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Aula 4 – mutagênese

→As mutações - alterações hereditárias do material genético - propiciam a nova


variação genética que permite a evolução dos organismos.

→Um organismo que apresenta um novo fenótipo resultante de uma mutação é um


mutante.

As modificações do genótipo de um organismo por mutação incluem variações do


número e da estrutura dos cromossomos, além de modificações nas estruturas de
genes individuais. As mutações com modificação de sítios específicos de um gene são
mutações pontuais. Elas incluem a substituição de um par de bases por outro ou a
inserção ou deleção de um ou mais pares de nucleotídios em um sítio específico de
um gene.

Modificações tautoméricas- motivo molecular de mutação


▪Atomos de hidrogênio podem passar de uma posição para outra em uma purina ou
pirimidina - por exemplo, de um grupo amino para um nitrogênio do anel. Essas
oscilações químicas são as modificações tautoméricas.

▪Modificam o potencial de pareamento das bases.

▪Em raras ocasiões, as formas ceto de timina e guanina e as formas amino de adenina e
citosina, mais estáveis, podem sofrer modificações tautoméricas e se transformar,
respectivamente, nas formas enol e imino, menos estáveis.

▪Quando estão nos raros estados imino ou enol, as bases podem formar pares adenina-
citosina e guanina-timina, ou seja, a replicação vai parear errado.
→As mutações espontâneas surgem ocasionalmente em todas as células e se não se
sabe qual agente causador. As mutações induzidas, por sua vez, são resultado da
exposição do organismo a algum agente físico ou químico.

→Como ou porque são produzidas mutações?

-A maior parte das mutações resultam do processamento biológico dos danos


produzidos no material genético

-A maior parte dos danos são eliminados

-Alguns danos são corrigidos com a geração de mutações

-Os danos no material genético podem ser produzidos por agentes físicos ou químicos

Agentes mutagênicos
• 1. Físicos: Radiação UV, Radiação ionizante (raios X, raios g e raios
cósmicos)

A radiação ultravioleta (UV) não tem energia suficiente para induzir ionizações. Mas é
facilmente absorvida por muitas moléculas orgânicas como as purinas e as pirimidinas
no DNA, que então se tornam mais reativas ou excitadas.

As radiações ionizantes têm alta energia e são úteis no diagnóstico médico porque
penetram nos tecidos vivos em profundidades significativas. No processo, esses raios
de alta energia colidem com átomos e causa liberação de elétrons, criando radicais
livres ou íons de carga elétrica positiva. Os íons, por sua vez, colidem com outras
moléculas.

• 2. Químicos: Análogos de bases, agentes alquilantes, radicais metabólico.

♦Agentes alquilantes: adicionam grupos químicos às bases nitrogenadas (Gás


mostarda, EMS, EES); EMS causa etilação das bases do DNA.

O gás mostarda (mostarda sulfúrica) foi a primeira substância química a ter sua
mutagenicidade demonstrada: transferem grupos alquila (CH3-, CH3CH2 - e assim por
diante) para as bases no DNA; portanto, são denominadas agentes alquilantes. Assim
como os raios X, o gás mostarda tem muitos efeitos sobre o DNA..

♦Análogos de bases: substâncias químicas que podem substituir as purinas ou


pirimidinas durante a síntese do DNA, como a 5-bromouracila (5-BrU) e a 2-
aminopurina (2-AP);
A=BU (T)
♦Agentes intercalantes: intercalam-se entre as bases do DNA, produzindo uma
distorção física, seguida de remoção, adição e erro na reparação (proflavina, acridina
orange).

Outra substancia que induz mutações é a Hidroxilamina-adiciona hrupo hidroxila a


citosina, a qual poderá se ligar a adenina.

Classificação das mutações


• 1. Origem: Espontâneas

Induzidas

• 2. Localização: Somáticas - células somáticas e se espalham por mitose,


podem causar o câncer.

Germinativas – células germinativas originam gametas e


podem ser transmitidas, podendo se expressar na linhagem somática da
próxima geração. Desta forma, as mutações em células germinativas são
muito importantes para a evolução.

• 3. Expressão Fenotípica:

Substituição silenciosa - Quando não ocorre mudança no


fenótipo, a mutação causa apenas uma alteração no nucleotídeo e não
gera uma mudança no aminoácido da proteína. Isso se deve ao fato de
que vários aminoácidos são codificados por mais de um códon.

Sentido trocado - onde o códon original é alterado para um


códon que codifica um aminoácido diferente.

Sem sentido - Mutação sem sentido (nonsense): mutação


molecular cuja alteração no nucleotídeo causa o surgimento de um códon
(sequência de três bases nitrogenadas) de término, indicando o fim da
cadeia de aminoácidos. Assim, a proteína que está sendo sintetizada é
cortada prematuramente.

mutações letais, onde o indivíduo não nasce devido a presença de


uma mutação.
Tipos de mutações
1. Substituição de nucleotídio

a) Transições: substituição de pirimidina por pirimidina ou purina por purina; ex:


modificação tautomérica.

b) Transversões: substituição de pirimidina por purina ou vice-versa. Ex: hemoglobina


S

2. Mudança de pauta de leitura - alteram a matriz de leitura de todas as trincas de


pares de bases

a) Inserção de base

b) Deleção de base

Frequência das mutações espontâneas


Os três principais fatores são:
(1) a precisão do mecanismo de replicação do DNA
(2) a eficiência dos mecanismos que se desenvolveram para reparo do DNA danificado
(3) o grau de exposição a agentes mutagênicos no ambiente.

