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UNIDADE 1

Histórico e generalidades
da ginástica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Distinguir as especificidades teórico-metodológicas das ginásticas


esportivas e suas possibilidades como manifestação e conteúdo da
educação física escolar.
 Reconhecer a evolução histórica da ginástica e sua contribuição para
a formação da cultura corporal do movimento.
 Identificar as diferentes manifestações da ginástica.

Introdução
A ginástica não é um esporte recente: ela existe há milhares de anos,
sendo praticada por diferentes povos na forma de danças sagradas, de
piruetas sobre cavalos de madeira e de acrobacias. No entanto, no século
XIX a ginástica desenvolveu-se de modo muito especial (MARTIN, 1997).
De acordo com Soares et al. (1992, p. 77), a ginástica pode ser entendida
como “uma forma particular de exercitação, onde, com ou sem uso de
aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades que provocam valiosas
experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal, em particular,
e do homem em geral”. Nesse contexto, a ginástica possibilita múltiplas
abordagens, desde a performance humana até as influências para o de-
senvolvimento de crianças e adolescentes. A prática está dividida nas
seguintes modalidades: ginástica acrobática, ginástica aeróbica, ginástica
artística, ginástica geral, ginástica rítmica e ginástica de trampolim.
16 Histórico e generalidades da ginástica

Este capítulo apresenta uma visão plural da ginástica. Você irá compre-
ender os aspectos históricos e conceituais das diferentes manifestações
da ginástica, identificando as possibilidades de movimentos e expressão
no âmbito da educação física escolar, com intuito de promover ações
pedagógicas transformadoras da cultura corporal de movimento.

A origem da ginástica
A ginástica vem da Pré-História; afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade
Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios
da Idade Contemporânea (RAMOS, 1982). De acordo com Ayoub (2003), o
termo “ginástica” vem do grego gymnastiké, que significa a arte ou ato de
exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade. A princípio, esse termo
representava todo tipo de atividade física, como as atividades necessárias à
sobrevivência e à preparação militar com o intuito de servir à nação.
Dentro desse contexto, ela ganhou força por seu aspecto utilitário, transmitido
através das gerações por danças sagradas, jogos e eventos festivos. Na antiguidade,
os exercícios físicos aparecem como diferentes manifestações esportivas; no
Oriente como forma de lutas, de natação, de manejo do arco; na Grécia, o exercício
físico era altamente valorizado como educação corporal e preparação para a guerra.

Com a característica de ser útil à nação, a ginástica ganhou força no seu aspecto
utilitário. Por exemplo, aprender a nadar era de utilidade para a pessoa que
numa guerra pode atravessar um rio, ou salvar um compatriota, ou ainda, os
exercícios ginásticos promovem a saúde, a força e a determinação, que são que-
sitos para um guerreiro para servir bem a nação (BREGOLATO, 1994, p. 76).

Na Idade Média, perdura a supervalorização dos exercícios físicos na


preparação militar dos soldados, ocorrida durante os séculos XI, XII e XIII.
Apesar de a tendência militarista ter vigorado, existia também outra cor-
rente da ginástica: a tendência naturalista ou método natural. Esse movimento
conferiu à ginástica o sentido de lazer, liberdade e prazer; não justificava
os anseios da nação, mas da pessoa em si mesma. A metodologia chamou a
atenção por seu caráter lúdico, baseado em movimentos naturais.
Histórico e generalidades da ginástica 17

