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Histórias de Sucesso
EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS
ORGANIZADO POR MARA REGINA VEIT

Histórias
de Sucesso
EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

BELO HORIZONTE - 2003


Copyright © 2003, SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

Este trabalho é resultado de uma parceria entre o SEBRAE/NA, SEBRAE/MG, SEBRAE/RJ, PUC-Rio, IBMEC-RJ

Coordenação Geral
Mara Regina Veit
Coordenação e Concepção do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

Supervisão
Cezar Kirszenblatt
Daniela Almeida Teixeira
Renata Barbosa de Araújo

Apoio
Carlos Magno Almeida Santos
Dennis de Castro Barros
Izabela Andrade Lima
Ludmila Pereira de Araújo
Murilo de Aquino Terra
Rosana Carla de Figueiredo
Sandro Servino
Sílvia Penna Chaves Lobato
Túlio César Cruz Portugal

Produção Editorial do Livro


Núcleo de Comunicação do Sebrae/MG

Produção Gráfica do Livro


Perfil Publicidade

Desenvolvimento do Site
Daniela Almeida Teixeira
bhs.com.br

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


SEBRAE
Armando Monteiro Neto, Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Silvano Gianni, Diretor-Presidente
Paulo Tarciso Okamotto, Diretor Administrativo-Financeiro
Luiz Carlos Barboza, Diretor Técnico

SEBRAE-MG
Luiz Carlos Dias Oliveira, Presidente do Conselho Deliberativo
Stalin Amorim Duarte, Diretor Superintendente
Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, Diretor de Desenvolvimento e Administração
Sebastião Costa da Silva, Diretor de Comercialização e Articulação Regional

SEBRAE-RJ
Paulo Alcântara Gomes, Presidente do Conselho Deliberativo
Paulo Maurício Castelo Branco, Diretor Superintendente
Evandro Peçanha Alves, Diretor Técnico
Celina Vargas do Amaral Peixoto, Diretora Técnica
O projeto
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi criado para que histórias emocionantes de
empreendedores, que fizeram a diferença em sua comunidade, em suas empresas, em suas
instituições, possam ser conhecidas, disseminadas e potencializadas na construção de novos
horizontes empresariais.

O método
O livro Histórias de Sucesso foi concebido com o intuito de utilizar o método de estudo de
caso para estruturar as experiências do Sebrae, e também contribuir para a gestão do
conhecimento nas organizações, estimulando a produtividade e capacidade de inovação, de
modo a gerar empresas mais inteligentes e competitivas.

A Internet
A concepção do Projeto Estudo de Casos para o Portal Sebrae www.sebrae.com.br pretende
divulgar e ampliar o conhecimento das ações do Sebrae e facilitar para as instituições e
profissionais que atuam na rede de ensino, bem como instrutores, consultores e instituições
parceiras que integram a Rede Sebrae, um conteúdo didaticamente estruturado sobre
pequenas empresas, para ser utilizado nos cursos de graduação, pós-graduação, programas de
treinamento e consultoria realizado com alunos, empreendedores e empresários em todo o
País.

O Site dos Casos de Sucesso do Sebrae, foi concebido tendo como referência os modelos
utilizados por Babson College e Harvard Business School , com o diferencial de apresentar
vídeos, fotografias, artigos de jornal e fórum de discussão aos clientes cadastrados no site,
complementando o conteúdo didático de cada estudo de caso. O site também contempla um
manual de orientação para professores e alunos que indica como utilizar e aplicar um estudo
de caso em sala de aula para fins didáticos, além de possuir o espaço favoritos pessoais onde
os clientes poderão salvar, dentro do site do Sebrae, os casos de sucesso de seu maior
interesse

A Gestão do Conhecimento
A partir das 80 experiências empreendedoras de todo o país, contempladas na primeira etapa
do projeto – 2002/2003, serão inseridos em 2004 outros casos de estudo, estruturados na
mesma metodologia, compondo um significativo banco de dados sobre pequenas empresas.

Esta obra tem sido construída com participação e dedicação de vários profissionais, técnicos
do Sebrae, consultores e professores da academia de diversas instituições, com o objetivo de
oportunizar aos leitores estudar histórias reais e transferir este conteúdo para a gestão do
conhecimento de seus atuais e futuros empreendimentos.

