatia
• Indiferença
• Ansiedade
• Irritabilidade
Afetividade • Raiva
• Solidão
• Desesperança
• Desânimo
• Sentimentos de culpa
• “Anestesia afetiva”

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Sintomatologia

Tristeza normal Tristeza patológica

➢ Estímulo desencadeante ➢Estímulo possível

➢ Proporcional ao estímulo ➢Desproporção estímulo-
➢ Duração ajustada ao reação
estímulo ➢Duração
➢ Apenas influencia o desproporcionada
rendimento ➢Franca diminuição do
➢ Sintomas físicos pouco rendimento
relevantes ➢Sintomas físicos
relevantes

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Sintomatologia

• Anedonia:
• Ausência de prazer, relativamente às atividades de que habitualmente se gostava;
• Relaciona-se com uma desorganização funcional dos centros de prazer relativos a alimentação,
sexualidade, relação, ocupação…
• Consequência - pessimismo, sentimento de impotência relativamente ao trabalho e à
concretização dos seus objetivos.

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Sintomatologia

• “Anestesia afetiva”:

• O doente refere que apesar da sua

tristeza não consegue chorar, é como
estar para “além das lágrimas”…

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Sintomatologia

• Os pensamentos têm uma tonalidade negativa,

centram-se nos insucessos sentidos e na baixa de
auto-estima;
Pensamento • Na depressão psicótica surgem ideias delirantes
que tendem a ser congruentes como o humor
deprimido (delírio de ruína e hipocondria);

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Sintomatologia

• Bradipsiquismo
• Negativista
• Baixa auto-estima
Pensamento • Ideias de suicídio
• Ideias de culpa, ruína e
hipocondria
• Delírio de ruína

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Sintomatologia

• Na depressão psicótica ocorrem

por vezes alucinações auditivas,
Percepção vozes na 2ª pessoa proferindo
afirmações depreciativas.

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 • Diminuição da atenção e
concentração
Cognição • Alterações da memória
• Défices cognitivos
• Incerteza, indecisão

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Sintomatologia

• Desleixo pessoal
• Lentificação motora
• Inibição/agitação
• Agressividade
• Isolamento
• Choro fácil
Comportamento • Diminuição do contato visual
• Intolerância
• Dependência
• Consumo de drogas ou Alcoolismo
• Isolamento social
• Tentativas de suicídio

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Sintomatologia

• Anorexia
• Perda de peso
• Perturbações digestivas

Fisiológicos • Dores (abdominal, lombar, torácica)

• Cefaleias
• Astenia
• Disfunções sexuais
• Amenorreia

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 Sintomatologia

• Alteração nos ritmos biológicos:

• Insónia inicial, intermédia ou final;
Fisiológicos • Hipersónia;
• Sono leve e não reparador;
• Pesadelos.

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Cuidados de Enfermagem a pessoas com
Depressão: objetivos

Responder emocionalmente e voltar ao nível de funcionamento anterior à

doença.

Modificar respostas desadaptadas.

As intervenções de enfermagem devem ter em conta a natureza complexa

dos sintomas e abordar todos os aspetos desadaptados da vida da pessoa.

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Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão: objetivos

Comunicação:
➢ Promover a relação terapêutica adequada
➢ Empatia
➢ Congruência
➢ Confiança

As pessoas deprimidas resistem ao envolvimento em virtude das suas visões negativas, tendem a
permanecer isoladas, a verbalizar pouco, a pensar que não merecem ajuda e a formar vínculos
de dependência com os outros (modelo do aprendizado da impotência – desesperança,
passividade, não têm o domínio da vida).

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

A abordagem deve ser tranquila, sem críticas, utilizar as O enfermeiro deve expressar esperança à pessoa, as
técnicas da comunicação terapêutica para iniciar o pessoas têm uma necessidade real de tranquilização
relacionamento terapêutico. verbal repetida.

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

➢ Para a pessoa deprimida, apenas a depressão é real, a felicidade do passado ou a do futuro

é uma ilusão.

➢ As intervenções de enfermagem devem transmitir a ideia que a expressão dos sentimentos

é normal e necessária.

➢ O bloqueio ou a repressão das emoções é parcialmente responsável pela dor da pessoa.

➢ Devemos ajudar a pessoa a perceber que sentimentos de desânimo e de inutilidade são

defesas que levam a evitar os seus problemas.

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Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

➢ Incentivar a pessoa no sentido de expressar sentimentos desagradáveis

ou dolorosos pode reduzir a intensidade deles e fazer com que a pessoa
se sinta mais viva e no domínio da sua vida.

➢ Estas ações são um pré-requisito para as intervenções nas áreas

cognitiva, comportamental ou social.

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

Estratégias cognitivas (centram-se no modo de repensar as situações):

Ao intervirem na área cognitiva, os enfermeiros devem ter em conta 3 objectivos:

➢ Aumentar o sentido de controle da pessoa sobre metas e comportamentos
➢ Aumentar a auto-estima
➢ Ajudar a pessoa a modificar padrões disfuncionais de pensamento

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Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

➢ O enfermeiro deve levar a pessoa para além da sua preocupação

restrita para outros aspetos do seu mundo, para isto deve incentivá-lo a
explorar as suas emoções;

➢ De seguida a pessoa deve formar uma opinião sobre o problema, para

que com o enfermeiro possam delimitar o problema para adquirir um
senso de controle, esperanças e a percepção de que a mudança pode
ser realmente possível.

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com Depressão

➢ As ações de enfermagem podem centrar-se na modificação do pensamento

negativo.

