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12/02/23, 11:49 Fundamentos históricos da ginástica geral e artística

Fundamentos históricos da ginástica geral e artística


Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti

Descrição

Evolução histórica da Ginástica Geral e Artística no Brasil e no mundo, suas estruturas organizacionais e as
modalidades que as integram.

Propósito

Conhecer a estrutura da Ginástica Geral e da Ginástica Artística prepara o profissional para trabalhar com
essas modalidades, junto a diversos tipos de público, seja na escola ou fora dela.

Objetivos

Módulo 1

Ginástica no continente europeu


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Identificar os métodos ginásticos com origem e desenvolvimento no continente europeu e a Ginástica


para Todos.

Módulo 2

Ginástica no Brasil

Reconhecer o processo de desenvolvimento da Ginástica Artística e da Ginástica para Todos no Brasil.

Módulo 3

Estrutura organizacional da ginástica e suas modalidades


Reconhecer a estrutura organizacional e as modalidades contemporâneas da ginástica.

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Introdução
A evolução histórica da ginástica confunde-se com a própria evolução da humanidade. Os movimentos
ginásticos, antes realizados em festividades, jogos e rituais religiosos, passaram a integrar o treinamento
militar na formação de corpos saudáveis para a guerra.

No continente europeu, houve diversas tentativas de sistematização dos movimentos ginásticos numa
intenção de treinar tropas para a guerra, assim como de consolidar os ideais higienistas vigentes na época.
Em consequência, surgiram diversos métodos no continente, com maior destaque para os métodos sueco,
alemão e francês, que serão explorados no Módulo 1.

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No Módulo 2, serão descritos aspectos históricos do desenvolvimento das modalidades da Ginástica Geral
e Ginástica Artística no Brasil, passando por todo o processo de institucionalização da ginástica brasileira,
desde a chegada de imigrantes alemães na região Sul do país.

Por fim, no Módulo 3, serão apresentadas as modalidades de ginástica da contemporaneidade que integram
o quadro da Federação Internacional de Ginástica: a Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica de
Trampolim, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica e o Parkour.

1 - Ginástica no continente europeu


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os métodos ginásticos com origem e
desenvolvimento no continente europeu e a Ginástica para Todos.

A ginástica da antiguidade ao renascentismo


Etimologicamente, a palavra ginástica é de origem grega, significando “a arte de exercitar o corpo nu”
(PETIOT, 1982, p. 218). Desde a Antiguidade, praticam-se tarefas acrobáticas e funambulescas, que
evoluíram no decorrer dos tempos. Um exemplo característico dessas atividades é a ginástica de solo,

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inicialmente, praticada em danças sacras por antigos povos e que pouco a pouco foi se distinguindo, até se
transformar em atividade isolada. A partir de então, passou a ser praticada por saltimbancos no Egito, na
Grécia e na Roma Antiga para, gradativamente, difundir-se por toda a Europa e, provavelmente, também pela
Ásia.

A ginástica, assim, tem origens na Antiguidade. Há escritos dando conta de


movimentos ginásticos sendo realizados já por volta de 2600 a.C., especialmente,
em civilizações orientais, como parte de festividades, jogos e rituais religiosos.

Contudo, pode-se dizer que foi na Grécia que a ginástica ganhou destaque, a partir de valores como a busca
de equilíbrio entre corpo e mente e ideais estéticos e harmoniosos de beleza humana. Para os gregos, a
ginástica significava atividades físicas em geral, tais como corridas, lançamentos, saltos, lutas etc. Já a
civilização romana retomou a discussão da ginástica como elemento da formação dos jovens, mas com
foco na preparação militar.

Na Antiguidade Clássica (civilizações grega e romana), a ginástica assume as características de teoria e


prática. Aristóteles (384-322 a.C.) já fazia menção a uma ciência ginástica, considerando-a dedicada a
estudar quais tipos de movimentos corporais seriam benéficos, dependendo da constituição dos indivíduos.
Platão (427-347 a.C.) também escreveu em sua obra A República o que se considera uma das primeiras
teorias da ginástica. Embora não refletisse a prática da época, o pensamento de Platão teve influência
importante na forma pela qual diversos autores conceberam os movimentos ginásticos posteriormente.

Em síntese, na Grécia Antiga, reconheciam-se dois tipos de ginástica:

Orquéstrica expand_more

Com o objetivo de atingir o bom estado físico e desenvolver a agilidade e a beleza das formas dos
movimentos corporais.

Paléstrica expand_more

Relacionada com tudo que depende da luta e da aquisição de boa saúde.

Na Antiguidade Romana, são também encontradas contribuições para o que se poderia chamar de “teoria
da ginástica”. Os movimentos corporais sistematizados e construídos eram entendidos como meio para

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provocar efeitos específicos no corpo humano. Além do uso da ginástica no treinamento dos gestos para
uso na oratória, os romanos alcançaram notáveis desempenhos na ginástica em duas esferas:

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Treinamento militar

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Treinamento atlético
Outra grande contribuição da Civilização Clássica para o campo da ginástica deu-se no que se entende
atualmente como ginástica médica ou terapêutica. Essa vertente baseia-se sobretudo no pensamento de
Cláudio Galeno (129-199). Em seu entender, haveria ainda uma espécie de predisposição dos indivíduos às
doenças, em função de sua constituição, temperamento e comportamento. Assim, era defendida a
realização de movimentos corporais como estratégia para prevenir e, em alguns casos, tratar afecções de
saúde.

Saiba mais

Durante a Idade Média, a rejeição do culto à beleza física e o ascetismo religioso resultou na perda da
importância da prática dos movimentos ginásticos. Isso seria retomado com o advento do Renascentismo,
em virtude da revalorização e retomada das referências filosóficas e culturais da Antiguidade Clássica. No
século XVI, a valorização da ginástica pode ser encontrada na obra de muitos pensadores, contribuindo para
a sua reafirmação nos âmbitos pedagógico, terapêutico, militar e estético. Dentre estes, pode-se destacar os
franceses François Rabelais (1493-1533), Michel de Montaigne (1533-1592) e Francis Bacon (1561-1626),
além do italiano Jeronimus Mercurialis (1530-1606), autor da obra Da Arte Ginástica, publicada em Veneza
no ano 1569.

Mercurialis vinculava a verdadeira ginástica à terapêutica, advogando que a preservação da saúde resultaria
de bons cuidados com corpo, notadamente a realização de trabalhos físicos moderados. Aliás, a partir da
obra de Mercurialis, o termo ginástica passaria a se estender à totalidade das atividades físicas
sistematizadas e, por consequência, “à teoria dos efeitos de todos os exercícios e sua execução” (BEYER,
1992, p. 263), abrangendo desde exercícios militares até práticas esportivas.

O movimento ginástico europeu

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Ao longo do século XIX, em diversos países, a ginástica passou por um processo de sistematização que
ficou conhecido como Movimento Ginástico Europeu. Esses movimentos resultaram de necessidades do
Estado em preservar a saúde das populações como força de trabalho e reserva militar, sob a égide das
ideias sanitaristas.

O Movimento Ginástico Europeu contribuiu para reformular a sociedade europeia,


difundindo preceitos higienistas, nacionalistas, pedagógicos e morais por meio da
prática da ginástica.

Apesar de os métodos resultantes desse processo compartilharem características básicas, revestiram-se de


características específicas, de acordo com os interesses e realidades dos países em que se desenvolveram.
Isso ocorreu de forma bastante dinâmica e trouxe uma rica diversidade de práticas e conceitos, o que
resultou não apenas na estruturação e na sistematização da ginástica no século XIX, mas também nas
origens da ginástica atual.

Os movimentos ginásticos, de modo geral, coadunavam-se com a onda nacionalista daquele período e com
as ideias sanitaristas que predominavam em saúde pública. Via de regra, as propostas pretendiam romper
os vínculos da ginástica com práticas corporais populares, além de disciplinar a população moral e
fisicamente.

Saiba mais

Costuma-se classificar os métodos ginásticos a partir das regiões em que tiveram origem. Modernamente,
consideram-se como básicas três doutrinas de ginástica: a sueca, a alemã e a francesa. Esses métodos
foram os precursores das modalidades atuais da ginástica.

Método Sueco e Método Dinamarquês


Sob a influência de Pehr Henrik Ling (1776-1839), a Suécia deu os primeiros passos na direção de uma
doutrina própria de ginástica. O propósito era combater vícios sociais (como o alcoolismo) e contribuir com
o desenvolvimento de cidadãos saudáveis e úteis à pátria (trabalhadores e soldados). O Movimento Sueco,
portanto, tinha uma ênfase pedagógica e social. Na doutrina sueca, o termo “ginástica” designava,
inicialmente, os exercícios de formação corporal para a educação e a manutenção da saúde.

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Pehr Henrik Ling (1776-1839).

Dentre os fundamentos da ginástica sueca, destacam-se a importância de se calcar nas necessidades e


características de funcionamento do organismo humano, o desenvolvimento harmônico do corpo atuando
sobre suas partes e a integração de processos educativos, científicos e estéticos, reconhecendo-se quatro
categorias principais de intervenção, as ginásticas: pedagógica, médica, militar e estética. Veja a seguir:

Ginástica pedagógica

Destinava-se a todas as pessoas, visando prevenir doenças, vícios e defeitos posturais, além
de contribuir para o desenvolvimento normal dos indivíduos.

Ginástica médica

Era estreitamente ligada à pedagógica, com propósito específico de evitar e/ou tratar vícios e
defeitos posturais.

Ginástica militar

Tinha características similares às anteriores, acrescidas de exercícios de preparação para a


guerra.

Ginástica estética
V li d d d i t
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Valia-se da dança e de movimentos suaves para proporcionar beleza e graça ao corpo.

As sessões de treinamento incluíam exercícios sem aparelhos, de fácil execução e revestidos de


compromisso estético, além de saltos no cavalo, cambalhotas, jogos ginásticos, patinação e esgrima. Além
disso, adotava-se uma rígida organização sequencial, além de combinar-se as atividades a cantos alegres
para motivação dos praticantes.

Espaço para ginástica no Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (1900).

