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Mutações e mecanismos

de reparo

Profª Drª Natalle Freitas

Belém – Pa
2022
Quais agentes podem
causar lesão na molécula do
DNA?
MUTAÇÃO E REPARO

MUTAÇÃO: qualquer mudança na


sequência de nucleotídeos ou arranjo do
DNA

Células somáticas: Células germinativas:


Mutação somática Mutação herdável
MUTAÇÃO

# Geralmente, organismos portadores de uma mutação num determinado gene


apresentam problemas em sua sobrevivência (sendo, assim, eliminados por
seleção natural).

# Contudo, nem toda mutação resulta numa consequência deletéria para seu
portador.

# mutação → fonte básica de toda variabilidade genética (matéria-prima para a


evolução)
MUTAÇÃO

▪ Sem a mutação, todos genes existiriam apenas em uma forma.

▪ mutações espontâneas → resultam de funções celulares normais


ou interações aleatórias com o ambiente.

→ podem ser aumentadas pelo tratamento com determinados


compostos (agentes mutagênicos – mutações induzidas)

→ atuam diretamente no DNA.


MUTAÇÕES
MUTAÇÕES

Mutação pode alterar a


síntese protéica
CLASSIFICAÇÃO DAS MUTAÇÕES

Classificação Geral
▪ Mutação Cromossômica: Número ou Estrutura
▪ Mutações Gênicas: Genes individuais
MUTAÇÃO BOM OU RUIM?

A mutação é a fonte básica de toda variabilidade genética,


fornecendo a matéria-prima para a evolução
PROCESSO EVOLUTIVO

Mutação como fonte de variabilidade


1. Recombinação: Rearranjos → Novas combinações
2. Seleção Natural → Preserva as combinações mais adaptadas
3. Ausência de Mutação → Genes com apenas uma forma

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CLASSIFICAÇÃO DAS MUTAÇÕES

Quanto à Natureza 1. Mutação espontânea


2. Mutação induzida

Mutagênese x Clastogênese x Teratogênese x Carcinogênese


MUTAÇÃO INDUZIDA - TERMINOLOGIA

• Agentes genotóxicos: atuam sobre o genoma


• Mutagênicos: causam mutações de ponto
• Clastogênicos: causam alterações na estrutura
cromossômica
• Carcinogênicos: aumentam o risco de aparecimento de
tumores
• Teratogênicos: produz uma alteração na estrutura ou
função da descendência.
• Citotóxicos: morte celular
Mutações Cromossômicas

Euploidia Conjunto de cromossomo de uma espécie

1. Monoploidia: n cromossomos
2. Diploidia: 2n cromossomos
3. Triploidia: 3n cromossomos
4. Poliploidia: mais de dois conjuntos

Aneuploidia Número de cromossomos difere da espécie

1. Monossomia: 2n – 1
2. Trissomia: 2n + 1
3. Nulissomia: 2n – 2
Mutação

# Mutação de ponto → modificação num único par de base


(substituição, adição ou deleção)

▪ mau funcionamento do sistema replicativo


▪ mau funcionamento do sistema de reparo
▪ interferência química direta sobre uma das bases do DNA

# Mutação letal condicional → letal num determinado ambiente


(condições restritivas)
Mutação

Classes

▪ Mutantes auxotróficos → incapazes de sintetizar um metabólito essencial


(aminoácido, purina, pirimidina, etc.)

→ crescem e se reproduzem quando o metabólito é fornecido pelo meio


(condição permissiva)
→ não crescem quando o metabólito está ausente (condição restritiva)
Mutação

▪ mutantes sensíveis à temperatura → crescerão numa determinada


temperatura

→ aumento da labilidade ao calor ou ao frio do produto gênico mutado.

▪ mutantes sensíveis ao supressor → viáveis quando um segundo fator


genético (supressor) está presente - mas inviáveis na ausência deste.
Mutação

# Mutações transmitidas à descendência → células germinativas

# Mutações perpetuadas em células que descenderam da célula original na qual


a mutação ocorreu (podendo não afetar o organismo inteiro) → células
somáticas
Rearranjos Cromossômicos

1. Inversões: Paracêntricas ou
Pericêntricas
Rearranjos Cromossômicos

2. Deleção: Terminal ou Intersticial


Rearranjos Cromossômicos

3. Translocação: Recíproca ou
Robertisoniana
Rearranjos Cromossômicos

4. Duplicação x Replicação
Mutantes em nível molecular

▪ modificações tautoméricas → flutuações químicas decorrentes de mudanças nas


posições dos átomos (purinas, pirimidinas, grupamento amino, anel nitrogenado,
etc.)

→ alteram o pareamento de bases normal.

# Envolvem a substituição de um par de bases por outro → tipo mais comum de


mutação

# Transição → substituição de uma purina por outra purina, ou de uma pirimidina por
outra pirimidina.
# Transversão → substituição de uma purina por uma pirimidina ou vice-versa.
Mutação em Nível Molecular

Transversão
Transição
A–T T–A
A–T T–A
C–G G–C
C–G G–C
Mutantes em nível molecular

▪ mutações que modificam a estrutura da leitura → envolve a adição ou


deleção de um ou alguns pares de bases.

