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Belém
2017
M ARCOS FABRÍCIO F ERREIRA P EREIRA
U MA S EQUÊNCIA D IDÁTICA
PARA O ENSINO DE
SEMELHANÇA DE FIGURAS PLANAS
Belém
2017
M ARCOS FABRÍCIO F ERREIRA P EREIRA
Banca Examinadora
- Orientador
Prof. Miguel Chaquiam
Doutor em Educação
Universidade do Estado do Pará - UEPA
Neste momento me deparo com uma sensação que me faz ter certeza que
nunca alcançamos um objetivo sozinho. Nesse percurso tive a ajuda de muitas pessoas
e penso que traduzir em palavras a minha gratidão será impossível, porém, não pontuá-
las nessa parte poderia passar a ideia de que não houve tal ajuda, quando na verdade
essa pesquisa é produto do apoio de muitos. Meus sinceros agradecimentos a:
• Minha esposa Monique e minha filha Sabrina, por estarem sempre ao meu lado.
Amo vocês!
• Meus pais Mário Ruy e Sandra, por todo apoio (inclusive financeiro) e orações.
Helton, Alessandra e Alice por toda torcida. Essa vitória é nossa.
• Professor Miguel Chaquiam, por ter sido bem mais que um professor, um amigo.
• Aos professores Natanael Freitas Cabral e Maria Lúcia Pessoa Chaves Rocha,
pelas valiosas contribuições feitas a este trabalho.
Muito Obrigado!
PEREIRA, Marcos. Uma Sequência Didática para o ensino de semelhança de figuras
planas. 2017. 160 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática) -
Universidade do Estado do Pará, Belém, 2017.
R ESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de um estudo que teve como objetivo avaliar as poten-
cialidades de uma sequência didática desenvolvida para o ensino de semelhança de figuras
planas, de modo a favorecer construção do conhecimento de alunos do 9o ano do Ensino
Fundamental e contribuir para a melhoria do desempenho destes em relação a resolução de
questões referentes ao tema. Utilizamos como metodologia nesta pesquisa os pressupos-
tos da Engenharia Didática por meio das seguintes etapas: Análises prévias; Concepção e
Analise a priori; Experimentação e Análise a posteriori e Validação. Inicialmente identifica-
mos dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de semelhança de figuras planas
em pesquisas relacionadas, por meio da opinião de 60 professores da Educação Básica, e
ainda a concepção de 100 alunos egressos do Ensino Fundamental. A identificação dessas
dificuldades e a utilização dos pressupostos da Teoria das Situações Didática nos permitiram o
desenvolvimento de um conjunto de atividades que compõem a sequência didática proposta. A
aplicação da sequência didática foi realizada em uma turma do 9o ano do Ensino Fundamental
de uma escola da rede estadual de ensino localizada na cidade de Vigia, interior do estado
do Pará. Para analisar os resultados da aplicação, utilizamos a abordagem microgenética das
interações verbais entre professor/pesquisador e alunos e ainda o desempenho dos alunos na
resolução de questões, fazendo um comparativo do desempenho destes alunos com os alunos
de uma turma de controle. Os resultados mostram que os alunos participantes do experimento
apresentaram melhor compreensão das propriedades e dos conceitos referentes ao tema e
ainda obtiveram desempenho muito superior aos alunos da turma de controle na resolução de
questões, comprovando com isso, a eficácia da sequência didática proposta.
I NTRODUÇÃO 13
sua proposta de algebrizar o ensino de Geometria que antes era marcantemente lógico-
dedutivo. Essa proposta não teve êxito, mas conseguiu eliminar o modelo anterior
gerando certa insegurança por parte dos professores de matemática em trabalhar com
a geometria deixando esta de ser contemplada gradualmente em sua programação. Em
geral, a maioria dos professores que continuam a ensina-la reserva o final do período
letivo para tal, apoiando-se, muitos deles, na “falta de tempo” para a não realização do
trabalho com este conteúdo.
Diante deste cenário, Pires (2000) propõe uma reestruturação do currículo
de matemática e consequentemente uma mudança na forma de conceber o processo
de ensino e aprendizagem de geometria, procurando determinar quais conteúdos e
como os conteúdos geométricos devem ser ensinados, dada a importância desde
conhecimento para a formação dos alunos.
A importância do ensino de semelhança de figuras planas pode ser notada
tanto nas pesquisas dos autores supracitados, quanto em documentos oficiais, que
recomendam sua inserção deste conceito nos currículos escolares de matemática dos
diferentes níveis do ensino. Mas o que dizem as pesquisas a respeito das dificuldades
no ensino de geometria, de modo específico, semelhança de figuras planas e quais
as novas abordagens metodológicas propostas por estes estudos? Qual a opinião
de professores e a concepção de alunos da educação básica no que diz respeito
ao processo ensino e aprendizagem deste tema? Quais os desdobramentos que o
desenvolvimento de uma sequência didática proposta para o ensino de semelhança de
figuras planas pode provocar em alunos do 9o ano do Ensino Fundamental, em relação
à construção de conceitos e ao desempenho na resolução de questões referentes a
este tema? Tomando por base os questionamentos acima, apresentamos a seguir o
objetivo balizador desta pesquisa, objetivo que nos possibilitou a obtenção de respostas
para esses questionamentos que serão apresentados ao longo do trabalho.
Assim, empreendemos este estudo cujo objetivo foi avaliar as potencialida-
des de uma sequência didática desenvolvida para o ensino de semelhança de figuras
planas, de modo a favorecer construção do conhecimento de alunos do 9o ano do
Ensino Fundamental e contribuir para a melhoria do desempenho destes em relação à
resolução de questões referentes ao tema.
Visando o bom desenvolvimento da pesquisa e consignação de parâmetros
a partir do objetivo geral, foi estabelecido especificamente:
Este capítulo objetiva apresentar as teorias que nos deram suporte teórico
para o seu desenvolvimento desta pesquisa, neste sentido, apresentamos as con-
cepções de Zabala (2014), Oliveira (2013) e Cabral (2017) sobre Sequência Didática
as quais estruturaram as atividades aqui propostas, e ainda uma síntese da análise
microgenética proposta por Goés (2000), baseada nos pressupostos da teoria histórico-
cultural de Vygotsky que nos deram o suporte necessário para a identificação dos
indícios de aprendizagem dos alunos durante a realização das atividades.
Sentimos a necessidade de mencionar a teoria das situações didáticas
de Brousseau (2008), visto que as atividades foram desenvolvidas de acordo com o
que pressupõe essa teoria. Por fim, apresentamos uma descrição dos pressupostos
metodológicos aplicados na pesquisa - Engenharia Didática - identificando os agentes
que a compõem, os instrumentos e recursos utilizados.