Em suma, o Método Sueco:

Tem por base um sistema rígido para o desenvolvimento harmônico do corpo.

Busca atingir todos os públicos.

Aplica exercícios analíticos simétricos de fácil execução e dificuldade progressiva.

Não faz uso de aparelhos.

Combina os exercícios a comandos pela voz ou música.

O sucesso da doutrina sueca fez com que o método se estendesse a outros países escandinavos, como
Dinamarca, Noruega e Finlândia. Em particular, na Dinamarca, o Método Sueco passou por transformações e
passou a ser chamado de Ginástica Racional, devido à sua sistematização com base na ciência e em
objetivos perfeitamente definidos em categorias.

No entanto, foi considerado por Niels Bukh (1880-1950) excessivamente rígido em relação aos exercícios
realizados, por demais fundamentados em posições predefinidas. Desenvolveu-se, com isso, a Ginástica
Básica Dinamarquesa ou Método Dinamarquês, em muito similar ao Método Sueco no que tange aos
propósitos e princípios, porém assemelhando-se mais a uma Ginástica de Movimento do que a uma
Ginástica de Posições. Da mesma forma que o Método Sueco, permeava na Escola Dinamarquesa o desejo
de desenvolver moral e fisicamente a população, principalmente, com propósitos militares.

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Bukh criou uma expressiva escola de treinamento físico, na qual os ginastas executavam movimentos
graciosos, rápidos e ritmados. Os exercícios eram subdivididos em categorias, conforme o objetivo de
desenvolver a força muscular, a flexibilidade ou a destreza (velocidade, habilidade e coragem) de forma
geral. Além disso, os movimentos eram executados como em nenhuma outra escola ginástica, em
coreografias que se aproximam das modernas modalidades de Ginástica Acrobática e dança moderna.
Interessantemente, a Dinamarca foi o primeiro país a implantar a ginástica como atividade escolar
obrigatória.

Desse modo, o Método Dinamarquês tem como característica:

Movimentos suaves, contínuos e harmônicos.

Exercícios com e sem aparelhos, com exercícios geradores de força muscular, flexibilidade e
destreza.

Forte motivação política.

Outro método que decorreu das propostas de Pehr Henrik Ling foi a Ginástica de Calistenia, do grego
kallistenés (kallós: belo; sthenos: força). Não se trata exatamente de um sistema de ginástica, mas sim de
sequências de exercícios ginásticos analíticos ou localizados (separação por partes) com fins corretivos,
fisiológicos e pedagógicos, que podem fazer parte de qualquer sistema ginástico. Caracteriza-se por
número elevado de repetições com contração máxima. Os exercícios completamente analíticos isolam as
partes do corpo, prevenindo acidentes ou lesões.

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Flexão: exemplo de exercício de calistenia.

Com o tempo, a calistenia incorporou características motivacionais ausentes da ginástica sueca ou


dinamarquesa, como a motivação através da música e a variação de exercícios, que permanece até os dias
atuais. A calistenia teve grande impacto no Brasil, sobretudo por influência da Associação Cristã dos Moços
(ACM), que a introduziu no país em fins do século XIX.

ssociação Cristã dos Moços (ACM)


As ACMs são ramificações da Young Men’s Christian Association (YMCA), fundada em 1844. A YMCA tinha por
objetivo oferecer trabalho e ser uma opção às ruas para os jovens. A prática de esportes e ginástica era
amplamente incentivada nessas instituições.

Ginástica de Calistenia.

Método Alemão
Uma região onde os movimentos nacionalistas assumiram especial expressão foi a atual Alemanha (então
Prússia), uma vez que, no século XIX, o país ainda não tinha sido unificado e vivia em estado de beligerância
com seus vizinhos. O desenvolvimento da ginástica, portanto, coadunava-se com esse ambiente, tendo
como principal objetivo preparar os cidadãos para a defesa da pátria. O Método Alemão apoiou-se
sobretudo nos trabalhos de Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759-1839), Adolph Spiess (1810-1858)
e Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852).

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Guts-Muths (1759-1839)

Foi considerado o precursor da ginástica pedagógica, a qual deveria ser organizada pelo
Estado e praticada todos os dias por todos os cidadãos. No manual Gymnastik für die Jugend
(1793), o pensador propunha exercícios físicos sistematizados que, ao serem praticados em
contato com os elementos naturais, recuperariam a população de uma degenerescência
física e moral advinda da vida nas cidades.

Adolph Spiess (1810-1858)

Estendeu essa preocupação à formação mais geral das crianças e dos jovens, advogando
que a ginástica deveria ser inserida nas escolas e alcançar o mesmo patamar de importância
que as demais disciplinas.

Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852)

Foi um pedagogo e ativista político, sendo considerado o principal responsável pela


disseminação do Método Alemão entre os indivíduos. Imprimiu à ginástica um caráter

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militarista e extremamente patriótico.

Jahn, considerado o “pai da Ginástica”, tendo atuado como professor polivalente em Berlim, no Instituto
Plamann e adotando o nome de Friedrich em suas publicações, estudou Teologia, História e Linguística,
além de trabalhar em várias obras, dentre elas Costumes Alemães e A Arte da Ginástica, nas quais se
posicionou em relação à Ginástica Patriótica, ressaltando a importância da resistência corporal. Com o
objetivo de preparar os jovens para a guerra, particularmente ancorado no desejo de expulsar as tropas
invasoras de Napoleão e promover a unificação do império germânico, Jahn concebeu um sistema de
exercícios que se valia dos elementos naturais da floresta de Hasenheide (campo dos coelhos), nos
arredores de Berlim, além de aparelhos específicos para a sua prática. Eram criados percursos com vários
obstáculos que deviam ser vencidos com habilidades específicas e força corporal.

Comentário

O nacionalismo extremo de Jahn fez com que cunhassem o termo Turnen (arte da destreza, ou dar meia
volta, torcer, mexer, comandar, manobrar ou um grande desejo de movimento), em substituição à palavra de
origem grega Gymnastik. Posteriormente, as atividades ficam conhecidas como Turnen ou, ainda,
Vaterlandisch Turnen (Ginástica Patriótica).

Os exercícios tinham objetivos que transcendiam a forma física, revestindo igualmente de caráter moral:
alcançar autoconfiança, autodisciplina, independência, lealdade e obediência. Essas eram as metas a serem
atingidas.

Ilustração de um selo alemão em homenagem aos 200 anos da ginástica local de Friedrich Ludwig Jahn.

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As atividades do Turnen foram sendo sistematizadas aos poucos, até que, em 1811, foi criado o primeiro
ginásio ao ar livre (Turnplatz). Como no inverno, a permanência em ambientes abertos não era possível,
estabeleceu-se no mesmo parque um espaço fechado, criando-se com isso os primeiros aparelhos de
ginástica. Apesar do caráter nacionalista, como método ginástico, o Turnen de Jahn enfatizava que se
deveria fugir da rigidez escolar, e que as atividades não deveriam reproduzir as características de
treinamentos militares. Antes, defendia-se que consistisse em ferramenta popular de educação, atribuindo
importância à formação corporal em contraposição à espiritualização exclusiva.

Os exercícios aplicados foram descritos em um de seus livros, Die Deutsche Turnkunst (1816), destacando-
se o seguinte:

Caminhar, correr, saltar ou pular (pular corda, saltos em altura, profundidade, distância e com vara).

Balançar (salto sobre o cavalo, balanço de pernas e exercícios de montar e desmontar sobre o cavalo).

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Equilibrar-se, exercícios em barra fixa (balanço e sustentação) e barras paralelas (flexionar/estender os


braços e movimentos de balanço).

Escalar, arremessar, puxar e empurrar, levantar e transportar, alongar-se, lutar, exercícios acrobáticos com
e sem aparelhos.

A unificação da Alemanha e a defesa contra os ataques de Napoleão, que derrotara a Prússia em Yena
(1806), incentivaram e aumentaram os seguidores de Jahn. A ampliação do movimento Turnen fez com que
adultos e jovens passassem a procurar a Hasenheide, sendo os alunos divididos em grupos segundo idade,
categoria e capacidade.

A participação de Jahn na preparação e execução da luta nacional de libertação contra o domínio


napoleônico (1813-1815) foi decisiva. Estudantes universitários e ginastas em geral atenderam ao apelo
nacionalista do Turnen e alistaram-se como voluntários na defesa do país. Porém, as grandes expectativas
do povo alemão em relação à unificação do país no Congresso de Viena, depois da vitória sobre Napoleão,
acabaram não se concretizando. Isso deu ensejo, principalmente entre os estudantes, a um movimento de
oposição visando à construção da unidade alemã.

A Ginástica, então, começava a inserir-se no cenário político-cultural daquele país. Se durante a guerra o
Turnplatz foi destruído por vândalos e a quantidade de ginastas reduziu-se, em 1814 iniciou-se um processo
de reconstrução e, em 1817, o campo ampliado podia acomodar de 1.400 a 1.600 ginastas.

Saiba mais

Um Festival de Ginástica (Deutsches Turnfest) foi criado em comemoração à vitória na batalha de Leipzig
(1814), realizado em 18 de outubro. Esses festivais eram orientados para a confraternização e a ludicidade,
atraindo milhares de pessoas, passando a ser reproduzidos também em outros países.

O sucesso de Jahn e seus seguidores praticantes do Turnen, que não apoiavam o regime vigente, fez com
que, por motivos políticos, sua prática fosse proibida pelo governo prussiano. Ninguém mais poderia utilizar
o campo e, por ordens superiores, deveriam encerrar-se todas as atividades de ginástica. Proibidas as

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atividades ao ar livre, os praticantes continuaram a exercê-las em locais fechados, reestruturando os


aparelhos para locais tão pequenos quanto porões.

