2.
Quais são as diferenças entre a neurose e a
Roteiro de estudos
1. Diferencie sintoma, caráter, inibição
estereotipias
Sintoma: Um sintoma é uma manifestação subjetiva
ou objetiva de uma condição médica, psicológica ou
psiquiátrica que indica a presença de uma doença ou
desordem. Sintomas são geralmente percebidos pelo
paciente e podem incluir sensações físicas, emoções,
pensamentos ou comportamentos anormais. Por
exemplo, febre, dor de cabeça e fadiga são sintomas
comuns de muitas doenças.
Caráter: O termo "caráter" é frequentemente usado
para descrever os traços distintivos da personalidade
de uma pessoa. Caráter refere-se à maneira como
uma pessoa se comporta, pensa e age no mundo.
Pode incluir traços como honestidade, empatia,
coragem, generosidade, entre outros. O caráter de
alguém é moldado por uma combinação de fatores
genéticos e experiências de vida.
Inibição: A inibição refere-se à supressão ou
restrição consciente de pensamentos, sentimentos
ou comportamentos. É o ato de reprimir ou controlar
impulsos ou desejos naturais por várias razões, como
normas sociais, moralidade ou autocontrole. A
inibição pode ser uma parte normal
funcionamento psicológico e é frequentemente
necessária para a convivência social adequada.
Estereotipias: As estereotipias são padrões de
comportamento repetitivos e involuntários que
podem ocorrer em indivíduos, especialmente
aqueles com transtornos neuropsiquiátricos, como o
transtorno do espectro do autismo (TEA) ou
distúrbios do movimento. Esses comportamentos
podem incluir balançar o corpo, bater as mãos, girar
objetos repetidamente e outros movimentos
repetitivos. As estereotipias são diferentes de
comportamentos conscientes e intencionais.
psicose?
Neurose
A neurose é geralmente considerada um termo mais
antigo e amplo que se refere a uma categoria de
e distúrbios mentais menos graves em que a pessoa
ainda mantém o contato com a realidade. Pessoas
com neurose costumam estar cientes de seus
sintomas e não apresentam delírios ou alucinações.
Os sintomas de neurose podem incluir ansiedade,
fobias, obsessões, compulsões, depressão, transtorno
de pânico e outros sintomas emocionais ou
comportamentais.
Psicose
A psicose, por outro lado, é um termo que descreve
um estado mais grave de desorganização mental em
que a pessoa pode perder o contato com a realidade.
As pessoas com psicose podem experimentar delírios,
que são crenças irracionais e falsas, e alucinações,
que são percepções sensoriais falsas, como ouvir
vozes que não existem. Exemplos de transtornos
psicóticos incluem a esquizofrenia, o transtorno
bipolar com características psicóticas e alguns casos
de transtorno delirante.
3. Como Freud categorizou as neuroses?
Neuroses Atuais
As neuroses atuais são perturbações psicológicas
do caracterizadas por um estado de ansiedade, angústia
ou conflito emocional em resposta a situações de vida
específicas ou estressantes. Essas situações podem
incluir problemas no trabalho, relacionamentos
interpessoais, perdas significativas ou outros eventos
estressantes. A pessoa com neurose atual geralmente
experimenta sintomas como ansiedade, tensão,
insônia, irritabilidade, entre outros, em resposta a
esses eventos. O tratamento pode envolver terapia
psicológica para ajudar a pessoa a lidar com os
desafios emocionais.
Neuroses Transferenciais 5. Conceitue as neuroses de angústia
Incluem condições como histerias, fobias e A neurose de angústia é uma condição que se
transtornos obsessivo-compulsivos, onde os conflitos manifesta por meio de uma angústia persistente,
emocionais são transferidos para sintomas podendo ser tanto uma presença constante como
psicológicos. surgir em momentos de crise. É frequentemente
Neuroses Narcisistas descrita como uma sensação de opressão no peito,
Estão associadas a quadros psicóticos, envolvendo acompanhada por um medo angustiante e difuso de
uma disrupção no senso de self e na relação com a que algo terrível possa acontecer, seja a sensação de