• Oferecer ajuda de modo adequado aos alunos no sentido de fazer com que
eles conheçam o que têm que fazer, sintam-se seguros e confiantes com seus
progressos e estimulados a enfrentar os obstáculos nos quais se depara, de
maneira autônoma para alcançar as metas estabelecidas;
A Intervenção Inicial (Ii ) serve de aporte inicial para que o professor estimule
o aluno a perceber de maneira empírico-intuitiva regularidades funcionais de um
determinado conceito. O termo “Intervenção” é utilizado no sentido de que existe uma
intencionalidade nas ações dirigidas pelo professor diante de seus alunos.
A Intervenção Reflexiva (Ir ) se caracteriza por um questionamento. Esse
questionamento se refere a um ou mais aspectos relacionados ao conceito objeto de
reconstrução. O professor deve orientar o aluno a levantar hipóteses, fazer conjecturas,
verificar possibilidades e estabelecer consequências.
A Intervenção Exploratória (Ie ) tem com objetivo aprofundar olhar do aluno
a respeito das respostas obtidas a partir da das Intervenções Reflexivas (Ir ). Serão
dadas por meio a partir da solicitação da execução de certos procedimentos de curta
duração por parte dos alunos. Os alunos são convidados para fazerem simulações,
experimentações, descrições, preencher tabelas, elaborar gráficos e observações.
1.1 S EQUÊNCIA D IDÁTICA 24
Para Oliveira (2013), o trabalho com atividades por meio de uma sequência
didática precisa ser alicerçado em uma das teorias de aprendizagem, teorias educacio-
nais, propostas pedagógicas e metodologias de ensino, ficando a escolha a cargo do
professor.
Assim, a busca por regularidades por parte dos alunos que posteriormente
são formalizadas pelo professor promove um ambiente de relações interativas entre
aluno, professor e saber. Nesse sentido, buscamos um suporte na teoria histórico-
cultural de Vygotsky e a abordagem microgenética, pela necessidade de melhor obser-
vação e análise dos desdobramentos ocorridos durante a execução das atividades por
parte dos alunos.
Vygotsky deixa claro, com essa lei, que função psicológica interna do sujeito
foi antes uma função social, que surgiu em um processo de interação. Esclarece
também, que a passagem do plano externo para o plano interno não se dá por simples
cópia. O sujeito transforma o próprio processo e muda sua estrutura e funções. E é
ainda essa lei que explica a zona de desenvolvimento proximal, outro conceito básico
da teoria de Vygotsky para a educação.
Neste sentido, a zona de desenvolvimento potencial é definida como
não é micro porque se refere à curta duração dos eventos, mas sim
por ser orientada para minúcias indiciais - daí resulta a necessidade
de recortes num tempo que tende a ser restrito. É genética no sentido
de ser histórica, por focalizar o movimento durante processos e rela-
cionar condições passadas e presentes, tentando explorar aquilo que,
no presente, está impregnado de projeção futura. É genética, como
sociogenética, por buscar relacionar os eventos singulares com outros
planos da cultura, das práticas sociais, dos discursos circulantes, das
esferas institucionais. (GOÉS, 2000, p. 15)
cultura e da história, o que pode ser percebido nos desdobramentos dos pressupostos
vygotskyanos.
Para Cabral (2004), a análise microgenética constitui-se em um poderoso
instrumento metodológico de investigação da construção de conhecimento quando
pensamos no encontro de sujeitos em situações de ensino no ambiente escolar. Sendo
a sala de aula, um palco das interações dialógicas que proporciona ao professor um
ambiente de investigação pedagógica.
Concordando com Oliveira (2013) sobre a escolha de teorias de aprendi-
zagem, teorias educacionais, propostas pedagógicas e metodologias de ensino que
servem como base para aplicação da sequência didática, elegemos também a Teoria
das Situações Didáticas desenvolvida por Guy Brousseau a qual apresentamos de
forma sucinta a seguir.
Com base nesses argumentos, podemos dizer [...] que a Teoria das
Situações Didáticas apresenta novos desafios para a busca de mecanis-
mos que propiciem a melhora nos processos de ensino aprendizagem
em matemática e envolvam, em sala de aula e fora dela, o professor, o
aluno e o saber - o conhecimento do conteúdo matemático. (Teixeira e
Passos, 2013, p. 164)
Na Teoria das Situações Didáticas, o erro não é visto como uma evidência
1.4 A M ETODOLOGIA DA P ESQUISA : E NGENHARIA D IDÁTICA 33
da falta de aquisição do saber, mas sim um obstáculo valioso que faz parte da aquisição
de saber. O erro é visto como efeito de um conhecimento prévio, útil num determinado
momento, mas que se revela inadequado ou falso para uma situação atual.
Diferentemente do ensino tradicional, que parte do saber institucionalizado,
sua exposição e a tentativa de esmiuçá-lo para os alunos, o ensino de matemática
baseado nos pressupostos da teoria das situações didáticas leva os alunos a buscar
por si mesmos as soluções, chegando aos conhecimentos necessários para isso.
Para Artigue (1988), a Teoria das Situações Didáticas serve de base à
metodologia da Engenharia Didática, que se ocupa da construção de uma teoria de
controle baseada no sentido das situações envolvidas. Desse modo, apresentamos a
seguir as escolhas metodológicas utilizadas nesta pesquisa.
didática, descrevendo cada escolha local feita, bem como as devidas orientações para
que o professor possa agir como mediador do processo, organizando a situação de
aprendizagem de forma a tornar o aluno responsável por sua aprendizagem e ainda
prever possíveis comportamentos resultantes do desenvolvimento do conhecimento
visado em cada atividade. As atividades foram apresentadas aos alunos por meio de
um material didático contendo, além das atividades didáticas, os respectivos protoco-
los relacionados a cada atividade e ainda trinta exercícios de fixação dos conceitos
trabalhados no decorrer das atividades.
A Experimentação, equivale no paralelo ao trabalho de um engenheiro, a
execução do projeto. No caso da Engenharia Didática, é a fase em que são coloca-
das em prática todas as atividades e recomendações desenvolvidas durante a fase
Concepção e análise a priori, fazendo ajustes sempre que as análises locais do desen-
volvimento experimental identificarem essa necessidade. Nesta fase são estabelecidas
as condições para a realização da pesquisa bem com os seu participantes e ainda o
estabelecimento do contrato didático.
Para a realização dessa pesquisa, voltamos nossa atenção para os alunos
o
do 9 ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública no interior do
estado do Pará. Essa escolha se deu de acordo com as recomendações dos PCN
(1998) que preconizam o ensino de semelhança de figuras planas para esse ciclo do
Ensino Fundamental e ainda pelo baixo desempenho da referida escola em avaliações
externas, como SisPAE e Prova Brasil.