Jahn foi perseguido por seus discursos em 1817, condenando a presença francesa na Prússia, sendo
aprisionado entre 1819 e 1825 e então recluso à prisão domiciliar. Ele foi liberado em 1825, mas não podia
ter contato com estudantes. Em 1842, foi totalmente redimido como cidadão e condecorado como herói. O
imperador Frederico Guilherme IV aprovou proposta de ministros, no sentido de que os exercícios corporais
fossem reconhecidos como parte indispensável da educação dos jovens e adotados no programa de
educação popular. O sistema ginástico de Jahn passou a ser obrigatório em todas as escolas alemãs.
Aceita-se, atualmente, que o Método Alemão lançou as bases do que se conhece pela modalidade
competitiva atual da Ginástica Artística, tendo igualmente constituído a base para a estruturação da
Ginástica Moderna, atual Ginástica Rítmica.

Curiosidade

A proibição do Turnen durou 22 anos (1820 a 1842) sendo chamada de “bloqueio ginástico”. Como
consequência desse bloqueio, vários seguidores de Jahn partiram para o exílio, difundindo o Turnen por
todo o mundo.

Destaca-se entre eles Ernst Wilhelm Bernhard Eiselen (1792-1846), que teve atuação fundamental para
salvar a Ginástica como método sistematizado durante essa época crítica. Em 1825, Eiselen abriu um salão
de esgrima e em 1828 um salão para ginástica, ele também foi responsável por estimular a ginástica para
moças.

O crescente movimento ginástico na Europa promoveu a criação de várias federações nacionais, sendo a
primeira delas a Sociedade Federal de Ginástica da Suíça, fundada em 1832, seguida pelas federações
nacionais da Alemanha (1860), da Bélgica (1865), da Polônia (1867), da Holanda (1868) e da França (1876).
Em 1881, foi fundada a Federação Europeia de Ginástica que, em 1921, transformou-se na Federação
Internacional de Ginástica (FIG), órgão que rege a modalidade até hoje.

Em suma, o Método Alemão:

Tinha como objetivo desenvolver um “espírito nacionalista” na população, buscando a defesa da pátria.

Propunha exercícios analíticos com base científica.

Revestia-se de caráter altamente higienista.

Foi precursor da Ginástica Artística atual.

Método Francês

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O Método Francês teve como base as ideias de Jahn e Guts-Muths, apresentando-se como instrumento de
formação moral e patriótico. Contudo, tinha também preocupação com o desenvolvimento da sociedade
em geral. Apesar de reconhecer o caráter utilitário da ginástica e a necessidade de uma base científica,
buscava-se o desenvolvimento de forma mais geral, através de movimentos naturais que contribuíssem
com o incremento da força física, destreza, agilidade e resistência. Os principais pensadores da escola
francesa de ginástica foram Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848), George Demeny (1850-1917) e,
principalmente, George Hébert (1875-1957).

Amoros apoiava-se nas ideias médicas vigentes, negando intervenções empíricas e defendendo uma
ginástica de caráter unicamente utilitário. O médico francês Fernand Lagrange (1846-1909), por exemplo,
declarava que a higiene nos exercícios não residia em esforço extenuante, mas, ao contrário, era trabalho
contínuo e calculado. A prática dos exercícios, portanto, estaria atrelada à especificidade de seus objetivos.
Por isso, os métodos ginásticos deveriam revestir-se de racionalidade. Nesse contexto, a Ginástica seria
uma cultura que incorporaria exercícios higiênicos definidos de maneira racional e científica.

Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848).

Essa Ginástica científica compatível com os objetivos higienistas organizava-se principalmente dentro de
instituições militares, mas, aos poucos, sedimentaram uma forte tradição que se estenderia à Educação
Física nas escolas.

Já no início do século XX, propôs-se a sistematização de um Método Francês de Ginástica, para ser
implantado em todas as escolas do país. Para essa tarefa, foram convidados nomes importantes da
ginástica francesa, como George Demeny e George Hébert. A característica principal do método era a
incorporação de princípios de outros métodos ginásticos, em ecletismo que absorveria ideias do Método
Sueco e Método Alemão. Destacavam-se, nesse contexto, a teoria ginástica de Demeny (economia das
energias) e o método natural de Hébert.

Por influência de Georges Demeny, o Método Francês ganha contornos de cientificidade. Demeny foi um
biólogo e pedagogo, praticante assíduo de ginástica, que se destacou por realizar análises de movimentos
valendo-se de uma câmera cronofotográfica. Além de ter fundado a Sociedade de Ginástica Racional,
trabalhou na Station Physiologique e na Escola de Ginástica Joinville-Le-Pont. A principal contribuição de
Demeny foi organizar um método que se baseava na economia de esforços.

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Análise de movimento de esgrima.

Os exercícios deveriam ser prescritos a partir de orientações para que evitassem a fadiga física e mental,
controlando-se a duração das atividades, temperatura ambiente, vestimenta adequada etc. Em publicação
direcionada aos instrutores de ginástica – Guide du Maitre: chargé de l’enseignement des exercices
physiques dans les écoles –, Demeny enfatizava que os exercícios ginásticos, esportes e jogos ao ar livres
poderiam tornar-se um perigo, caso não fossem cercados de cuidados com regras da higiene observadas
antes, durante e após as aulas.

George Demeny (1850-1917).

O Método Francês viria a consolidar-se definitivamente a partir da contribuição de Georges Hébert, para as
quais o trabalho de Demeny revela-se fundamental. Hébert foi oficial da marinha francesa e teve contato
com populações coloniais nas Américas, especialmente, da Martinica francesa. Em uma de suas viagens,
ao presenciar a erupção do vulcão Monte Pelée em 1902, convenceu-se que faltava à juventude francesa
formação para fazer frente a situações de grande demanda física, como catástrofes naturais ou guerra. Em
suas observações, anotava que, ao realizar suas atividades cotidianas na natureza, o homem “selvagem”
manifestava com plenitude suas habilidades físicas, lacuna que se fazia evidente ao homem “citadino”.

Com base em pensadores como Jean-Jacques Rousseau, particularmente, a noção de “homem selvagem”
que também inspirara pensadores como Guts-Muths ou Jahn, Hébert ressaltava o contato com a natureza
como forma de desenvolver a aptidão, a resistência e a utilidade das ações. Em 1905, sumarizou essas
ideias no manual de instruções intitulado L’Éducation physique : Projet Manuel de Gymnastique,
particularmente, inspirado nas obras de Georges Demeny.

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Georges Hébert.

Seu método racional de ginástica, contudo, tomaria forma definitiva na obra Guide pratique d’éducation
physique, com primeira edição publicada em 1909 e revisada em 1916. À semelhança de outros
movimentos ginásticos, Hébert deixava claro suas preocupações com a formação moral da juventude,
defendendo princípios como força, destreza, altruísmo, caráter e sangue frio.

O Método Natural de Hébert era composto de exercícios em 10 grupos de atividades: caminhada, corrida,
quadrupedismo, saltar, trepar, equilibrismo, lançar, levantar-se, defesa e natação. Explorava-se, ainda, as
possibilidades de exercícios com ou sem o uso de aparelhos, além de exercícios respiratórios, jogos,
esportes e trabalhos manuais.

Em suma, o Método Francês:

Tem como principal vertente a ginástica natural, com movimentos mais sintéticos que analíticos.

Contrapõe-se a estereótipos do treinamento militar e propõe atividades em contato com a natureza.

Leva em conta princípios científicos com a análise dos movimentos, além de incorporar preceitos e
princípios pedagógicos e morais.

Método Natural de Hébert: escalada em um pórtico (esquerda) e mergulho de grande altura (direita).

Método Inglês
Não se pode dizer que existe um Método Inglês de Ginástica. Na verdade, a Escola Inglesa baseia-se nos
jogos e esportes, de maneira que se considera ter nascido o esporte moderno na Inglaterra (séc. XIX),

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institucionalizando-se com regras precisas e formas definidas.

A ginástica era pouco difundida e considerava-se o esporte como o grande meio para promover a educação,
por meio das suas características: organização, regras, técnicas e padrões de conduta (TUBINO, 1999).

No desenvolvimento dessa concepção, teve papel relevante Thomas Arnold (1795-1842), educador e
historiador que, influenciado pela teoria da evolução das espécies de Charles Darwin (1809-1882),
emprestou ao esporte três características principais: é um jogo, é uma competição e é uma formação.
Arnold acreditava que o corpo era um meio para a moralidade, definindo o esporte como uma forma para
fomentar princípios morais através de atividades corporais, impondo padrões aceitáveis de conduta ao
desejo de dominação que, inevitavelmente, manifestava-se durante os jogos desportivos.

Thomas Arnold (1795-1842).

Quando dirigia o Colégio Rugby entre 1828 e 1842, Thomas Arnold incorporou as atividades físicas
praticadas pela burguesia e aristocracia inglesas ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem
os jogos e criassem regras e códigos próprios. Com isso, estimulava atitudes cavalheirescas na disputa
desportiva, respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros. O esporte, portanto, revestia-se
de características educacionais e socializantes, como cooperação, perseverança, tomada de iniciativa e
respeito às regras, consideradas desejáveis para a vida em sociedade. Tais regras foram, paulatinamente,
difundidas para outros educandários e à formação educacional na Inglaterra de forma geral, bem como a
outros desportos competitivos que tiveram origem naquele país: atletismo, futebol, rúgbi, tênis, boxe,
natação ou patinação desportiva.

Assim, o Método Inglês:

Dedica-se exclusivamente à elaboração de jogos e práticas atléticas.

Promove a educação por meio do respeito às regras e aos padrões de conduta desejáveis na prática dos
jogos desportivos.

Deu ensejo às manifestações desportivas atuais.

Consequências do Movimento Ginástico Europeu


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As propostas do Movimento Ginástico Europeu introduziram modificações que se estenderam ao longo de


todo o século XX. Contrapunham-se, por exemplo, em diversos países adeptos dos métodos ginásticos
analítico ou sintético, o primeiro mais próximo do Método Sueco e o segundo das propostas de Hébert.
Após o advento do Método Francês, o termo ginástica é banido dos textos oficiais e perde terreno diante de
novas denominações (educação física e cultura física). Nasce a ginástica feminina, por volta de 1900, com
rápido desenvolvimento demarcado pela criação da Fémina-Sport (1911) e União Francesa de Ginástica
Feminina (1912).

Mulheres jogando basquete em Paris (1933).