realidade. iminente morte, a ameaça iminente de
enlouquecimento ou a iminência de uma tragédia
4. Conceitue a neurose atual imprevisível.
A neurose atual, também conhecida como neurose É importante notar que o termo "neurose de
de situação ou neurose de adaptação, é um termo angústia" tem sido menos utilizado nos dias de hoje,
utilizado na psicologia para descrever um tipo de em parte devido à sobreposição de sintomas com
perturbação psicológica temporária e reativa que outras condições, como a síndrome do pânico e a
ocorre em resposta a situações estressantes ou ansiedade associada a fobias.
desafiadoras na vida de uma pessoa. Essa condição
não está relacionada a traços de personalidade 6. Conceitue as fobias
permanentes, mas sim a uma resposta emocional
A experiência das fobias é complexa e altamente
aguda a eventos ou circunstâncias específicas.
variável de pessoa para pessoa, sendo influenciada
A neurose atual é caracterizada por sintomas como
por múltiplos fatores. As fobias estão frequentemente
ansiedade, tensão, preocupação excessiva,
associadas a distúrbios como a neurose histérica, mas
irritabilidade, insônia, sintomas somáticos (por
são mais comumente relacionadas à neurose
exemplo, dores de cabeça, dores no corpo) e uma
obsessiva e à neurose paranoica. A característica
sensação geral de desconforto emocional. Esses
essencial das fobias é a presença de um objeto ou
sintomas estão intimamente ligados à situação
circunstância altamente específicos que
estressante ou desencadeadora e tendem a diminuir
desencadeiam uma resposta de ansiedade intensa.
ou desaparecer à medida que a pessoa lida com o
estresse ou encontra maneiras de se adaptar à
7. Conceitue neurose obsessiva compulsiva
situação.
É caracterizada por dúvidas ruminativas,
Exemplos de situações que podem desencadear
pensamentos negativistas, obstinação, rituais e
neuroses atuais incluem problemas no trabalho,
cerimoniais. A obsessão se caracteriza por
conflitos familiares, perdas significativas, divórcio,
pensamentos persistentes e angustiantes,
dificuldades financeiras, eventos traumáticos, entre
frequentemente acompanhados por ruminações de
outros.
dúvidas, tendência ao pensamento negativo,
obstinação em relação a determinados temas e, em
alguns casos, pela realização de rituais e cerimônias
compulsivas.
Podemos desmembrar essa condição em dois
componentes distintos: a obsessão, que se refere aos
pensamentos intrusivos e indesejados, e a
compulsão, que envolve a execução de atos motores
ou comportamentos para aliviar a pressão gerada
pelos pensamentos obsessivos.
8. Como se caracteriza o transtorno obsessivo
compulsivo?
Caracteriza-se por pensamentos, ideias mentais
desagradáveis que se repetem continuamente
(obsessões) e causam angústia considerável na
pessoa afetada. Tais pensamentos angustiantes são
de difícil controle pela vontade, geralmente
incontroláveis.
De acordo com Zimermam (1999), os principais
fatores etiológicos envolvidos incluem a influência de
pais obsessivos que estabelecem um superego
excessivamente rígido e punitivo para a criança,
juntamente com uma sobrecarga de agressão que o
ego da pessoa não consegue processar
adequadamente. Além disso, há uma deficiência na
capacidade do ego em realizar a função de síntese e
discriminação das inúmeras contradições que afligem
o indivíduo obsessivo.
9. Diferencie histerias conversivas de histerias
dissociativas
A principal diferença entre histerias conversivas e
histerias dissociativas está na manifestação dos
sintomas. As histerias conversivas envolvem
sintomas físicos que não têm base médica, enquanto
as histerias dissociativas envolvem desconexões na
consciência, identidade, memória ou percepção.
Ambas as condições estão associadas a eventos
estressantes ou traumáticos e são tratadas por
profissionais de saúde mental, muitas vezes com
terapia, para abordar as questões emocionais
subjacentes.
10. Como se caracteriza o transtorno de
personalidade histriônica?
