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FÁSCIA: HISTÓRIAS
o elo perdido de Sucesso
____
Por Andrzej Pilat
IDEIAS
Empreendedoras
Academy
____
Artigos exclusivos de
Fisioterapeutas referência Estamos
em Portugal consigo no CNF
À conversa com
Marco Clemente
____
“ Dá-me prazer
sonhar com as ideias
e fazê-las crescer. ”
Índice
p.22
Ficha Técnica ....................................................................................02
Editorial .............................................................................................03
Academy
FÁSCIA o elo perdido ........................................................................... 04
Por Andrzej Pilat
Arrancada!
____
Há duas teorias, talvez antagónicas, que sionais, de reflexão e opinião. trata. O momento de uma partida. Uma
me deixam dividido. Se, por um lado, Fazemo-lo, assumindo a condição óbvia partida sem uma chegada pré-definida.
cada vez mais pessoas defendem que de emergirmos de uma empresa privada, Uma partida que, simbolicamente, qui-
nos devemos focar nas nossas forças, mas querendo que essa circunstância semos fazer coincidir com o Congresso
preocupando-nos menos com as nossas não nos retraia na nossa missão fun- Nacional de Fisioterapeutas, num mo-
fraquezas, por ser mais eficiente e garan- damental que, repito, passa por ajudar mento que poderá também ser de nova
tir maior eficácia, por outro lado, vai sendo quem nos lê, a conhecer mais, questionar arrancada para a fisioterapia.
conhecimento comum que só crescemos mais e chegar mais longe. Nesta corrida, precisaremos de si. O tempo
na “zona de desconforto”. Ora, o descon- de projetos totalmente unidirecionais já
forto é-o, precisamente por não assentar Podíamos concentrar-nos apenas naqui-
lo que é o nosso modelo de negócio, con- acabou. Vivemos tempos em que tem
numa força, antes numa fraqueza. Em que haver alinhamento permanente entre
que ficamos, se queremos evoluir? tudo, no DNA da Bwizer está o desafio de
fazer coisas novas e impactantes e, ape- os vários atores de cada comunidade e,
Esta reflexão surge-me ao iniciar a reda- sar de não ser fácil ganhar visibilidade neste caso, desafio os nossos leitores
ção deste editorial, precisamente por ser num mundo cheio de ruído e de excesso a darem-nos o seu feedback e as suas
o primeiro editorial que escrevo – nunca de informação, estamos certos de que se sugestões. Seja sobre pessoas que pos-
tinha sido editor de nada – no primeiro nos mantivermos focados na qualidade sam colaborar na redação dos conteúdos,
número desta revista. É o reflexo do des- do conteúdo, o resto virá por arrasto. seja por identificar pessoas cujas histó-
conforto, diria. Mas, então, por que razão rias merecem ser partilhadas, tudo será
nos lançámos nesta verdadeira odisseia O sucesso deste empreendimento será bem vindo.
de publicar uma revista? o sucesso que os leitores lhe queiram
dar. Do nosso lado, trabalharemos ardu- Resta-me agora convidá-lo a ler esta
A Bwizer Magazine sintetiza as duas teo- amente para que aquilo que aqui faze- revista que preparámos com tanto cuida-
rias que referi acima, aparentemente an- mos seja útil para quem nos lê, estando do para si, aproveitando a oportunidade
tagónicas. É um processo bem descon- cientes que também nós teremos muito a para uma palavra de reconhecimento a
fortável, confesso, mas assenta naquilo aprender e a evoluir porém, se esperás- toda a equipa que esteve envolvida nesta
que nascemos para fazer e que procura- semos pelo dia em que sentíssemos que primeira edição. Do nosso lado, já esta-
mos concretizar melhor a cada dia, ajudar estávamos 100% preparados para um mos a preparar a segunda.
