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GENÉTICA- II

ACSP

Carina Rodrigues
Aspectos gerais / revisões

As diferenças entre os indivíduos determinadas geneticamente:

Cada um de nós partilha 99,9% da sequência de DNA Nuclear

Parte dessas diferenças podem causar doença (a doença é a manifestação mais


extrema das diferenças entre indivíduos);

Algumas diferenças não têm impacto no fenótipo, alterações fora dos genes e
regiões reguladoras destes.

Outras discrepâncias estão entre os dois extremos acima citados e são


responsáveis pela variedade fenotípica “ geneticamente modificada” como por ex:
- Diferenças anatómicas;
- Intolerâncias dietéticas;
- Respostas terapêuticas;
- Predisposição para certos tipos de cancro.
Aspectos gerais / revisões

ALTERAÇÕES DO MATERIAL GENÉTICO: POLIMORFISMOS E


MUTAÇÕES

1. Mutação:

- sentido restrito: alterações do material genético no seio do gene;

- sentido lato: qualquer modificação súbita no genótipo de um organismo;

O termo mutante refere-se normalmente, ao fenótipo;

2. Polimorfismo:

Uma proteína pode existir em duas ou mais formas distintas sem que isso traga
consequências fenotípicas , diz-se mutação, se pelo contrário, há alteração
da sua função ou estrutura.

Importância evolutiva das mutações.


Aspectos gerais / revisões

1. DIFERENTES TIPOS DE MUTAÇÃO

Mutação génica (no gene) vs. mutação cromossómica (no cromossoma).

Mutação somática (todos os tecidos, não é transmissível à descendência) vs.


mutação germinativa (nos gâmetas, é transmitida à descendência).

Mutação espontânea (ocorre espontaneamente, ex da polimerase) vs. Mutação


induzida (agentes físicos e químicos).

1.
AS MUTAÇÕES GÉNICAS PODEM SER:
1. Substituições de 1 nucleótido: mutações pontuais (troca de um nucleotídeo); normalmente

designados de SNAPs: (Single Nucleotide Polymorphisms)

Classificação: Transições: A«G, C«T (63%) e Transversões: purina « pirimidina (37%

De acordo com o efeito na proteína:

- Missense (de sentido trocado) levam à alteração de um aminoácido;

- Nosense (sem sentido), a substituição de uma base faz aparecer prematuramente um

codão stop.

- Silenciosa (sem efeito, não muda o aminoácido)

- Splicing: se a mutação origina alteração do local de splicing , normalmente nas regiões

de junção intrão/exão _pode originar proteina diferente devido à diferente nº de exões.

2. Delecções e duplicações:/inserções originam mutações FRAMESHIFT (alteração da


grelha de leitura) - pequenos segmentos ou grandes segmentos.

3. Expansões: Tripletos que se repetem várias vezes. (ex. CGC CGC CGC CGC CGC CGC)
Aspectos gerais / revisões

ALELO
NORMAL DE
UM GENE

Frameshift
ALELOS
Pode ser a MUTADOS
deleção
/inserção de
uma ou mais
bases.
Altera a leitura
de 3 em 3.
Aspectos gerais / revisões

modificada.
Aspectos gerais / revisões

modificada.
Aspectos gerais / revisões

As mutações génicas podem ocorrer:

- Na replicação do DNA;

- No processamento do mRNA;

- Pontos quentes “hotspots” de mutações;

- Por recombinação génica (Meiose).


Aspectos gerais / revisões

2. POLIMORFISMO

Polimorfismo genético: alterações ao nível do DNA sem que esteja associada


alteração grave do fenótipo.

Algumas destas alterações podem ser selectivamente neutras e outras até


benéficas.

Os polimorfismos ocorrem em maior nº nas regiões não codificantes devido à


pressão selectiva rígida a que estas são sujeitas ao longo da evolução.

Quando uma variante é tão comum que é encontrado em mais de 1% dos


cromossomas da população geral é considerada um Polimorfismo Genético
Aspectos gerais / revisões

2. POLIMORFISMO

Alguns Polimorfismos podem ocorrer nas regiões codificantes sem essa alteração
seja patológica mas apresentar algum tipo de diferença ao nível do
metabolismo: podendo determinar um FENÓTIPO BIOQÍMICO distinto sem
contudo significar que vai ter uma doença.

Muitas vezes estas diferenças podem PREDISPOR para uma doença cujo a
manifestação, normalmente, vai depender também da interacção
GENE_AMBIENTE (ex. nutrigenética ou farmacogenética para que possam ser
“alvos” de uma dieta ou terapêutica personalizada).

Os polimorfismos também são elementos chave na pesquisa e na prática clínica. A


sua análise permite-nos fazer o estudo de ligação com outros características
saber se tem alelos de risco para determinada doença (ver figuras seguintes).
Variabilidade Genética

Polimorfismo - Classificação

Polimorfismo genéticos podem ser classificados de acordo como a


sequência de DNA varia entre os diferentes alelos:

- SNP : substituição de uma ou outra base num determinado local (nº de


alelos = 2);

- INDEL (por inserção ou delecção):

- Uma parte destes polimorfismos apresenta dois alelos e


consiste numa a delecção ou inserção que ocorre num
fragmento curto de DNA (Indel simples);

- Cerca de metade dos polimorfismos consistem em repetições em


Tandem (fragmentos com sequencias que se repem de diferentes
tamanhos:
- Microsatélites: STR
- Minisatélites: VNTR
- CNP – número de cópias de Polimorfismo
Variabilidade Genética
Polimorfismo - Classificação

- Minisatélites: VNTR (variable number of tandem repeat)

Centenas de milhares de cópias, em tandem, de 10 a 100 unidades de


repetições de nucleotídeos (5 ou mais alelos).