O transtorno de personalidade histriônica, uma forma
mais regressiva da histeria, é caracterizado por
manifestações vívidas e extravagantes que muitas
vezes se assemelham aos estados limítrofes de
personalidade. Pessoas com esse transtorno
frequentemente utilizam sua aparência física de
maneira inadequadamente sedutora ou provocativa
para atrair a atenção dos outros. Elas tendem a
carecer de um senso de autodireção e são altamente
influenciáveis, muitas vezes adotando uma postura
submissa para garantir a atenção dos demais
11. O que é o luto?
O luto é uma experiência comum que muitas pessoas
enfrentam em algum momento de suas vidas.
Quando alguém se depara com a perda, seja de um
ente querido, de uma conexão emocional profunda
ou de algo de grande valor emocional, o mundo ao
seu redor pode parecer perder sua vitalidade. Nesse
período, é importante reconhecer que o luto é um
processo que, com o tempo, tende a ser superado.
12. Como ocorre o processo do luto?
O processo de luto, na visão de Freud, envolve a
retirada da libido de um objeto amado, e a dificuldade
em fazer esse desligamento pode levar a um desvio
da realidade, como uma psicose alucinatória. A prova
de realidade desempenha um papel crucial na
distinção entre estímulos reais e representações
internas, e o desligamento da libido é um passo
importante para permitir que a pessoa direcione seus
afetos para novos objetos.
13. O que é a melancolia?
A melancolia é um estado psicológico caracterizado
por uma série de sintomas e sentimentos profundos.
Está relacionada a uma perda objetal inconsciente e
muitas vezes o paciente pode não estar ciente do
que exatamente foi perdido.
O paciente se percebe como desprovido de valor,
incapaz de realizar qualquer coisa e moralmente
desprezível - isso resulta em um desânimo profundo.
Além disso, a pessoa em estado de melancolia sente
um esvaziamento profundo do ego.
14. Cite as principais características da melancolia
Autoacusações deslocadas: as autoacusações
frequentemente não se aplicam diretamente ao
próprio paciente, mas sim a alguém que o paciente
ama, amou ou deveria amar. Isso significa que a
pessoa melancólica pode projetar suas próprias
críticas e sentimento de culpa em outras pessoas,
especialmente em pessoas próximas a ela.
Autorrecriminações deslocadas: as
autorrecriminações são críticas e acusações dirigidas
a um objeto amado que foram deslocadas do objeto
para o ego do próprio paciente. Isso significa que o
paciente pode internalizar sentimentos negativos em
relação a alguém próximo a ele e se culpar por essas
emoções, mesmo que não seja justificável. Algumas
autorrecriminações podem ser genuínas, o que torna
difícil distinguir entre as que são direcionadas ao
próprio ego e as que são transpostas do objeto.
Falta de humildade e sentimento de injustiça: as
pessoas melancólicas geralmente não demonstram
humildade nem submissão. Elas tendem a se sentir
constantemente injustiçadas, mesmo que as
acusações que fazem a si mesmas ou a outros sejam
injustificadas. Esse sentimento de injustiça pode
contribuir para o desânimo profundo e o
desinteresse pelo mundo externo que caracterizam a
melancolia.
15. Como ocorre o processo da melancolia?
O processo de melancolia é complexo e envolve uma
interação profunda entre a relação objetal, a
identidade do ego e a libido.
Inicialmente, a pessoa desenvolve uma ligação
emocional intensa com um objeto específico, que
pode ser uma pessoa que ela ama profundamente.
Essa ligação é caracterizada por uma forte investida
de libido (energia psíquica) no objeto. Em algum
momento, algo acontece na relação com a pessoa
amada que leva a um desapontamento real.
Ao contrário do que geralmente ocorre em situações
de perda, onde a libido é deslocada para um novo
objeto ou interesse, na melancolia, a libido não
encontra um substituto Ela não é investida em algo ou
alguém novo, mas é retirada para o ego da pessoa
O ego da pessoa melancólica começa a se identificar
de forma intensa com o objeto que foi perdido ou
abandonado Nesse estágio, a perda do objeto amado
se transforma em uma perda do ego da pessoa. Ela
passa a se sentir vazia, desprovida de valor e
moralmente desprezível, como se parte de si mesma
tivesse sido perdida junto com o objeto.
