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FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Título do projeto:

Avanços e limitações do sistema eleitoral brasileiro

Título do projeto:

7.09.00.00-0 Ciência Política

7.09.03.00-0 Comportamento Político

7.09.03.01-8 Estudos Eleitorais e Partidos Políticos

Justificativa:

Contextualização e estado da arte

Nas últimas décadas, o sistema eleitoral brasileiro sofreu mudanças


administrativas significativas. Estas mudanças, se observadas em um
panorama histórico, podem ser vistas como a continuação de um processo
que se iniciou há quase cinco séculos, em 1532, quando se realizaram as
primeiras eleições: o chamado “Voto D'Além Mar”, que, segundo Bicalho
(1998, p. 20), "era realizado dentro de uma sociedade corporativa e conforme
a ‘economia moral do dom’.” Naquele momento, o sufrágio ainda não era
universal. De lá para cá, a democracia representativa no Brasil passou por
uma série de melhoramentos jurídicos, logísticos e administrativos, com
destaque para as modernizações tecnológicas implementadas nas últimas
décadas, por meio das quais os eleitores passaram a utilizar as urnas
eletrônicas para eleger seus representantes (SANTIAGO, 2012).

Contudo, a gestão do sistema eleitoral, desde o ano 2000, tem passado por
outra onda de inovações, com o intuito de aperfeiçoar o sistema e melhorar
as leis que o regulam. Uma dessas inovações é a urna eletrônica com
identificação biométrica, que garante a identidade do eleitor por meio das
impressões digitais; outra delas é o voto impresso, regulado pelo Art. 1º da
Lei nº 10.408, de Janeiro de 2002: “a urna eletrônica disporá de mecanismos
que permitam a impressão do voto, sua conferência visual e depósito
automático, sem contato manual, em local previamente lacrado, após
conferência pelo eleitor.” Esta última inovação vem a ser uma segunda
garantia ao eleitor, para o caso de perda ou manipulação eletrônica dos
dados.

Entretanto, tais inovações não ficaram livres de polêmicas sobre sua


confiabilidade e sobre os reais ganhos que isso trará ao processo
democrático (cf. CASTILHO, 2006; NEISSER, 2016). Além disso, atualmente
vemos uma grande pressão da sociedade civil para aumentar os canais de
participação direta em democracias representativas como a nossa e para
aperfeiçoar aqueles já consolidados e constitucionalizados, como o voto.

Embora haja bons estudos, como os de Rodrigues (2001) e Maciel (2010),


que tentaram avaliar o desenvolvimento do sistema eleitoral brasileiro sob os
pontos de vista histórico e legal respectivamente, a área dos estudos
eleitorais ainda carece de pesquisas cujo propósito seja avaliar
cientificamente os avanços do nosso sufrágio, recorrendo a estratégias
metodológicas alternativas à pesquisa documental. Por isso, cremos que
uma pesquisa que venha a somar esforços nesse sentido, explorando outras
perspectivas avaliativas, recorrendo por exemplo à empiria de forma
complementar à teoria sufragística doutrinária, seja oportuna diante do atual
contexto.

Problema de pesquisa

Em que medida as recentes inovações no sistema eleitoral brasileiro


representa avanços ao processo democrático?

Importância para a ciência, o mercado e a sociedade

A pesquisa aqui projetada pretende oferecer contribuições para a ciência


política, particularmente para a subárea de estudos eleitorais, na medida em
que visa avaliar e apontar perspectivas de melhoria em um modelo de
sufrágio. Da mesma forma, terá relevância mercadológica, pois seus
resultados podem interferir diretamente no mercado ligado à logística
eleitoral, que inclui, por exemplo, empresas fornecedoras de insumos
informáticos, servidores públicos e terceirizados envolvidos nas atividades
eleitorais, entre outros. Por fim, a pesquisa é explicitamente comprometida
com sua contraparte social, pois seu objeto é um requisito indispensável para
a saúde da democracia: as eleições.

Objetivos:

Geral:

Avaliar as recentes inovações por que o sistema eleitoral passou nos âmbitos
jurídico, administrativo e logístico, em termos de benefícios efetivos ao
processo democrático.
Específicos:

• Mapear as principais mudanças implementadas no sistema eleitoral


brasileiro nas últimas quatro décadas.

• Levantar justificativas e críticas às recentes inovações (implementadas


ou previstas legalmente) do nosso processo eleitoral, a partir da
perspectiva de:

o eleitores;

o gestores do TSE;

o cientistas políticos;

o candidatos a cargos políticos;

o especialistas em informática;

o especialistas em logística.

• Analisar pontos falhos remanescentes no processo apesar das


inovações.

• Elaborar um dossiê, com uma agenda de desafios a serem superados,


pontos críticos e propostas de solução.

Metodologia

Natureza da pesquisa

A pesquisa aqui projetada se caracteriza como uma pesquisa do tipo


“exploratória”, que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
objeto de estudo e é utilizada quando o pesquisador não encontrou na
literatura um grande acúmulo de conhecimentos gerados sobre o objeto de
estudo eleito.