➢ O pensamento negativo é um processo automático, do qual a pessoa não se

apercebe.

➢ O enfermeiro ajuda a identificar os pensamentos negativos e atenuá-los por

meio da técnica de interrupção ou da substituição do pensamento.

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com
Depressão
➢ Ajudar a intensificar o pensamento positivo, analisando conquistas pessoais, talentos, sucessos e
oportunidades.

➢ Ajudar a mudar os seus objetivos, tornando-os realistas e diminuir a importância dos objetivos
impossíveis.

➢ Todas estas acções melhoram o entendimento que a pessoa tem sobre si mesma e elevam a sua auto-
estima.

➢ A nível comportamental deve-se estimular a pessoa para a realização de atividades orientadas,

reforçando progressivamente o seu comportamento produtivo.

Tânia Correia
Cuidados de Enfermagem a pessoas com
Depressão

➢ Incentivar a partilhar atividades com outras pessoas para melhor o funcionamento

social.

➢ A socialização oferece um aumento de auto-estima, por meio de reforços sociais de

aprovação, de aceitação, de reconhecimento e apoio.

➢ Em relação à segurança o enfermeiro deve avaliar o risco de suicídio:

✓ Observar comportamentos destrutivos;
✓ Proteção efetiva do doente.

Tânia Correia
Enfermagem VI
Perturbação do humor: depressão

Focos e Diagnósticos de Enfermagem e intervenções ?

(135) Psychiatric Interviews for Teaching: Depression - YouTube

Tânia Correia
Diagnósticos e Intervenções
Humor Deprimido
Intervenções Intervenções
Avaliar o humor Ensinar sobre humor deprimido
Executar relação de ajuda Executar intervenção psicoeducativa
Executar escuta ativa Incentivar o utente a manter uma atitude positiva, fazendo
Executar apoio emocional um esforço para substituir pensamentos negativos por outros
positivos
Encorajar o utente a avaliar o seu humor
Incentivar o utente a manter um sono e repouso adequados
Reforçar competências pessoais identificadas pelo
utente Incentivar o utente a fazer exercício físico 3x/semana
Transmitir confiança ao utente sobre as suas Incentivar o utente a desenvolver atividades prazerosas
capacidades para lidar com a situação
Explorar sucessos prévios
Encorajar o utente a identificar progressos
Reforçar a importância dos progressos alcançados

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Diagnósticos e Intervenções Auto-estima e/ou auto-conceito

Avaliar auto-estima/auto-conceito
Intervenções Executar Relação de ajuda
Executar escuta ativa
Executar apoio emocional
Executar intervenção psicoeducativa
Executar intervenção de promoção de auto-estima
• Encorajar o utente a identificar as suas forças
• Reforçar as pessoas pessoais identificadas pelo utente
• Assistir o utente na procura da auto-aceitação
• Encorajar o contacto visual durante a comunicação
• Providenciar experiencias que reforcem a autonomia do utente
• Assistir o utente a identificar resposta positivas por parte dos outros
• Transmitir confiança na capacidade do utente em lidar com a situação
• explorar sucessos prévios
• Encorajar o utente a avaliar o próprio comportamento
• Facilitar o envolvimento emCorreia
Tânia atividades que promovam a auto-estima
Diagnósticos e Intervenções
Autocuidado comprometido Autocuidado negligenciado

Intervenções
Avaliar o autocuidado
Assistir no autocuidado
Executar o autocuidado
Supervisionar o autocuidado
Orientar a pessoa para o autocuidado
Ensinar o utente sobre a importância do autocuidado
Ensinar a pessoa ou família sobre estratégias promotoras do autocuidado
…

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Diagnósticos e Intervenções
Interação social comprometida

• Executar relação de ajuda

• Avaliar a interação social
• Incentivar o utente a identificar alterações na sua interação social e suas causas
• Treinar competências comunicacionais

Intervenções •
•
Proporcionar experiencias de interação social positivas
Assistir o utente a identificar emoções positivas decorrentes da interações
sociais positivas
• Promover a interação social
• Treino de competências sociais
•…

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 Diagnósticos e Intervenções

Risco de suicídio
Risco de comportamento auto-lesivo
Auto-imagem alterada
…

Tânia Correia
Enfermagem VI
Perturbação do humor: depressão

Bibliografia
• American Psychiatry Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders -
DSM-5 (5th.ed.). American Psychiatric Association.
• Chalifour, J. (2007). A Intervenção Terapêutica Os Fundamentos Existencial-Humanistas, Volume
2. Lusodidacta.
• Chalifour, J. (2009). A Intervenção Terapêutica - Estratégias de Intervenção, Volume 1. Lusodidacta
• Santos, J., Cutcliffe, J. European Psychiatric/ Mental Health Nursing in the 21st Century A Person-
Centred Evidence-Based Approach. Springer. ISSN 2366-8768
• Saraiva, C., Cerejeira, J. (2014). Psiquiatria Fundamental. Lidel. ISBN 9789897520716
• Sequeira, C., Sampaio, F. (2020) Enfermagem em Saúde Mental: Diagnósticos e Intervenções.
Lidel. ISBN 978-989-752-413-4
• Townsend, M. (2011). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica: Conceitos de cuidados na
prática baseada na evidência (6 ed.). (S. C.Rodrigues, Trad.) Loures, Lusodidacta.
• World Health Organization(2003). Investingin Mental Health. Geneve: WHO
• World Health Organization (2022) Depression. URL: https://www.who.int/news-room/fact-
sheets/detail/depression Tânia Correia