Nesse sentido, foi escolhida uma turma contendo 40 alunos no turno da
manhã de uma escola da rede estadual de ensino do interior do estado do Pará. Dos
40 alunos matriculados na turma, foram escolhidos aleatoriamente um grupo com 20
alunos para participarem do experimento e um grupo com 20 para continuarem com a
professora de matemática da turma na sala onde também seriam ministradas aulas
de semelhança de figuras planas. Esses grupos foram denominados de Turma do
Experimento e Turma de Controle, respectivamente.
No corpo do trabalho, os alunos da turma do experimento foram identificados
por uma letra maiúsculo indicando o grupo de trabalho e o número do respectivo aluno
(A1, A2, A3, A4, B1, B2, ...). Já os alunos da turma de controle foram identificados
apenas com as iniciais TC e um número (TC1, TC2, TC3, TC4, ...).
A produção de informações por meio das observações realizadas sobre
as sessões de ensino e as produções dos alunos em sala de aula ou fora dela são
de suma importância haja vista que essas informações são analisadas na análise a
posteriori. Esses dados são, por vezes, completados por dados obtidos pela utilização
de metodologias externas: questionários, entrevistas individuais ou em pequenos
grupos, registros fotográficos realizados em diversos momentos da experimentação.
Para os registros realizados durante a experimentação em sala de aula,
1.4 A M ETODOLOGIA DA P ESQUISA : E NGENHARIA D IDÁTICA 36
também foram utilizados uma filmadora e gravadores para a captação de áudio e vídeo
dos alunos durante a execução das atividades.
A quarta e última fase da Engenharia Didática, denominada Análise a pos-
teriori e validação, equivale a uma vistoria final feita para a entrega da obra. Nesta
fase surgem os resultados a partir da exploração e análise dos dados recolhidos du-
rante a experimentação. Está fase não pode ser considerada como um relatório da
experimentação, mas sim uma análise feita à luz da análise a priori.
Assim, a análise a posteriori depende das ferramentas técnicas (material
didático, imagens, vídeos) utilizadas com as quais se coletam os dados que permitem
a construção dos protocolos de pesquisa. Esses protocolos são analisados e as
informações resultantes são confrontadas com a análise a priori, buscando relacionar
as observações com os objetivos definidos a priori e estimar a reprodutibilidade e a
regularidade dos fenômenos didáticos identificados.
Nessa pesquisa buscamos identificar indícios de aprendizagem apresenta-
dos pelos alunos durante a execução das atividades e ainda analisar o desempenho
dos alunos na resolução de questões envolvendo os conceitos trabalhados durante a
experimentação, validando com isso, a sequência didática proposta.
C APÍTULO 2
Conquista da Matemática, escrito por José Ruy Giovanni Jr e Benedicto Castrucci, pois,
das quatro questões levantadas, a obra responde apenas a cinquenta por cento das
mesmas.
Na perspectiva da transposição didática de Yves Chevallard, concluí-se que
o livro didático, juntamente com as ações educativas do professor tornam-se fatores
importantes no resultado final do processo ensino aprendizagem. Leles (2013) entende
que, o seu efeito real, positivo ou negativo, não está apenas no seu conteúdo, mas
também no modo de utilizá-lo. As condições de ensino, a formação do professor,
a integração entre as várias disciplinas, enfim, todos os elementos do processo de
ensino-aprendizagem conjugam-se para dar um ou outro sentido ao livro didático.
As pesquisas desenvolvidas por Albuquerque (2011) identificaram e classifi-
caram os tipos de associações entre entidade da geometria presentes em coleções de
livros didáticos, quantificando suas ocorrências ao longo dos volumes dessas coleções
e investigando a existência de algum padrão, ao longo dos nove anos do Ensino Fun-
damental, com relação aos tipos de associação e as expressões verbais encontradas
nos textos da amostra.
Para isso foram selecionadas 14 coleções destinadas às séries iniciais do
Ensino Fundamental (PNLD 2010) e 10 coleções destinadas às séries finais (PNLD
2011). A identificação e classificação das associações foi feita tanto por meio de objetos
gráficos, quanto por meios de expressões verbais que envolvem a ideia de semelhança
de figuras planas, que para o autor, é tema central na matemática escolar.
Ao analisar as associações entre entidade da geometria, a pesquisa consta-
tou que, em muitas delas, há conflito entre o conceito matemático de semelhança e
a ideia de semelhança subjacente aos textos dos livros didáticos. Esses desacordos
foram, em vista disso, identificados, quantificados e localizados em um subconjunto da
amostra escolhida.
O ensino de geometria pautado num paradigma tradicional, onde o professor
ainda utiliza o livro didático como maior referência para na sala de aula, aponta para
a necessidade de desenvolvimento de novas propostas metodológicas que possam
proporcionar ambientes mais favoráveis para a aprendizagem de geometria.
Silva (2013) sinaliza para o surgimento de iniciativas na buscam por melhores
recursos metodológicos que possam provocar interesse, estímulo e aguçamento da
curiosidade do aluno para a aprendizagem dessa área do conhecimento matemático.
Para ele, a utilização de recursos pedagógicos inovadores pode ser uma grande
alternativa para amenizar as dificuldades existentes em relação ao ensino de geometria.
2.1 R EVISÃO DA L ITERATURA 44
ciência.
O estudo foi aplicado em duas turmas de esferas administrativas distintas,
pública e particular do Ensino Médio, nas quais foram aplicados um pré e um pós-
teste. Após o pré-teste, o Objeto de Aprendizagem foi apresentado. O Objeto de
Aprendizagem utilizado na pesquisa consistia em um ambiente virtual em que o aluno
acessava diferentes ambientes como “Questões e desafios”, “Guia do Professor”,
“Animação Interativa”, “Saiba mais”, “Mapas Conceituais” e “Texto Complementar”
através de cliques em ícones dispostos na tela do computador.
Com a aplicação do pós-teste os resultados nos mostraram que o Objeto de
Aprendizagem teve uma grande contribuição para a aprendizagem dos alunos. Nas
duas turmas houve um crescimento bastante considerável das médias, mesmo entre
aqueles alunos que apresentaram notas baixas em ambos os testes. A análise feita em
termos de dimensões cognitivas também mostrou que, mesmo nos testes que foram
classificados nas dimensões mais complexas, houve um crescimento importante no
desempenho dos estudantes.
