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ONCO – A1 – Epidemiologia e noções sobre a “natureza do cancro”

- Cancro é uma doença que faz


perder muitos anos de vida e o custo
do seu tratamento é muito elevado,
podendo colocar em risco os
sistemas de saúde.
- Os cancros mais frequentes são o
da mama e da próstata
(potencialmente curáveis, mas muito
frequentes e dentro dos cancros
frequentes curáveis, há alguns muito
dificilmente curáveis), depois do
pulmão (que são cancros muito
mortais, sendo a 1ª causa de morte
nos EUA). O cancro do pâncreas é
menos frequente, mas altamente
mortal.
- Tumores embrionários do testículo
é muito facilmente curável, tal como
linfomas, e cancros hormonais – próstata e mama (embora alguns subtipos sejam piores).
- No outro espectro, temos o do pâncreas, em que não conseguimos diagnosticar precocemente e é muito
mortal  tem aumentado de incidência.
- Em Portugal, os cancros mais frequentes são: colorretal, mama, próstata, pulmão e estômago. Pulmão é o
mais mortal, e a sua capacidade de tratamento é muito inferior.

Como diminuir a mortalidade? – Conhecimento de FR


1) O cancro do pulmão é diminuído sobretudo diminuindo a incidência (tabagismo – educação, medidas
governamentais, saúde pública)
2) Imatinib é um tratamento muito eficaz. As terapêuticas dirigidas ainda dependem muito do estadio do
cancro.

- Há dificuldade em especificar o que é que na


dieta pode ser mudado/o que não está bem para
ser mudado.
- O excesso de peso/IMC ainda é difícil de explicar
molecularmente. Controlar peso e exercício físico
é uma maneira muito eficaz de diminuir
incidência de cancros
ocidentais.
- Exposição UV e
melanomas
- Quais os FR
modificáveis que são
mais impactantes? Vacinação (muito impacto no cancro do colo do útero),
sarcoma de Kaposi (viral) e melanoma (radiação solar).

- Geralmente, carcinomas in situ não são letais, mas são lesões pré-malignas.
Podemos curar cancros invasivos em estádios precoces, mas não em estádios
metastáticos. Assim, com rastreios, fazemos aumentar o caso de carcinomas in
situ identificados, mas diminuímos os carcinomas invasivos (reconhecemos e
poupamos estas mulheres)  uma curva desce à custa da subida da outra.
- Biópsia líquida – quase sempre feita no sangue, detetando DNA tumoral (há quem tenha definições mais
latas, incluindo talvez também oncoproteínas, células tumorais)
- Os cancros podem explicar muito pelo meio ambiente; padrão de cancro de japoneses que emigraram
para ocidente muda para semelhante dessas populações, devido a mudança de hábitos e condições
ambientais.

- Cancro é uma doença crónica


que pode ser fatal, mas também
pode ser curável; quando
metastiza, torna-se incurável na
grande maioria dos casos  ou
seja, o grande segredo para
tratar um cancro é detetá-lo
precocemente.
- Perfil metabólico é diferente
em cada cancro (PET-scan) e
usamos essa informação para o
tratar  aponta para a
agressividade do tumor (capta
muito  deduzimos que quando
fizermos biópsia, teremos um
índice proliferativo X).

- Podemos agrupar os tumores


de acordo com a origem no tecido
– podemos ter um subtipo de
tumor com origem em vários
tecidos diferentes: small cells no
tumor da próstata, mas também
no pulmão. Sarcomas têm origem
em tecido epitelial – tabela com
translocações diferentes.

- Importância de entendermos a
biologia do cancro para o melhor
tratarmos. Muitas das vezes, entre o conhecimento
biológico e o desenvolvimento de terapias pode
correr muito tempo  transferência de
conhecimento básico para conhecimento clínico. É
o exemplo do tratamento da leucemia mieloide
crónica. A descoberta do cromossoma 22
pequenino nestes doentes (em quase todos) foi em
1960, em Philadelphia, sendo necessários 13 anos
para identificar a sua origem  resulta de
translocação recíproca entre braços longos do 9 e 22 e foi preciso ainda mais tempo para compreender a
componente molecular que justificava o desenvolvimento de leucemia, que é a justaposição entre gene
BCR e ABL (Abelson tyrosine kinase), que passa a funcionar ativamente. Estes doentes com CML são os
Ph+. Até ao aparecimento do imatinib nos anos 90, tinha um mau prognóstico. Esta é uma terapêutica
dirigida que inibe a proteína de fusão BCR-ABL, impedindo que ATP se ligue e inibe esta cinase de forma
altamente seletiva  aumentou a probabilidade de sobrevivência. Importância de antecipar o uso de
tratamentos dirigidos.

É importante termos em conta porque é precisamos de


tanto tempo. O cancro é uma entidade extremamente
complexa, que não resulta apenas da existência de
células tumorais  há vários tipos de células tumorais,
incluindo cancer stem cells, células mais diferenciadas, e
neste ambiente tumoral acabam por contribuir para o
desenvolvimento do tumor, todas elas dialogando com
células fibroblásticas e outras. A questão é se o
conseguiremos simplificar – quais são as características
essenciais de um cancro? Que fatores moleculares os
definem? Alguns autores que publicaram um famoso
artigo em 2000 sugerem as Hallmarks = características
essenciais do cancro, e que define o seu esqueleto.

- Despoletar de neoangiogénese é frequente em tumores


hematológicos.

Mais recentemente, foram propostas outras


Hallmarks muito facilmente associáveis a cancros –
desregulação do metabolismo, ter de evitar a
destruição pelo SI para poder crescer (várias
estratégias usadas para isso). O desenvolvimento
tumoral está muito associado a estado inflamatório
crónico. Outra característica que não existe sempre,
mas é inerente a alguns, é a instabilidade genómica
com consequente aumento da carga mutacional.
Há estratégias para atacar cada uma destas
características.

Mutações somáticas ocorrem ao longo da vida e nem


sempre resultam em cancro. As driver mutations são
as que conferem características vantajosas (há as
desvantajosas, e as neutras, que também acontecem nos cancros em que há instabilidade genómica  há
mutações que contribuem para génese e proliferação tumoral, mas também passenger mutations que não
são causais, mas contribuem para a variação e permanência do cancro  expande clonalmente, acumula
mais mutações até originar um tumor maligno e potencialmente metastático).

No cancro colorretal há esta acumulação de mutações, sobretudo APC (que ocorrem cedo na mutação
tumoral) e também na PTEN que ocorrem mais tardiamente. Há tendência para certa evolução temporal e
probabilidade de mutações  há esta sequência, mas é mais dinâmica do que teorizado no início.
O cancro não resulta de uma única alteração genética. De acordo com artigo da nature, são necessárias 4-5
driver mutations. Que tipos de genes são afetados? Oncogenes – contribuem para progressão (mutações
com aumento de função  acelera crescimento tumoral), e Genes supressores de tumor (que impedem
progressão tumoral e que mantêm a estabilidade genómica)  como estão lá para proteger, eles têm de
ser desativados em ambos os alelos.

Porquê que quando o cancro é tratado e removido, o doente continua a ser considerado um doente
crónico? Se curado, já não é crónico. Mas se alto risco de recidiva, tenho dificuldade em dizer que está
curado. Se triplo negativo, muito mais agressivo e altamente letal, se não recidivar nos primeiros 5 anos,
nunca mais voltará.

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