Mara Regina Veit


Gerente de Atendimento e Tecnologia do Sebrae/MG, Coordenadora do Sebrae da Prioridade
Potencializar e Difundir as Experiências de Sucesso 2002/2003, Concepção do Projeto Desenvolvendo
Estudo de Casos e Organizadora do Livro Histórias de Sucesso – Experiências Empreendedoras.
Pedagoga, Pós-graduada:Treinamento Empresarial/PUCRS, Administração/ UFRGS, MBA/ Marketing-
FGV/Ohio, Mestranda Administração/FUMEC-MG, autora do livro Consultoria Interna - Use a rede de
inteligência que existe em sua empresa. Ed. Casa Qualidade - 1998.
SABOR E QUALIDADE –
UM CASO EM BARRETOS
SÃO PAULO

INTRODUÇÃO

E ra o mês de agosto de 2001. Último dia da Festa de Peão mais


famosa do Brasil. Pessoas dos mais variados locais e culturas se encontram
na festa country, que acontece todos os anos em agosto, desde 1956,
na cidade paulista de Barretos, interior de São Paulo.
Oportunidade para encontros, diversão, namoros e negócios.
Enquanto o peão luta para permanecer 8 segundos montado nos
animais, os negócios, fora da arena, vão se multiplicando. Porém, nem
todos estão felizes.
Parado, a observar o movimento das pessoas em seu quiosque de
lanches, próximo ao local onde estava acontecendo o rodeio, o
empresário Cícero Prudente tinha consciência de que a Festa de Peão
só acontece uma vez ao ano; em dias normais, o faturamento está cada
vez menor a concorrência vinha aumentando e os preços dos ingredientes
dos lanches e as demais despesas, crescendo.

Maria Cristina Alves, Técnico sênior do Sebrae São Paulo, elaborou o estudo de caso sob a
orientação de Helene Kleinberger Salim, baseado no curso Desenvolvendo Casos de Sucesso,
realizado pelo Sebrae, Ibmec-RJ e PUC-RJ.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


A VALORIZAÇÃO DOS TURISTAS POR MEIO
DA PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003

PRODUÇÃO DOS SANDUÍCHES


SABOR E QUALIDADE – UM CASO EM BARRETOS - SP 3

O MUNICÍPIO

L ocalizado na região nordeste do estado de São Paulo, a 424 km


da capital, o município de Barretos foi um dos primeiros a ser fundado
na porção do território paulista delimitada pelos rios Pardo, Turvo e
Grande. A ocupação da região começou no início do século XIX, com
o deslocamento, a partir de Minas Gerais, dos descendentes dos
Bandeirantes os quais, dois séculos antes, haviam partido de São Paulo
de Piratininga em busca das minas de Ouro Preto, São João Del Rey,
Mariana e tantos outros núcleos urbanos por eles criados.
Sua população era de 100.693 habitantes 1, tendo sua vocação
voltada para a agricultura e pecuária.
Pelo fato de ser palco da principal Festa do Peão de Boiadeiro do
país, Barretos destacava-se no cenário nacional e se projetava em sua
região como um pequeno pólo de atração regional.
No auge da realização anual da Festa de Peão, chegavam a visitar
o município, de oitocentos a um milhão de pessoas por ano, provenientes
dos mais diversos locais.
Para atender à demanda na época do evento, o município contava
com os serviços de dezessete hotéis, sete pensões e quatro motéis,
totalizando mais de mil leitos disponíveis. Nesta época, os hotéis,
pousadas e restaurantes ficavam repletos de pessoas e atingiam o limite
máximo de sua capacidade.

A FESTA DE PEÃO BOIADEIRO MAIS FAMOSA DO BRASIL

Em 1955, nascia, em uma mesa de bar, o clube Os Independentes.


Um grupo de dezenove rapazes solteiros, ligados à agropecuária local,

Coordenação Técnica do Projeto: Luiz Andia Filho.


1
Fonte: www.ibge.gov.br.

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teve a idéia de promover ações, por meio de festas, com o objetivo de


arrecadar fundos para as entidades assistenciais da época. A partir daí,
inspirada na lida das fazendas e nas disputas realizadas próximas aos
currais – onde peões que tocavam o gado em comitivas pelas estradas
se reuniam após a viagem e, por diversão, desafiavam a força dos
cavalos indomados – surgiu a 1ª Festa do Peão de Barretos, em 1956.
Sob a lona de um velho circo, foi criado o modelo de evento rural
de maior sucesso do país.
Ao longo desse tempo, a festa cresceu, ganhou projeção internacional
e passou a ser visitada por pessoas de diferentes partes do Brasil e do
mundo. Já em 2002, a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos buscava
a renovação de imagem.