A compreensão desse processo é importante para o
tratamento adequado da melancolia, que
frequentemente requer a intervenção de um
profissional de saúde mental para ajudar a pessoa a
lidar com seus sentimentos e encontrar maneiras de
se recuperar emocionalmente.
16. Quais são os efeitos da melancolia?
Um efeito marcante da melancolia é a persistente
incapacidade de renunciar ao amor pelo objeto
perdido, mesmo que o próprio objeto tenha sido
abandonado ou perdido. Isso leva a um intenso apego
emocional ao objeto, que é muitas vezes
acompanhado por sentimentos de tristeza e
desamparo. Quando o objeto amado não pode ser
renunciado, a pessoa melancólica pode buscar refúgio
na identificação narcisista.
Isso envolve internalizar características do objeto, o
que pode levar a sentimentos ambivalentes. O ódio
em relação ao objeto também pode surgir, à medida
que a pessoa se sente decepcionada ou traída pela
relação.
17. Cite os desfechos possíveis da melancolia
Os desfechos da melancolia podem variar de pessoa
para pessoa, e o processo inconsciente envolvido
pode se manifestar de diferentes maneiras.
Em alguns casos, a melancolia pode chegar a um fim
quando a intensidade da fúria e do ódio em relação
ao objeto amado diminui. Isso pode ocorrer à
medida que a pessoa melancólica começa a aceitar a
perda e a internalizar o objeto de maneira menos
conflituosa
Outro possível desfecho envolve a destituição de
valor do objeto amado. Isso ocorre quando a pessoa
melancólica passa a ver o objeto como menos
importante ou menos significativo em sua vida
É importante notar que não existe um desfecho
único ou universal para a melancolia, e o resultado
pode variar amplamente de pessoa para pessoa.
18. Qual é a diferença entre tristeza, luto,
melancolia, posição depressiva e depressão?
A tristeza é um estado de humor afetivo que todos
nós experimentamos ao longo da vida.
O luto é uma resposta emocional à perda de algo
significativo, como a morte de um ente querido, o
término de um relacionamento importante ou a
perda de um emprego.
A melancolia é um estado emocional mais complexo
do que a tristeza e o luto. Ela ocorre quando a
introjeção do objeto perdido (por morte, abandono
etc.) ocorre de forma ambivalente e conflituosa.
A posição depressiva é um termo utilizado na
psicanálise, especialmente pela teoria de Melanie
Klein, para descrever um estado psíquico complexo
que envolve a constelação de relações objetais
(relações com objetos internos e externos) e
ansiedades.
A depressão é uma condição clínica mais grave e
duradoura em comparação com a tristeza ou o luto.
19. Discorra sobre a depressão (causas, sintomas,
aspectos importantes)
A depressão é uma condição clínica grave e
duradoura. Ela é caracterizada por uma tristeza
profunda, falta de interesse ou prazer nas atividades,
alterações no sono e no apetite, sentimentos de
desesperança, inutilidade e fadiga, entre outros
sintomas. Estudos mostram que atingem mais
mulheres do que homens.
É importante ressaltar que choro e tristeza não são
sintomas patognomônicos da depressão
As causas endógenas da depressão estão relacionadas
a fatores orgânicos, especialmente aqueles ligados à
neurobiologia.É importante distinguir essas causas
das influências puramente emocionais. As causas
endógenas envolvem disfunções neurobiológicas que
afetam o funcionamento do cérebro e podem
contribuir para o desenvolvimento da depressão.
Além disso, existem fatores de risco ambientais
(experiências adversas na infância, como abuso,
negligência ou traumas, podem aumentar o risco de
desenvolver depressão mais tarde na vida), fatores de
risco genéticos (a depressão também tem uma
predisposição genética, com uma herdabilidade
estimada em cerca de 40%) e a manifestação da
depressão como sintoma social (cultura baseada em
critérios de desempenho, liquidez das relações,
demanda/diagnostico precoce e vulgarizados).
