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Ansiedade

• Emoção normal e universal, com importante

Ansiedade no Idoso papel adaptativo.

• Age como sistema protetor alertando o


indivíduo de um perigo iminente.

Dra. Rita C R Ferreira

Ansiedade
Características dos T. Ansiedade
• É patológica quando desproporcional à situação que • Estado emocional com a experiência subjetiva de medo
a desencadeia ou quando não existe um objeto específico ou outra emoção relacionada (terror, horror, alarme,
ao qual se relacione. pânico; desagradável).

• Direcionada ao futuro.

• Em idosos transtornos de ansiedade • Desconforto corporal subjetivo.


são prevalentes:
aumentam incapacidade; • Componentes psicológicos e fisiológicos.
pioram sociabilidade;
aumentam uso de serviços de • São persistentes e interferem nas atividades da vida
saúde; levando a comprometimento mental e físico
causam prejuízo cognitivo e pioram a qualidade de vida.

T. Ansiedade
SINTOMAS PSÍQUICOS T. Ansiedade

• Tensão SINTOMAS FÍSICOS : muito frequentes em idosos


• Nervosismo
• Apreensão • Autonômicos: taquicardia, vasoconstrição, sudorese,
• Mal-estar indefinido aumento do peristaltismo, náusea, midríase,
• Insegurança piloereção
• Dificuldade de concentração
• Sensação de estranheza
• Despersonalização (impressão de que se é estranho a si mesmo, • Musculares: dores, contraturas, tremores
de que o sentir e o agir não tem participação ativa, efetuando-se
de modo quase automático; sensação de que o corpo ou • Cenestésicos: parestesias (adormecimentos),
algumas de suas partes não formam uma unidade )
calafrios,ondas de calor
• Desrealização (sintoma dissociativo que faz com que o indivíduo
tenha a sensação de que o mundo é irreal, como em um sonho)
• Respiratórios: sufocação, sensação de afogamento,
asfixia
Fonte: Kapczinski F, Quevedo J, Schmitt R, Chachamovich E. Emergências
Fonte: Kapczinski F, Quevedo J, Schmitt R, Chachamovich E. Emergências Psiquiátricas.Porto Alegre:
Psiquiátricas.Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. Artmed Editora, 2001.
T. Ansiedade
Ansiedade do Idoso
CID-10 Condição psiquiátrica muito
comum no idoso
• Categoria dos T. Neuróticos, T. Relacionados ao Estresse e T. (Blazer et al., 1991)
Somatoformes
1º episódio aos 60 anos ou +
• Transtorno de pânico
• Transtorno de ansiedade generalizada, Causa sofrimento significativo
• Transtorno misto de ansiedade e depressão e comprometimento funcional
• Outros transtornos mistos de ansiedade
TAG e Fobias (+ comuns)
• Outros transtornos de ansiedade especificados
• Transtorno de ansiedade não especificado
TEPT- tem sido objetivo de investigação

Aumentam comorbidades
psiquiátricas

Transtornos Ansiosos

Ansiedade:
Fatores de risco:

Condições clínicas particularmente associadas a


• Alta prevalência ao longo da vida maior prevalência:
• Pouco reconhecida incontinência urinária ,
• Tratada inadequadamente dificuldades auditivas,
hipertensão arterial,
distúrbios do sono etc...

Prevalência dos transtornos de


Ansiedade em Idosos:

65 anos ou mais
Total: 7%

4,7% FOBIAS

TAG: 1,2% (Gum et col- USA)

1,2 a 15% (Bryant et al., 2008)

55 a 85 anos: 2,8% (Gonçalves et col - Austrália)

Sintomas ansiosos clinicamente relevantes:


Na comunidade: 15 a52%
Em unidades de saúde: 15 a56%

Taxas variam conforme a naturalidade, origem étnica,


idade, ambiente etc...
T. Ansiedade Generalizada (TAG) TAG

Quadro Clínico
É o mais comum em idosos
A sintomatologia dos transtornos ansiosos em idosos é
semelhante à dos adultos jovens. A preocupação é incontrolável
Preocupação crônica intensa e excessiva por pelo • Critérios diagnósticos:
menos 6 meses na maior parte do tempo (DSM V) Ansiedade e preocupação estão associadas a agitação, fadiga,
dificuldade de concentração ou “brancos” na mente,
Sintomas adicionais: inquietação, fatigabilidade, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono.
dificuldade em concentrar-se, irritabilidade, Esses sintomas causam sofrimento significativo e/ou prejuízo
tensão muscular, perturbação do sono... funcional em uma ou mais áreas da vida da pessoa, estando
afastadas outros motivos como uso de substâncias,
Comprometimento do funcionamento social e doença clínica ou psiquiátrica.
ocupacional - sofrimento psíquico

Stella F. Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico precoce à


reabilitação. Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007.