as comunidades que servimos, a evoluir projeto destes, o mais certo é que nunca
e a chegar mais longe. avançaríamos, perdendo assim todos a Até lá,
Esta revista não será um folheto promo- oportunidade de conhecer a opinião de
cional da Bwizer. Não será um manifesto pessoas bem interessantes, de conhecer
político ou sindical. Não será tampouco as histórias de tantos outros e de tomar- Hugo Belchior
uma revista científica ou exclusiva para mos contacto com novidades técnicas, CEO Bwizer
um grupo profissional. Esta revista, que para nomear algumas coisas que aqui
nasce com o objetivo de ser trimestral, traremos.
será um instrumento de partilha de infor- É pois por isso que chamei a este editorial,
mação relevante para a comunidade, de Arrancada (e os editoriais nem costumam
empoderamento de profissões e profis- ter título…) porque é isso mesmo que se
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Academy.
FÁSCIA,
O elo
____ perdido
Andrzej Pilat
––––– –––––
Introdução Definição de Fáscia e características
Nos últimos anos, a pesquisa relacionada com a fáscia ganhou do sistema Miofascial
um campo sem precedentes. Permitiu a expansão das raízes Existem várias opiniões sobre o que podemos definir como fás-
nas profissões relacionadas com a análise biomecânica e os cia (Langevin, 20016, Langevin & Huijing, 2009, Schleip, Jäger
processos terapêuticos direcionados ao movimento corporal. & Kinler, 2012, Swanson, 2013, Stecco, 2014). Recomenda-se
A fáscia é a forma de tecido conjuntivo que envolve todos os o uso do termo sistema fascial. Este sistema reúne diferentes ti-
órgãos de forma tridimensional, permitindo mantê-los na sua pos de células com diferentes atividades (de forma semelhante,
posição e funcionamento corretos. Cada músculo, cada uma por exemplo, ao sistema cardiovascular ou ao sistema nervoso)
das suas fibras e fascículos são rodeados pela fáscia. A fáscia e relaciona-se com outros sistemas corporais através de uma
é uma estrutura ininterrupta, por essa razão, qualquer mudan- estrutura de estabilidade funcional ininterrupta e inervada, con-
ça estrutural da fáscia numa determinada parte do corpo pode formada pela matriz colágena tridimensional (Kumka & Bonar,
gerar mudanças em locais distantes. Alterações do sistema 2012, Pilat, 2014). Esta abordagem permite relacionar conclu-
miofascial podem gerar dor, limitar/ alterar os padrões de mo- sões científicas e clínicas entre si e oferece uma perspectiva
vimento e minimizar os processos de recuperação de lesões. diferente e mais ampla para a análise da mecânica corporal e
Essa mudança estrutural da fáscia, chamada “disfunção mio- da patomecânica.
fascial”, pode ser causada por vários traumatismos. Devemos Este sistema representa uma complexa arquitetura de comuni-
sublinhar o sentido amplo da palavra traumatismo. Isto é, não cação (Kapandji, 2012), que garante uma extensa informação
é apenas um golpe ou uma queda, mas também pode ser uma mecano-receptiva, não só através da sua distribuição topográ-
intervenção cirúrgica, uma menstruação dolorosa ou, por exem- fica, mas principalmente através dos padrões de interrelação
plo, uma alteração postural. A disfunção miofascial também com outras estruturas do corpo (Lancerotto et al., 2011), espe-
compromete as alterações na inervação, modificando assim a cialmente os músculos. A partir da sua construção dinâmica e
informação transmitida ao sistema nervoso central. A ausência fibrosa, a propriedade de remodelação contínua (plasticidade
de um processo terapêutico oportuno e apropriado, pode levar fascial) (Langevin, 2011) é distinguida, alinhada e acomodada a
o paciente a um círculo vicioso de tensão e espasmo muscular; solicitações de tensão intrínsecas e extrínsecas do corpo (Swa-
ou seja, há disfunção orgânica e dor. nson, 2013). As alterações tensionais, criadas fora dos padrões
4.