A partir de 1900, várias ramificações desses métodos ginásticos se desenvolveram. A ginástica funcional,
parte da ginástica terapêutica, originou-se no trabalho de Ling e foi introduzida por Bess M. Mensendieck
(1864-1957), como uma ajuda à emancipação da mulher.

Curiosidade
O ramo médico da ginástica funcional seguiu seu desenvolvimento dando origem à fisioterapia.

A ginástica expressiva, com origem em François Delsarte (1811-1871), teve seu escopo expandido por
Genevieve Stebbins (1857-1934) no sistema de ginástica harmônica, combinando a harmonia da dança com
as sobrecargas dos aparelhos e dos movimentos ginásticos.

Com base no trabalho de Delsarte, Rudolf Bode (1881-1970) e Heinrich Medau (1890-1974) desenvolvem
concepções próprias de ginástica expressiva, com movimentos gerais desenvolvidos com alternância
rítmica e ligados harmonicamente. As propostas de Bode fazem com que seja considerado o criador da
Ginástica Moderna, posteriormente, denominada Ginástica Rítmica. Isadora Duncan (1877-1927) introduz
formas artísticas de expressão corporal e motora a partir da dança, dando origem à dança moderna.

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Em termos pedagógicos, após resistência inicial, o conteúdo teórico e prático da ginástica passou a ser
aceito nas instituições de formação de professores, tendo sido absorvido pelo movimento ginástico alemão
e ampliando consideravelmente a participação da mulher nos clubes de ginástica. A ginástica voluntária
(nascida na Suécia), destinada a lutar contra os malefícios da vida sedentária e urbana, se consolida,
inspirando movimentos subsequentes como a Ginástica Geral ou Ginástica para Todos.

Guts-Muths e Jahn trabalhavam por uma ginástica das massas, não inserida no contexto escolar. Desse
movimento originou-se a Educação Rítmica pregada por Jacques-Dalcroze, incorporada posteriormente por
Delsarte, Bode ou Medau na estruturação do que tornou conhecido como Ginástica Moderna, atual
Ginástica Rítmica. Esse movimento integrava dança, ritmo e exercícios sistematizados com alguns
aparelhos, na criação de sequências gímnicas.

Comentário

O Método Natural Austríaco foi muito influenciado pelas ideias de Guts-Muths, tendo como precursores os
educadores Karl Gaulhofer (1885-1941) e Margarete Streicher (1891-1985).

Nos anos 1920, após o desmembramento do Império Austro-Húngaro provocado pela Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), iniciou-se reforma com vistas a regenerar física e moralmente a juventude por meio
dos exercícios físicos. À semelhança do Método Alemão, o Método Austríaco propunha exercícios com fins
higiênicos, mas evita a predominância de exercícios vigorosos e, por vezes, violentos. Ao combinar noções
advindas das ciências médicas e pedagógicas, propunha atividades que fossem atrativas para as crianças,
de forma a incentivar uma consciência higiênica e o desejo de manter hábitos de cuidado com o corpo e a
saúde com atividades formativas e acrobacias (elementos gímnicos), jogos agonísticos coletivos, exercícios
de compensação e postura (influência sueca) e exercícios estéticos (tradição do Turnen). Em suma, o
Método Austríaco baseia-se em premissas simples e objetivas, valorizando condutas próximas à natureza,
valendo-se de exercícios utilitários com abordagem lúdica.

O Movimento da Ginástica para Todos (Ginástica Geral)


Com o passar do tempo, a sistematização gradativa das expressões corporais levou a uma estilização
progressiva desses movimentos, com perspectivas de uniformização das diversas manifestações. Essas
variações levaram à diferenciação das modalidades ginásticas, que se organizaram em sistemas próprios e
internacionalizaram com a criação da Federação Internacional de Ginástica. No entanto, reconhece-se que a
Ginástica para Todos constitui a base para as outras modalidades, combinando e reinventando-as de forma
não competitiva.

Na origem da Ginástica para Todos (antiga Ginástica Geral), destacam-se os Deutsche Turnfests (Festivais
Alemães de Ginástica), eventos que marcaram o início da difusão da Ginástica na Europa.

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Deutsche Turnfests em 1928.

No entanto, o desenvolvimento do movimento de Ginástica para Todos, relaciona-se estreitamente como a


trajetória da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Após a estruturação das Escolas Sueca e Alemã de
ginástica, a partir dos trabalhos de Pehr Henrik Ling e Friedrich Ludwig Jahn, surgiram associações
nacionais para o controle dos treinamentos e competições. Inspirado nesse crescimento, o belga Nicolas
Cupérus idealizou e fundou a Federação Europeia de Ginástica (FEG), em 23 de julho de 1881, atual FIG, que
unia todas estas novas associações. A FIG é a mais antiga dentre todas as associações esportivas
internacionais, assumindo a atual denominação após a filiação dos EUA, em 1921.

Enquanto esteve à frente da FIG, Cupérus demonstrava mais interesse pelos festivais de ginástica do que
pelas competições. De fato, assumia que sua ideia de união e fraternidade entre os povos não incluía a
competição, assim, o então vice-presidente da FIG, o holandês J. J. F. Sommer, idealizou a Gymnaestrada
como um evento calcado nesses princípios, expandindo a prática dos diferentes métodos ginásticos.
Nicolas Cupérus não chegaria a ver a proposta colocada em prática, pois faleceu em 1928 após 43 anos no
exercício do cargo.

Apenas em 1949, quando da realização da II Lingíada na Suécia, deu-se um passo definitivo para a
realização do evento concebido por Sommer, com a discussão de uma proposta concreta de realização da
Gymnaestrada (atualmente, “World Gymnaestrada”). Em 1953, teve lugar o I Festival Internacional de
Ginástica (Roterdã, Holanda), popularizando-se definitivamente a denominação “Gymnaestrada”. Devido ao
sucesso do festival, representantes de vários países começaram a pressionar a FIG no sentido de que se
olhasse com mais dedicação para a prática da ginástica fora do âmbito competitivo. Assim, em 1979,
formou-se uma Comissão de Trabalho de Ginástica Geral e, em 1984, oficializou-se o que foi então
denominado Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG.

O atual Comitê de Ginástica para Todos tem a finalidade de organizar eventos não competitivos de ginástica
e fomentar a prática de Ginástica para Todos em todos os continentes. Isso é realizado especialmente pela
organização quadrienal da Gymnaestrada Mundial, o evento oficial mais tradicional da FIG, reunindo cerca
de 50 nações e mais de 25.000 ginastas. O evento reúne apresentações de “ginástica de demonstração”,
cujo principal objetivo reside na interação social e compartilhamento do aprendizado e evolução gímnica.
As apresentações têm foco na ginástica e no lazer, incluindo atividades com e sem aparelhos, danças e
jogos desenvolvidos com base em movimentos ginásticos.

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Apresentação de grande grupo na Gymnaestrada.

A ludicidade e a expressão criativa são pontos fundamentais da Ginástica para Todos. Não há regras rígidas
preestabelecidas, favorecendo ampla participação e criatividade. Essa é a principal diferença das
modalidades competitivas, que se caracterizam por seletividade, regras rígidas, especialização, comparação
formal e classificação por pontos, visando sobretudo a superação dos adversários. No Brasil, existem vários
grupos de Ginástica para Todos que se apresentam regularmente nas Gymnaestradas, apesar de sua prática
ser pouco difundida.

Em suma, a Ginástica para Todos diferencia-se das manifestações de ginástica competitiva pelas seguintes
características:

Estímulo à criatividade e à diversidade cultural (músicas, temas, movimentos etc.).

Número indefinido de participantes.

Liberdade de vestuário e materiais (convencionais ou não).

Favorecimento da inclusão e prazer da prática.

Não há competição entre os grupos.

Desse modo, a Confederação Brasileira de Ginástica define como principais objetivos da Ginástica para
Todos os seguintes tópicos (FERNANDES & EHRENBERG, 2012):

Oportunizar a participação do maior número de pessoas em lazer ativo com base nas atividades gímnicas.

Integrar várias possibilidades de manifestações corporais às atividades gímnicas.

Oferecer possibilidades de autossuperação individual e coletiva, sem a interferência de parâmetros


comparativos com os outros.

Oportunizar o intercâmbio sociocultural entre os participantes.

Manter e desenvolver o bem-estar dos praticantes.

Valorizar o trabalho coletivo, bem como a contribuição individual ao seu sucesso.

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Os Métodos Sueco, Alemão, Francês e Inglês.
A mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti fala sobre o processo de desenvolvimento e as
características individuais dos métodos ginásticos.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O Movimento Ginástico Europeu nasceu de um ambiente em que predominavam:

A Nacionalismo, militarismo e higienismo.

B Esteticismo, salutarismo e moralismo.

C Fascismo, nacionalismo e comunismo.

D Arrivismo, socialismo e pedagogicismo.

E Naturalismo, darwinismo e militarismo.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

O Movimento Ginástico Europeu decorreu da necessidade de uma população saudável para o trabalho e
para a força militar. Em todo o continente europeu, os métodos de ginástica foram elaborados a partir
das ideias sanitaristas vigentes na época. De certa forma, isso contribuiu para a difusão de preceitos
higienistas, nacionalistas, pedagógicos e morais por meio da prática da Ginástica.

Questão 2

São características da Ginástica para Todos:

A Atividades ao ar livre, com tônica fortemente comparativa entre os praticantes.

B Críticas à ginástica competitiva, por violar os preceitos da fraternidade entre os povos.

Pequenos incrementos no tempo livre ocupado com atividades físicas que já acarretam
C
impacto favorável nas taxas de morbimortalidade populacional.

D A contraposição entre as Lingíadas suecas e as Gymnaestradas gregas.

Estímulo à criatividade e à diversidade cultural com uma abordagem eminentemente


E
inclusiva.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A Ginástica para Todos fomenta a participação de maior número de pessoas em lazer ativo com base
em movimentos ginásticos, sem parâmetros competitivos e oportunizando intercâmbio sociocultural
entre os participantes.

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2 - Ginástica no Brasil
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer o processo de desenvolvimento da
Ginástica Artística e da Ginástica para Todos no Brasil.