Entre os diversos sintomas da depressão, podemos Depressão não é transtorno bipolar
citar a apatia, tristeza, falta de energia e de Os transtornos bipolares envolvem episódios de
determinação, agitação ou inquietação, mania (alta energia, impulsividade) intercalados com
irritabilidade, dificuldade em se concentrar, episódios de depressão. A depressão unipolar, ou
alterações no sono e na alimentação, desesperança e simplesmente depressão, é diferente, pois não inclui
baixa autoestima. episódios maníacos ou hipomaníacos. Embora
É importante se atentar para alguns aspectos, tais algumas pessoas inicialmente diagnosticadas com
como a relação com estressores (é fundamental depressão possam ser diagnosticadas posteriormente
distinguir entre uma reação temporária ao estresse e com transtorno bipolar, isso requer uma avaliação
a depressão clínica) e a fase do desenvolvimento cuidadosa e um acompanhamento ao longo do tempo
(diagnosticar a depressão em crianças e adolescentes para um diagnóstico preciso.
requer considerações adicionais, como a dinâmica
familiar e o uso de substâncias,enquanto o 21. O que é o transtorno de personalidade
diagnóstico de depressão em idosos pode ser borderline?
complicado, uma vez que os sintomas podem ser O transtorno de personalidade borderline (TPB),
atribuídos a condições médicas subjacentes ou a também conhecido como transtorno de
efeitos colaterais de medicamentos) personalidade limítrofe, é uma condição psiquiátrica
que afeta a forma como uma pessoa pensa, sente e
20. O que NÃO é depressão? age.
Depressão não é tristeza Ele era considerado uma condição na "fronteira
A tristeza é uma emoção normal e temporária que limítrofe" entre a neurose (um termo mais antigo
todos nós experimentamos como parte da vida. A usado para descrever distúrbios de ansiedade) e a
depressão, por outro lado, é uma condição clínica psicose (um termo usado para descrever distúrbios
caracterizada por uma tristeza persistente e mais graves que envolvem uma perda de contato
debilitante que geralmente não está relacionada a com a realidade). Na atualidade, o TPB é reconhecido
eventos específicos e pode durar semanas, meses ou como um transtorno de personalidade com
anos. características específicas e peculiares.
Depressão não é luto
O luto é uma resposta emocional à perda de algo 22. Quais são os principais sintomas do transtorno
significativo, como a morte de um ente querido. É de personalidade borderline?
uma reação emocional normal e saudável a uma Instabilidade emocional intensa: Pessoas com TPB
perda. A depressão pode ocorrer após um período frequentemente experimentam emoções intensas e
de luto prolongado, mas a depressão clínica é uma flutuantes, como raiva, tristeza, ansiedade e
condição distinta com sintomas que persistem além irritabilidade. Essas emoções podem ser
do período normal de luto. desencadeadas por eventos aparentemente
insignificantes.
Comportamento impulsivo: Indivíduos com TPB
tendem a agir impulsivamente, muitas vezes sem
considerar as consequências a longo prazo. Isso pode
incluir gastar dinheiro impulsivamente, abuso de
substâncias, comportamento sexual de risco e auto-
mutilação.
Relacionamentos instáveis: Relações interpessoais
são frequentemente turbulentas para pessoas com
TPB. Elas podem alternar entre idealização e
desvalorização de pessoas próximas, o que pode
levar a relações intensas e voláteis.
Medo do abandono: Indivíduos com TPB muitas
vezes têm um medo intenso e irracional de serem
abandonados por pessoas próximas. Isso pode levar
a comportamentos de busca de atenção e desespero
para evitar o abandono.
Autoimagem instável: Pessoas com
frequentemente têm uma imagem de si mesmas que
varia rapidamente, o que pode levar a uma falta de
identidade estável e uma sensação de vazio.
Auto-mutilação e comportamento suicida: Auto-
mutilação, como cortes ou queimaduras, e ideação
suicida são comuns em pessoas com TPB. Esses
comportamentos muitas vezes ocorrem como uma
forma de lidar com a dor emocional intensa.