Fioreze e outros (2013) apresentaram os resultados de uma pesquisa re-
lacionada com a utilização de recursos digitais para a aprendizagem dos conceitos
de proporcionalidade se valendo da Teoria dos Campos Conceituais, de Gérard Verg-
naud, como principal base teórica para esta análise, e a Engenharia Didática como
metodologia escolhida.
As atividades foram aplicadas a alunos de uma 8a série de uma escola
municipal situada no interior do Rio Grande do Sul e se basearam no conceito de
ampliação e redução de figuras previamente estabelecidas com a utilização do software
Geoplano Virtual onde se observou que, na resolução das situações, nem sempre o
campo conceitual pôde ser construído de forma abrangente, evidenciando um processo
de construção de conhecimentos que não se dá de forma linear.
Luis (2006) realizou uma investigação sobre como o conceito de figuras
semelhantes poderia ser apresentado de maneira significativa e motivadora a alu-
nos da 1a série do Ensino Médio, de modo que a prova seja parte integrante desse
processo, objetivando tornar os conceitos geométricos mais significativos ao aluno,
proporcionando-lhe momentos de observação, manipulação, investigação e principal-
mente encorajando-o na argumentação de seus resultados, a fim de desenvolver nele
a capacidade de fazer conjecturas e generalizações, bem como dar capacidade de
justificar por meio de provas.
Para isso foi elaborada uma sequência de ensino utilizando elementos da
engenharia didática com a preocupação de permitir ao aluno a construção do conheci-
mento sobre figuras semelhantes de forma significativa, apoiando-nos no modelo de
Parsysz, nos tipos de provas de Balacheff, na proposta de organização local de Freu-
denthal e no software Cabri-Géomètre, valorizando a interpretação pessoal dos alunos,
2.1 R EVISÃO DA L ITERATURA 48
a soma das experiências trazidas por eles, os debates dos grupos de modo a oferecer
novas possibilidades que podem ser úteis para a compreensão mais aprofundada do
estudo em questão, contribuindo assim, para um processo educativo significativo.
A pesquisa concluiu que a sequência de ensino envolveu o grupo de alunos
no processo de produção e prova no contexto da sala de aula. Mas ressaltou que
melhores resultados poderiam ser garantidos à experimentação se a sequência de
ensino fosse aplicada em um período de tempo maior, ou seja, estender as mesmas
atividades propostas por um período mais longo, não sobrecarregando os alunos. Desta
forma, o aluno teria mais condições de se apropriar dos conceitos para o estudo em
questão, principalmente os alunos com defasagem nos conteúdos matemáticos.
A pesquisa de Pereira (2010) apresentou uma proposta de atividades para
a construção do conceito de semelhança de triângulos utilizando o software Régua e
Compasso de modo que os alunos sejam capazes de identificar e construir o conceito
do Teorema de Tales, a partir do feixe de retas cortados por duas transversais.
As atividades basearam-se em construções geométricas no software de
modo a relacionar e aplicar o conceito do Teorema de Tales e construir o conceito
de Semelhança de Triângulos, bem como descobrir as relações métricas do triângulo
retângulo a partir do conceito de semelhança de triângulos.
A pesquisa concluiu que softwares de construção geométrica devem se
apresentar como um recurso ou ferramenta facilitadora da aprendizagem e não uma
fórmula mágica, que sozinho leve o aluno a raciocinar. O uso do software Régua e
Compasso deve possibilitar ao aluno o resgate de conhecimentos acumulados dos
conteúdos de Geometria, o interesse e o foco da pesquisa e a importância de articular
o visual às demonstrações das propriedades.
A pesquisa de Candeias e Ponte (2011) buscou compreender como os
alunos do 8o ano desenvolviam a sua competência geométrica quando utilizam o The
Geometer’s Sketchpad, um ambiente de geometria dinâmica, sendo a sua aprendiza-
gem baseada em tarefas de exploração/investigação e na resolução de problemas.
As atividades foram estruturadas de modo que os alunos escrevessem
conjecturas relacionando os perímetros e as áreas dos triângulos semelhantes que,
entretanto, tinham construído. Em relação à primeira conjectura, não tiveram grandes
dificuldades em relacionar os perímetros, pois suspeitaram que fosse preciso dividi-los,
uma vez que era o que se fazia com os lados para achar a razão de semelhança. Assim,
escreveram que a divisão dos perímetros de triângulos semelhantes era igual à razão de
semelhança. Em relação às áreas dos triângulos semelhantes que tinham construído,
tiveram mais dificuldades em formular uma conjectura. Durante as atividades o software
já tinha se tornado uma ferramenta que todos consideravam indispensável para resolver
as tarefas, servindo de suporte à aprendizagem.
Os alunos reagiram de forma diferente consoante o tipo de atividade, in-
2.1 R EVISÃO DA L ITERATURA 49
Sobre a faixa etária dos professores percebemos que a maioria (31) tem
até de 35 anos, demonstrando que estamos tratando de uma amostra de professores
jovens atuando no ensino da Matemática.
2.2 O ENSINO DE S EMELHANÇA NA OPINIÃO DE PROFESSORES 52
A segunda questão do teste (ver anexo C, página 140) requer maior atenção
do aluno, visto que os triângulos não estão na mesma posição e também o fato de que
alguns valores não são dados na figura.
Na opinião de 33 professores, a questão apresenta um nível regular de
dificuldade, enquanto que 18 consideram a questão difícil. Para 7 professores a
questão é muito difícil para resolução.
O fato da quinta questão do teste (ver anexo C, página 141) envolver propor-
cionalidade entre as alturas do triângulo fez com que os professores considerassem
está questão como a mais difícil do teste.
Como podemos observar na tabela a seguir, 37 professores consideram a
questão difícil e ainda 6 consideram muito difícil. Nenhum professor atribuiu à questão
um nível muito fácil, 4 atribuíram um nível fácil e 13 regular.
Com base nas análises feitas nos resultados do teste aplicado aos alunos,
podemos afirmar que a escolaridade dos responsáveis não foi fator determinante para
o desempenho dos alunos na resolução das questões do teste.
Outro dado revelado pela pesquisa é o número de alunos que afirma não
ter qualquer tipo de ajuda com as tarefas de matemática. Dos 53 alunos que não tem
ajuda de ninguém, 25 afirmam gostar pouco, muito pouco ou não gostar de matemática.
Um cenário desfavorável para um bom aprendizado desses alunos em matemática.
2.3 A CONCEPÇÃO DE ALUNOS EGRESSOS DO E NSINO F UNDAMENTAL 61
Dos 53 alunos que afirmaram não ter ajuda de ninguém com as tarefas de
Matemática, 44 obtiveram notas abaixo de 5 no teste. Isso evidencia a importância
de um bom acompanhamento para o aluno, como professor particular e/ou ajuda de
familiares, favorecendo assim, sua aprendizagem.