Academy.
fisiológicos do movimento, podem reorientar a dinâmica do cor- um, 2013). O significado clínico deste fenómeno é exposto em
po, estabelecendo mudanças na matriz (através da dinâmica transferências de tendão, onde se observa que são as ligações
dos miofibroblastos) (Tomasek, 2002), que afetam a liberdade intermusculares (epimisiais) extra tendinosas que regulam a
de movimento (Gabbiani, 2007). A densidade, a distribuição e função do aparelho extensor (Scott, 2003).
as características organolépticas do sistema fascial diferem na –––––
sua viagem através do organismo, o que permite adaptar-se
e responder às exigências do movimento (Benjamin, 1995), A inervação e proprioceção
no entanto, a continuidade é fundamental, permitindo-lhe agir do sistema fascial
como um todo sinérgico, absorvendo e distribuindo um estímu- A fáscia é considerada como uma estrutura neuro-sensível que
lo local para os demais elementos do conjunto, em diferentes forma uma rede funcional complexa de interconexão e integra-
escalas da sua construção (Ingber, 2008). A sinergia estrutural ção da dinâmica corporal (Stecco et al., 2007). Durante a con-
intrínseca do sistema fascial assegura ao corpo a independên- tração muscular, as expansões fasciais poderiam transmitir o
cia relativa da força gravitacional, bem como a capacidade de impulso contrátil a áreas específicas do sistema fascial, estimu-
adaptação, de acordo com os requisitos que vêm do exterior e lando propriocetores nessa área. A presença dos mecanorrece-
do interior ou, em relação à disponibilidade de energia e nutrien- tores sugere uma participação ativa da fáscia na propriocepção,
tes no ambiente (Nakajima et al., 2004). Além da sua função transmissão da força e controlo motor. O papel propriocetivo da
estrutural, a fáscia assume e distribui os estímulos que o corpo rede fascial significa que pode atualizar o sistema nervoso cen-
recebe: a sua rede de receptores registra impulsos térmicos, tral, em termos de stresse mecânico, com influência nas unida-
químicos, de pressão, de vibração e de movimento; envia-os des motoras no tempo, ritmo e nível da força.
para a região homeostática do sistema nervoso central através
da via interceptiva (Craig, 2003). Desta forma, um potencial de Como resultado, a fáscia está envolvida no papel propriocetivo
(Van der Wal, 2009) e é vital para o bom funcionamento do sis-
tema (Basmajian & De Luca, 1985). Curiosamente, a rede de
terminações nervosas livres tipo III e IV, também é chamada de
A fáscia é uma estrutura ininterrupta, por essa
mecanorrecetores intersticiais, são potenciais informadores de
razão, qualquer mudança estrutural da fáscia numa estímulos mecano-sensitivos de baixo e alto nível. Por exemplo,
determinada parte do corpo pode gerar mudanças em os recetores aferentes do Grupo III são encontrados na fáscia
locais distantes. perimuscular e adventícia dos vasos sanguíneos musculares
e respondem a uma grande variedade de estímulos, incluindo
pressão e alongamento e associados à deformação da matriz
informação vinculado pelo sistema é criado para um propósito após a aplicação do impulso mecânico, sendo aplicável ao im-
específico (Pilat, 2012, Pilat, 2014). pulso manual usado durante o processo terapêutico (Yi-Wen,
2009). A estimulação dos recetores do músculo aferente no gru-
po III e IV mostra a presença de um reflexo inibitório significativo
––––– nos motoneurónios alfa e um efeito de excitação no motoneuró-
Transmissão miofascial nio gama (Kaufman, 2002).
da contração muscular A disfunção e a dor relacionadas com os processos patome-
cânicos do sistema locomotor sugerem a presença de impor-
O modelo de contracção muscular com base no deslizamento
tantes alterações anatómicas e neurofisiológicas que também
dos filamentos de actina e miosina descrito há 40 anos por Hu-
envolvem o sistema fascial (Alix, 1999). A dor e a hipersensibi-
xley & Simmons (1971) apoia a análise do movimento do corpo
lidade podem ser causadas pela ativação e/ ou sensibilização
newtoniano, caracterizado pelo fenómeno de alavancas. Neste
de nociceptores periféricos por substâncias endógenas (Mense,
modelo, as miofibrilas organizadas em série são motores inde-
2011). A presença de terminações nervosas (sensoriais) livres
pendentes que permitem aproximar os extremos miotendinosos
na matriz colágena de tecido conjuntivo não especializado, prin-
ou mioaponevróticos, provocando, desta forma, o movimento.