Raiva intensa: Pessoas com TPB
experimentar acessos de raiva intensa
incontrolável, muitas vezes desencadeados por
eventos desafiadores ou percebidos como rejeição.
Sentimentos crônicos de vazio: Muitas pessoas com
TPB relatam uma sensação crônica de vazio ou falta
de significado em suas vidas.
23. Discorra sobre o atendimento de pacientes com
transtorno de personalidade borderline
O atendimento a pacientes com transtorno de
personalidade borderline é verdadeiramente
desafiador. Isso coloca à prova a habilidade técnica, o
conhecimento teórico e a capacidade de tolerância
do terapeuta, assim como questiona a eficácia do
sistema de atendimento em saúde mental como um
todo
Os pacientes com transtorno de personalidade
borderline têm muito a ensinar. Eles convidam os
profissionais a olhar de perto os complexos
problemas humanos e têm um entendimento
profundo do que é o indescritível e amedrontador
"nada".
Frequentemente, o paciente borderline leva o
TPB profissional a confrontar suas próprias limitações
pessoais.
24. Quais são as principais características da prática
com pacientes psicóticos? O que é a técnica
Gabbard e quais são seus princípios?
Na prática com pacientes psicóticos, é essencial que o
analista parta do princípio de que,
independentemente do grau de desagregação
podem
psíquica, sempre existe uma parte não psicótica no
e
paciente, à qual o terapeuta deve se conectar.
Estabelecer uma "aliança terapêutica" é fundamental
nesse processo, pois, sem ela, todo o trabalho
analítico subsequente com esse tipo de paciente
pode ser infrutífero.
É comum que, no estágio inicial da análise, o paciente
psicótico faça uma idealização intensa da figura do
analista. Nesse contexto, é de extrema importância
que essa idealização não seja abruptamente desfeita
e, ao mesmo tempo, não seja perpetuada em função
das necessidades narcisistas do terapeuta.
O equilíbrio nesse processo é crucial para que a
análise seja eficaz e proporcione uma compreensão
mais profunda dos processos psíquicos do paciente.
A técnica Gabbard, também conhecida como Terapia
Psicodinâmica Breve de Lester Gabbard, é uma
abordagem terapêutica que se baseia nos princípios
da psicologia psicodinâmica, com o objetivo de
ajudar os pacientes a compreender e resolver
conflitos emocionais e psicológicos de curto prazo.
Ela foi desenvolvida pelo psiquiatra e psicanalista
Lester Gabbard.
O primeiro foco deve ser a formação de uma
relação sólida entre o terapeuta e o paciente,
conhecida como a aliança terapêutica. Para construir
essa aliança, o terapeuta utiliza intervenções de
esclarecimento e apoio, buscando estabelecer um
ambiente de confiança e segurança.
É crucial que o terapeuta mantenha uma posição
flexível em relação à forma e ao conteúdo da
terapia. Isso inclui ser adaptável quanto ao tempo
das sessões, sua frequência, a variação da técnica
terapêutica e até mesmo o uso de recursos não
psicanalíticos, se for apropriado para o caso.
A distância entre terapeuta e paciente deve ser
cuidadosamente considerada, buscando encontrar
um equilíbrio ideal. O terapeuta deve criar um
ambiente acolhedor e "continente", onde o
paciente se sinta à vontade para expressar seus
aspectos psicóticos com segurança. Isso envolve a
mobilização da contratransferência, ou seja, a
atenção do terapeuta às suas próprias reações
emocionais em relação ao paciente, permitindo uma
abordagem de aproximação e retraimento conforme
necessário.
Além disso, o terapeuta desempenha o papel de ego
auxiliar para o paciente, auxiliando-o a compreender
a confusão que pode surgir entre sua própria mente e
a do terapeuta. A autenticidade e abertura do
terapeuta são fundamentais para construir uma
relação terapêutica sólida e genuína.