Ainda sobre a forma com que os conceitos são abordados em sala de aula,
52 alunos afirmam que o professor não leva em consideração os conhecimentos prévios
do aluno, sendo que estes professores não fazem qualquer tipo de investigação sobre
quais os conhecimentos alunos trazem consigo sobre dos conceitos a serem ensinados.
Outros 48 alunos afirmaram que os professores realizam diálogos com a turma para
levantar informações sobre os conhecimentos prévios dos alunos e nenhum aluno
declarou que o professor realiza um teste para tal investigação.
Outro dado interessante revelado nesta pesquisa diz respeito aos métodos
avaliativos utilizados pelos professores. Todos os alunos afirmaram que os professores
utilizam a prova, sendo que 3 utilizam somente prova como avaliação da aprendizagem,
outros 97 aliam prova a outros métodos avaliativos.
2.3 A CONCEPÇÃO DE ALUNOS EGRESSOS DO E NSINO F UNDAMENTAL 64
A maioria dos erros encontrados nas resoluções dos alunos foram na aplica-
ção do conceito de semelhança, o que mostra uma dificuldade dos alunos da amostra
em resolver questões que envolvem semelhança entre triângulos dispostos de maneira
rotacionada ou sobrepostos.
Fonte: g01.a.alicdn.com
a = AE, b = BF e c = CG.
da congruência dos triângulos 4ABE, 4BCF e 4CDG, pois, por construção e por
hipótese, possuem um lado igual e ângulos correspondentes congruentes.
O raciocínio é o mesmo para o caso de retas concorrentes representados
da figura a seguir.
Teorema 3.2 (Teorema de Tales). Um feixe de retas paralelas divide duas transver-
sais quaisquer em segmentos correspondentes proporcionais.
Teremos que
AB AC BC
0 0
= 0 0 = 0 0
AB AC BC
Demonstração:
Podemos supor que B está entre A e B e B 0 está entre A0 e C 0 como indicado
na figura a seguir.
3.1 S OBRE RETAS PARALELAS 75
PC BC
= (3.2)
A0 P AB
B0C 0 BC
Comparando (3.1) e (3.2), vem 0 0
= . Assim,
AB AB
AB BC AB + BC AC
0 0
= 0 0 = 0 0 0 0
= 0 0
AB AB AB +BC AC
AB AC BC
= =
A0 B 0 A0 C 0 B0C 0
Demonstração:
Observemos a figura a seguir que a reta AC 0 encontra α2 em P . Para o
triângulo 4AA0 C 0 temos (utilizando o teorema de Tales no plano)
A0 B 0 A0 C 0 B0C 0
= = (3.3)
AP AC 0 P C0
e para o triângulo 4ACC 0 temos
AB AC BC
= = (3.4)
AP AC 0 P C0
Assim, dividindo (3.3) por (3.4):
AB AC BC
0 0
= 0 0 = 0 0
AB AC BC
3.1 S OBRE RETAS PARALELAS 77
AD AE
=
DB EC
Demonstração:
Ao traçarmos uma reta r paralela ao segmento BC passando pelo vértice A,
as três paralelas r, DE e BC permitem concluir, em virtude da propriedade do feixe de
paralelas que:
AD AE
=
DB EC
3.1 S OBRE RETAS PARALELAS 78
Recíproca 3.6. A reta que divide dois lados de um triângulo em partes proporcionais
é paralela ao terceiro lado.
AD AE
= ⇒ DE k BC
DB EC
Demonstração:
Realmente, se pelo ponto D traçarmos uma paralela a BC, os lados ficarão
divididos em partes proporcionais em virtude do teorema direto. Como, sobre o lado
AC, existe um único ponto que o divide numa razão dada, conclui-se que a reta traçada
confundir-se-a com DE.
Observação 3.2. A proporção pode ser formada com os lados inteiros e duas partes
correspondentes quaisquer, pois, se aplicarmos à última proporção a propriedade da
soma dos dois primeiros e dois últimos termos, resulta:
AB AC
=
DB EC
Uma aplicação importante do Teorema Fundamental da Proporcionalidade é
o Teorema da Bissetriz.
m n
α∼
=β⇒ =
b c
3.1 S OBRE RETAS PARALELAS 79
Demonstração:
Prolonguemos o segmento CA e tracemos pelo vértice B, o segmento BE
paralelo à bissetriz AD. Forma-se com isso o triângulo 4BCE, onde AD é paralelo ao
lado BE. Logo, podemos concluir que:
m n
= (3.5)
b AE
α∼
=θ (alternos internos)
β∼
=δ (correspondentes)
α∼
=β (hipótese)
De onde resulta:
θ∼
=δ
Demonstração:
3.1 S OBRE RETAS PARALELAS 80
m1 n1
= (3.6)
b AE
α∼
=δ (correspondentes)
β∼
=θ (alternos internos)
∼
α=β (hipótese)
Resulta:
θ∼
=δ
Demonstração:
Dos teoremas (3.7) e (3.8), podemos escrever, considerando as bissetrizes
interna e externa traçadas do mesmo vértice A que:
m n m b
= ou =
b c n c
e
m1 n1 m1 b
= ou =
b c n1 c
3.2 P OLÍGONOS S EMELHANTES 81
m m1
=
n n1
AB ∼
F[ = 2B
b
[ ∼
EAB =B
b
MQ NP MN PQ 1
= = = =
AD BC AB CD 2
3.3 S EMELHANÇA DE TRIÂNGULOS 83
Proposição 3.10. Se a razão de semelhança entre dois triângulos for k, a razão entre
suas alturas, medianas, perímetros, dois elementos lineares e homólogos, os raios
das circunferências inscritas e os raios das circunferências circunscritas também serão
iguais a k.
AD AE
= (3.7)
AC AB
AE CF
=
AB BC
ou, substituindo CF por seu igual DE, como lados opostos do paralelogramo
CDEF :
AE DE
= (3.8)
AB BC
Comparando as igualdades (3.7) e (3.8), concluímos que:
AD AE DE
= =
AC AB BC
O Teorema de Tales demonstra a existência dos triângulos semelhantes e é
de grande aplicação. A seguir iremos estudar as propriedades que a Semelhança de
Triângulos possui, as quais nos auxiliam expressivamente na resolução de exercícios
sobre o conteúdo.
3.3 S EMELHANÇA DE TRIÂNGULOS 85
1
2PLM N = 2PABC
2
• o produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela altura relativa a ela.