Na Idade Moderna, os exercícios físicos passaram a ser valorizados por


seu caráter educacional. Inúmeros pedagogos contribuíram para a evolução
do conhecimento da educação física, abordando a temática da pedagogia,
da fisiologia e da técnica dos movimentos. Foi a partir disso que surgiu o
movimento de sistematização da ginástica.
Para alguns autores, a origem da atual ginástica data do século XIX, em pa-
íses europeus, onde muitos métodos ginásticos foram desenvolvidos: A Escola
Inglesa, a Escola Alemã e a Escola Francesa. Os métodos foram formulados
a partir princípios da cultura da Grécia antiga, que enaltecia a saúde, a força
e a beleza. As várias práticas corporais envolviam saltos, corridas, esgrima,
jogos, acrobacias, equitação, natação e exercícios de preparação para a guerra
(BREGOLATO, 1994).
A escola Alemã e a Escola Francesa foram responsáveis pelo surgimento
dos principais métodos ginásticos, determinantes para o desenvolvimento
dos grandes movimentos ginásticos na Europa no século XIX, que influen-
ciaram e até hoje influenciam a ginástica mundial e, em especial, a ginástica
brasileira. Nessa época, a ginástica vinculou-se à medicina e conquistou
status por sua função na sociedade industrial, mostrando-se benéfica para a
correção de vícios posturais gerados pelas demandas do trabalho (SOARES,
1994). Dentro desse contexto, a ginástica incorporou características da ci-
ência, e os estudos que estruturaram a ginástica envolveram áreas médicas,
como anatomia e fisiologia, que fundamentaram a ciência da mecânica do
movimento. As pesquisas levaram à invenção de aparelhos, como os de
ortopedia (BREGOLATO, 1994).
A partir desta perspectiva higienista, a ginástica foi parte integrante também
da sociedade brasileira, que almejava a construção de um povo forte e saudável,
capaz de impulsionar o processo de industrialização que se iniciava ao final
do século XIX. Foi também no século XIX que a Ginástica se fez presente
nos currículos educacionais brasileiros como um dos principais conteúdos da
educação física. Sob a influência dos métodos ginásticos europeus, a ginástica
consolidou-se como instrumento educacional capaz de promover a saúde e a
retidão corporal dos alunos.
18 Histórico e generalidades da ginástica

Ginástica calistênica
Ao se falar em ginástica, é preciso enfatizar a ginástica calistênica, que pode ser
considerada a “mãe” de vários tipos de ginástica. A palavra de origem grega calistenia
significa beleza e força, e foi traduzida como “cheio de vigor” para representar a saúde
integral, ou seja, física, mental e social. É um método de ginástica que surgiu na França
no século XVIII, efetivou-se nos Estados Unidos e difundiu-se por todo o mundo.
Uma das características fundamentais da ginástica calistênica é a utilização do
próprio peso corporal. Em sua evolução histórica, a calistenia vai se definindo com
objetivos voltados à estética e à correção postural, por meio de exercícios de força e
flexibilidade que aliam ritmo e exercício. Os exercícios rítmicos são executados num
tempo determinado por palmas, contagem oral, batidas em instrumentos de percussão
e música. Há necessidade de uma execução sincronizada, ou seja, todos os praticantes
realizam os movimentos ao mesmo tempo, da mesma forma, com elegância e postura
correta. Nos dias atuais, ela permanece em alta, servindo como um treinamento
funcional. Por isso, não se limita a exercícios isolados, mas abrange a movimentação
do corpo em sua totalidade. Um treino de calistenia requer equipamento mínimo, que
pode ser encontrado fora da academia, no parque ou até mesmo dentro de casa. A
calistenia, também conhecida como street workout (treino de rua), está ganhando cada
vez mais fama pelo mundo.

Atualmente, encontramos diferentes tipos de ginástica; novos métodos,


tendências e técnicas são constantemente desenvolvidos. Por esse motivo, é
difícil atribuir uma definição única à ginástica, que englobe todo o seu universo.
Para facilitar o entendimento, Souza (1997) acredita que a ginástica pode ser
classificada em cinco campos de atuação, que representariam seu universo:
ginásticas fisioterápicas, ginástica de condicionamento físico, ginásticas de
conscientização corporal, ginásticas de competição e ginásticas demonstrativas.

 Ginásticas fisioterápicas são relacionadas com a prevenção e com o tra-


tamento de doenças (p. ex., reeducação postural global, cinesioterapia).
 Ginásticas de condicionamento físico visam à estética corporal. Ge-
ralmente estão presentes em academias (p. ex., aeróbica, localizada,
alongamento, step, body pump, bike, etc.) ou em treinamentos de equipes
esportivas.
 Ginásticas de conscientização corporal estão relacionadas a problemas
físicos (p. ex., tai chi chuan, yoga, pilates).
 Ginásticas de competição são as modalidades gímnicas que envolvem
eventos de competição e possuem regras construídas pela Federação
Histórico e generalidades da ginástica 19

Internacional de Ginástica (FIG), no mundo, e pela Confederação Brasi-


leira de Ginástica, no País (p. ex., ginástica artística, ginástica rítmica,
trampolim acrobático, ginástica acrobática, ginástica aeróbica).
 Ginásticas de demonstração caracterizam-se por seu caráter não
competitivo (p. ex., ginástica geral ou ginástica para todos), orientado
ao lazer. São adequadas para todas as idades. Vale ressaltar que elas
compõem um dos comitês da FIG, constituindo a única modalidade
não competitiva.