É importante destacar que as interpretações por
parte do terapeuta devem ser realizadas somente
após a solidificação da aliança terapêutica. Antes
disso, o foco deve ser em estabelecer uma base
segura para o trabalho terapêutico.
Por último, o terapeuta deve respeitar a necessidade
do paciente de "estar doente", reconhecendo que
o processo terapêutico envolve a exploração do
trauma e a construção da resiliência, e que cada
paciente progride em seu próprio ritmo,
respeitando suas necessidades individuais.
25. Quais são as condições necessárias para o
psicólogo que trabalha com usuários de serviços
de saúde mental? Cite e explique cada uma
delas
Formação do analista
Saber apenas teorias e diagnósticos não é suficiente
para se tornar um analista competente. Ser um bom
analista significa estar constantemente diante de
uma situação que é desconhecida, imprevisível e
potencialmente desafiadora. O analista deve cultivar
uma atitude psicanalítica adequada, que é o
resultado da combinação de seus traços naturais e
das qualidades desenvolvidas por meio de sua
própria análise pessoal. Essa atitude psicanalítica é
essencial para que o analista esteja preparado para
enfrentar as angústias e os imprevistos que surgem
ao longo da jornada pelos intricados caminhos do
inconsciente do paciente e de si mesmo.
Par analítico
É fundamental destacar que a ideia de que uma
análise requer uma conexão profunda entre analista
e paciente não implica de maneira alguma que o
analista deva renunciar à sua posição, à sua
autonomia ou que as diferenças entre eles devam
ser apagadas, muito menos que os limites
necessários entre ambos devam ser negligenciados.
Na prática clínica, é crucial ter sensibilidade em
relação ao que o paciente é capaz de suportar.
Nossa conduta deve refletir um compromisso bem
equilibrado; o analista deve demonstrar
consideração pelo paciente, que muitas vezes
enfrenta uma experiência profundamente
amedrontadora durante a análise.
Pessoa real do analista
O psiquismo do analista, enquanto pessoa real,
exerce uma influência significativa no curso da
análise. Em todo contexto analítico, é inevitável que
existam duas pessoas que enfrentam angústias, e
esperase que uma delas, idealmente, esteja em um
estado de angústia menor do que a outra. É
fundamental que o analista reconheça suas próprias
limitações, além das do paciente. Este
reconhecimento é essencial para uma análise eficaz
e responsável.
Respeito
A declaração acima sublinha a necessidade de que o
analisando seja aceito pelo analista exatamente
como ele é ou como ele pode vir a ser, em vez de ser
moldado de acordo com as preferências do
terapeuta. É importante destacar que respeitar as
limitações do paciente não significa concordar com
essas limitações. Pode ser extremamente frustrante
para um paciente quando, com grande esforço, ele
compartilha uma confidência que guardou por muito
tempo ou mostra uma pequena melhora que é
significativa para ele, mesmo que pareça
insignificante para um observador externo, e não é
compreendido pelo analista.
Empatia
A empatia surge da habilidade do analista de utilizar
as intensas projeções identificatórias do paciente
como uma forma de comunicação primitiva. Por
outro lado, o extremo oposto seria um estado mental
de apatia por parte do analista, ou seja, a falta de
sintonia com o sofrimento do paciente. Em situações
de apatia, a análise não progride além de um
processo protocolar, monótono e estéril, pois a
apatia afeta ambos os membros do par analítico,
minando o potencial de crescimento e compreensão
na análise.
Capacidade de ser continente
Uma das "condições necessárias mínimas" para a
função do analista é a habilidade de acolher as
projeções do paciente que contêm elementos
intoleráveis, desmontálas, transformá-las e dar-lhes
significado, sentido e nome. Somente após esse
processo, as projeções são devolvidas ao paciente,
devidamente purificadas, na forma de insights ou
interpretações, em quantidades adequadas e ao
ritmo que cada paciente específico consegue
suportar. Isso requer que o analista seja capaz de ser
um recipiente psíquico para os conteúdos projetados
pelo paciente e, em seguida, reintegrá-los de maneira
terapeuticamente útil.
Paciência
É importante ressaltar que "paciência" não se refere
a uma atitude passiva, resignada ou algo semelhante.