3.3 S EMELHANÇA DE TRIÂNGULOS 87
Casos de semelhança
Demonstração:
Como a soma dos ângulos internos de um triângulos é 180◦ , então a igual-
dade dos ângulos A
beE b e dos ângulos B
b e Fb acarreta na igualdade dos ângulos Cbe
−→
b Resta provar que os lados são proporcionais. Para isto, tomemos na semirreta EF
G.
o ponto H de modo que EH = AB.
AB AC
=
EF EG
AC CB
De maneira análoga demonstra-se que =
EG GF
A partir deste caso de semelhança, podemos perceber que todos os tri-
ângulos retângulos e isósceles são semelhantes, já que sempre terão os ângulos
congruentes de 90◦ , 45◦ e 45◦ .
O teorema a seguir afirma que se dois triângulos possuírem um ângulo
congruente formado entre dois lados de medidas proporcionais, os dois triângulos são
3.3 S EMELHANÇA DE TRIÂNGULOS 88
semelhantes.
Demonstração:
b∼
Construindo um triângulo 4HIJ de modo que HI = EF , H b e Ib ∼
=A =Bb
AB AC
= (3.9)
HI HJ
AB AC
Como HI = EF , a hipótese = e a igualdade (3.9) implicam que:
EF EG
HJ = EG
AB BC CA
= =
EF FG GC
Demonstração:
b ∼
Vamos construir o triângulo 4HIJ de modo que H b HI = EF e
= A,
HJ = EG.
3.3 S EMELHANÇA DE TRIÂNGULOS 89
AB AC
=
HI HJ
AB CB
= (3.10)
HI IJ
Da hipótese do teorema e da igualdade (3.10) segue que IJ = F G. Como
já tínhamos por construção HI = EF e HJ = F G, então, pelo terceiro caso de
congruência de triângulos, obtemos que 4ABC e 4EF G são congruentes. Como
4HIJ e 4ABC são semelhantes, concluímos que 4ABC e 4EF G também são
semelhantes.
C APÍTULO 4
Atividade 1
Atividade 2
A0 B 0
1. Qual o valor da razão
AB
B0E 0
2. Qual o valor da razão
BE
F 0 G0
3. Qual o valor da razão
FG
4. Qual o valor da razão entre a altura do triângulo 4B 0 C 0 E 0 e a altura do triângulo
4BCE
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Com essa atividade o professor espera que os alunos percebam que todos
os triângulos contidos na atividade são semelhantes entre si e que tal semelhança se
dá pela congruência entre os ângulos correspondentes, também pela proporcionalidade
entre os lados correspondentes.
Atividade 6
2. Preencha o quadro abaixo com os dados dos triângulos acima e calcule as razões
indicadas:
(Cateto M aior)
Triângulos Ângulo Ângulo Cateto Cateto (Cateto M enor)
Maior Menor Maior Menor
A
B
C
D
E
F
pares de triângulos semelhantes, além dos ângulos retos, os outros ângulos também
são congruentes.
Atividade 7
1. Compare seus ângulos fazendo sobreposição das figuras. O que você observa?
concordamos com Zabala (2014) quando este defende o trabalho em equipe como
forma de favorecer a socialização e a cooperação, para atender aos diferentes níveis
e ritmos de aprendizagem, para resolver problema de dinâmica grupal, para tornar
possível a aprendizagem entre iguais, etc.
Com o final de cada atividade, o professor/pesquisador seria responsável
em reunir as conclusões de cada atividade discutida pelos alunos e apresentar a
formalização do conceito em questão.
Feitos os esclarecimentos, a Atividade 1 (página 91) foi explicada aos
alunos e após 4 minutos de discussão, todos os grupos já tinham uma conclusão para
a atividade.
Fonte: Livro didático “Matemática na medida certa” Centurión e Jakubo, 2009, p.08
Assim, a Atividade 2 (página 92) foi proposta aos alunos. Após a explicação
da atividade por parte do professor/pesquisador, alguns alunos tiveram dificuldade
para o entendimento do comando “razão do segmento A0 B 0 e o segmento AB”. Sen-
timos a necessidade de mudar a nomenclatura dos segmentos que passaram a ser
representados por a, a0 , etc.
Fonte: Livro didático “Matemática na medida certa” Centurión e Jakubo, 2009, p.10
atividades tinham todos a mesma forma. Após a discussão sobre a semelhança entre
outros polígonos regulares foi apresentada a seguinte formalização.
Perceberam também que além dos ângulos retos, os outros ângulos corres-
pondentes tinham a mesma medida. A conclusão das atividades 5 e 6 fizeram com que
a conclusão da Atividade 7 (página 98) fosse mais rápida.
Os procedimentos de recorte, medição dos lados e sobreposição dos ângu-
los levaram em média 5 minutos por equipe, mas a observação das proporcionalidades
dos lados e a congruência dos ângulos foram quase que imediatas, dadas as observa-
ções feitas nas atividades 5 e 6.
No dia 18 de abril de 2017, foi ministrada uma aula para resolução dos
exercícios de fixação propostos na sequência didática que ainda não haviam sido
solucionados pelos alunos.
No último dia de experimentação, 19 de abril de 2017, propomos aos alunos
a resolução de 6 questões envolvendo os conceitos de semelhança de triângulos.
Participaram da realização do teste tanto os alunos envolvidos na experimentação,
quanto os alunos da turma de controle, para que pudéssemos analisar e comparar o
desempenho de tais alunos e as soluções por eles executadas.
C APÍTULO 5
A resposta dada pelo Aluno D2 nos leva a concluir que o mesmo percebeu
que para conhecer o valor de qualquer segmento da figura 2, basta multiplicar o
segmento correspondente na figura 1, por 2.
Essa conclusão alicerça-se em Brousseau (2008), quando percebemos que
a atividade 2 proporcionou tando uma acentuação como uma situação de ação e o
vínculo com uma situação de formulação, na medida em que os alunos são incentivados
a comunicar as estratégias utilizadas e com isso transformam conhecimento implícito
em explícito.
Na atividade 3, os alunos conseguiram inicialmente identificar os retângulos
semelhantes ao retângulo A, isso pode ser percebido ao analisarmos os recortes
mostrados nas figuras (4.11) e (4.12) (página 103) . Após o preenchimento do quadro,
eles concluíram que as razões eram iguais nos retângulos previamente identificados,
sendo os retângulos D e B, ampliações do retângulo A e o retângulo E, uma redução.
5.1 I NDÍCIOS DE APRENDIZAGEM 109
Outros alunos, como o aluno E2 por exemplo, se sentiram mais seguros com
a solução apresentada na figura abaixo, porém, alguns alunos tiveram dificuldades com
as operações com números decimais. A primeira questão foi resolvida corretamente
por 18 alunos e apenas 2 alunos cometeram algum erro.