População de estudo

A população de estudo desta pesquisa envolverá 60 participantes


selecionados na comunidade onde reside a pesquisadora (Brasília-DF). Esta
população será composta de 10 eleitores; 10 gestores do TSE; 10 cientistas
políticos; 10 candidatos a cargos políticos; 10 especialistas em informática; e
10 especialistas em logística.

Abordagem do problema e coleta dos dados

A abordagem do problema será predominantemente qualitativa.


Quanto aos procedimentos usados, em um primeiro momento será feita uma
pesquisa bibliográfica, para aprofundamento da revisão de literatura, e uma
pesquisa documental, para aprofundamento sobre a legislação, a fim de
mapear as inovações ocorridas no sistema eleitoral nas últimas quatro
décadas.

Em um segundo momento, por meio de um questionário, procederemos


entrevistas com os sujeitos acima caracterizados, a fim de auferir críticas e
aprovações em relação ao atual sistema eleitoral brasileiro, especialmente
em relação ao voto eletrônico, à identificação digital e ao voto impresso.

Considerações éticas

A identidade dos participantes será preservada, evitando assim qualquer


exposição que possa infligir seus direitos da personalidade. Em tempo, o
projeto (e o eventual questionário) será submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Unisul (CEP-Unisul).

Resultados esperados

Além do relatório obrigatório, este projeto de pesquisa resultará na produção


de, ao menos, um banner, a ser apresentado em eventos de divulgação
científica, e um artigo científico, a ser publicado em revistas especializadas.

Este projeto também pretende gerar, conforme indicado nos objetivos


específicos, um dossiê, com uma agenda de desafios a serem superados,
pontos críticos e propostas de solução.

Por fim, a pesquisa prevê – em respeito aos compromissos de extensão


universitária – um retorno à comunidade que terá provido os dados de
análise – conselhos comunitários onde residem os eleitores entrevistados,
tribunais do TSE onde trabalham os técnicos entrevistados, instituições
educacionais e/ou órgãos de pesquisa onde trabalham os pesquisadores
entrevistados etc. Esse retorno ocorrerá na forma visitas e comunicações
informativas.
Cronograma
Legenda: E = estudante; O = orientador

Mês
Ação
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Aprofundamento
da revisão E E
bibliográfica
Definição dos
sujeitos e
aplicação dos E/O E
questionários
Análise
qualitativa dos
resultados E/O E/O E/O
obtidos com as
entrevistas
Redação da
primeira versão
do relatório final
com os E/O
resultados da
pesquisa
Redação do
dossiê com a
agenda de
desafios a E/O
serem
superados
Versão final do
relatório,
elaboração do E/O E/O
banner e do
artigo
Divulgação dos
resultados em
eventos
científicos e nas
comunidades E
que
participaram da
pesquisa

Infraestrutura

Infraestrutura já existente na UNISUL

Dada a natureza e as necessidades imediatas da pesquisa projetada aqui, é


necessário:

• computadores com editores de planilhas e análise estatística, editores


de texto e acesso à internet (tanto o orientador quanto o estudante
dispõem desses recursos nas instalações da Unisul).

_____________________________________________________________
Infraestrutura não existente na UNISUL

Não se aplica.

Referências bibliográficas

BRASIL. Lei no 10.408, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:


<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10408.htm>. Acesso em: 7 out.
2016.

CASTILHO, Carlos. Imprensa ignora polêmica sobre confiabilidade do voto


eletrônico. Observatório da Imprensa, 6, out. 2006. Disponível em:
<observatoriodaimprensa.com.br/codigo-aberto/imprensa-ignora-polemica-
sobre-confiabilidade-do-voto-eletronico/>. Acesso em: 7 out. 2016.

FERREIRA, Manoel Rodrigues. A evolução do sistema eleitoral brasileiro.


Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2001. Disponível em:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1054/592941.pdf?sequenc
e=8>. Acesso em: 7 out. 2016.

MACIEL, Ana Rosa Reis. Brasil: do voto de cabresto ao voto eletrônico. Portal
Boletim Jurídico, 06 jan. 2010. Disponível em:
<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2029>. Acesso em: 7
out. 2016.

NEISSER, Fernando. O voto impresso e a falsa sensação de segurança. Os


eleitoralistas, 21 jun. 2016. Disponível em: <http://oseleitoralistas.com.br/por-
fernando-neisser-o-voto-impresso-e-a-falsa-sensacao-de-seguranca-por-ana-
claudia-santano-resposta-ao-artigo-o-voto-impresso-e-a-falsa-sensacao-de-
seguranca-de-fernando-n/>. Acesso em: 7 out. 2016.

OLIVEIRA, Patrícia. Voto impresso começa a valer em 2018, mas já é alvo de


críticas. Portal do Senado, 23 fev. 2016. Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/02/23/voto-impresso-
comeca-a-valer-em-2018-mas-ja-e-alvo-de-criticas>. Acesso em: 7 out. 2016.

SANTIAGO, Daniela Andrade. A evolução da urna eletrônica. Revista


Eletrônica da EJE, ano II, n. 6, out./nov. 2012.
<www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/revistas-da-
eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-6-ano-2/a-evolucao-da-urna-eletronica>.
Acesso em: 7 out. 2016.

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