Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rua Cândido dos Reis, nº 53, 1º Dto. | 3770-209 Oliveira do Bairro | tlf. 234 284 744 | tlm. 910 324 492 | E-mail: geral@revistaperitia.org
www.revistaperitia.org
Entrevista publicada no dia 15 de Dezembro de 2009
vem ocorrer de forma frequente e disruptiva para que ciais e institucionais (como por exemplo relatórios es-
se possa considerar como POD. colares).
Como em qualquer perturbação, o importante é com-
Pode haver dificuldades, por parte do clínico, em fa- binar uma diversidade de instrumentos de avaliação,
zer o diagnóstico de POD? temdo em conta a sua abrangência e limites.
O diagnóstico de POD nem sempre é fácil. Os compor- Algumas das escalas mais utilizadas nestas situações
tamentos opositores típicos da POD são também com- são o Child Behavior Checklist e o Teacher Report
portamentos mais visíveis em certas fases do desen- Form, ambas de Achenbach, juntamente com a escala
volvimento da criança. Sendo esta uma perturbação de Conners. As escalas de Conners não são tão abran-
da primeira e segunda infância ou adolescência, temos gentes na despistagem da psicopatologia, mas resulta-
então que ter um cuidado redobrado para assegurar dos dentro das normas significam, na maioria das ve-
que estes comportamentos ocorrem de forma mais zes, que a hipótese de POD ou de PHDA pode ser ex-
severa e frequente do que seria esperado nestas faixas cluída. Pelo contrário, resultados fora das normas são
etárias. É ainda importante ter em atenção qual o ní- apenas um ponto de partida para um destes diagnósti-
vel de disfunção que estes comportamentos provocam cos, ou os dois em comorbilidade.
na vida social da criança. Todas as escalas referidas encontram-se aferidas para
Outra das dificuldades do diagnóstico reside nas co- a população portuguesa, sendo importante que se em-
morbilidades típicas desta perturbação, sobretudo pregue as aferições em vez de simples traduções dos
com a Perturbação de Hiperactividade e Défice de instrumentos, respeitando a especificidade da nossa
Atenção (PHDA). Sabe-se que é importante um dia- população.
gnóstico das comorbilidades, pois estas crianças estão A entrevista de avaliação é igualmente indispensável
sujeitas a um maior espectro de problemas de com- para a avaliação psicológica, juntamente com a obser-
portamento e prognóstico mais reservado. vação comportamental. Obviamente, no final, tudo se
Além disso, o facto de a POD e PHDA terem aspectos resume à sensibilidade do técnico em combinar os di-
em comum, faz com que muitas vezes se confundam ferentes instrumentos disponíveis de forma a fazer um
os dois diagnósticos. diagnóstico cuidado.
Quais os principais instrumentos a que o clínico se Existe alguma(s) causa(s) específica(s) ou factor(es)
pode socorrer para efectuar um correcto diagnóstico precipitante(s) para que a criança apresente este dia-
desta perturbação? gnóstico?
De todos os métodos disponibilizados para avaliação, Na base da etiologia da POD está uma complexidade
os mais utilizados são as escalas de comportamento, de factores biopsicosociais, desde um cluster familiar
as entrevistas e as observações comportamentais. É de certas perturbações, a determinados estilos paren-
igualmente aconselhável o uso de bases de dados so- tais e condições económicas específicas. É comum, nas
crianças com POD, encontrar familiares com outras
Rua Cândido dos Reis, nº 53, 1º Dto. | 3770-209 Oliveira do Bairro | tlf. 234 284 744 | tlm. 910 324 492 | E-mail: geral@revistaperitia.org
www.revistaperitia.org
Entrevista publicada no dia 15 de Dezembro de 2009
Rua Cândido dos Reis, nº 53, 1º Dto. | 3770-209 Oliveira do Bairro | tlf. 234 284 744 | tlm. 910 324 492 | E-mail: geral@revistaperitia.org
www.revistaperitia.org
Entrevista publicada no dia 15 de Dezembro de 2009
comportamentos e elaborar planos de intervenção A Terapia Comportamental tem como objectivo ajudar
mais adequados. a criança a erradicar uma grande variedade de com-
portamentos não adaptados, substituindo-os por com-
Quais os principais modelos de intervenção utilizados portamentos que permitam atingir e manter objecti-
na terapia com estas crianças e qual o prognóstico vos pré-estabelecidos, sendo por isso também utiliza-
para a evolução da POD? da na intervenção.
De forma geral, a intervenção aplicada a crianças com Recorre-se igualmente à terapia farmacológica, que
POD corresponde ao conjunto de intervenções associ- deve ser sempre prescrita e acompanhada por um Pe-
adas ao tratamento de outras perturbações de com- dopsiquiatra. Contudo, antes de se passar ao uso da
portamento, sendo necessária uma adaptação destas medicação, deve-se apostar na intervenção psicológi-
técnicas à especificidade de cada caso. É necessário ca. A utilização isolada da medicação é altamente de-
ter em conta não apenas os sintomas característicos saconselhável, pois nem todas as crianças mostram
da perturbação mas também as condições da criança, respostas positivas, nem abrange todo o espectro de
pais, família e do contexto, para que o tratamento seja sintomatologia.
eficaz. A terapia familiar, além da individual e de gru- O prognóstico para a evolução da POD depende sobre-
po, são essenciais no tratamento da POD. É igualmen- tudo das comorbilidades existentes e da estrutura fa-
te importante considerar eventuais comorbilidades, miliar. O tratamento da POD deve ser, na maior parte
sobretudo com a Perturbação de Hiperactividade e dos casos, um compromisso a longo prazo, pois nem
Défice de Atenção. sempre é possível verificar resultados imediatos. Esta
Usualmente, a técnica mais utilizada é o Treino Paren- perturbação é um factor de risco para patologias mais
tal, que deverá ajudar os pais a lidar com os comporta- graves como a Perturbação de Comportamento ou, já
mentos da criança de uma forma saudável e pró-soci- em adulto, para a Perturbação de Personalidade Anti-
al. Na maior parte dos casos, esta é bastante eficaz e Social. Por este motivo, é muito importante o trata-
pode produzir efeitos quase imediatos. mento precoce da POD e o seu acompanhamento por
O Treino de Resolução de Problemas é igualmente efi- técnicos especializados.
ciente, visto que consiste em ensinar competências de
resolução de problemas em situações sociais. Normal-
mente, as crianças com POD vêem menos soluções al-
ternativas para resolver os seus problemas, focam-se
mais em objectivos do que em passos intermédios pa-
ra os conseguir e têm maior dificuldade em prever as
consequências dos seus actos. Assim, este tipo de trei-
no pode providenciar à criança novas competências
que a ajudem a gerir as relações sociais.
Rua Cândido dos Reis, nº 53, 1º Dto. | 3770-209 Oliveira do Bairro | tlf. 234 284 744 | tlm. 910 324 492 | E-mail: geral@revistaperitia.org
www.revistaperitia.org