Na resolução feita pelo aluno B3, ele argumenta que houve uma ampliação
e que se 2 × 0, 5 = 1, 00, então 1, 60 × 2 = 3, 20. Podemos perceber o mesmo raciocínio
na resolução do aluno A1.
A questão com o maior número de acertos foi a questão seis do teste, como
podemos perceber na resolução feita pelos alunos A3 e B4. Todos os alunos da turma
do experimento acertaram essa questão.
5.2 D ESEMPENHO DOS ALUNOS NA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES 117
Essa observação nos fez concluir que a resolução por meio da ideia de
ampliação e identificação da razão de semelhança entre as figuras foi um raciocínio
exclusivo da turma do experimento.
Outro ponto que podemos relacionar entre as duas turmas foi o tempo de
resolução do teste, enquanto que os alunos a turma do experimento levaram em média
37 minutos para entregarem seus testes, os alunos da turma de controle levaram 52
minutos em média.
(1) O ensino de semelhança de figuras planas por meio da sequência didática proposta
nesta pesquisa permite que o aluno, ao manipular figuras semelhantes descubra
regularidades, propriedades e proporções entre tais figuras, sem que o docente
as tenha que apresentar.
(2) O trabalho pedagógico com alunos no 9o ano do ensino fundamental por meio
da sequência didática proposta nesta pesquisa gera um desempenho acima da
média na resolução de questões envolvendo semelhança de figuras planas.
5.3 VALIDAÇÃO DA S EQUÊNCIA D IDÁTICA 122
R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, João Lucas Marques. Geometria euclidiana plana. Rio de Janeiro - RJ:
SBM, 1997.
FERREIRA, Idelmar G.; FEITOZA, Luiz A. A.; OLIVEIRA, Francisco E. F.; SOUSA, Ana
C. G.. Diagnóstico do conhecimento geométrico de alunos do ensino médio
como ação do PIBID. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática. 2013.
FIOREZE, Leandra Anversa; BARONE, Dante; BASSO, Marcus; ISAIA, Sílvia. Análise
da construção dos conceitos de proporcionalidade com a utilização do
software geoplano virtual. 2013.
NETO, Aref Antar, Geometria: 2o grau. São Paulo - SP: Ed. Moderna, 1982.
5.3 VALIDAÇÃO DA S EQUÊNCIA D IDÁTICA 132
PAIS, Luiz Carlos; FREITAS José Luiz Magalhães. Um Estudo dos Processos de
Provas no Ensino e na Aprendizagem da Geometria no Ensino Fundamental.
Boletim de Educação Matemática, Ano 12, n. 13, p. 62 - 70, 1999.
QUINTELA, Ary. Matemática para a terceira série ginasial. São Paulo - SP: Editora
Nacional, sd.
REZENDE, Eliane Quelho Frota; QUEIROZ, Maria Lúcia Bontorim de. Geometria
euclidiana plana e construções geométricas. Campinas, SP: Editora Unicamp,
2008.
1. Identidade de Gênero:
2. Faixa Etária:
até 25 anos
de 26 a 30 anos
de 31 a 35 anos
de 36 a 40 anos
de 41 a 45 anos
de 46 a 50 anos
50 anos ou mais
4. Tempo de magistério:
até 5 anos
135
de 6 a 10 anos
de 11 a 15 anos
de 16 a 20 anos
Há mais de 20 anos
10. Para a fixação dos conteúdos, você costuma:(Marque mais de uma opção
se necessário)
Propor que os alunos resolvam os exercícios do livro didático.
Elaborar uma lista de exercícios (apostila) para serem resolvidos pelos alunos.
Solicitar que os alunos pesquisem sobre o assunto na biblioteca.
Solicitar que os alunos pesquisem sobre o assunto na internet.
11. Como você avalia o rendimento dos alunos em relação aos conceitos de
Semelhança?
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
Muito ruim
12. Quantas aulas normalmente você gasta para trabalhar o assunto Seme-
lhança? aulas
A PÊNDICE B
1. Idade: anos
2. Identidade de gênero:
10. Quais os métodos utilizados pelo seu professor para ensinar Geometria?
(Marque mais de uma opção se necessário)
Apresenta os conceitos, os exemplos, exercícios resolvidos e exercícios propos-
tos
Propõe situações-problema do cotidiano.
Faz experimentos para mostrar um conceito
Trabalha com jogos para apresentar os conceitos
Utiliza softwares/programas de construção geométrica
Utiliza instrumentos de medição como fita métrica, trena, transferidor, etc.
Q UESTÕES DO T ESTE
Questão 1
Na situação da figura, mostra-se a sombra de um prédio e de um poste próximo ao
prédio, em um mesmo instante. As medidas estão dadas em metros.
Nessa situação, qual a medida que mais se aproxima da altura real do prédio?
Questão 2
Duas escadas estão encostadas em dois muros, como mostra na figura abaixo.
Questão 3
A incidência dos raios solares faz com que os extremos das sombras do homem e
da árvore coincidam. O homem tem 1,80 m de altura e sua sombra mede 2 m. Se a
sombra da árvore mede 5 m, qual é a altura da árvore?
141
Questão 4
Para estimar a profundidade de um poço com 1 m de largura, uma pessoa cujos olhos
estão a 1,60m do chão posiciona-se a 0,50m de sua borda. Desta forma, a borda do
poço esconde exatamente seu fundo, como mostra a figura.
Questão 5
Numa noite de uma cidade do interior surgiu um objeto voador não identificado, em
forma de disco, que estacionou aproximadamente a 50 m do solo. Um helicóptero do
exército, situado a aproximadamente 30 m acima do objeto, iluminou-o com um holofote,
conforme mostra a figura a seguir. Nestas condições, qual o raio aproximado do objeto
voador não identificado?
Questão 6
Na figura abaixo, a área colorida representa o total da lavoura do Sr. Domingos em
hectares. Esse agricultor devido às perdas na lavoura com as instabilidades climáticas
e as pragas decidiu reduzir sua lavoura de modo que o perímetro fosse reduzido pela
metade, mantendo a mesma forma.
142
Assinatura do responsável
A PÊNDICE E
Q UESTÕES DE FIXAÇÃO PARA A PRIMEIRA PARTE
(c) (d)
Questão 2
(Prova Brasil). Observe a figura abaixo.
Questão 3
Uma torre de comunicação está representada na figura abaixo.
Para construir uma miniatura dessa torre que tenha dimensões 8 vezes menores que a
original, deve-se:
(a) multiplicar as dimensões da original por 8.
(b) dividir as dimensões da original por 8.
(c) multiplicar as dimensões da original por 4.
(d) dividir as dimensões da original por 4.