Ginástica artística
Descrevemos o processo de desenvolvimento da ginástica na Alemanha, esclarecendo que, por motivos
políticos, sua prática foi proibida em toda a região depois das guerras napoleônicas, período que ficou
conhecido como Bloqueio Ginástico (1820-1842). Essa medida forçou muitos jovens a deixarem o país,
ajudando a expandir a modalidade no mundo inteiro.

A Ginástica Artística teve início no Brasil com a colonização alemã na região Sul em 1824, instalando-se na
cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, difundindo-se a seguir pelos estados de SC, PR, SP, RJ e ES. A
partir daí, a modalidade passou a ser sistematizada no país, seguindo os preceitos do Turnen. Desse modo,
o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a iniciar oficialmente a prática da Ginástica Artística no Brasil.

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Durante muitos anos, a ginástica foi praticada apenas por alemães e seus descendentes. Em 1895, foi
fundada a Liga de Ginástica do Rio Grande do Sul, primeira entidade desportiva com âmbito estadual
instituída no Brasil. O primeiro torneio foi realizado em 1896, com domínio dos colonos alemães (15 das 24
medalhas).

A predominância de praticantes alemães, aliás, é uma das razões que dificultam estabelecer um histórico
preciso do desenvolvimento da modalidade nesse período inicial. A documentação existente foi escrita em
alemão, com atas manuscritas e frequentemente usando caracteres góticos. Além disso, boa parte dessa
documentação foi destruída por ocasião dos lamentáveis acontecimentos de agosto de 1942, quando o
Brasil aderiu ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial, ensejando manifestações de preconceito e de
violência contra imigrantes alemães, italianos e japoneses.

De maneira similar ao ocorrido na Europa, no Brasil, foram criadas diversas associações e federações
regionais de Ginástica. Veja a seguir:

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Em 1942, a Federação Atlética Riograndense criou seu Departamento de Ginástica, que, 20 anos
depois, deu origem à Federação Riograndense de Ginástica. Nesse mesmo ano, foi realizado o 1º
Campeonato Estadual de Ginástica oficial naquele estado. Competições oficiais passaram a ser
organizadas também em São Paulo, Rio de Janeiro e outras Unidades da Federação.

Em 1948, fundou-se a Federação Paulista de Ginástica e Halterofilismo, que, em 1956,


desmembrou-se em entidades específicas, dando origem à Federação Paulista de Ginástica.

Em 1950, foi fundada no Rio de Janeiro a Federação Metropolitana de Ginástica, embrião da atual
Federação de Ginástica do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1951, essas federações filiaram-se à Confederação Brasileira de Desportos e à FIG,


completando-se o processo de institucionalização nacional e internacional da Ginástica brasileira.

Nesse mesmo ano, na cidade de São Paulo, organizou-se o I Campeonato Brasileiro de Ginástica, com a
participação das seleções de Ginástica Artística (então denominada Ginástica Olímpica) masculina dos
estados de RS, SP e RJ. A primeira participação feminina ocorreu em 1952, no II Campeonato Brasileiro em
Porto Alegre (RS). Também em 1951, deu-se a primeira participação internacional do Brasil em
competições, nos Jogos Desportivos Pan-Americanos de Buenos Aires, Argentina. Em 1954, a Ginástica
Artística brasileira participou do Campeonato Mundial em Roma e, em 1978, disputou pela primeira vez com
equipe completa feminina o Campeonato Mundial da França.

Com o desmembramento da Confederação Brasileira de Desportos em confederações especializadas por


desporto, criou-se em 1978 a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), que passou a ser a entidade
representante do Brasil junto à FIG. Em 1980, nos Jogos Olímpicos de Moscou, o Brasil foi pela primeira vez
representado pelos ginastas João Luiz Ribeiro e Claudia Magalhães. Daí para frente, o país passou a
participar sistematicamente dos campeonatos oficiais promovidos pela FIG.

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A história da Ginástica Artística no Brasil pode ser dividida em três períodos (PÚBLIO, 2006):

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Heroico

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Estruturação

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Afirmação
O período heroico compreenderia a chegada dos imigrantes alemães em 1824, com o início da
disseminação da modalidade no país, até 1950, quando se propôs a realização da primeira competição em
nível nacional. Alguns fatos foram marcantes nesse período, vejamos:

Em 1851, foi fundada a Deutsche Turnverein zu Joinville, hoje, Sociedade Ginástica de Joinville (SC),
reconhecida como a mais antiga Sociedade de Ginástica da América do Sul.

Em 1867, foi fundada a Deutscher Turnverein em Porto Alegre (RS), hoje, Sociedade de Ginástica
Porto Alegre (SOGIPA), primeira sociedade de ginástica criada no estado considerado o berço da
Ginástica Artística brasileira.

Em 1895, foi fundada a Liga de Ginástica do Rio Grande do Sul, primeira entidade desportiva com
âmbito estadual, que proveu modelo para a criação de entidades esportivas semelhantes em
outras Unidades de Federação.

Em 1896, foi realizado o 1º Torneio de Ginástica no Brasil, na cidade de Hamburgo Velho (RS).
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Em 1910, foi realizado no Rio de Janeiro o campeonato de Ginástica Artística entre os Clubes
Ginástico Paulista de São Paulo e Ginástico Desportivo do Rio de Janeiro, repetido ao longo de 25
anos e servindo de base para outros campeonatos entre clubes.

Em 1950, foi realizado em São Paulo um torneio nacional reunindo equipes da SOGIPA (RS), Clubes
Ginástico Paulista de São Paulo e Ginástico Desportivo do Rio de Janeiro, quando se propôs a
organização de campeonatos nacionais periódicos.

A partir desse momento, Públio (2006) considera ter início o período de estruturação, entre 1951 e 1978,
marcado pela institucionalização na Ginástica Artística no Brasil, com filiação à FIG e criação da
Confederação Brasileira de Ginástica. Enfim, no período da afirmação, de 1979 até os dias hoje, os ginastas
brasileiros começam a ter reconhecimento internacional, com participação regular nos principais eventos
mundiais. Além disso, resultados expressivos começam a ser obtidos nos principais campeonatos da FIG, a
partir do final dos anos 1990.

Nos últimos anos, a Ginástica Artística brasileira atingiu um nível técnico que a credencia a disputar
competições em igualdade de condições com países em que a modalidade é mais tradicional, com
destaque às participações em campeonatos mundiais, Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos. O
desafio, contudo, continua na maior disseminação da prática da atividade, de maneira que haja renovação
de valores que possam manter o desempenho de alto nível que suas equipes alcançaram.

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Ginástica para todos (antiga ginástica geral)


A exemplo de outros países, a prática da Ginástica no Brasil incorporou, ao longo dos anos, aspectos dos
Métodos Sueco, Alemão e Francês. Essas influências atenderam às exigências dos treinamentos militares,
mas aos poucos se espraiaram ao esforço nacional de formação das crianças e jovens, sendo então
inseridos no currículo nacional de ensino.

Curiosidade

Em 1838, introduzia-se pela primeira vez a prática da Ginástica em um educandário público, o atual Colégio
Pedro II do Rio de Janeiro (antigo Ginásio Nacional). Alguns anos mais tarde, em 1851, essa modalidade era
incluída por lei nos currículos das escolas primárias do Rio de Janeiro.

Em 1870, o Governo Imperial manda imprimir e distribuir nas escolas o Novo Guia para o Ensino da
Ginástica nas Escolas Públicas da Prússia. Em nível nacional, essa tendência se consolida em 1882, quando
Ruy Barbosa emite o Parecer sobre a Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da
Instrução Pública, sugerindo a inclusão da Ginástica nos cursos normais e escolas primárias do Brasil.

A partir desse estágio até os anos 1930, a Ginástica, principalmente, influenciada pelo Método Alemão,
prevaleceu como atividade na Educação Física Escolar. A partir de 1930, oficializou-se o Método Francês no
sistema escolar brasileiro, adotando-se o Método Natural de Hébert como referência. Fora do âmbito
educacional, destaca-se a adoção, em 1893, da Ginástica Calistênica como atividade formal pela
Associação Cristã de Moços (ACM), que também implantaria no Brasil atividades desportivas como o
voleibol ou basquetebol. A prática da Ginástica, então, começava a influenciar toda a sociedade.

Um reflexo desse período foi a criação pelo professor Oswaldo Diniz Magalhães de uma metodologia
própria de ginástica, divulgada por mais de 40 anos no programa de rádio A Hora da Ginástica. O programa
tinha repercussão nacional e foi decisivo na popularização da modalidade no país.

A Ginástica prevaleceu como base dos programas de Educação Física Escolar até os anos 1950. No campo
da Ginástica Geral, pode-se pensar que sua origem no país se associa com eventos e festivais que reuniam
grande número de ginastas, fossem eles militares ou estudantes, que se apresentavam em locais públicos.
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A beleza dos espetáculos baseados em coreografias sincronizadas agradou aos assistentes, popularizando
a modalidade na primeira metade do século XX.

Saiba mais

Em 1953, chega ao Brasil a professora Ilona Peuker, logo após a realização da “1ª Gymnaestrada”. Para
Santos (2006), a chegada da professora Peuker é considerada um dos marcos mais importantes para a
evolução da Ginástica Geral no Brasil. Com sua radicação no país, a modalidade começa a assumir
contornos definitivos, com referenciais diversos daqueles até então vigentes. Especializada em Ginástica
Moderna, Ilona Peuker era formada em Dança e Ginástica Rítmica-Artística na Escola de Valerie Dienes na
Hungria (1936), tendo angariado grande experiência no ambiente da Ginástica na Europa, inclusive dirigido a
União Austríaca de Ginástica e Esportes. Ao ministrar vários cursos pelo país, contribuiu decisivamente para
difundir a modalidade.

Ilona Peuker percebeu o enorme potencial da cultura brasileira para desenvolver um trabalho voltado para a
Ginástica Geral com base nos preceitos da Ginástica Moderna, até então somente feminina. O início de suas
atividades como professora e técnica se deu entre os anos de 1953 e 1955, quando ministrou aulas
extracurriculares na Faculdade de Educação Física e Desportos da então Universidade do Brasil (atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro), convidada pelo diretor da Faculdade, professor Alberto Latorre de
Faria.