Modalidades: as subdivisões da ginástica


de competição
A ginástica moderna possui regras construídas pela Federação Internacional
de Ginástica (FIG), que a classifica em seis modalidades, sendo uma delas
não competitiva:

Ginástica acrobática (GACRO): é a mais jovem modalidade do universo das


ginásticas competitivas. Os três princípios fundamentais que a caracterizam
são: a formação de figuras ou pirâmides humanas; a execução de acrobacias,
elementos de força, flexibilidade e equilíbrio para transitar de uma figura à
outra; a execução de elementos de dança, saltos e piruetas ginásticas como
componentes coreográficos. O que a diferencia das outras modalidades é o fato
de a GACRO proporcionar trabalhos em grupo. Necessita de poucos materiais
e tem baixo custo. Além disso, pode ser desenvolvida como ginástica para
diferentes estruturas físicas e requer um alto grau de confiança e cooperação
entre os praticantes (MERIDA; NISTA-PICCOLO; MERIDA, 2008).

Ginástica aeróbica esportiva (GAE): envolve a execução de padrões de movi-


mentos aeróbicos complexos, executados continuamente, em alta intensidade e
com música. Os movimentos têm origem na tradicional dança aeróbica. Entende-se
por padrões de movimentos aeróbicos a combinação simultânea de passos básicos
e movimentos de braços, executados de forma consecutiva, seguindo o ritmo esti-
pulado pela música para, assim, criar sequencias dinâmicas. A rotina (coreografia)
deve demonstrar movimentos contínuos, flexibilidade, força, agilidade, equilíbrio
e a utilização de sete passos básicos, com alto grau de perfeição nos elementos
de dificuldade executados. São cinco as provas realizadas: individual feminino,
individual masculino, dupla mista, trio e grupo (seis integrantes).
20 Histórico e generalidades da ginástica

Ginástica artística (GA): é composta de exercícios corporais sistematiza-


dos com as características de rigidez (contração), elegância, flexibilidade e
equilíbrio. A GA baseia-se na evolução técnica de diversos exercícios físicos
e compreende um conjunto de acrobacias que pode ser realizada em solo ou
em aparelhos. Para os homens, as provas são: barra fixa, barras paralelas,
cavalo com alças, salto sobre a mesa, argolas e solo. Já para as mulheres, as
provas são: solo, trave de equilíbrio, salto sobre a mesa e barras paralelas
assimétricas. Durante muito tempo, a ginástica artística foi o único tipo de
ginástica a integrar os Jogos Olímpicos.

Ginástica rítmica (GR): é um esporte exclusivamente feminino em nível de


Olimpíadas, embora existam também algumas competições secundárias para
homens. Envolve movimentos de corpo e dança de variados tipos e dificuldades,
combinados à manipulação de pequenos equipamentos ao som de música. Nas
rotinas de GR, são permitidos certos elementos pré-acrobáticos, como rolamen-
tos. Envolve a manipulação de cinco aparelhos: arco, bola, corda, fita e maças.
As competições podem ser individuais ou entre conjuntos de cinco atletas.

Ginástica de trampolim: mescla esporte com acrobacias e espetáculo. Neste


esporte, o ginasta deve fazer saltos e acrobacias no ar, pulando em uma cama
elástica (trampolim). Os movimentos executados são saltos mortais, duplos,
quádruplos e acrobacias variadas. A altura atingida durante os saltos pode
chegar a seis metros. A ginástica de trampolim é disputada tanto por homens
quanto por mulheres. O trampolim, como modalidade esportiva, é dividido
em quatro provas: trampolim individual, trampolim sincronizado, duplo mi-
nitrampolim e tumbling. A modalidade individual é a única prova olímpica.