"C rescemos muito e, em função disso, estamos trabalhando para


melhorar a infra-estrutura do evento. Queremos desenvolver um
modelo de festa, tendo como base a qualidade total nos serviços
o f e recidos e no atendimento ao público. Nosso foco é a modernização,
mas sem perder de vista nossas raízes culturais e sem nos deixar
levar pelos modismos", explicou José Mendes Santana, presidente do
clube Os Independentes, organizador da festa.

Estrela absoluta entre os mais de 1.200 rodeios oficiais registrados


no país, a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos era superlativa em
todos os seus aspectos.
Desde 1985, era realizada no Parque do Peão, uma área de 50
alqueires, equivalente ao Parque do Ibirapuera em São Paulo. A maior
arena de rodeios da América Latina tem formato de ferradura e foi
projetada por Oscar Niemeyer.
A Festa movimentava anualmente o equivalente a 10 milhões de
reais, gerando, naqueles períodos, cerca de 3 mil empregos diretos e
10 mil indiretos, sendo, sem dúvida, o maior atrativo e fonte de renda
do município, gerando recursos também para toda a região, ocupando
a rede hoteleira em locais distantes até 150 km do município.

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PROBLEMAS E OPORTUNIDADES

E sses fatos culminavam em um grande número de pessoas que


visitavam o município periodicamente em função de negócios diversos,
propiciando o surgimento de empreendimentos nos mais variados
setores.
Comércio e prestação de serviços eram os setores que recebiam o
maior número de pessoas desempregadas, arriscando ser proprietárias
de um pequeno negócio, freqüentemente na informalidade.
A alimentação era um setor que apresentava um crescimento
expressivo, com número formalmente registrado na Prefeitura Municipal
de 128 hamburg u e i ros e ambulantes, no início do ano de 2002.
O fato de haver uma concorrência forte, o paradigma da sazonalidade
e a ausência de uma gestão eficiente faziam com que os donos tivessem
uma predisposição em acreditar que seus negócios não tinham futuro,
o que culminava na desmotivação e, muitas vezes, no seu
encerramento.
Um outro paradigma que se perpetuava entre os lancheiros,
principalmente os que estavam estrategicamente localizados próximos
a hospitais, praças, escolas e universidades, era de funcionar o seu
negócio somente no período noturno, por acreditar que este seria o
único horário em que se venderia o produto. Esta impressão era
fortalecida talvez pelo fato de Barretos ser um município de pequeno
porte, com rotina de interior onde as pessoas privilegiavam almoçar
em casa, com suas famílias.
O u t ro fato presente na vida desse negócio era o baixo investimento
na qualidade do serviço, onde o armazenamento de merc a d o r i a s
p e recíveis era desorganizado, ocasionando perdas de estoques
f reqüentes, manuseio de alimentos sem a proteção necessária e a
produção de condimentos de forma caseira, que implicava em risco de
saúde.
Todas essas questões, aliadas a uma gestão empresarial precária e
comportamento empreendedor tímido, tinham como resultado um
setor fragilizado, com mínimas oportunidades de crescimento.
O comércio de alimentos é um segmento que possui grande
número de empresários com baixo grau de instrução. Em virtude desse

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fato, poucas entidades se preocupam com sua profissionalização.


Assim como os outros colegas de profissão, Cícero sabia que se
fazia necessária uma medida urgente para que o seu negócio pudesse
não só sobreviver mas também crescer no mercado. Resolveu buscar
ajuda.