Dentre as alunas que frequentaram suas aulas, selecionou e convidou algumas para treinamento no
Instituto Bennett. Assim, fundou em 1956, no Rio de Janeiro, o Grupo Unido de Ginastas (GUG), adaptando
em seu trabalho os conceitos da Ginástica Moderna à realidade e cultura locais, lançando as bases do
desenvolvimento da Ginástica Geral no Brasil.

2ª Gymnaestrad - Zagreb, Iugoslávia.

Em 1957, 13 ginastas do Grupo Unido de Ginastas (GUG) representaram o país pela primeira vez na “2ª
Gymnaestrada” (Zagreb, Iugoslávia). A criatividade das formas elaboradas por Ilona Peuker atraiu a atenção,
valendo ao seu grupo convites para vários eventos internacionais. Em 1975, na “6ª Gymnaestrada” (Berlim,
Alemanha), o Brasil fez-se representar por quatro grupos diferentes, totalizando 65 ginastas. Pela primeira
vez, um deles não era do Rio de Janeiro, fugindo da influência da Ginástica Moderna – um Grupo Folclórico
da Paraíba buscava outras expressões, como a dança folclórica.

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Em âmbito nacional, o primeiro evento formal de Ginástica Geral ocorreu em 1960 com o I Festival Nacional
de Ginástica, organizado pela Federação Paulista de Ginástica até 1966, com a participação dos principais
grupos do país.

O sucesso do trabalho de Ilona Peuker fomentou o surgimento de novos grupos,


muitos orientados pelas discípulas formadas no GUG, com características próprias
e inovadoras. Em consequência, novos festivais foram sendo organizados,
estimulando o desenvolvimento da Ginástica Geral no país.

A quantidade cada vez maior de apresentações (em escolas, clubes etc.) fez com que os interessados na
modalidade organizassem, em 1981, o “1º FEGIN na Escola Técnica Federal de Ouro Preto (MG), evento em
que se selecionavam, pela primeira vez, os grupos que representariam o país em uma Gymnaestrada. Esse
evento tornou-se referencial para os futuros festivais da modalidade no país.

Em 1984, criou-se o Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG, assim, iniciou-se um processo mais intenso
de divulgação da Ginástica Geral nas diversas federações internacionais filiadas à FIG, inclusive na CBG. A
Ginástica Geral foi introduzida oficialmente na CBG em 1986, recebendo grande impulso a partir de 1991,
refletido na expressiva participação nas Gymnaestradas Mundiais subsequentes. Em 1988, organizou-se o
1º Curso Internacional de Ginástica Geral no Brasil, evento promovido e ministrado pela FIG em Rio Claro,
São Paulo. Em 1992, o Comitê Técnico da modalidade na CBG propôs a criação da Gymnaestrada brasileira,
fato que se concretizou com a realização da primeira edição deste evento em Nova Friburgo, Rio de Janeiro,
com a denominação de Gymbrasil. O evento consolidou-se e é realizado anualmente.

Em 1991, na Gymnaestrada de Amsterdã, Holanda, o perfil da participação brasileira em Gymnaestradas


mundiais teve modificações relevantes, decorrentes do investimento na difusão da modalidade no país.
Com 114 integrantes distribuídos em nove grupos, cinco de São Paulo, dois do Rio de Janeiro, um de Minas
Gerais e um de Pernambuco, oriundos de colégios, clubes e universidades, as apresentações
fundamentaram-se em diversas manifestações gímnicas, como tumbling, Ginástica Rítmica, Ginástica
Aeróbica e Ginástica Acrobática, além de outras formas de práticas corporais como a dança. Nesse evento,
a delegação brasileira participou pela primeira vez de uma “Noite Nacional”, na “Noite Luso-brasileira”, e o
Grupo Ginástico Unicamp, Campinas, São Paulo, foi convidado a participar das apresentações do “FIG Gala”.

A maior delegação brasileira enviada a uma Gymnaestrada ocorreu em 1995, em Berlim,


Alemanha (SANTOS, 2006).

Foram 23 grupos com um total de 662 integrantes; dez de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro, quatro de
Sergipe, três de Minas Gerais, um do Mato Grosso e um de Pernambuco. Os elementos gímnicos incluíram
fundamentos da Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica, trampolim e dança. Além do

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Grupo Ginástico Unicamp, outros grupos – Colégio Juvenal de Campos, Nova Friburgo Country Clube, Clube
Campineiro de Regatas e Natação e Sociedade Hípica de Campinas – foram convidados a participar do “FIG
Gala” numa única coreografia. Também foi nesta 10ª Gymnaestrada que teve lugar a primeira Noite
Brasileira e a primeira participação do Brasil no “FIG Fórum”.

Atenção!

Hoje, denominada Ginástica Para Todos, a Ginástica Geral consiste na modalidade que talvez reúna o maior
número de praticantes no país, com grupos cujos trabalhos têm qualidade internacional, sendo ainda a
modalidade que tem a maior representatividade internacional em número de ginastas envolvidos.

Por exemplo, na 16ª World Gymnaestrada, última edição do evento em 2019 (Dornbirn, Áustria), o Brasil fez-
se presente com uma delegação de 603 integrantes, representando oito estados (CBG, 2019). Houve
representação em praticamente todas as esferas do evento: momento científico, apresentações pelas
cidades, apresentações nos Halls oficiais, Noite da União Pan-Americana e workshops. Foi a segunda maior
delegação da América e a 10ª no geral. As apresentações foram variadas na temática e forma, incluindo
coreografias com base na ginástica rítmica, acrobática, aeróbica, trampolim e dança. Foram 24 grupos
representando os estados do Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte,
Rio de Janeiro e São Paulo.

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A ginástica no Brasil e o movimento Ginástica para
Todos
A mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti fala sobre o movimento Ginástica para Todos e a
evolução da ginástica no Brasil.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

Encontra-se na origem da prática da Ginástica Artística no Brasil:

A chegada de grupos ciganos, com forte tradição circense/acrobática, no começo do


A
séc. XX.

B A migração alemã durante o bloqueio ginástico entre os anos 1820 e 1840.

A migração italiana, durante a Primeira Guerra Mundial, particularmente na região Sul do


C
país.

D A migração de praticantes russos, fugindo do movimento Bolchevique de 1917.

E O desejo do Governo Imperial em introduzir novos métodos de treinamento nos quartéis.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A Ginástica Artística teve início no Brasil com a colonização alemã na região Sul em 1824,
primeiramente, no RS e, depois, difundindo-se para: SC, PR, SP, RJ e ES. Pode-se afirmar que o RS foi o
primeiro estado a iniciar oficialmente a prática da Ginástica Artística no país.

Questão 2

Em relação ao desenvolvimento da Ginástica para Todos no Brasil, assinale a opção correta:

A Deu-se de forma independente do movimento da Ginástica Geral no seio da FIG.

B
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Foi influenciado pelos princípios da Ginástica Moderna, difundidos no país por Ilona
Peuker.

C Teve como base a Ginástica Geral argentina, implantada no país por Enrique Rapesta.

Iniciou-se a partir de grupos folclóricos nordestinos, que associaram o Método Sueco à


D
dança.

Trata-se da modalidade da Ginástica com os melhores resultados competitivos


E
internacionais, em virtude do grande número de praticantes.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Ilona Peuker percebeu o potencial da cultura brasileira para desenvolver um trabalho voltado para a
Ginástica Geral com base nos preceitos da Ginástica Moderna. Fundou o Grupo Unido de Ginastas
(GUG), adaptando em seu trabalho os conceitos da Ginástica Moderna à realidade e cultura locais,
lançando as bases do desenvolvimento da Ginástica para Todos no Brasil.

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3 - Estrutura organizacional da ginástica e suas


modalidades
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a estrutura organizacional e as
modalidades contemporâneas da ginástica.

Entidades representativas da ginástica – FIG e CBG


O crescente movimento ginástico na Europa promoveu a criação de várias federações nacionais, sendo a
primeira delas a Sociedade Federal de Ginástica, da Suíça, fundada em 1832, seguida pelas federações
nacionais da Alemanha (1860), da Bélgica (1865), da Polônia (1867), da Holanda (1868) e da França (1873).
Na Bélgica, em 1881 teve lugar o Festival Federal de Ginástica, com participação de todas as federações
existentes, fundando-se o Comitê Permanente das Federações Europeias de Ginástica, embrião da
Federação Europeia de Ginástica (FEG), encabeçada por Nicolas Cupérus e com participação da Bélgica,
França e Holanda.

1896

A ginástica entrou no cronograma dos primeiros Jogos Olímpicos da nova era.

1903

Sete anos mais tarde, por incentivo da Federação Francesa de Ginástica, a FEG organizou seu
primeiro Campeonato Mundial, de prática exclusivamente masculina. Foi graças a essa
iniciativa que a primeira modalidade, a Ginástica Artística, tornou-se competitiva, surgida em
torneios internacionais.

1928

A lh ti i i ti i
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As mulheres tiveram suas primeiras participações olímpicas.

1934

As mulheres tiveram as primeiras disputas em Campeonatos Mundiais.

Em 1921, a FEG tornou-se a Federação Internacional de Ginástica, quando os primeiros 16 países não
europeus foram admitidos na entidade, sendo os EUA o primeiro país a integrar a nova Federação. A FEG é
considerada a organização internacional mais antiga responsável pela estruturação da ginástica.

Curiosidade
Nicolas Cupérus continuou na presidência da FIG até 1924, consolidando-a como entidade representativa da
ginástica e suas modalidades em âmbito mundial – a FIG é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional
como a maior autoridade internacional sobre a Ginástica.

A FIG regulamenta e supervisiona as atividades de oito modalidades de Ginástica: Ginástica para Todos,
Ginástica Artística Feminina, Ginástica Artística Masculina, Ginástica Rítmica, Trampolim (incluindo
minitrampolim duplo e tumbling), Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática e Parkour. Conta com 148
federações nacionais e continentais afiliadas, com sede em Lausanne, Suíça. Aceita-se apenas uma
federação por país, que deve ser também reconhecida por sua autoridade nacional máxima; no Brasil, o
Comitê Olímpico Brasileiro.