cipalmente fibras A e / ou C (Corey, 2011) revela a possibilidade
No entanto, a descoberta da ultra-estrutura e mecano-biologia
de que o tecido fascial seja um elemento importante da resposta
da unidade sarcomeral, moldaram um novo modelo de miofibri-
à dor. Estudos sobre a inervação da fáscia toracolombar huma-
las “incorporadas” dentro de uma matriz extracelular (MEC) que
na revelaram a sua inervação substancial (Taguchi, Hoheisel &
participam no fenómeno contráctil (Gillies , 2011).
Mense, 2009). Recentemente, Von Tesarz et al. (2011) desco-
O encurtamento das miofibrilas exerce forças multidirecionais briram que a maioria das fibras nervosas são encontradas no
dentro de uma rede fascial (endomísio, perimísio e epimísio) or- nível superficial do CTF e na fáscia superficial, enquanto que as
ganizados sob os princípios da tensegridade (Gillies 2011, Pur- fibras nervosas no nível intermediário são escassas. Paralela-
slow, 2010, Hujing, 2007). A maioria destas forças destinam-se mente, na fáscia superficial foram encontradas fibras nervosas
à junção miotendinosa, no entanto, cerca de 30%, atuam sobre que acompanham os vasos sanguíneos. A localização da maio-
as vias de transmissão laterais, como fica demonstrado, por ria das fibras ao redor dos vasos sanguíneos sugere que, pelo
exemplo, na expansão aponevrótica do bíceps braquial sobre menos uma parte deles, são fibras vasomotoras que, após a
o antebraço (Eames et al. 2007) ou na continuidade da fáscia ativação, podem causar dor de tipo isquémico (von Tesarz et
peitoral com a braquial (Stecco, 2008), ou seja, são vias para- al., 2011).
lelas ao tendão (Chi-Zhang, Gao, 2012, Huijing, 2007, Yaman
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Academy.
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Academy.
Andrzej Pilat
––––
Fisioterapeuta, Especialista e Pós-
-graduado em Terapia Manual.
Professor titular na Universidade
Autónoma de Madrid e em Pós-
-graduações em Terapia Manual e
Terapia Miofascial em várias univer-
sidades na Europa e América.
Criador do método de Indução
Miofascial. Autor do livro Inducción
Miofascial (2003). Co-autor de livros
e artigos sobre a Terapia Manual.
Diretor da Escuela de Terapias
Miofasciales Tupimek, Madrid.
Membro fundador da Fascia Rese-
arch Society. Dedica-se também à
investigação da anatomia fascial.
Presença assídua em numerosos
congressos por todo o mundo.
Formador reconhecido internacio-
nalmente e Formador Bwizer do
curso Indução Miofascial
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Grupo Vitalino
Vitalino Vitalmédica Vitagnosis Vitalcare Vitalsénior
Vitalino Vitalmédica Vitagnosis Vitalcare Vitalsénior
GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO
GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO
O Cliente usufrui de um parceiro de qualidade, especializado nas diferentes áreas médicas, repartidas da seguinte forma pelas
marcas do Grupo:
Rua das Tulipas, 160 - 170 4510-679 Fânzeres (GDM) tel 22 466 48 80 fax 22 483 22 02 email geral@grupovitalino.pt web www.grupovitalino.pt
Academy.
Anterioridades Torácicas
e Dor
____ Cervical
João Tedim
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Academy.
Imagem 1 e 2
Postura relacionada com atividade
desportiva numa bailarina, que
apresenta anterioridade torácica e
apagamento da cifose dorsal.