T. Ansiedade Generalizada (TAG)


TAG
Quadro clínico no idoso:
Incidência:

Sexo: prevalente no sexo feminino • Estresse e disfuncionalidade


• Preocupação frequente e incontrolável
Ocorre em +- 20% dos institucionalizados • Tensão muscular
• Alteração do sono
• Inquietação
Prevalência durante a vida é alta. • Aflição, evitação
• Sintomas somáticos variados (dores, nausea, tonturas
etc)

Stella F., Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico precoce à reabilitação.


Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007. Manual de Psiquiatria geriátrica. Blazer, Thakur
e Steffens. Ed. AC . 2015

Fobias Fobia Social

Medo exagerado de se expor a situações em que se sente


• Medos persistentes e irracionais perante situações que não observado ou avaliado por outros; receio de comportar-se de
oferecem perigo real ao sujeito.
forma embaraçosa, inadequada.
• Leva a esquiva dessas situações Ex: festas, reuniões sociais, diálogo com
autoridades, escrever, telefonar e comer em
• Se não consegue evitar as situações: ansiedade público...
antecipatória que pode comprometer o desempenho.

• Algumas fobias podem aparecer no idoso, como o medo de Prevalência em pessoas mais velhas é de 2 a 5%.
quedas.
Há poucos estudos sistemáticos em idosos.
• Baixa prevalência em idosos

Stella F. Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico precoce


à reabilitação. Ed Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007. Stella F. Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico
precoce à reabilitação. Ed Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007.
Transtorno do Pânico TOC em idosos
• Crises de pânico recorrentes + medo de ter novas crises +
evitação de situações

Crise de pânico : episódios de medo intenso com sensação ou de de


morte iminente ou de enlouquecer acompanhados de múltiplos
Características: Presença de obsessões (ideias, pensamentos,
sintomas somáticos
medos intrusivos, imagens) e compulsões ( comportamentos ,
atos e pensamentos repetitivos, ritualísticos)
Duração: 30min (pico 10min)

Quando não tratadas, as crises podem levar ao comportamento de Prevalência: infância, adolescência e adultos jovens.
esquiva. Raramente aparecerá na velhice.

Geralmente começa na juventude ou na idade adulta. Pessoas com TOC , quando envelhecem, tendem a aresentar
melhora dos sintomas.
Início Tardio: associado a doenças clínicas: DPOC,
cardiopatias, D. Parkinson

Prevalência em idosos é baixa (0,7%)

Transtorno de ansiedade em idosos Transtorno de ansiedade em idosos

Quadros mistos: sintomas de TAG + Pânico são Características: sintomas como revivência ( flashbacks),
relativamente frequentes. frequentes, involuntários e intrusivos, ocorrendo após
É importante detalhar o máximo possível tanto os sintomas evento traumático, com comportamentos de esquiva e
qunto presença ou não de desencadeantes e de hiper-reatividade.
comorbidades.
Baixa incidência em idosos, com poucos estudos nessa
população

T. Ansiedade no Idoso Comorbidade de Ansiedade e Depressão

• Subdiagnosticado (Mulsant et al., 1996)


• Subtratado Há sintomas de ansiedade e depressão, mas nenhum
conjunto de sintomas, considerado separadamente, é grave
• Sintomas de Ansiedade podem estar associados a o suficiente para justificar um diagnóstico isolado.
Depressão ou ser entidade nosológica independente.
Idosos nessa condição tem muitos sintomas somáticos,
maior probabilidade de ideação suicida e mesmo de
• Condições médicas gerais podem desencadear T.
tentativas.
Ansiedade (hipertireoidismo, angina, dores...), bem
como intoxicações ou abstinência de substâncias.
Ansiedade comórbida prediz declínio de memória na idade
avançada. (De Luca et al.,2005)
T. Ansiedade em Idosos
T. Ansiedade em Idosos
Diagnóstico Diagnóstico
• HMA: paciente e familiar/cuidador
• Exame físico minucioso
• EXAME PSÍQUICO