Como filiadas diretas e responsáveis pelas federações nacionais, estão a União


Europeia, a União Pan-Americana, a União Asiática e a União Africana de Ginástica.

A FIG tem como principal atribuição a organização e a realização dos Campeonatos Mundiais de Ginástica e
da Copa do Mundo de Ginástica Artística, assim como regulamentar as competições oficiais e a
Gymnaestrada, estabelecendo normas e compondo os calendários dos eventos internacionais, sejam eles
competitivos ou não.

A FIG tem estrutura hierárquica e não autônoma, ou seja, seus segmentos trabalham em conjunto.
Administrativamente, é regida por um Congresso, um Conselho, um Comitê Executivo e uma Comissão
Presidencial. Tais autoridades estão submetidas diretamente ao comando do presidente da entidade.
Existem ainda sete comitês técnicos, que administram suas respectivas modalidades, e o Secretário Geral,
eleito pelo Comitê Executivo.

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No Brasil, a Ginástica organizou-se da seguinte forma:

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Com a chegada dos imigrantes alemães durante o Bloqueio Ginástico.

Formação de associações e federações locais e criação de torneios e campeonatos por elas


organizados.

Criação de federações em estados de maior repercussão, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio
de Janeiro.

Filiação dessas federações à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em 1951, entidade


máxima do desporto nacional à época.

Filiação da CBD à FIG.

Com a extinção da CBD, no final da década de 1970, foi criada a Confederação Brasileira de
Ginástica (CBG), representando a ginástica brasileira junto à FIG.

A CBG integra as mesmas modalidades ginásticas regidas pela FIG. Atualmente, tem sede em Aracajú,
Sergipe. As Federações Estaduais filiadas são 24, localizadas em 23 Unidades da Federação e Distrito
Federal. A CBG é responsável pela organização de todas as competições oficiais em território brasileiro,
oferecendo suporte a atletas, técnicos e árbitros em competições internacionais. Tem ainda a atribuição de

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distribuir às Federações Estaduais e fazer aplicar os códigos de pontuação de cada modalidade. Sua
estrutura conta com as seguintes unidades administrativas:

Presidência e vice-presidência;

Diretoria;

Conselho Fiscal;

Comitês Técnicos específicos.

A entidade também convoca e organiza as seleções de acordo com a modalidade competitiva e com os
regulamentos internacionais. As seleções permanentes são:

Ginástica Artística
Masculina e feminina (11 atletas cada).

Ginástica Rítmica
Seleção individual (7 atletas) e conjunto (6 atletas).

Trampolim acrobático
Masculina e feminina (3 atletas cada).

As modalidades da ginástica
As disciplinas competitivas supervisionadas pela FIG vêm aumentando ao longo do tempo, adaptando-se às
demandas do desporto. Atualmente, elas compreendem oito modalidades, considerando a ginástica
artística feminina e masculina enquanto modalidades distintas, como descritas a seguir.

Ginástica para Todos


Conforme já discutido, as origens e o desenvolvimento da Ginástica para Todos são estreitamente ligados à
história da própria FIG. É a única forma não competitiva de Ginástica inserida na entidade que organiza
festivais periódicos da modalidade – a cada quatro anos, as Gymnaestradas Mundiais (World
Gymnaestradas).
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Em termos históricos e culturais, a Ginástica para Todos encontra-se na raiz de todas as atividades da FIG,
tendo consistido na modalidade preferida de seu primeiro presidente, o belga Nicolas Cupérus. Logo,
compreende-se que sua prática seja um ponto de junção de todas as demais modalidades, bem como de
outras possibilidades de expressão corporal, resultando em sequências ricas e criativas, por vezes,
envolvendo dezenas de praticantes.

As propostas são livres, apesar de sempre baseadas em elementos gímnicos, dando margem à expressão
de aspectos multiculturais.

O aspecto mais importante da Ginástica para Todos é a realização dos movimentos gímnicos com prazer e
originalidade.

Saiba mais
No Brasil, acontecem festivais periódicos de Ginástica para Todos, denominados GymBrasil. Atualmente,
sua frequência é bienal.

Ginástica Artística (feminina e masculina)


A Ginástica Artística foi a primeira ramificação competitiva da modalidade. Originou-se de uma combinação
de exercícios sistemáticos, criados para diferenciar suas técnicas daquelas dos movimentos artísticos
(como dança ou expressão corporal) e das práticas militares, mais centradas na força.

Curiosidade
A Ginástica Artística foi a primeira modalidade inserida nos Jogos Olímpicos Modernos, logo em sua
primeira edição em 1896 – por essa razão, foi conhecida por muitos anos como Ginástica Olímpica.

A Ginástica Artística é dividida em vertentes feminina e masculina, que competem separadamente com
exercícios e códigos de pontuação específicos. Nas competições, a pontuação total é obtida a partir de:

Notas de partida

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Determinadas pelo grau de dificuldade a que o atleta se propõe.

&
Execução

Determinadas pela qualidade técnica da realização dos movimentos propostos.

Em geral, nas fases classificatórias das competições internacionais, os primeiros 24 colocados avançam
para as finais “individuais gerais”, enquanto as oito primeiras nações avançam para a final por equipes
(coletiva), e os oito mais bem colocados em cada prova avançam para as finais “individuais por aparelho”.

woman
Na modalidade feminina, a ordem olímpica inclui quatro provas em aparelhos diferentes, em geral, sob a
forma de circuito: salto, barras assimétricas, trave de equilíbrio e solo.

man
Na modalidade masculina, as provas são cumpridas na seguinte ordem: solo, cavalo com alças, argolas,
salto, barras paralelas e barra fixa.

Ginástica Rítmica
As origens da Ginástica Rítmica advêm dos preceitos da Ginástica Moderna, desenvolvida na primeira
metade do século XX sob influência dos movimentos ginásticos que tiveram lugar na Europa Central ao
longo do século XIX, sobretudo o Método Alemão. Abraçava-se a sistematização proposta por Guts-Muths e
Jahn, mas criticava- se o excessivo rigor das sessões de treinamento, especialmente na ginástica feminina.

Saiba mais
A partir de influências da Pedagogia e da Psicologia, passou-se a incluir nas rotinas elementos de música,
expressão artística e dança, perseguindo-se uma combinação de educação corporal e musical.

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A disseminação da prática da Ginástica Moderna deu-se em especial na antiga União Soviética (URSS), onde
passara a ser ensinada como manifestação da Ginástica Artística, mas com um sistema organizado usando
aparelhos e competições próprios. Aliás, a herança de musicalidade na Ginástica Artística feminina data
desse período.

Em 1948, a URSS organizou a primeira competição da modalidade, levando naturalmente à fundação de


uma Liga Internacional de Ginástica Moderna, em 1951, assumindo como primeiro presidente Henrich
Medau, professor e músico alemão, considerado um dos seus precursores. No âmbito internacional, a
modalidade teve várias denominações: Ginástica Moderna (1963), Ginástica Rítmica Moderna (1972),
Ginástica Rítmica Desportiva (1975) e, enfim, Ginástica Rítmica (1998).

Ginástica Rítmica.

A Ginástica Rítmica desenvolveu-se da seguinte forma:

1948

Nos Jogos Olímpicos de 1948, as provas de Ginástica Artística incluíam duas competições
rítmicas por equipe, uma delas com aparelho e a outra com mãos livres.

1952

Na edição seguinte dos Jogos, em 1952, em Helsinque, a Ginástica Moderna foi incluída
como esporte de demonstração.

1962
D d i 41º C d F d
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ã I t i l d Gi á ti (P ti 46/57
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Dez anos depois, o 41º Congresso da Federação Internacional de Ginástica (Praga, antiga
Tchecoslováquia) reconheceu a Ginástica Moderna como modalidade independente.

1963

Em 1963, ocorreu o I Campeonato Mundial (Budapeste, Hungria).

1980

Em 1980, o Comitê Olímpico Internacional definiu que, a partir dos Jogos Olímpicos de 1984,
a modalidade integraria o programa dos esportes olímpicos.

Para Alonso e Crause (2006), dois eventos foram marcantes para o início da prática da Ginástica Rítmica
nos anos 1950 no Brasil. Entre 1953 e 1954, a professora austríaca Margareth Fröhlich ministrou aulas de
Ginástica Feminina Moderna no III Curso de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico, promovido pelo Estado
de São Paulo. Também em 1953, chega ao Brasil a professora húngara Ilona Peuker, cujos cursos e
apresentações de seu grupo (o Grupo Unido de Ginastas — GUG) contribuíram decisivamente para difundir a
Ginástica Moderna no país, modalidade que ofereceu as bases para a atual Ginástica Rítmica.

A Ginástica Rítmica é uma modalidade exclusivamente feminina. Seus exercícios são todos trabalhados no
solo e realizados com apoio de música instrumental e cinco diferentes aparelhos – arco, maças, corda, bola
e fita. Há dois tipos de provas: individual e conjunto. Nas provas de conjunto, composições são executadas
por cinco ginastas. As rotinas envolvem movimentos associados à dança com níveis de dificuldade
variados, estreitamente relacionados à manipulação dos aparelhos. São ainda permitidos elementos pré-
acrobáticos, como rolamentos ou espacates.

Na classificação individual, leva-se em conta o desempenho em quatro aparelhos predefinidos pela FIG
ou Comitê Olímpico Internacional (COI).
close

Enquanto, na prova coletiva, são utilizados dois aparelhos diferentes distribuídos para as cinco

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ginastas.

Ginástica Aeróbica Desportiva


A FIG define a Ginástica Aeróbica Desportiva como a habilidade de executar continuamente padrões de
movimentos complexos e de alta intensidade ao ritmo de uma música. O treinamento aeróbico por meio de
exercícios ginásticos teve grande difusão durante os anos 1980, derivando em modalidades como a dança
aeróbica, base da atual Ginástica Aeróbica Desportiva. Com o tempo, rotinas desse tipo de exercícios
tornaram-se também uma modalidade competitiva, a qual foi incorporada à FIG em 1995, passando a
entidade a regulamentar e organizar campeonatos específicos.