Ginástica para todos (GPT) / ginástica geral (GG): é uma modalidade con-
temporânea que possibilita a apropriação e a vivência de diferentes elementos e
manifestações da cultura corporal, tais como ginástica, dança e artes circenses,
o que lhe confere um caráter inusitado. É uma das modalidades da ginástica
com essência demonstrativa, que permite a participação de todos. Por ser uma
modalidade demonstrativa, pode ser praticada por diferentes faixas etárias e
limitações. No âmbito escolar, pode ser abordada de várias maneiras, sempre
relacionadas ao lazer e à saúde.
Dentro deste contexto, propõe-se o trabalho das ginásticas competitivas na
escola a partir de uma perspectiva da ginástica geral. Ou seja, considerando
a ginástica dentro da perspectiva cultural de movimento, acredita-se que ela
deva ser trabalhada em sua totalidade e não apenas de forma fragmentada como
Histórico e generalidades da ginástica 21

ginástica artística ou ginástica rítmica, por exemplo. Deve-se, nessa prática edu-
cacional, prever a sua tematização. Além de ser um dos mais antigos conteúdos
da educação física, faz-se necessário abordar sua contextualização histórico-
-social, seus valores nas diferentes culturas e suas inúmeras interpretações,
fazendo com que os alunos possam (re)significar e criar novas possibilidades de
expressão dos movimentos, dentro de suas diferentes formas e manifestações.
Vale ressaltar que a prática da ginástica nos espaços escolares, ao longo dos
anos, foi perdendo espaço enquanto conteúdo da educação física em favor das
práticas esportivas, supervalorizadas no decorrer do século XX. Ainda hoje, os
professores trabalham muito mais o “jogar bola” (AYOUB, 2003), lamentavelmente.

Ginástica olímpica ou artística?


A ginástica artística está presente desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era
Moderna. Nesse tempo, era chamada de ginástica olímpica. Depois, com a inserção da
ginástica rítmica e da ginástica de trampolim ao programa, ela passou a ser chamada
de ginástica artística. No Brasil, ainda há essa confusão, e muitos a conhecem por
ginástica olímpica.

A ginástica na escola
Ações pedagógicas pautadas no ensino da ginástica em âmbito escolar benefi-
ciam as crianças e jovens de diferentes formas. Além de promover uma melhor
consciência corporal, por meio da ginástica, grande parte das habilidades
motoras fundamentais de locomoção (saltitar, salto horizontal e vertical), esta-
bilização (equilíbrio num pé só, apoio invertido) e manipulação (lançamentos
diversos) são desenvolvidas. A prática serve tanto para a especialização dos
gestos motores característicos das ginásticas quanto para grande parte das
atividades de vida diária. Além disso, valências físicas como força, flexibilidade
e resistência muscular são também aprimoradas.
Tais habilidades, por sua vez, estão relacionadas à saúde e ao condicio-
namento físico em geral. Estudos nesse âmbito têm verificado que aspectos
relacionados ao desenvolvimento da competência motora e da aptidão física
na infância e na adolescência são fundamentais para compor trajetórias po-
sitivas de saúde ao longo da vida (STODDEN, 2014). Pesquisas recentes têm
22 Histórico e generalidades da ginástica