Pelo contrário, a paciência representa um processo
ativo dentro do analista. Isso significa que o analista
não apenas espera passivamente, mas está envolvido
ativamente na compreensão e no apoio ao paciente
ao longo do processo analítico.
Capacidade negativa
O termo "capacidade negativa" refere-se a uma
condição positiva essencial, na qual o terapeuta é
capaz de conter suas próprias angústias que surgem
devido à falta de compreensão do que está
acontecendo na situação analítica. Isso ocorre
porque muitas vezes os terapeutas têm aversão ao
desconhecido e não gostam de se sentir ignorantes.
Essa capacidade negativa implica a habilidade de
tolerar a incerteza e a falta de clareza na análise,
sem ceder à pressão de preencher o vazio com
interpretações apressadas.
Intuição
A intuição é uma qualidade necessária para o
analista, e não é algo transcendental, como às vezes
pode ser mal compreendido. Em vez disso, refere-se
à capacidade da mente do terapeuta de captar
informações importantes da esfera afetiva sem
depender exclusivamente dos órgãos dos sentidos. É
a capacidade de perceber, compreender e
interpretar sutilmente as nuances emocionais e
inconscientes que podem não ser prontamente
evidentes aos sentidos, desempenhando um papel
fundamental na compreensão do paciente e na
condução da análise.
ESTUDO DE CASO
Maria, uma mulher de 35 anos, recentemente
perdeu sua mãe após uma longa batalha contra o
câncer. Ela é casada e tem dois filhos pequenos.
Desde a morte de sua mãe, Maria tem passado por
um período emocionalmente difícil. A mãe de Maria
era uma figura muito importante em sua vida. Elas
eram muito próximas e compartilhavam muitos
momentos especiais. A morte da mãe foi um
evento inesperado e traumático para Maria.
Desde a morte da mãe, Maria tem relatado uma
tristeza profunda e uma sensação de vazio. Ela
chora frequentemente e tem dificuldade em
dormir à noite. Ela perdeu o interesse em
atividades que antes a faziam feliz, como sair com
amigos ou hobbies. Maria também se sente
constantemente cansada e com pouca energia.
Maria tem evitado contato social. Ela costumava
ser uma pessoa extrovertida, mas agora se isola,
evitando amigos e familiares. Ela se sente culpada
por não estar mais presente para seus filhos e seu
marido, o que a deixa ainda mais triste. Os
sintomas de Maria têm persistido por cerca de seis
meses desde a morte de sua mãe.
Como podemos distinguir entre luto, melancolia e
transtorno depressivo ao avaliar o caso de Maria,
e quais são os fatores-chave que nos ajudam a
tomar essa determinação?
Resolução do estudo de caso

Com base nas informações fornecidas no estudo de

caso, parece que Maria está passando por um
processo de luto normal após a perda de sua mãe.
Ela era muito próxima de sua mãe, e a morte dela
foi traumática e inesperada. Os sintomas de
tristeza, choro, isolamento e dificuldade para
dormir são reações comuns ao luto, especialmente
quando alguém perde uma figura significativa em
sua vida.

Além disso, o período de seis meses em que Maria

experimentou esses sintomas ainda está dentro do
intervalo que pode ser considerado normal para o
processo de luto. O luto é um processo individual e
pode variar em duração de pessoa para pessoa. É
importante reconhecer que esses sintomas são
uma resposta emocional normal à perda e que
muitas pessoas passam por eles durante o
processo de adaptação à perda de um ente
querido.

No entanto, é fundamental monitorar o progresso

de Maria e fornecer apoio emocional durante esse
período de luto. Se os sintomas persistirem ou
piorarem significativamente, ou se ela tiver
dificuldades graves em funcionar em sua vida
diária, pode ser necessário considerar uma
avaliação mais aprofundada por um profissional de
saúde mental para descartar a possibilidade de um
transtorno depressivo ou outras condições. O
acompanhamento adequado é importante para
garantir que Maria receba o apoio de que precisa
durante o processo de luto.