Na primeira edição do Campeonato Mundial da modalidade, 34 nações participaram da disputa.

Ginástica Aeróbica Desportiva.

Os elementos executados pelos ginastas requerem níveis elevados de força, agilidade, flexibilidade e
coordenação, mas movimentos acrobáticos tipicamente realizados nas rotinas de Ginástica Artística não
são realizados. As rotinas devem demonstrar a capacidade de execução de movimentos contínuos com alta
demanda cardiorrespiratória, de flexibilidade e força, incluindo sete passos básicos: marcha, corrida
(Jogging), chute baixo, chute alto, polichinelo, elevações de joelho, lunge (Afundo).

ogging
Corrida de baixa intensidade.

fundo
Exercício localizado para membros inferiores.

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Atenção!

As competições são divididas em provas individuais (femininas e masculinas) e coletivas (pares mistos,
trios e sextetos). Apesar de haver campeonatos internacionais regulares, a modalidade ainda não faz parte
do calendário olímpico.

Ginástica de Trampolim
A Ginástica de Trampolim tem origem circense e lúdica, tendo sido utilizada em treinamento militar de
paraquedistas. Foi aprimorada e institucionalizada como modalidade esportiva nos anos 1930-1940 pelo
ginasta George Nissen (1914-2010). O primeiro campeonato ocorreu em 1948, nos EUA, e a modalidade foi
inclusa nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México (1955). O aumento de países interessados levou à
criação da Federação Internacional de Trampolim em 1964, que passou a organizar e regular as
competições internacionais. Em 1988, essa entidade foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI). Em 1999, entrou na FIG como modalidade ginástica competitiva, tornando-se enfim desporto olímpico
nos Jogos de Sidney (2000).

Ginástica de Trampolim.

Nas competições, mortais e piruetas são executados a cerca de oito metros de altura e requerem precisão
técnica e controle preciso do corpo. As competições são individuais ou sincronizadas, masculinas ou
femininas. São quatro as provas da modalidade:

Trampolim individual

Trampolim sincronizado

Duplo minitrampolim

Tumbling

Dessas, apenas as duas primeiras fazem parte do programa olímpico.

No trampolim individual, os ginastas executam séries com 10 elementos técnicos aéreos, enquanto no
trampolim sincronizado, dois ginastas do mesmo sexo executam séries em sincronia, valendo-se de dois

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trampolins do mesmo tipo utilizado nas provas individuais. A prova de duplo-minitrampolim consiste na
combinação da corrida do tumbling com os saltos verticais do trampolim.

O ginasta executa uma corrida preparatória no solo para a impulsão na primeira parte do
aparelho.

Em seguida, é realizada uma acrobacia aérea, para então se impulsionar na segunda parte do
aparelho e executar um segundo elemento acrobático, sem interrupção.

Finalizando num colchão de aterrissagem.

No tumbling, as séries são compostas por oito exercícios acrobáticos realizados ininterruptamente em linha
reta, sobre uma pista elástica de 25m. O sistema de pontuação segue modelo parecido com o aplicado à
Ginástica Artística, com notas máximas sendo definidas para cada acrobacia, perdendo-se pontos em
função de falhas ou imperfeições técnicas em sua realização.

Ginástica Acrobática
À semelhança da Ginástica de Trampolim, a Ginástica Acrobática tem origens circenses, tendo-se
sistematizado como modalidade competitiva apenas no século XX. As rotinas consistem em exercícios
praticados com parceiros e sem aparelhos, cujo objetivo fundamental é controlar os movimentos de
equilíbrio executados em pares ou em grupos, valendo-se de variações de posições em solo ou no ar. As
sequências são executadas com música em um tablado de 12 x 12m, requerendo expressão e movimentos
do corpo ritmicamente sincronizados.

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Ginástica Acrobática.

As competições incluem quatro divisões:

Duplas femininas;

Masculinas ou mistas;

Trio feminino;

Quarteto masculino.

Cabe notar que a Ginástica Acrobática ainda não faz parte dos desportos apresentados nos Jogos
Olímpicos.

Parkour
O Parkour é um tipo de atividade física desenvolvido nos anos 1980, na França. Em sua origem há
elementos do Método Natural de Hébert, o qual propunha, entre as suas atividades, percurso concebido para
treinamento militar, denominado parcours militaire. Disso, aliás, deriva o nome da modalidade.

Com base nas características do parcours militaire, o francês David Belle estruturou uma série de
movimentos com a proposta de usar os elementos do meio ambiente como obstáculos a serem
ultrapassados. Seu pai foi treinado nas Forças Armadas, tendo servido na Guerra da Indochina e depois
atuado como bombeiro. Nessas corporações, obteve recordes em saltos, arremessos com vara e subida em
corda, fatos que influenciaram na concepção de Parkour desenvolvida por David Belle.

O praticante do Parkour é chamado de traceur (em tradução livre, traçador de rota), de onde a
denominação inglesa tracer, usualmente, aplicada. Em linhas gerais, o objetivo é superar obstáculos
físicos ou imaginários da forma mais rápida e eficiente possível. A modalidade pode ser praticada tanto
individualmente quanto em grupo. No entanto, trata-se ainda de uma prática pouco explorada em termos
de fundamentação teórica e produção científica, o que torna difícil sua categorização.

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Por outro lado, sua concepção de base é muito simples: traça-se e executa-se uma trajetória rápida e eficaz
para ir de um ponto a outro.

O Parkour.

Via de regra, são utilizadas corridas, variações de movimentos quadrupedais, rolamentos, escaladas,
equilíbrios e saltos, dentre outras formas de movimento. Movimentos acrobáticos não precisam ser
necessariamente realizados, mas podem ser aplicados quando aceleram para a superação do obstáculo, ou
mesmo por motivos estéticos. Esse é particularmente o caso do Free Running, vertente mais artística do
Parkour desenvolvida por Sébastien Foucan.

A disseminação do Parkour foi rápida, principalmente, com apoio das redes sociais e internet. Isso não
passou despercebido à FIG, que reconheceu a modalidade em 2017, com objetivo de alcançar públicos mais
jovens. Assim, em 2018, durante congresso realizado em Baku, Azerbaijão, a entidade aprovou a inclusão do
Parkour como uma de suas modalidades. Naquela oportunidade, agendou-se para abril de 2020, em
Hiroshima, Japão, o I Campeonato Mundial do desporto, o qual teve de ser adiado em virtude da pandemia
da covid-19. O Parkour, apesar de reconhecido como modalidade ginástica pela FIG, ainda não faz parte do
programa olímpico.

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A ginástica contemporânea
A mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti fala sobre a estrutura organizacional da ginástica
brasileira e mundial, e apresenta as modalidades de ginástica da contemporaneidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Em relação às entidades representativas da Ginástica, é correto afirmar que:

A A CBG subordina-se ao COB em questões do Movimento Olímpico, mas não à FIG.

B O COB é subordinado à FIG.

A CBG subordina-se à FIG, que responde ao COI no tocante às questões do Movimento


C
Olímpico.

D O Comitê Executivo da FIG é subordinado ao seu Comitê Técnico.

E A CBG subordina-se à FIG em questões do Movimento Olímpico, mas não ao COB.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A FIG é a entidade representativa máxima da Ginástica, enquanto o COI é a autoridade Olímpica


máxima.

Questão 2

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Dentre as modalidades de Ginástica reconhecidas pela FIG, são desportos olímpicos:

A Ginástica Artística, Ginástica Acrobática e Ginástica Rítmica.

B Ginástica Artística, Ginástica Rítmica e Ginástica de Trampolim.

C Ginástica Artística, Ginástica de Trampolim e Ginástica Aeróbica Desportiva.

D Ginástica Artística, Ginástica Rítmica e Parkour.

E Ginástica para Todos, Ginástica Artística, Ginástica Rítmica.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A Ginástica Artística esteve presente desde os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna em 1896
(Atenas), a Ginástica Rítmica foi incluída em 1984 (Los Angeles) e a Ginástica de Trampolim em 2000
(Sidney).

Considerações finais
Ao longo deste conteúdo, pudemos compreender como se deu o processo histórico da ginástica durante os
anos, desde as primeiras tentativas de sistematização no continente europeu até as modalidades da
contemporaneidade.

Vimos que a ginástica brasileira se desenvolveu a partir da chegada de imigrantes alemães na região Sul.
Em seguida, vimos que o processo de consolidação da ginástica, no Brasil, em parte, confunde-se com o de
outras modalidades esportivas, com a criação de federações locais, os primeiros campeonatos

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organizados, até a filiação junto à já extinta Confederação Nacional de Desportos, para a sua estruturação
em âmbito nacional e participação internacional.

Por fim, foram apresentadas as modalidades da contemporaneidade, desde aquela de caráter lúdico e não
competitivo, o movimento Ginástica para Todos, até as modalidades de competição que integram o quadro
da Federação Internacional de Ginástica, dentre elas Parkour, a mais nova integrante.

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Agora, a mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti encerra o conteúdo falando sobre aspectos gerais
da ginástica acerca de sua história e contemporaneidade.

Referências
ALONSO, H.; CRAUSE, I. Ginástica Rítmica (GR). In: COSTA, L. P. (Org.). Atlas do Esporte no Brasil. Brasília:
CONFEF, 2006. p. 226.

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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02983/index.html# 56/57
12/02/23, 11:50 Fundamentos históricos da ginástica geral e artística

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Ginástica (CBG). In: COSTA, L. P. (Org.). Atlas do Esporte no Brasil. Brasília: CONFEF, 2006. p. 220-221.

SANTOS, J. E. C.; ALBUQUERQUE FILHO, J. A. Manual de Ginástica Olímpica. Rio de Janeiro: Sprint, 1986.

TUBINO, M. G. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 1999.

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Para saber mais sobre os assuntos aqui explorados, assista aos seguintes vídeos disponíveis no YouTube:

Origem da Educação Física Moderna

Modalidades de Ginástica

Aparelhos da Ginástica Rítmica

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02983/index.html# 57/57

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