Questão 4
A figura abaixo mostra o projeto original da árvore de natal da cidade em que Roberto
mora. Como consideraram a árvore muito grande, fizeram um novo projeto, de modo
que suas dimensões se tornaram 2 vezes menores que as do projeto original.
Questão 5
Duplicando-se o comprimento dos lados da figura abaixo, a sua área fica:
146
(a) triplicada
(b) inalterada
(c) duplicada
(d) quadruplicada
Questão 6
Na malha quadriculada desenhada abaixo, todos os quadradinhos têm o mesmo
tamanho e a parte colorida de cinza representa o jardim da casa de Luísa.
Nessa área, Luísa quer construir uma quadra de esportes com o dobro das dimensões
desse jardim. Para representar essa quadra, quantos quadradinhos ela utilizará?
(a) 36
(b) 72
(c) 144
(d) 288
Questão 7
(SAECE). A figura abaixo mostra um polígono desenhado em uma malha quadriculada,
em que todos os quadradinhos têm o mesmo tamanho e o lado de cada um deles
corresponde à unidade de medida de comprimento.
As medidas de todos os lados foram reduzidas pela metade. Qual figura representa a
nova cruz?
(a) (b)
(c) (d)
Questão 9
Os lados da Figura 1 foram duplicados, obtendo-se a Figura 2, como mostra a repre-
sentação abaixo.
Se o contorno do gato I mede p cm, qual é a medida, em cm, do contorno do gato II?
(a) 6 p
(b) 3 p
(c) 2 p
(d) 1,5 p
Questão 12
(SARESP-2007). Dois quadrados estão representados no plano cartesiano, como
mostra a figura.
149
(c) (d)
Questão 14
(Projeto con(seguir)). As figuras abaixo são desenhos de um mesmo gato.
As figuras mostram que não houve deformação do desenho do gato porque todos os
comprimentos foram multiplicados por:
(a) 2
(b) 3
(c) 4
(d) 5
Questão 15
(Projeto con(seguir)). O professor Bruno desenhou o triângulo hachurado numa malha
quadriculada como mostra a figura abaixo:
150
Então ele fez a seguinte pergunta à turma: “Se eu ampliar esse triângulo 5 vezes, como
ficarão as medidas de seus lados e de seus ângulos?”
Alguns alunos responderam:
Paulinho: Os lados terão 5 cm mais cada um.Já que os ângulos serão os mesmos.
Aninha: A medida dos lados eu multiplico por 5 e a medida dos ângulos eu mantenho
as mesmas.
(c) (d)
Questão 18
(Saerj). Veja a figura representada na malha quadriculada abaixo.
(c) (d)
A PÊNDICE F
Q UESTÕES DE FIXAÇÃO PARA A SEGUNDA PARTE
Questão 1
O pantográfico é um instrumento de varetas que serve para ampliar e reduzir figuras.
O instrumento, na verdade, aplicam-se de maneira prática os princípios de homotetia.
Com base nestas informações, os elementos que conservam a mesma medida são:
(a) as áreas.
(b) os perímetros.
(c) os lados.
(d) os ângulos.
Questão 2
A figura ABCD foi reduzida a partir de A0 B 0 C 0 D0 utilizando o método da homotetia.
Sabendo que a largura da sombra mede 2 metros e que o pinheiro tem 1 metro de
largura, qual a altura da copa do pinheiro?
Questão 4
(Prova Brasil). Ampliando-se o triângulo ABC, obtém-se um novo triângulo A0 B 0 C 0 , em
que cada lado é o dobro do seu correspondente em ABC.
Em seguida, fez a seguinte pergunta: “Se eu ampliar esse triângulo 3 vezes, como
ficarão as medidas de seus lados e de seus ângulos?”
Alguns alunos responderam:
Fernando: “Os lados terão 3 cm a mais cada um. Já os ângulos serão os mesmos.”
Gisele: “Os lados e ângulos terão suas medidas multiplicadas por 3.”
154
Marina: “A medida dos lados eu multiplico por 3 e a medida dos ângulos eu mantenho
as mesmas.”
Roberto: “A medida da base será a mesma (5cm), os outros lados eu multiplico por 3
e mantenho a medida dos ângulos.”
Neste caso, podemos ampliar ou reduzir figuras. Neste procedimento, as figuras são:
(a) irregulares.
(b) congruentes.
(c) semelhantes.
(d) constante.
Questão 8
(Saresp 2007). Patrícia fez dois xales semelhantes, uma para si e outra para a filha,
como na figura abaixo.
155
Solução:
Primeiramente, vamos calcular o comprimento da sombra. Para isso, caminha-se
do ponto A até o ponto B obtendo o triângulo 4ABC. Continua-se caminhando
até o ponto A0 de modo que AB = A0 B. Do ponto A0 caminha-se até o ponto C 0
de modo que A0 C 0 seja perpendicular a A0 B e os pontos C, B e C 0 .
Os triângulos 4ABC e 4A0 BC 0 são congruentes (caso ALA), assim o compri-
mento da sombra é dado pela medida de A0 C 0 .
Temos que,
Altura Sombra do Pedestal
=
Bastão Sombra do Bastão
Os problemas a seguir foram baseados no artigo Semelhança, pizzas e chopps
de Wagner (sd).
João pediu uma grande e Paulo, uma média e uma pequena. Logo perceberam
que a soma dos preços das pizzas pequena e média era igual ao valor da pizza
grande. Naturalmente surgiu uma dúvida: Quem iria comer mais?
Com uma régua em mãos o problema seria facilmente resolvido medindo o
diâmetro das pizzas, mas não havia régua disponível. Em cima da mesa só
haviam talheres, copos, guardanapos e o cardápio. Como resolver esse problema
utilizando apenas os objetos contidos na mesa?
Solução:
Com as três pizzas em mãos, basta cortá-las exatamente ou meio e arrumá-las
como imagem a seguir.
158
Utilizando o canto do cardápio como um modelo para o ângulo reto, João verificou
que o ângulo oposto ao diâmetro da maior metade era maior do que 90◦ , e por
esse motivo declarou “eu como mais”. E Pedro, após pensar alguns momentos,
concordou.
A solução depende de dois resultados importantes.
Se você tiver tomado uma parte do conteúdo deste copo, teremos aqui, por 2,
dois objetos semelhantes: o cone formado pelo líquido e o próprio copo. A razão
159
h
de semelhança entre esses dois cones é a razão entre suas alturas, ou seja,
.
20
Como desejamos que o líquido tenha a metade do volume do copo, podemos
escrever:
1 h h 1
= ( )3 ou seja, = √
3
.
2 20 20 2
√
Assim, a altura que corresponde à metade do volume do copo é h = 10 3 4 cm.