→ alteram a estrutura de leitura de todas as trincas de pares de bases no


gene depois da mutação.
Taxas de Mutações

▪ procariotos → 10-5 a 10-6 evento/locus/geração (mutação


espontânea)

▪ eucariotos → estimativa semelhante à encontrada nos procariotos.

# mutações silenciosas → sem efeito aparente


Taxas de Mutações

# Hotspots → sítios de pares de bases


mais susceptíveis à mutação.

• Envolvem a troca de bases do DNA


mas não causam a troca do
aminoácido presente na proteína
correspondente.

• Levam à troca do aminoácido, mas a


substituição não afeta a atividade da
proteína (mutações neutras).
Mutação em Nível Molecular
Mutação em Nível Molecular

Alteração do Quadro de Leitura (Frameshift)


Mutação em Nível Molecular

Deleção
Mutação em Nível Molecular

Inserção
Mutação em Nível Molecular

Sentido Trocado (Missense)


Mutação em Nível Molecular

Sem Sentido (Nonsense)


Mutação em Nível Molecular

Expansão de Repetição
Radiação
→ porção do espectro eletromagnético que contém comprimentos de onda menores e de maior energia
que a luz visível (0,1µm).

▪ Tipos

ionizante → raios X, raios gama e raios cósmicos (úteis no diagnóstico médico pelo fato de poderem
penetrar nos tecidos vivos).

não-ionizante → luz ultravioleta.


Radiação

• No processo de penetração, a radiação ionizante colide com átomos da matéria


causando a liberação de elétrons (formando radicais livres positivamente carregados –
íons).

• Quimicamente mais reativos quando comparados à átomos em seu estado estável


normal.

# a reatividade aumentada dos átomos presentes nas moléculas de DNA é a base dos
efeitos mutagênicos da luz ultravioleta e da radiação ionizante.
Mutação por Radiação
▪ Radiação ionizante → não envolve uma extensão de tempo.

# a mesma dosagem de irradiação pode ser obtida por um longo período de tempo, ou uma alta
intensidade num curto período.

# mutações de ponto → diretamente proporcionais à dose de irradiação.

# Teoria da cinética de colisão única → toda ionização tem uma probabilidade de induzir uma
mutação.
Acidentes Radioativos
Aberrações Estruturais

Cariótipo - Metáfase
Mutação por Radiação

▪ Radiação não-ionizante (luz ultravioleta) → não possui energia suficiente para induzir
ionizações.

# são absorvidos por purinas e pirimidinas (tornando-se mais reativas).

○ multicelulares → atingem apenas camadas de células superficiais.


○ unicelulares → potente agente mutagênico

▪ Formação de hidratos de pirimidina e dímeros de pirimidinas.

# a relação entre a taxa de mutação e a dose de UV é muito variável, dependendo do tipo de


mutação do organismo e das condições empregadas.
Mutação por Radiação
Mecanismos de reparo do DNA

• Um mutante sobrevive quando sua troca genética não é prejudicial ou, mais
raramente, é benéfica.

• A maioria das mutações, contudo, são desvantajosas – impedindo a


sobrevida celular.
Mecanismos de reparo do DNA

• mecanismos de reparo → revertem os efeitos de processos mutagênicos artificiais


ou naturais sob o DNA.

→ muitos dos danos sofridos pelo DNA podem ser reparados porque a informação
genética é preservada em ambas as fitas da dupla-hélice.

→ a informação perdida em uma fita pode ser recuperada através da fita


complementar
APLICAÇÕES PRÁTICAS DAS MUTAÇÕES

• Apesar da maioria das mutações tornarem o organismo menos adaptado e


serem, portanto, desvantajosas, há a possibilidade das mesmas desenvolverem
novas características desejáveis.

• Mutantes induzidos de cevada, trigo, aveia, soja, tomate – podem melhorar as


linhagens cultivadas.
APLICAÇÕES PRÁTICAS DAS MUTAÇÕES

• resistência à ferrugem, maior produção, maior quantidade de proteína,


sementes sem casca, entre outros.

→ elucidam as vias pelas quais os processos biológicos ocorrem (isolamento


e estudo das mutações nos genes que codificam enzimas envolvidas nas
mais diversas atividades metabólicas)
Mecanismos de Reparo do DNA

Tipos de Reparo do DNA

1. Reparo dependente de luz ou fotorreativação

2. Reparo de bases alteradas

3. Reparo por excisão de base

4. Reparo por excisão de nucleotídeos

5. Reparo de bases malpareadas

6. Sistema de reparação por resgate


Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo dependente de luz ou fotorreativação

# dímeros de pirimidina → impedem a replicação e a expressão gênica

• Fotoliase → catalisa uma 2ª reação fotoquímica, na presença de luz visível,


desfazendo a mutação e refazendo as bases pirimídicas individuais.
Mecanismos de Reparo do DNA

ETAPAS

1ª → reconhecimento da enzima ao dímero na ausência de luz.