As causas mais frequentes das anterioridades torácicas são: Nestes casos considero ser importante reajustar as metas e
(Blinder, 2007, Binder, 2008, Ricard, 2008, Cohen e Hooten, objetivos do tratamento, tal como:
2017, Kaya e Celenay, 2017) • Normalizar a mobilidade das vértebras torácicas altas
• Tensão anterior com origem nas fáscias torácicas profundas, • Promover a normalização da cifose dorsal alta
pleuras, pericárdio, ligamentos vertebro-pericárdicos
• Diminuir os espasmos musculares torácicos e cervicais
• Posturas inadequadas ou erradas, ou ainda decorrentes do
exercício (bailarinas, ginastas...) • Diminuir as tensões fasciais torácicas e cervicais
• Por ser uma zona somato-emocional • Reeducar funcionalmente a relação entre os segmentos torá-
cicos e cervicais
• Tensão meníngea (dura máter)
• Whiplash com impacto posterior
Para atingir essas metas, é fundamental a aplicação de técni-
• Predisposição genética para essa postura cas de tratamento para:
Relação das anterioridades torácicas com a dor cervical: (Kaya • Aumento da mobilidade articular nos segmentos que apre-
e Celenay, 2017) sentarem restrição da mobilidade (técnicas de manipulação
• O apagamento da cifose dorsal provoca uma alteração do eixo articular, técnicas de mobilização passiva e acessória, técnicas
biomecânico das articulações entre as vértebras cervicais combinadas)
• Os finais de movimento cervical são dependentes e da res- • Normalizar os elementos musculares (técnicas de alongamen-
ponsabilidade das vértebras torácicas altas, sendo que uma to, de inibição, de energia muscular, de pontos gatilho, etc.)
hipomobilidade torácica gera uma hipermobilidade compensa- • Normalizar as tensões fasciais (técnicas indução miofascial,
tória na coluna cervical manipulação da fáscia, etc.)
• Esta compensação provoca uma tensão muscular e fascial au- • Reeducação funcional (treino proprioceptivo, funcional, reforço
mentada, e ainda um stress mecânico e consequente desgaste muscular, etc.)
precoce sobre os elementos articulares, que gera dor de origem
miofascial e/ou articular (ligamentos, cápsula articular, disco A variabilidade das técnicas que se podem aplicar é imensa, as
intervertebral) alternativas são variadas e todas as abordagens serão adequa-
das se tiverem como propósito atingirem as metas de tratamen-
to definidas por um diagnóstico preciso e um raciocínio clínico
correto.
10.
Academy.
Imagem 3 e 4
Paciente com zona plana de
retificação da cifose torácica,
com perda de mobilidade
desse segmento.
–––––
Caso clínico:
Para dar um exemplo do que foi abordado, descrevo o caso de um paciente
que recorreu ao tratamento por dor cervical intensa, limitativa nas suas AVD’s,
sobretudo no final do dia. O paciente apresentava sobretudo limitação da fle-
xão cervical acompanhada de dor.
Os sintomas existiam há cerca de um ano, mas a dor tornou-se mais incapaci-
tante após acidente de viação, com impacto posterior.
Na avaliação, o paciente apresentava dor à palpação na musculatura cervical, João Tedim
rigidez na região torácica superior, retificação da cifose torácica alta e anterio- ––––
ridade bilateral dos níveis de T1 a T6. Fisioterapeuta e Osteopatia (EOM).
Master en Técnicas Osteopáticas
Neste paciente, após o aumento da mobilidade dos níveis de T1 a T6, e pro- del Aparato Locomotor (EOM) e
movendo o aumento da curvatura cifótica dessa região, juntamente com a apli- Certificate in Orthopaedic Manual
cação de técnicas de relaxamento da musculatura torácica e cervical, verifi- Therapy (Manual Concepts,
cou-se uma melhoria da mobilidade cervical e diminuição da sensação de dor. Austrália).