O NASCIMENTO DO PROGRAMA

A a p roximação das necessidades dos lancheiros com a


oportunidade de buscar uma alternativa viável para esse caso culminou
com o trabalho realizado pelo Escritório Regional do Sebrae Barretos
por meio do Programa de Desenvolvimento Local no início de 2002.
Uma vez diagnosticado o problema, foi idealizada pelo Sebrae
uma estrutura, de forma que se pudesse mapear as características do
segmento e o perfil desse empresário; quais seriam suas necessidades
e quais seriam as alternativas de soluções possíveis para o problema.
Para iniciar o projeto, os técnicos do Escritório Regional, já com
contato estabelecido com o lancheiro Cícero, convidaram 70 empresários
do ramo para serem sensibilizados a participarem do projeto, ainda
sem nome definido.
O primeiro passo foi a realização pela Universidade de São Paulo
(USP), via Fundação de Economia e Administração (FEA), c a m p u s de
Ribeirão Preto, de uma pesquisa sobre o segmento composta de duas
etapas: a primeira de levantamento de dados secundários do setor e a
segunda, uma pesquisa de profundidade composta de entrevistas com
os empresários, especificamente donos de carrinhos de lanche, dogueiros,
ambulantes de doces e salgados, tendo sido realizadas ao todo 63
entrevistas.
Tabulando os dados da pesquisa, foi encontrado o seguinte
retrato:
• Excessivo número de hamburgueiros e ambulantes
• Baixa qualidade de produtos vendidos

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• Inexistência de instrumentos de controles de custos e de gestão


• Visão precária do negócio
• Ausência de planejamento e visão de futuro
• Alto índice de credibilidade na viabilidade do setor
• Pretensão de ampliar o negócio
• Negócio com gestão familiar
Embora os dados da pesquisa tenham revelado alto índice de
necessidades, havia também a contrapartida da credibilidade no negócio
e da vontade de querer mudar.
Embora cientes da crise no setor, da concorrência e de uma visão
individualizada, houve dificuldade em arregimentar empresários para o
grupo de trabalho, o que fez com que o Escritório Regional buscasse
parcerias estratégicas, entidades ligadas direta e indiretamente ao setor de
alimentos, como a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Indústria
e Comérc i o2 e a Vigilância Sanitária3. Assim, realizaram com o setor uma
divulgação, buscando apoio e participação no projeto.
Com o objetivo de mostrar uma radiografia do setor e sensibilizar
os empresários para uma mudança de pensamento, foram apresentados
os primeiros resultados da pesquisa.
A estratégia implementada pelo Sebrae para atender a este setor
foi a metodologia da educação continuada, por meio de um modelo
de aprendizagem que considera o desenvolvimento comportamental, o
conhecimento da gestão de negócios e a construção de sua grade de
capacitação "por medida", servindo como um processo dinâmico de
mudanças.
Para a definição das ações de capacitação, foram utilizadas
ferramentas de autodiagnóstico e de visita in loco com os participantes
– 70 empresários que concordaram em participar do projeto –
buscando subsidiar as etapas da metodologia: conhecer o problema,
definir soluções, implementar as soluções e colocá-las para funcionar.
A grade definida teve uma seqüência de cursos com temas relacionados
à gestão de negócios, finanças, marketing e empreendedorismo, além
de técnicas de higiene e manipulação de alimentos, que trouxe a
necessidade de parceria, como o SENAI – Serviço Nacional da Indústria
de São José do Rio Preto.
2
Emite o alvará de funcionamento.
3
Órgão fiscalizador.

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O projeto iniciou-se em abril de 2002, com algumas resistências e


muitas expectativas.
Durante a execução das oficinas, foram acrescentados à grade de
cursos os temas de legislação trabalhista, cooperativismo e associativismo,
definidos pelos participantes como assuntos importantes à sua formação
no projeto.

A SEQÜÊNCIA DA GRADE FICOU DEFINIDA COM


A SEGUINTE ESTRUTURA:
TEMAS DOS ENTIDADE
MÓDULOS CARGA HORÁRIA
CURSOS RESPONSÁVEL
1. Higiene e Saúde Higiene e 16 horas/aula SENAI
Manipulação de
Alimentos
2. Gere n c i a l Meu negócio – 16 horas/aula SEBRAE
noções básicas de
mercado
3. Empre e n d e d o r i s m o Saber Empreender 27 horas/aula SEBRAE
4. Marketing Como implementar 20 horas/aula SEBRAE
estratégias de
marketing na sua
empresa
5. Finanças Como formar pre ç o 20 horas/aula SEBRAE
de venda e noções de
fluxo de caixa
7. Cooperativismo/ Palestras 17 horas/aula SEBRAE
Associativismo
Total de horas 116 horas
curso em sala
8. Prática Análise de pontos 16 horas SEBRAE
críticos de Contro l e
Consultoria 14 horas SEBRAE
Total de horas 30 horas
práticas

