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Esta seção tem início com um triste relato: a morte de Sarah! “E foi a
vida de Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida
de Sara. E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de
Canaã; e veio Avraham lamentar Sara e chorar por ela” (Gn 23:1-2). A
vida de Sarah agora havia chegado ao fim! Após cento e vinte e sete
anos de caminhada com o Eterno e com seu marido Avraham, agora
Sarah chega ao fim de sua existência. Este fato que nos é narrado nos
fala da vida de uma mulher que foi totalmente transformada pelo
Eterno! A mulher que havia sido concebida como uma “minha
princesa” – significado do nome Sarai – agora transforma-se numa
“princesa, dama da corte, rainha” – significado do nome Sarah –
e isso fez muita diferença, não somente em sua vida, mas também na
vida de Avraham e de todos aqueles que os conheciam. A palavra
sarâh também provém de uma raiz que significa lutar, contender, ter
poder. Dela resulta o substantivo “Israel”, que significa “aquele que
contende (luta) com El”. Quando o Eterno muda o nome de uma
pessoa, Ele também realiza uma profunda mudança interior, de
caráter, de personalidade, de atitudes, de posturas. Neste caso, ele
retira uma letra do nome de Sarai e coloca outra, que está em seu
próprio nome! Isso aponta para algo extraordinário: o Eterno colocou
algo de si mesmo em Sarai e transformou-a em Sarah! Nós nos
lembramos também que Sarai era uma mulher estéril, e isso era
considerado no oriente como uma maldição – mas já com Sarah as
coisas mudam! O Eterno muda a vida desta mulher de tal forma que
ela é transformada interiormente – em seu corpo físico – a ponto de
conceber uma criança aos noventa anos de idade! A restauração feita
pelo Senhor foi tão grande e tão perfeita que todos os órgãos
interiores de Sarah certamente foram renovados, pois ela necessitava
disso a fim de suportar uma gestação segura e tranqüila!
Agora ele quer ver com seus próprios olhos outra bênção do Senhor
para sua vida: a felicidade de Iitshaq. Por isso ele chama seu servo –
seu homem de confiança – e lhe dá instruções de como agir neste
caso: “E disse Avraham ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha
o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da
minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e
Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos
cananeus, no meio dos quais eu habito. Mas que irás à minha terra e
à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Iitshaq” (Gn
24:2-4). Este homem tinha um alto grau de relacionamento com
Avraham e também uma alta estima por seu senhor, por isso ele o
ouve atentamente em suas recomendações. Quando Avraham lhe diz:
“Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa” a palavra traduzida por
debaixo é tahat e significa "debaixo de, abaixo". Mas a palavra
traduzida por coxa é yarek e significa "coxa, lombo". Ela significa o
local onde o homem gera a sua descendência, ou seja, o seu órgão
genital! Ela – a coxa - é usada de forma figurada a fim de indicar o
órgão genital masculino. Mas o que Avraham estava fazendo na
realidade? Que estranho pedido era esse que ele fazia ao seu servo?
Devemos entender isso de acordo com a mentalidade oriental para
não nos “escandalizarmos” com o que Avraham pediu ao seu servo. O
órgão genital masculino era usado a fim de gerar a vida numa relação
conjugal. Quando o Senhor ordena que seja feita a circuncisão no
órgão genital masculino, seu objetivo é o de fazer uma aliança com a
vida! E é justamente isso o que Avraham está pedindo ao seu servo:
que ele faça uma aliança com ele (Avraham) – através da vida que ele
gerara – de que ele não buscaria uma esposa para Itshaq dentre os
filhos dos cananeus, que eram um povo estranho e trariam aos
hebreus uma mistura em sua raça. Isso certamente atrapalharia os
planos do eterno de suscitar o Messias da descendência de Avraham!
Por isso ele tem todo este cuidado quanto ao casamento de Iitshaq.
Então acontece agora que Rivqah volta à sua casa e diz aos seus o
que lhe sucedera, e sua família fica surpresa e quer conhecer aquele
homem e saber mais sobre o acontecido. Então o servo de Avraham
vai à casa de Naor, conta-lhes a história que motivou sua ida até ali e
então a família reconhece que este fato veio do Senhor para ajuntar
as famílias e abençoa-los mutuamente através do casamento de
Iitshaq e Rebeca.
Agora a Escritura nos declara que Avraham morre. Aqui acontece algo
espantoso: “E Avraham expirou, morrendo em boa velhice, velho e
farto de dias; e foi congregado ao seu povo; e Iitshaq e Ismael, seus
filhos, sepultaram-no na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho
de Zoar, heteu, que estava em frente de Manre, o campo que
Avraham comprara aos filhos de Hete. Ali está sepultado Avraham e
Sara, sua mulher. E aconteceu depois da morte de Avraham, que
Deus abençoou a Iitshaq seu filho; e habitava Iitshaq junto ao poço
Beer-Laai-Rói” (Gn 25:8-11). Neste relato encontramos novamente
juntos Ismael e Iitshaq! Após Ismael ter sido enviado com sua mãe
para o deserto, nada mais é dito sobre ele. Agora, repentinamente,
Ismael reaparece junto de Iitshaq no funeral de Avraham! Isso
significa que, mesmo distante do pai, Ismael mantinha algum tipo de
contato e recebia informações sobre Avraham de forma que, quando
lhe fora dito que Avraham morrera, ele imediatamente viera para o
funeral!
Ismael, que é o pai das nações árabes, morre com cento e trinta e
sete anos e deixa atrás de si os descendentes que levariam à cabo
uma saga de ódio e de lutas contra Iitshaq e seus descendentes!