Docente da Licenciatura em
Fisioterapia da UFP e formador
––––– Bwizer em “Diagnóstico
Conclusão Avançado em Terapia Manual”
e “Terapia Sacro-craniana para
Não pretendo transmitir que esta é a causa única para a dor cervical, uma Fisioterapeutas”.
vez que a etiologia é frequentemente multifatorial. De qualquer modo, é uma Fisioterapeuta e Osteopata
situação que observo diariamente e que considero ser uma das causas mais da Clínica de Fisioterapia e
frequentes e que verifico ser fundamental no tratamento dos pacientes com Recuperação da Maia, da
estes sintomas. Fisiomanual e da equipa de andebol
Maiastars.
Dentro do conceito de globalidade na avaliação do paciente, este é apenas
um exemplo que é muito frequente e que espero que venha a contribuir para
um melhor sucesso na abordagem dos fisioterapeutas no tratamento não só
das cervicalgias, mas das várias situações que nos surgem diariamente. Serve
também como um apelo para olharmos para o nosso paciente como um todo,
como um ser global e não um sintoma.
Referências .................. p.34
11.
Academy.
Fisioterapia e Envelhecimento:
Exercício Físico Terapêutico
____
Pedro Rebelo
12.
Academy.
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Academy.
A expressão punção seca (PS) corres- (Simons, Travell & Simons, 2002). De mediante o tratamento dos PGM relevan-
ponde à tradução do termo inglês dry acordo com esta hipótese, os PGM são tes para esse SDM, e uma segunda, em
needling e consiste na introdução atra- pequenas contraturas causadas por dis- que tentam controlar e eliminar todos os
-vés da pele, de diferentes tipos de agu- funções da placa motora, capazes de fatores etiológicos e perpetuantes dos
lhas, sem a injeção nem a extração de causar tensão na banda onde se locali- PGM (Gerwin, 2005). A PS tem demons-
substâncias ou fluidos, usando somente o zam. Estas disfunções caraterizam-se trado ser eficaz no tratamento do PGM,
estímulo mecânico da agulha e dos efeitos por uma excessiva atividade da acetilco- no qual, como referido anteriormente,
que este provoca no sujeito, com o objetivo lina, que pode dever-se a diferentes pro- apenas representa a primeira fase do
de tratar diferentes patologias (Mayoral blemas ao nível pré-sináptico, sináptico e tratamento do SDM (Mayoral & Salvat,
& Salvat, 2016). pós-sináptico. A tensão criada pelas con- 2016), uma parte essencial, mas frequen-
Apesar de serem cada vez as indicações traturas dos sarcómeros causa hipoxia e temente insuficiente, principalmente nos
terapêuticas (Mayoral, 2012), o Síndrome sofrimento local dos tecidos, um aumen- casos crónicos.
Doloroso Miofascial (SDM) constitui o seu to da acidez, um aumento de libertação
principal campo de atuação (Mayoral, e acumulação de múltiplas substâncias
sensibilizantes e nociceptivas (Shah et al, Os PGM constituem um claro
2012) (Simons, Travell & Simons, 2002).
