Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Porque é que isto é importante no cancro? As vias de TS afetam uma série de processos essenciais para a
homeostasia da célula e, se desregulados, podem ser promotores de desenvolvimento tumoral (menos
apoptose, crescimento aumentado, que migre mais = mais invasiva e metastática).
Os diferentes elementos das vias de TS podem ser alvos de alterações genéticas/epigenéticas que os levam
a agir como oncogenes ou supressores de tumor.
Um outro aspecto importante é que as células tumorais não são entidades isoladas do seu microambiente,
dialogando com as células que as rodeiam (endoteliais, fibroblastos) modula e é modulada pelo
ambiente, precisamente através de vias de TS. Estão na interface entre o que se passa dentro e fora da
célula, sendo frequentemente impactadas no processo de progressão tumoral.
2ª PARTE DA AULA
Melanoma
- Vemurafenib (inibidor de TK, mais especificamente da
mutação BRAF V600E) permitiu uma melhoria
significativa; um dos grandes problemas destas
terapêuticas são as resistências adquiridas e ao fim de
algum tempo, é quase inevitável que retome.
Cancro da mama
60-75% - A grande maioria tem receptores
hormonais e estes FT são essenciais nestes
tumores hormono-dependentes, com papel
preditivo para resposta à hormonoterapia.
20-25% - Her2 (tinha pior prognóstico na
capacidade de metastização para cérebro,
menor sobrevida livre sem progressão da
doença e menor sobrevida global, até ao
desenvolvimento de um fármaco para este
receptor!) – têm sobreexpressão de HER2
10-15% - Triplo negativo, sem receptores para
hormonas nem sobreexpressão de HER2.
Sabemos que nas situações normais podemos ter um certo número de receptores HER2, e chama-se
HER2+ quando temos uma expressão aumentada, que pode ir até 2 milhões por célula, e isto pode ser
visto por imunohistoquímica (IHC), sendo o maior nível de expressão o 3+. Também pode ser feita
fluorescência in situ (FISH) onde vemos cópias de genes HER2+ aumentadas.
O que se sabe deste receptor é que este é capaz de sinalizar de forma independente de ligando, ou seja,
ativa vias de transdução de sinal sem a presença de ligando (homodimerizando), mas depois forma
dímeros com outros elementos da família, nomeadamente HER3 e HER4 e esta sim é uma ação
dependente de ligandos, ativando também vias de transdução de sinal. Sendo este um receptor de
membrana, podemos abordá-lo de duas formas diferentes: ou atráves de Ac monoclonais que se ligam ao
domínio extracelular, ou através de moléculas solúveis que inibem a atividade TK (TKi) do receptor. No
caso de HER2+, temos de facto os dois tipos de moléculas inibitórias:
Temos Ac como trastuzumab, que se liga ao domínio extracelular e que impede a sinalização da via
ligando independente. Por outro lado, também promove a citotoxicidade dependente de
anticorpos (faz com que ocorra a lise das células que expressam este Ac ligado).
Num estudo, alguns doentes usaram o esquema ACT (Antraciclina, ciclofosfamida e paclitaxel) e outros
ainda associaram Trastuzumab. Comparando com as doentes que usaram o esquema AC, há um
aumento de sobrevivência com o Ac monoclonal!
Temos é o problema da emergência de resistências assim, foi usado num estudo trastuzumab com
pertuzumab (duplo bloqueio), com benefício na sobrevivência
Qual é o racional para este duplo bloqueio? É inibir o receptor HER2 a dois níveis: Trastuzumab liga-
se a domínio extracelular, impedindo a sinalização intracelular independente de ligando; o
Pertuzumab liga-se a outro subdomínio e impede dimerização com outros receptores da família
HER Tx que inibe a mesma molécula, mas com dois mecanismos diferentes e há benefício com
esta dupla associação sinergicamente.
No pulmão temos ainda outras mutações-driver, isto é, há outro tipo de oncogene-addicted, sendo
particularmente importantes as mutações que envolvem o gene ALK, respresentadas numa percentagem
menor, mas apesar de tudo 2-7% dos NSCLC e o racional é o mesmo: doentes onde identificamos esta
translocação podem ser alvo terapêutico de fármacos dirigidos, nomeadamente o crizotinib (e também
temos alectinib – tem elevada penetração SNC e pode ser útil em doentes com estas metástases).