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Histórico e generalidades
da ginástica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A ginástica não é um esporte recente: ela existe há milhares de anos,
sendo praticada por diferentes povos na forma de danças sagradas, de
piruetas sobre cavalos de madeira e de acrobacias. No entanto, no século
XIX a ginástica desenvolveu-se de modo muito especial (MARTIN, 1997).
De acordo com Soares et al. (1992, p. 77), a ginástica pode ser entendida
como “uma forma particular de exercitação, onde, com ou sem uso de
aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades que provocam valiosas
experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal, em particular,
e do homem em geral”. Nesse contexto, a ginástica possibilita múltiplas
abordagens, desde a performance humana até as influências para o de-
senvolvimento de crianças e adolescentes. A prática está dividida nas
seguintes modalidades: ginástica acrobática, ginástica aeróbica, ginástica
artística, ginástica geral, ginástica rítmica e ginástica de trampolim.
16 Histórico e generalidades da ginástica
Este capítulo apresenta uma visão plural da ginástica. Você irá compre-
ender os aspectos históricos e conceituais das diferentes manifestações
da ginástica, identificando as possibilidades de movimentos e expressão
no âmbito da educação física escolar, com intuito de promover ações
pedagógicas transformadoras da cultura corporal de movimento.
A origem da ginástica
A ginástica vem da Pré-História; afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade
Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios
da Idade Contemporânea (RAMOS, 1982). De acordo com Ayoub (2003), o
termo “ginástica” vem do grego gymnastiké, que significa a arte ou ato de
exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade. A princípio, esse termo
representava todo tipo de atividade física, como as atividades necessárias à
sobrevivência e à preparação militar com o intuito de servir à nação.
Dentro desse contexto, ela ganhou força por seu aspecto utilitário, transmitido
através das gerações por danças sagradas, jogos e eventos festivos. Na antiguidade,
os exercícios físicos aparecem como diferentes manifestações esportivas; no
Oriente como forma de lutas, de natação, de manejo do arco; na Grécia, o exercício
físico era altamente valorizado como educação corporal e preparação para a guerra.
Com a característica de ser útil à nação, a ginástica ganhou força no seu aspecto
utilitário. Por exemplo, aprender a nadar era de utilidade para a pessoa que
numa guerra pode atravessar um rio, ou salvar um compatriota, ou ainda, os
exercícios ginásticos promovem a saúde, a força e a determinação, que são que-
sitos para um guerreiro para servir bem a nação (BREGOLATO, 1994, p. 76).
Ginástica calistênica
Ao se falar em ginástica, é preciso enfatizar a ginástica calistênica, que pode ser
considerada a “mãe” de vários tipos de ginástica. A palavra de origem grega calistenia
significa beleza e força, e foi traduzida como “cheio de vigor” para representar a saúde
integral, ou seja, física, mental e social. É um método de ginástica que surgiu na França
no século XVIII, efetivou-se nos Estados Unidos e difundiu-se por todo o mundo.
Uma das características fundamentais da ginástica calistênica é a utilização do
próprio peso corporal. Em sua evolução histórica, a calistenia vai se definindo com
objetivos voltados à estética e à correção postural, por meio de exercícios de força e
flexibilidade que aliam ritmo e exercício. Os exercícios rítmicos são executados num
tempo determinado por palmas, contagem oral, batidas em instrumentos de percussão
e música. Há necessidade de uma execução sincronizada, ou seja, todos os praticantes
realizam os movimentos ao mesmo tempo, da mesma forma, com elegância e postura
correta. Nos dias atuais, ela permanece em alta, servindo como um treinamento
funcional. Por isso, não se limita a exercícios isolados, mas abrange a movimentação
do corpo em sua totalidade. Um treino de calistenia requer equipamento mínimo, que
pode ser encontrado fora da academia, no parque ou até mesmo dentro de casa. A
calistenia, também conhecida como street workout (treino de rua), está ganhando cada
vez mais fama pelo mundo.
Ginástica para todos (GPT) / ginástica geral (GG): é uma modalidade con-
temporânea que possibilita a apropriação e a vivência de diferentes elementos e
manifestações da cultura corporal, tais como ginástica, dança e artes circenses,
o que lhe confere um caráter inusitado. É uma das modalidades da ginástica
com essência demonstrativa, que permite a participação de todos. Por ser uma
modalidade demonstrativa, pode ser praticada por diferentes faixas etárias e
limitações. No âmbito escolar, pode ser abordada de várias maneiras, sempre
relacionadas ao lazer e à saúde.
Dentro deste contexto, propõe-se o trabalho das ginásticas competitivas na
escola a partir de uma perspectiva da ginástica geral. Ou seja, considerando
a ginástica dentro da perspectiva cultural de movimento, acredita-se que ela
deva ser trabalhada em sua totalidade e não apenas de forma fragmentada como
Histórico e generalidades da ginástica 21
ginástica artística ou ginástica rítmica, por exemplo. Deve-se, nessa prática edu-
cacional, prever a sua tematização. Além de ser um dos mais antigos conteúdos
da educação física, faz-se necessário abordar sua contextualização histórico-
-social, seus valores nas diferentes culturas e suas inúmeras interpretações,
fazendo com que os alunos possam (re)significar e criar novas possibilidades de
expressão dos movimentos, dentro de suas diferentes formas e manifestações.