- Microsatélites: STR (short tandem repeat)

5-25 cópias, em tandem, de 2, 3 ou 4 unidades de repetição de


nucleótidos (5 ou mais alelos).

- CNP: Presença ou deleção de segmentos de DNA de 200bp ou 1,5 Mb ( a


duplicação em Tandem também pode ocorrer 2, 3 ou 4 cópias (2 ou 3
alelos).
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Efeito das mutações nas proteínas

Como as mutações interferem na síntese de proteínas


biologicamente normais

- Bases Moleculares Bioquímicas das doenças genéticas -

As mutações podem ocorrer em genes que codificam para:

- Proteínas de manutenção (estão presentes em praticamente


em todas as células e desempenham papeis fundamentais na
manutenção da estrutura celular.

- Proteínas específicas (histoespecíficas - desempenham uma


função particular num tecido específico e são produzidas
apenas por um número limitado número de tipos celulares)
Bases Moleculares e Bioquímicas das doenças genéticas

- 90% dos mRNAs nas células da maior parte dos tecidos pertencem a
proteínas estruturais;

- Os restantes 10 % são mRNAs que codificam para proteínas específicas;

Tendo em conta esta informação muitas vezes generaliza-se:

- Mutações em proteínas específicas resultam em doenças que


fenotipicamente estão ligadas ao tecido onde são expressas (mas nem
sempre é verdade ex. Fenilcetonúria);

- Mutações em proteínas estruturais ou de manutenção terão um impacto


mais alargado em termos de fenótipo porque poderão mais tecidos estar
envolvidos (à partida poderíamos pensar que todo o organismo poderia
ser afectado – o que seria incompatível com a vida).
Bases Moleculares e Bioquímicas das doenças genéticas

As mutações em proteínas estruturais não envolverem realmente todos


os tecidos do organismo poderá dever-se a:

- Epistasia e/ou devido à redundância genética;

- Proteínas que se expressam de forma mais abundante


nuns tecidos do que noutros;

- Terem uma função mais relevante numas células do que


noutras.

Ex. Doença de Tay-Sachs.


Bases Moleculares e Bioquímicas das doenças genéticas

Relação Genótipo- Fenótipo:

Heterogeneidade Alélica:
- Funções residuais de algumas proteínas alteradas;
-Subfunção específica da proteína (dependente da
região afectada;

Heterogeneidade de Locus:
Alterações em diferentes regiões genómicas podem
produzir um fenótipo idêntico;

Heterogeneidade Clínica:
Alteração num mesmo alelo ou locus pode produzir resultados
diferentes conforme a presença:
- Genes Modicadores – epistasia;
- Factores ambientais.
(Ex. Hemoglobina de Kempsey e Alfa-talassemia).
Bases Moleculares e Bioquímicas das doenças genéticas

Doenças que envolvem diferentes classes de proteínas:

- Enzimas (PKU, Tay Sachs e doenças do armazenamento lisossómico);

- Receptoras (Hipercolesteremia Familiar)

- Transportadoras (Fibrose Cística);

- Co-factores (Raquitismos por deficiência da vitamina D)

- Estruturais (D. M. Duchene; Osteogénese Imperfeita)

- Envolvidas no processo de Neurodegeneração


(Alzheimer e doenças mitocondriais).

- Cancro, proteínas do ciclo celular e dos mecanismos reparadores.


Efeito das mutações nas proteínas

Mecanismos genéticos e bioquímicos que fundamentam a


compreensão das doenças genéticas

Alteração no DNAalteração do mRNA e proteínas  função da proteína


alterada.

Há cerca de 3900 doenças descritas na OMIM – (Online Mendelian Heritance in


Man).

85% apresentam genes identificados (mutações identificadas em mais de 1990


genes).

Na maior parte conhece-se o defeito molecular mas a fisiopatologia não é


inteiramente conhecida. (Ex. Anemia falciforme 1ª a primeira doença onde foi
reconhecida a patologia molecular).
Efeito das mutações nas proteínas

1. Mutações na região codificadora


Estrutura anormal da proteína (dependendo do domínio da proteína onde se
localiza essa mutação vamos ter alterações mais ou menos graves na
estrutura e função da proteína).

2. Mutações nas regiões não codificadoras


A- Mutações que comprometem a região reguladora (alteram a quantidade
de RNA e o tipo de célula onde vai se expresso- alterações na caixa TATA
são frequentes diminuindo o número de moléculas de RNA transcritas).

B -Mutações que alteram estabilidade (no CAP-boné metilado e Poly AAA –


podem alterar o tempo de vida do RNA) ou recomposição do mRNA
(mutação de splicing do RNA – composição diferente em exões).
Dogma Central da Biologia Molecular
Efeito das mutações nas proteínas
Região codificadora
Efeito das mutações nas proteínas

Níveis fenotípicos:

- gene;
- proteína;
- célula;
- tecido;
- organismo como um todo.

Efeito das mutações na função da proteína:

- Perda de Função;

- Ganho de Função;

- Expressão do gene no tempo errado - Expr. Heterocrónica;

- Expressão no local errado – Expr. Ectópica.


Efeito das mutações nas proteínas

Mutações associadas a perda de função:

- Severidade da doença relacionada com a quantidade de função


perdida;

Se a proteína tiver uma função residual  menor severidade da doença


(Ex: Retinoblastoma)

Mutações associadas a ganho de função:

- Aumentam as funções normais da proteína (não é benéfico);


- Abordagem terapêutica é diferente;
(Ex. Acondroplasia)

Mutações associadas a uma nova propriedade:

A proteína tem funções e características diferentes da original.


(Ex. anemia Falciforme)
Efeito das mutações nas proteínas

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