2ª → após á absorção de luz, energia é fornecida para a conversão do


dímero em monômeros de pirimidina.

3ª → dissociação da enzima do DNA.


Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo dependente de luz ou fotorreativação


▪ Fotorreativação
1. Fotoliase reconhece e se liga ao dímero
2. Absorção de luz → Conversão em monômeros
Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo por excisão

# A remoção de uma base defeituosa (ou não habitual) pode


ocorrer a partir da:

• clivagem da ligação base-açúcar (excisão de base)

• incisão endonucleolítica nos dois lados da lesão

• liberação de nucleotídeos

• preenchimento da região pela ação da DNA-polimerase I e


posterior ligação
Mecanismos de Reparo do DNA
Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo por Excisão de Base


Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo por excisão de nucleotídeos

■ Um dos mais importantes e gerais mecanismos de reparo (REN)

ETAPAS

1. Reconhecimento da lesão

2. Incisão da fita lesada em ambos os lados da lesão e a alguma distância desta

3. Excisão do segmento (oligonucleotídeo) contendo a lesão

4. Síntese de um novo segmento de DNA utilizando a fita não-danificada como


molde

5. Ligação

# reação, a princípio, livre de erro


Mecanismos de Reparo do DNA

Reparo por Excisão de Nucleotídeo (REN)


1. Reconhecimento da lesão
2. Incisão da fita lesada em ambos os lados da lesão
3. Excisão do seguimento contendo a lesão
4. Síntese do novo seguimento de DNA e Ligação
Enzimas de correção de erro
• Algumas bases incorretamente pareadas escapam da correção realizada pela DNA-
polimerase

# Remoção de bases mal pareadas → Qual das fitas contém o erro? Qual das bases é a
errada?

■ Um dos mais importantes e gerais mecanismos de reparo (REN) → enzima de correção de


erro
ETAPAS
1. Reconhecimento da lesão

2. Incisão da fita lesada em ambos os lados da lesão e a alguma distância desta

3. Excisão do segmento (oligonucleotídeo) contendo a lesão

4. Síntese de um novo segmento de DNA utilizando a fita não-danificada como molde

5. Ligação
# sinal que direciona o sistema de excisão do erro exclusivamente para a fita recém-
sintetizada → sequências GATC próximas ao erro
Reparação do DNA

Sinalização por metilação de


sítios específicos
Mecanismos de Reparo do DNA

1. Enzima de correção de erro liga-se à seqüência


GATC não modificada e ao par de bases mal
pareadas da mesma fita de DNA.

1. Enzima de correção de erro remove o


segmento de DNA que inclui o erro da fita que
contém a seqüência GATC não metilada.

1. DNA-polimerase preenche a fenda,


substituindo a base mal pareada pela correta.

# Modificações na adenina da seqüência GATC por metilases farão com que a enzima de correção não
mais atue (não ocorrendo a excisão).
Mecanismos de Reparo do DNA

Reparação de Bases Malpareadas


▪ N6-Metiladenina (GATC)

Padrão de metilação

Replicação

Divisão Celular

Metiltransferase de
Manutenção

Metilação
Mecanismos de Reparo do DNA

Sistema de Reparação por Resgate

1. Dano impede a replicação

2. Cópias com lacuna no sítio lesado

3. Resgata-se a seqüência da fita normal

4. A lacuna da fita lesada é preenchida

5. A lacuna da fita normal é repolimerizada


Conclusão

▪ Mutação: Alteração do código genético

▪ Efeito benéfico x Efeito maléfico

▪ Mutações cromossômicas numéricas/estruturais

▪ Mutações gênicas (Nível molecular)

▪ Mecanismos de reparação de erros

▪ Sistemas enzimáticos complexos que removem vários tipos de erros

▪ Manutenção da integridade do DNA


Atividade autônoma Aura

QUESTÃO 1. (FATEC adaptada) Agentes mutagênicos são aqueles que têm o potencial de alterar sequências
genéticas. Seus efeitos podem ser detectados por meio da sequência de bases nitrogenadas do RNA.
Caso o RNA resultante da sequência de DNA seja o esperado, conclui-se que o gene não sofreu mutação.
Dessa forma, a sequência 3' AGACATATA 5' de um gene terá escapado à ação de um agente
mutagênico caso seja:

a) transcrita em RNAm de sequência 5' UCUGUAUAU 3’.


b) traduzida em RNAt de sequência 3' TCTGTATAT 5’.
c) traduzida em RNAm de sequência 3' TCTGTATAT 5’.
d) transcrita em RNAt de sequência 3' UCUGUAUAU 5’.
e) transcrita em RNAm de sequência 5' AGACATATA 3'.
Atividade autônoma Aura

QUESTÃO 2.
A presença de mecanismos de reparo de DNA nos organismos é importante para:

a) facilitar a morte celular programada (apoptose).


b) manter a integridade e funcionalidade do material genético.
c) gerar novos alelos favoráveis à sobrevivência e reprodução.
d) gerar mutações para aumentar a variabilidade genética.
e) acumular mutações, levando ao surgimento de novas espécies

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