• Investigar estressores psicossociais • Exames Laboratoriais


Hemograma completo, eletrólitos, glicemia, função
• Investigar comorbidades (Parkinson, AVC, TOC, Demência, renal, hepática e tireoidiana, níveis séricos de ácido
transtornos crônicos do humor...) fólico e B12, ECG, Raio X tórax, urina I, toxicológico e
sorologias para sífilis e HIV.
Excluir:
• T. Humor (Depressão), T. Psicóticos, Demência, Uso Neuroimagem e aval. neuropsicológica quando
Abusivo de Álcool/Drogas (cafeína e medicações em houver suspeita de déficit cognitivo
uso).

T. Ansiedade -Tratamento
Tratamento Não Farmacológico Medicamentoso
Educação, mudanças ambientais
Mostrar os benefícios potenciais do tratamento psicossocial é ANTIDEPRESSIVOS
de fundamental importância.
Primeira linha para T. Pânico, TOC, transtorno misto de
ansiedade e depressão, TAG e transtorno de estresse
Técnicas de relaxamento pós-traumático – iniciar com metade da dose do adulto e
Eficazes para a diminuição de sintomas de ansiedade em titular até a recuperação ou a maior dose possível ou até a
adultos. dose máxima

Terapia cognitivo-comportamental (TCC) ISRS


Benéfica, especialmente para o tratamento de T. Pânico e Efetivos e bem tolerados. ( Lenze e al,2009)
TOC. Ef. colaterais sexuais - incluídos na avaliação da medicação (a
maioria dos idosos tende a não falar espontaneamente sobre
esse aspecto)

ISRNA: venlafaxina - efetiva em TAG

Outros antidepressivos como mirtazapina, trazodona e


vortioxetina, embora indicados com evidências, necessitam de
mais estudos em idosos

Tratamento Medicamentoso Tratamento Medicamentoso

Buspirona
Benzodiazepínicos (BZD)

Propriedades agonistas serotoninérgicas


Alta prevalência na população idosa (16,6% a 43%) e seu uso
Efetiva para TAG, embora mais estudos sejam tende a ocorrer a longo prazo
necessários em idosos.
Início rápido de ação

X BZD: pouco sedativa, produz menos déficit cognitivo Todos os BZD podem provocar déficit cognitivo, lentificação
e menos prejuízo psicomotor, pouco potencial de abuso psicomotora e alteração de marcha, levando a um maior risco
ou abstinência e pouca interação medicamentosa. de quedas e fraturas ósseas.

Devem ser usados com cautela e por curto período.


Início de ação demora várias semanas não sendo 0s riscos são predominantemente dose-dependentes.
recomendada para sintomas agudos de ansiedade!

Stella F. Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico precoce à


reabilitação. Ed Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007.
Tratamento Farmacológico
Tratamento Medicamentoso
Benzodiazepínicos (BZD) Antipsicóticos

Em idosos preferir: Usados qdo a ansiedade ou agitação for secundária a


demência, delirium, psicose ou se houver refratariedade à
-BZD de meia-vida curta devido à metabolização mais medicação de primeira linha.
rápida, menor índice de interação medicamentosa e
menos efeitos adversos residuais Preferir antipsicóticos atípicos aos tradicionais.
(Morinigoet al., 2005) - único estudo em idosos com idade
- BZD que não produzem metabólitos ativos: Lorazepam avançada, usando risperidona.

Se necessária prescrição: baixa dose, Atípicos: menos efeitos extrapiramidais, menor tendência a
por tempo limitado monitorando efeitos adversos! discinesia tardia e menor prejuízo cognitivo, mas riscos
maior de mortalidade.

*Podem causar sedação, ganho de peso e alterações


Stella F. Ansiedade no Idoso. In:Psiquiatria Geriátrica do diagnóstico precoce à metabólicas (diabetes tipo 2 ou dislipidemia)
reabilitação. Ed Forlenza O. São Paulo, Editora Atheneu, 2007.

OBRIGADA!

rita.crferreira@hc.fm.usp.br

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