revelado que os hábitos de vida adquiridos na infância tendem a persistir na


vida adulta. Nesse contexto, a ginástica parece ser um meio muito eficaz de
auxiliar as pessoas a movimentar seus corpos de maneira eficiente e segura,
incentivando-as a manterem-se ativas ao longo da vida.
Os parâmetros curriculares nacionais da área da educação física (BRASIL,
1998) recomendam que os conceitos, as atitudes e os procedimentos dos
conteúdos sejam trabalhados na dimensão da cultura corporal, envolvendo,
dessa forma, o conhecimento sobre esportes, jogos, lutas e ginásticas. Desse
modo, a ginástica deve ser compreendida como um fenômeno cultural, e
seus ensinamentos não devem se pautar apenas em seu caráter competitivo.
A proposta de se trabalhar a educação física em uma perspectiva da cul-
tura corporal de movimento rompe com o paradigma tecnicista, no qual a
ginástica é vista como uma forma de moldar corpos atléticos e perfeitos.
Deve-se pensar em novas possibilidades de compreensão da ginástica como
oportunidade de vivência do movimento, respeitando as possibilidades
corporais, a individualidade biológica de cada indivíduo e (re)significando
o valor da ginástica, muitas vezes vinculado, pela mídia, a um determinado
padrão estético ou competitivo.
Por esse motivo, faz-se necessária uma educação física escolar que con-
temple a ginástica em seus mais variados campos possíveis (físico, técnico,
cultural, lúdico, etc.). Esse conteúdo pode e deve ser trabalhado com crianças,
jovens, adultos e idosos, independentemente do sexo e de necessidades espe-
ciais: a ginástica é para todos.
Diferentes pesquisas apontam para o despreparo dos professores de
educação física para a aplicação da ginástica em âmbito escolar. Muitos
professores não conseguem desvincular a ginástica de sua perspectiva
competitiva, apresentando dificuldades em refletir sobre outras formas de
ensinar. Estes, pela falta de clareza, consideram que o ensino da ginástica
deve estar pautado na técnica do movimento, sem o entendimento de que
compreender a história, as regras, os principais atletas das modalidades, as
capacidades físicas exigidas para realização dos movimentos, a polêmica
relação entre baixa estatura e treinamento de ginástica e se alto rendimento
pode ser considerado saúde devem pautar o ensino (MALDONADO;
BACCHINI, 2015).
Na prática, esse resgate histórico pode ser trabalhado a partir de pesquisas
realizadas pelos alunos, leitura de textos, filmes e produção de colagens.
Pode-se propor reflexões baseadas na experiência individual de cada aluno,
compreender as influências das manifestações ginásticas na sociedade con-
temporânea, estabelecer relações entre a ginástica e a mídia.
Histórico e generalidades da ginástica 23

Saberes ginásticos essenciais aos alunos


O Ministério do Esporte elaborou uma coletânea sobre práticas corporais
e organização do conhecimento com o intuito de auxiliar os profissionais
envolvidos com o esporte educacional. Propõe-se uma reflexão sobre os co-
nhecimentos essenciais sobre ginástica na escola, de acordo com as seguintes
manifestações (RINALDI, 2014).

Ginástica de condicionamento físico


Aspectos históricos, culturais e sociais das ginásticas de condicionamento físico;
relações com a saúde, qualidade de vida, estética; movimentos que desenvol-
vem habilidades e capacidades físicas, como força, resistência, flexibilidade,
velocidade, agilidade, equilíbrio, coordenação motora, ritmo. Aspectos práticos:
subir e descer de um step, degrau ou outra superfície elevada; polichinelo; chute
(consiste na elevação do joelho flexionado, com um pequeno giro do quadril
fazendo uma rotação do joelho para dentro, terminando com perna estendida,
em que há o deslocamento do pé até o alvo imaginário); pular corda de forma
individual com dois pés simultaneamente; elevação do joelho (em pé, com pernas
paralelas e braços flexionados ao lado do corpo, o aluno deverá saltar e elevar
o joelho direito em direção ao cotovelo esquerdo, bem como o joelho esquerdo
em direção ao cotovelo direito); corrida estacionária (simular o movimento de
corrida sem deslocamento com elevação dos calcanhares nos glúteos).

Ginástica rítmica
Fundamentos históricos da modalidade. Fundamentos práticos, como asso-
ciação dos movimentos corporais com música e aparelho; corpo: diferentes
formas de andar, correr, saltar, girar; saltos (grupado, vertical, tesoura, passo
pulo, cossaco, carpado e afastado); equilíbrios (passê, prancha facial, perna
à frente, de joelhos com a perna lateral, frontal ou dorsal, com 90º); pivots
(no passê, com sustentações das pernas à frente); flexibilidade e ondas, ou
seja, associação dos elementos de flexibilidade e onda com música e aparelho.
Manejo de aparelhos (corda, arco, bola, maças e fita): balanceios, circundu-
ções, rotações, movimento em oito, rolamentos, lançamentos e recuperações,
além de elementos específicos de cada aparelho. Música: atividades rítmicas;
identificação do ritmo musical; exploração dos diferentes ritmos com o próprio
corpo, com o corpo do outro e com os materiais; elaboração de composições
gímnicas a mãos livres.
24 Histórico e generalidades da ginástica

Ginástica artística
Fundamentos históricos da modalidade. Fundamentos práticos: solo — rolamentos
grupados, afastados e carpados (frente e trás), parada de mãos, parada de mãos
com rolamento para frente, oitava, parada de cabeça, roda, rodante, reversão,
roda com uma mão e sem mãos, esquadro; composições coreográficas com os
elementos de solo. Aparelhos: trave de equilíbrio, mesa de salto, barra fixa, argolas
e paralelas simétricas. Entradas, saídas, impulsos, balanços, giros, suspensão,
apoios, equilíbrio estático, saltos, elementos com voos, inversões de eixo.