Durante a realização dos trabalhos, detectou-se a necessidade de


um acompanhamento mais próximo dos participantes, decorrente das
dificuldades de implantação dos conceitos vistos em sala de aula por
vários fatores, como falta de tempo, baixa escolaridade e preconceito
dos participantes quanto aos assuntos gerenciais.
Buscando dinamizar o processo de aprendizagem, apareceu, no
projeto, a figura do tutor, um facilitador com função de assegurar que
os assuntos gerenciais vistos em salas de aula fossem implantados de
forma simples e objetiva, além de assegurar essa implementação até o

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final dos módulos. Este acompanhamento aconteceu por meio da


orientação de seis estagiários do curso de Administração de Empresas
que utilizaram planilhas financeiras simples e didáticas.
Além do consultor-tutor, a facilitadora do tema de higiene e
manipulação de alimentos assessorou in loco grupos na implantação
das técnicas aprendidas em sala de aula com a ajuda de seis estagiários
recrutados do curso de Engenharia de Alimentos.
Após a realização de cada curso, os facilitadores organizaram
encontros com os grupos para a resolução de dúvidas e o reforço de
aprendizado.
Uma das preocupações do projeto foi a continuidade das aplicações
dos conhecimentos, pois, após a realização dos cursos e consultorias,
não era possível garantir que boa parte dos participantes continuassem
a utilizá-los. Assim, a metodologia previu a criação de um certificado
de conclusão.

CERTIFICADO DE CONCLUSÃO E SELO DE QUALIDADE

O s critérios para que o participante recebesse o certificado eram


que o proprietário do negócio participasse de todos os módulos e
palestras e tivesse, no máximo, 25% de faltas no módulo.
Após a conclusão, receberam um certificado técnico denominado
"Selo de Qualidade", emitido pelo Sebrae e SENAI, atestando que o
estabelecimento atendia ao mínimo permitido pelos critérios de
avaliação elaborados por ambas instituições: o Sebrae, responsável
pela averiguação dos critérios gerenciais, e o SENAI, pelos critérios de
higiene.

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CAMPANHA PUBLICITÁRIA

A campanha publicitária com o objetivo de levar à comunidade


a importância do projeto foi dividida em duas fases, com duração de
40 dias cada, muito bem recebida pela população.
Na primeira fase, foi confeccionada uma marca que identificava o
projeto, exposta em seis outdoors, distribuídos em locais estratégicos
da cidade; gingle divulgado nas rádios e press-realeses na imprensa
local; folheto informativo específico entregue nos pontos-de-venda, no
comércio, hotéis e encartados para assinantes de dois jornais de grande
veiculação: Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo.
Na segunda fase, divulgação das empresas que possuíam o selo de
qualidade, banners com o selo exposto nos estabelecimentos, adesivos
para cardápios e jalecos com o logotipo.

CONCLUSÃO

D a adesão espontânea de 70 empresários, legalizados ou não, 44


finalizaram os trabalhos. Medindo os indicadores do projeto, a maioria
dos 44 empresários (80%) se adequou às exigências legais da Vigilância
Sanitária. Foram implantadas ferramentas gerenciais, como, por
exemplo, uma planilha de fluxo de caixa formal.
Na verdade, a grande mudança ocorrida foi a do modo de pensar,
pois foram substituídos valores que faziam com que o empresário
tivesse uma visão estreita e localizada do seu negócio para uma nova,
ampla e empreendedora, como o aumento da percepção e a preocupação
com a saúde dos consumidores e a relevância do turismo para o
município.
O reconhecimento e valorização da cultura local foram também um
dos resultados alcançados, pois a maior parte dos estabelecimentos, a
partir do projeto, foi decorada com motivos country.

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A repercussão positiva na região fez com que outras prefeituras de


cidades vizinhas solicitassem a implantação em seus municípios.
O projeto proporcionou a esse público o acesso à capacitação,
palestras, consultorias e assessorias. Como resultado, percebeu-se a
determinação desses empresários em adquirir novos conhecimentos e
p rofissionalizar suas empresas, além da grande capacidade
associativista.

"O fato de aprender novas técnicas de gestão e aperfeiçoar o


comportamento empreendedor fizeram com que a auto-estima
destes empresários aumentasse, a ponto de levar a exigência do uso
de toucas e luvas ao seu uso diário, se auto-reconhecer como um
empresário vendo o seu negócio com uma visão mais ampla,
visando aos novos investimentos, como compra de equipamentos,
marketing e novas oportunidades.", segundo Luiz Andia Filho,
gerente do Escritório Regional do Sebrae de Barretos.