TAXA de mutação
1.As taxas de mutações espontâneas são extremamente baixas em todos os
organismos estudados;
2. Estas taxas variam consideravelmente dependendo do organismo;

3. Na mesma espécie estas taxas variam de gene para gene;

4. A taxa média de mutação espontânea é de cerca de 10-5.

Detecção do potencial mutagênico


Teste de Ames

Para o teste de Ames, são utilizadas cepas especiais de Salmonella typhimurium. A


cepa de bactéria possui uma mutação que inativa a via de biossíntese de histidina
(His-). Como as bactérias são incapazes de produzir a própria histidina e sua única
fonte é o ambiente, colônias desta cepa não crescem em meios com ausência do
aminoácido, ao menos que haja uma mutação reversa que reestabeleça a via de
biossíntese da histidina. Quaisquer mutações são mais comuns na presença de agentes
mutagênicos.

Teste SMART em Drosophila

Utiliza linhagem especial de Drosophila melanogaster para detectar alterações nas


estruturas de pelos das asas.

MECANISMOS DE REPARAÇÃO DE DANOS

O DNA é a única molécula biológica cujos danos são reparados: as demais são apenas
substituídas.

- Reparo por reversão direta de danos:

a) REVISÃO DA DNA POLIMERASE: A DNA polimerase tem frequência de erros de 10-5 (menor
taxa entre todos os mecanismos conhecidos), mas sua atividade revisora (edição) reduz
para 10-7. A replicação do DNA é susceptível a erros, se não corrigidas, as lesões serão
fixadas em mutações.
b) FOTORREATIVAÇÃO PELA FOTOLIASE: a luz UV gera dímeros de pirimidinas ( C T ) que
impedem a continuidade da replicação. Em E. coli existe uma enzima, chamada de
Fotoliase, que absorve a energia da luz e quebra as ligações covalentes presentes nos
dímeros, permitindo o prosseguimento da replicação.

c) DESALQUILAÇÃO DE GUANINA: Alquiltransferases são enzimas que transferem para sua


própria estrutura o grupo metil que encontram ligado à Guanina (por um composto
mutagênico). Ao transferir o dano pra si mesma, a enzima é inativada, limitando a via à
quantidade de enzima disponível

Ex.: 6-metilguanina transferase

- Reparação por excisão dos danos

a)REPARAÇÃO POR EXCISÃO DE BASE– BER: É comum que algumas bases sejam modificadas com
o tempo.
NER

BER

b) REPARAÇÃO POR EXCISÃO DE NUCLEOTÍDEO – NER: Repara lesões do tipo dímeros que
distorcem a hélice de DNA ou adutos (danos volumosos) que bloqueiam a replicação
ou a transcrição (impedem a passagem da DNA polimerase ou da RNA polimerase)

Mecanismo:

1)Reconhecimento da base danificada;

2)Montagem de um complexo multiprotéico no local;

3)Cortes antes e depois do sítio danificado, removendo cerca de 30 nucleotídeos;

4)Uso do filamento não-danificado como molde para síntese complementar

5)Ligação do filamento pela DNA ligase

- Reparo pós – replicativo

As quebras-duplas (DSB – double strand breaks), a quebra das duas fitas, pode levar a
anomalias cromossômicas, por perdas de fragmentos dos cromossomos, resultando
em morte celular (apoptose) ou estados pré-cancerosos.

Esse mecanismo utiliza grande parte das proteínas normais do processo de


recombinação meiótica.

Existem vários mecanismos de reparação das DSB, entre eles NHEJ e RH.

NHEJ e Síntese translesão são sujeitos a erro, enquanto RH é livre de erros!

a) SÍNTESE TRANSLESÃO:
O mecanismo de síntese translesão (“translesion bypass”), não repara realmente o
dano: “passa” por ele.
Quando a DNA polimerase replicativa para a replicação, devido à presença de um dano,
uma DNA polimerase translesão é recrutada em substituição

A Polimerase translesão é maior e menos precisa que a replicativa, conseguindo passar


pelo dano

Na maioria dos casos a polimerase translesão adiciona um A (adenina) à fita que está
sintetizando, no local onde o molde ficou inacessível. .É um modo de de emergência
(resposta SOS), para impedir que a forquilha paralisada As polimerases translesão
sintetizam apenas pequenos fragmentos e se desligam, para novo acesso da DNA
polimerase replicativa.

b) NHEJ – JUNÇÃO NÃO HOMÓLOGA DE EXTREMIDADES: O reparo NHEJ (Non-homologous


extremity joining) liga as duplas fitas quebradas.

Não tem controle de seletividade, por isso é sujeito a erros e provoca mutações no
caso de rejuntar incorretamente.

c) REPARO DE MALPAREAMNETO: Conforme informado anteriormente, a taxa de erros da


replição é de 10-5, caindo para 10-7 após a revisão pela DNA polimerase. Essa taxa de
erros diminui ainda mais, para 10-9, pela ação do MR (Mismatch Repair)

O MR reconhece e repara bases malpareadas e indel (inserção/deleção) que ocorrem na


replicação.

d) RH – COMBINAÇÃO HOMÓLOGA: a informação do cromossomo homólogo que corresponde


ao danificado ( ou da cromátide irmã, se o DNA foi copiado) é usada para reparar a
quebra. Nesse processo, os dois cromossomos homólogos se juntam e a região não
danificada do homólogo ou da cromátide é usada como modelo para substituir a
região danificada do cromossomo quebrado.

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