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Aplicação dos conhecimentos da Biologia do Cancro na estratégia terapêutica

Tópicos pertinentes
 Existem diferentes objetivos endpoints nos diferentes tipos de QT (que têm definições diferentes)
 Precisa de haver remissão completa para melhoria na qualidade de vida? Não – caso da
diminuição da competição com o hospedeiro e maior qualidade de vida

 PFS vs OS? No cancro do rim, verificou-se que mesmo não havendo melhoria no PFS, havia
melhoria na OS. Como se explica?

Pode haver 2 fatores que ajudam a explicar esta diferença nas curvas:
- Por um lado, é importante ter em conta que a imunoterapia é uma Tx dirigida ao hospedeiro, tornando-o
mais competente e permitindo que este sobreviva melhor à doença, mesmo que esta se mantenha ou
comece a progredir  isto porque aumenta o seu SI
- Por outro lado, com a imunoterapia, inicialmente pode parecer que a doença está a piorar (visualmente)
– pode haver uma pseudoprogressão do tumor devido à infiltração de linfócitos. Isto é, retirámos o
bloqueio dos linfócitos para reconhecer as células tumorais (ao bloquear o PD1), o que significa que o
tumor ficou infiltrado por estas células inflamatórias e visualmente observa-se um aumento do tamanho
da lesão (por exemplo, na pele)  tivemos de desenvolver novos critérios de resposta, porque os RECIST
avaliam o tamanho do tumor (sendo o aumento interpretado como um fracasso no tratamento) 
atualmente existem critérios iRECIST (critérios modificados).
No cancro do rim, os principais fatores que nos predizem a evolução da doença são fatores relacionados
com o hospedeiro! Hb, LDH, níveis de cálcio  tem a ver com a interação cancro-hospedeiro

 Exemplos de mecanismos de resistência desenvolvidos pelos tumores – ter em conta que existem
locais de difícil acesso aos agentes, como nas metástases cerebrais – os chamados locais
“santuário”. Por outro lado, os tumores testiculares são curáveis mesmo em estádios avançados
(modelo de Skipper), mas é obrigatório operar o testículo porque a QT não passa a BHT!!

 Problema das stem cells – como não estão em divisão, são menos quimiossensíveis, mais
resistentes à QT e RT – há stem cells que colonizam novamente o hospedeiro  este conceito
pode-se aplicar a recidivas após cirurgias e terapêutica adjuvante, mas também pode explicar como
é que uma doente com uma remissão completa (exemplo de doente com cancro da mama e
metástases pulmonares) teve novamente uma recaída e faleceu.

 Voltando ao modelo Gompertziano – em cada ciclo de QT eliminamos uma fração constante, que
são as células em replicação + sensíveis  o objetivo é eliminar toda a população para curar a
doente. Se temos uma doente que foi operada a um cancro e que tem um alto risco de recidiva
(estamos a fazer QT adjuvante para eliminar micro-metástases), então esperamos que, do ponto da
curva de onde partimos, haja uma queda até ao zero. Mas se esta Tx não for eficaz, o tempo até à
recidiva também conta para a sensibilidade aos tratamentos subsequentes. Ou seja, se tivermos
uma doente a fazer QT adjuvante e recidivou 1 ano depois VS uma que recidivou só 5-10 anos
depois, a perspetiva de ainda ser sensível a alguns tratamentos é diferente.

 Podemos simplificar os princípios do tratamento oncológico da seguinte forma: quando os


doentes têm sintomas do cancro, habitualmente têm doença em estadio avançado (10^9 células).
Abaixo disto é onde devemos tratar  “cancer free zone”. Existem doenças que, apesar de estarem
em estadio avançado, são curáveis  caso do linfoma de Hodgkin e do cancro do testículo. Além
disso, algumas doenças já metastáticas (chamadas oligoclonais) também podem eventualmente,
ser curáveis, dependendo se se trata de um processo de metastização sequencial ou paralela. Ou
seja, nos estádios avançados não precisa de haver só tx paliativa, mas existe alguma possibilidade
de tx curativa.

 DTCs – poderiam servir para avaliar risco de recidiva? Poderiam, mas não são tão úteis como o
ctDNA nas biópsias líquidas. Isto porque orbigam a uma grande logística e exigem biópsias da MO

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