O grupo de empresários participantes do projeto decidiu pela


continuidade do mesmo por intermédio da formalização de uma
associação do setor que, mesmo informalmente, já realizou algumas
ações, como a compra conjunta de botijão de gás, reduzindo em 15%
o custo de aquisição do produto, planejando posteriormente a compra
de sachê de maionese, catchup e mostarda, produtos hortifrutigranjeiro s
e a realização de promoções para os clientes dos futuros associados.
A fim de formalizar e fortalecer a futura associação, foram
demandadas mais palestras e cursos de Associativismo, Liderança,
Legislação Trabalhista e o Programa de Qualidade Total.

PONTOS PARA DISCUSSÃO

• Os resultados do projeto criaram condições para se trabalhar outras


e m p resas do setor de alimentação, como bares, restaurantes, pizzarias
e açougues, utilizando-se da mesma metodologia?
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SABOR E QUALIDADE – UM CASO EM BARRETOS - SP 12

• Discutir um regulamento para essa associação. Que pontos deve


prever?
- Os novos associados que não participaram do projeto Sabor e
Qualidade poderiam fazer parte da associação?
- A associação teria como papel também tabelar os preços dos
lanches? Haveria um preço único para todos os estabelecimentos
associados?
- Para iniciar novos programas de capacitação qual seria o critério
adotado pela associação para a participação dos associados?
- Os estabelecimentos que perdessem o selo de qualidade estariam
fora da associação?

Diretoria Executiva do Sebrae São Paulo (2002): Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, Carlos
Roberto Pinto Monteiro e José Luiz Ricca.

Agradecimentos:
Luiz Andia Filho - Gerente Regional do Escritório de Barretos do Sebrae/SP e Mara Sampaio -
Gerente Unidade de Educação e Desenvolvimento da Cultura Empreendedora do Sebrae/SP.

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SABOR E QUALIDADE – UM CASO EM BARRETOS - SP 13

ANEXOS

Custos do Projeto
Custo Total: R$ 63.200,00
Responsabilidade financeira do Sebrae - total: R$ 62.800,00
Custo/participante (44): R$ 1.436,36

A SEQÜÊNCIA DA GRADE FICOU DEFINIDA COM


A SEGUINTE ESTRUTURA:
ENTIDADE AÇÃO VALOR DA
TOTAL
DESENVOLVIDA AÇÃO R$
SEBRAE/SP Pesquisa Setorial 10.000
Capacitação Gerencial 16.000
Consultorias
Gerenciais 8.000
Capacitação
Tecnológica 5.800
Consultoria
Tecnológica 12.000
Divulgação 11.000
62.800
SENAI Divulgação 400 400
TOTAL 63.200

CRONOGRAMA DE AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS PARCEIROS


ENTIDADE AÇÃO DESENVOLVIDA

Prefeitura Municipal Emissão de dados sobre o setor alimentício


de Barretos Arregimentação de participantes para o projeto
Fundação Educacional Cessão de estrutura logística para cursos – salas e laboratório
de Barretos – FEB Apoio na contratação de estagiários dos cursos de Administração e
Engenharia de Alimentos
SENAI Curso de higiene e manipulação de alimentos
Parceria na criação do selo de qualidade
Associação Comercial Cessão de auditório e apoio institucional
e Industrial de
Barretos – ACIB

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SABOR E QUALIDADE – UM CASO EM BARRETOS - SP 14

Responsável pela idealização, articulação e execução do projeto


Escritório Regional do Sebrae/SP de Barretos – Gerente Luiz Andia
Filho.

Parcerias internas do Sebrae/SP


Unidade de Educação e Desenvolvimento da Cultura Empreendedora.
Unidade de Desenvolvimento Regional e Local.
Unidade de Acesso à Tecnologia.
Unidade de Orientação Empresarial.
Unidade de Desenvolvimento Setorial.
Assessoria de Comunicação.
Assessoria de Marketing.

Rede de Parcerias de execução


Prefeitura Municipal de Barretos.
Fundação Educacional de Barretos – FEB.
SENAI – Serviço Nacional da Indústria.
Associação Comercial e Industrial de Barretos – ACIB.

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