Ginástica acrobática
Fundamentos técnicos, históricos e culturais da ginástica acrobática: exercícios
de equilíbrio corporal dinâmico e estático; exercícios individuais de solo;
pegas; figuras acrobáticas estáticas, em duplas e trios; contrapesos; posições
básicas e de complexidade média da base, do volante e do intermediário, com
e sem inversão do eixo longitudinal; figuras acrobáticas estáticas e dinâmicas,
como quartetos, quintetos e sextetos; quedas; posições fundamentais da base;
posições fundamentais do volante.

Ginástica geral
Aspectos históricos e culturais das ginásticas de conscientização corpo-
ral e das ginásticas de condicionamento físico, atentando para os tipos e
caracterizações. Elementos corporais: equilibrar, balancear, trepar, girar,
saltar, saltar, andar, correr, circundar, ondular, rastejar, estender, rolar e
outros. Elementos acrobáticos (com, em e sem aparelhos): rotações, apoios,
aparelhos, reversões, suspensões, elementos pré-acrobáticos. Atividades
rítmicas e expressivas: brincadeiras cantadas, expressão corporal, identifi-
cação dos ritmos corporais e externos. Exploração de aparelhos tradicionais
de grande porte: plinto, barra fi xa, mesa de salto, trave de equilíbrio, cavalo
com alças, trampolim, esteira, colchões, barra simétrica e assimétrica; de
pequeno porte: bola, corda, arco, fita, maças, dentre outros. Exploração de
aparelhos não tradicionais: tecido, pneu, câmara de ar de pneu, caixas, galões
de água, engradados, bambus, garrafas, bancos, cadeiras, bolas de parque,
dentre outros. Coreografia: formação, direção, trajetória, planos, harmo-
nia, sincronia, ritmo, apresentação individual e em grupo, dentre outros.
Processos de construção coreográfica, variações rítmicas e teoria musical.
Histórico e generalidades da ginástica 25

Aspectos técnicos, históricos e culturais das ginásticas: rodas ginásticas,


rope skipping, ginástica estética, tumbling, ginástica acrobática, ginástica
aeróbica, ginástica rítmica, ginástica aeróbica, trampolim acrobático, etc.

No link ou código a seguir, confira orientações para o


ensino da ginástica, modificação das atividades conforme
a faixa etária dos alunos e exemplos de planos de aulas
de ginástica (RINALDI, 2014).

https://goo.gl/CxPdjp

1. Segundo a Organização Mundial de b) criação e exploração de novos mo-


Saúde (ONU BR, 2018), estima-se que vimentos corporais. Rolamentos,
80% dos adolescentes no mundo saltos, equilíbrio. Possibilitam o
não praticam atividade física. A pre- desenvolvimento da socialização,
ocupação global é que a inatividade autoestima, respeito às regras.
física está relacionada ao surgimento c) importância da atividade física
de diversas doenças crônicas não regular. Movimentos que de-
transmissíveis, responsáveis por senvolvam habilidades e capa-
71% das mortes em todo o mundo. cidades físicas: força, resistência,
Propondo contribuir e incentivar a flexibilidade, velocidade, agili-
prática de atividade física no ensino dade, equilíbrio, coordenação
médio e objetivando melhorias no motora, ritmo, dentre outras.
condicionamento físico dos alunos, d) associação dos movimentos
acredita-se que alguns saberes corporais à música e aos apa-
oriundos da ginástica são essenciais, relhos. Diferentes formas de
como: andar, correr, saltar, girar; saltos
a) ampliação do vocabulário motor, (grupado, vertical, tesoura,
por meio da utilização de meca- passo pulo, cossaco, carpado e
nismos da ginástica geral. Formas afastado).
básicas de movimentos, como e) fundamentos técnicos, históricos
pular, correr, saltar. e culturais da ginástica acro-
bática; exercícios de equilíbrio
26 Histórico e generalidades da ginástica