Vale ressaltar que a prática da ginástica nos espaços escolares, ao longo dos
anos, foi perdendo espaço enquanto conteúdo da educação física em favor das
práticas esportivas, supervalorizadas no decorrer do século XX. Ainda hoje, os
professores trabalham muito mais o “jogar bola” (AYOUB, 2003), lamentavelmente.
A ginástica na escola
Ações pedagógicas pautadas no ensino da ginástica em âmbito escolar benefi-
ciam as crianças e jovens de diferentes formas. Além de promover uma melhor
consciência corporal, por meio da ginástica, grande parte das habilidades
motoras fundamentais de locomoção (saltitar, salto horizontal e vertical), esta-
bilização (equilíbrio num pé só, apoio invertido) e manipulação (lançamentos
diversos) são desenvolvidas. A prática serve tanto para a especialização dos
gestos motores característicos das ginásticas quanto para grande parte das
atividades de vida diária. Além disso, valências físicas como força, flexibilidade
e resistência muscular são também aprimoradas.
Tais habilidades, por sua vez, estão relacionadas à saúde e ao condicio-
namento físico em geral. Estudos nesse âmbito têm verificado que aspectos
relacionados ao desenvolvimento da competência motora e da aptidão física
na infância e na adolescência são fundamentais para compor trajetórias po-
sitivas de saúde ao longo da vida (STODDEN, 2014). Pesquisas recentes têm
22 Histórico e generalidades da ginástica
Ginástica rítmica
Fundamentos históricos da modalidade. Fundamentos práticos, como asso-
ciação dos movimentos corporais com música e aparelho; corpo: diferentes
formas de andar, correr, saltar, girar; saltos (grupado, vertical, tesoura, passo
pulo, cossaco, carpado e afastado); equilíbrios (passê, prancha facial, perna
à frente, de joelhos com a perna lateral, frontal ou dorsal, com 90º); pivots
(no passê, com sustentações das pernas à frente); flexibilidade e ondas, ou
seja, associação dos elementos de flexibilidade e onda com música e aparelho.
Manejo de aparelhos (corda, arco, bola, maças e fita): balanceios, circundu-
ções, rotações, movimento em oito, rolamentos, lançamentos e recuperações,
além de elementos específicos de cada aparelho. Música: atividades rítmicas;
identificação do ritmo musical; exploração dos diferentes ritmos com o próprio
corpo, com o corpo do outro e com os materiais; elaboração de composições
gímnicas a mãos livres.
24 Histórico e generalidades da ginástica
Ginástica artística
Fundamentos históricos da modalidade. Fundamentos práticos: solo — rolamentos
grupados, afastados e carpados (frente e trás), parada de mãos, parada de mãos
com rolamento para frente, oitava, parada de cabeça, roda, rodante, reversão,
roda com uma mão e sem mãos, esquadro; composições coreográficas com os
elementos de solo. Aparelhos: trave de equilíbrio, mesa de salto, barra fixa, argolas
e paralelas simétricas. Entradas, saídas, impulsos, balanços, giros, suspensão,
apoios, equilíbrio estático, saltos, elementos com voos, inversões de eixo.
Ginástica acrobática
Fundamentos técnicos, históricos e culturais da ginástica acrobática: exercícios
de equilíbrio corporal dinâmico e estático; exercícios individuais de solo;
pegas; figuras acrobáticas estáticas, em duplas e trios; contrapesos; posições
básicas e de complexidade média da base, do volante e do intermediário, com
e sem inversão do eixo longitudinal; figuras acrobáticas estáticas e dinâmicas,
como quartetos, quintetos e sextetos; quedas; posições fundamentais da base;
posições fundamentais do volante.
Ginástica geral
Aspectos históricos e culturais das ginásticas de conscientização corpo-
ral e das ginásticas de condicionamento físico, atentando para os tipos e
caracterizações. Elementos corporais: equilibrar, balancear, trepar, girar,
saltar, saltar, andar, correr, circundar, ondular, rastejar, estender, rolar e
outros. Elementos acrobáticos (com, em e sem aparelhos): rotações, apoios,
aparelhos, reversões, suspensões, elementos pré-acrobáticos. Atividades
rítmicas e expressivas: brincadeiras cantadas, expressão corporal, identifi-
cação dos ritmos corporais e externos. Exploração de aparelhos tradicionais
de grande porte: plinto, barra fi xa, mesa de salto, trave de equilíbrio, cavalo
com alças, trampolim, esteira, colchões, barra simétrica e assimétrica; de
pequeno porte: bola, corda, arco, fita, maças, dentre outros. Exploração de
aparelhos não tradicionais: tecido, pneu, câmara de ar de pneu, caixas, galões
de água, engradados, bambus, garrafas, bancos, cadeiras, bolas de parque,
dentre outros. Coreografia: formação, direção, trajetória, planos, harmo-
nia, sincronia, ritmo, apresentação individual e em grupo, dentre outros.
Processos de construção coreográfica, variações rítmicas e teoria musical.
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