corporal dinâmicos e estáticos; vivência prática da modalidade, é


exercícios individuais de solo; necessário tematizá-la. Para tanto, o
pegas; figuras acrobáticas está- professor solicitou que fosse realizada
ticas, em duplas e trios. uma pesquisa na internet sobre a mo-
2. Reconhecer a evolução histórica da dalidade em questão e suas principais
ginástica e sua contribuição para a características. Marque a opção que
formação da cultura corporal do mo- traz as características corretas do tipo
vimento requer a compreensão de de ginástica.
que a ginástica deve ser abordada a) Ginástica artística: o objetivo foi a
das seguintes formas: execução de maneira específica
I. Numa perspectiva histórico e planejada dos principais gestos
social, seus valores nas dife- técnicos, desenvolvendo a aptidão
rentes culturas, suas inúmeras física e a competência motora.
interpretações, gerando novas b) Ginástica rítmica: o objetivo foi
possibilidades de expressão dos o desenvolvimento da musicali-
movimentos, dentro das suas di- dade, do esquema corporal, da
ferentes formas de manifestações noção espaço temporal, além das
II. A ginástica é para todos e, por habilidades motoras finas, para a
isso, não deve se desvincular de manipulação dos aparelhos.
seu caráter competitivo. c) Ginástica acrobática: o objetivo foi
III. A ginástica deve ser compre- a aprender de maneira específica e
endida como um fenômeno planejada os principais gestos téc-
cultural, e seus ensinamentos não nicos e acrobáticos, com a manipu-
devem se pautar apenas em seu lação de aparelhos (lira e trapézio),
caráter competitivo. desenvolvendo a flexibilidade,
IV. O ensino da ginástica na escola a coordenação motora geral e a
deve estar pautado apenas na téc- percepção de competência.
nica do movimento, nas suas dife- d) Ginástica geral: o objetivo foi pro-
rentes manifestações: ginástica de porcionar experiências motoras
condicionamento físico, ginástica diversas, de maneira lúdica e
rítmica, ginástica artística, ginástica estimulante. Além do desenvolvi-
acrobática e ginástica geral. mento de valências físicas como
a) V, V, V, F. força e flexibilidade, a modalidade
b) V, V, F, F. estimula a criatividade, o trabalho
c) F, F, V, V. em equipe e a autoconfiança.
d) V, F, F, V. e) Ginástica de trampolim: o obje-
e) V, F, V, F. tivo foi aprender de maneira es-
3. Um professor de Educação Física do pecífica e planejada a execução
4º ano do Ensino Fundamental re- dos principais gestos técnicos
solveu propor uma aula de malabares das atividades circenses no tram-
e atividades circenses (no trapézio e polim, na lira e no trapézio.
na Lira) aos seus alunos. Como um 4. De acordo com Gallahue, Ozmun
dos pressupostos da cultura corporal e Goodway (2013), os movimentos
de movimento, antes de realizar a são classificados em três tipos:
Histórico e generalidades da ginástica 27

estabilização (qualquer movimento d) ginástica aeróbica.


no qual algum grau de equilíbrio é e) ginástica geral.
necessário), locomoção (envolvem 5. Na sua evolução histórica da ginás-
mudanças na localização do corpo tica, seus objetivos eram voltados à
relativamente a um ponto fixo na estética e à correção postural. Por
superfície) e manipulação (aplicação meio de exercícios de força e flexi-
ou a recepção de força de objetos bilidade, eram necessárias elegância
e uso intrincado de músculos da e execução sincronizada ao ritmo
mão e do pulso). Grande número de sons. A ginástica continua sendo
de esportes envolve a combinação praticada nos dias atuais, principal-
desses movimentos. Considerando mente por quem objetiva melhora
as modalidades competitivas da de condicionamento físico e queira
ginástica, podemos dizer que a fugir do ambiente de academia. Tais
única que exige, obrigatoriamente, características referem-se a(ao):
a utilização destes três tipos de a) método natural.
movimento é a: b) ginástica rítmica.
a) ginástica artística. c) ginástica calistênica.
b) ginástica rítmica. d) ginástica acrobática.
c) ginástica acrobática. e) le parkour.

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