2005), responsáveis pela sensibilização exemplo de um fenómeno que se
O SDM define-se como um conjunto de
sinais e sintomas causados pelos Pontos periférica, numa primeira fase, com dor auto perpetua
Gatilho Miofascial (PGM) (Simons, Travell local do PGM, seguida de uma sensiti-
& Simons, 2002). Quando se diagnostica zação central da dor referida caracterís-
tica do PGM (Mense, Simons & Russell, Existem várias modalidades de PS para o
um SDM deve-se especificar o músculo,
2001). De acordo com esta hipótese, os tratamento dos PGM, que podem classi-
o grupo muscular ou a região anatómi-
PGM constituem um claro exemplo de um ficar-se de diversas maneiras atendendo
ca onde se encontram os PGM. O PGM
fenómeno que se auto perpetua (Venan- a diferentes critérios, sendo o critério da
define-se, clinicamente, como um foco
cio, Alencar & Zamperini, 2008) (DiLoren- profundidade o mais utilizado. De acordo
híper irritável situado numa banda tensa
zo et al, 2004), independentemente se com este critério, as diferentes moda-
de fibras musculares, que quando com-
as causas que os originaram se mantêm -lidades da PS podem classificar-se em
primido mecanicamente desencadeia
(Simons, Travell & Simons, 2002). duas categorias (Mayoral & Salvat,
hiperalgesia e frequentemente alodinia,
2016):
podendo referir outros sintomas ou sinais Isto complica a tarefa de desativar ou eli-
como dor referida, disfunções motoras e minar os PGM e explica que a técnica de • Técnicas de PS superficiais (PSS), na
disfunções autonómicas (Simons, Travell PS, seja mais eficaz que os tratamentos qual a agulha não contacta com o PGM
& Simons, 2002). conservadores (Cagnie et al, 2015). Esta e contacta apenas com os tecidos que o
tendência de autoperpetuação também recobrem.
Atualmente, a hipótese etiopatogénica
mais aceite sobre a natureza dos PGM apoia a ideia de que o tratamento do • Técnicas de PS profundas (PSP), na
é conhecida como hipótese integrada, SDM deve ser realizado em duas fases qual a agulha atravessa o PGM.
formulada por David Simons em 1996 (Mayoral & Salvat, 2016). Numa primeira
Desvaloriza-se a importância do diagnós-
(Simons, 1996) e difundida posteriormente fase, onde o objetivo é controlar a dor
tico exato e preciso dos PGM e do SDM
14.
Academy.
(Mayoral & Salvat, 2016) para conseguir fascite plantar (Cotchett, Munteanu & eficácia tem vindo a ser confirmada em
que a PS seja eficaz. Um dos primeiros Landorf, 2014) , disfunção temporoman- numerosos estudos.
a descrever a efetividade das punções dibular (González-Pérez et al, 2012), cef-
sem infiltração foi Steinbrocker (1994) aleias tensionais (Karakurum et al, 2001),
para o tratamento da dor (Steinbrocker, cefaleias crónicas (Issa, Huijbregts, 2006). Referências .................. p.34
1987); desde então têm vindo a ser pu- Nos últimos anos tem-se observado uma
blicados numerosos trabalhos que ex- importante alteração nas conclusões das
põem a eficácia da PS. Alguns estudos numerosas revisões sistemáticas publi-
demonstraram que a eficácia da PSP é cadas, na qual se conclui que a evidência
similar à infiltração de substâncias para clinica sobre a eficácia da PS é alta, no
o tratamento dos PGM (Garvey, Marks & entanto torna-se necessária mais investi-
Wiesel, 1989) (Ga et al, 2007) (Venancio, gação de qualidade, com uma maior uni-
Alencar & Zamperini, 2008). Mais recen- formidade nas técnicas de PS utilizadas.
temente, as revisões sistemáticas sobre
a eficácia da PS chegam sempre às mes- Existem estudos eletromiográficos que
mas conclusões. demonstram que esta técnica é capaz
de inibir o ruído da placa motora nas
Cummings & White, na sua revisão sis- zonas tratadas, sendo a presença deste
temática (Cummings, 2001), concluíram considerado um dos dados que confirma
que a punção direta dos PGM parece um a existência de PGM (Couppé C et al, Luis Nascimento
tratamento eficaz, afirmando, no entanto, 2001). Shah et al. (2005) demonstraram
que são necessários estudos controlados ––––
que a resposta de espasmo local (REL)
para investigar se a PS tem uma eficá- provocado pela PS provoca diminuição Fisioterapeuta, Osteopata (EOM)
cia superior ao placebo nos casos de dor e mestrando em Ciências da
de concentração de substâncias noci- Fisioterapia na FMH.
dos PGM. Outras revisões sistemáticas ceptivas e sensibilizantes existentes na
posteriores chegam a conclusões seme- Professor convidado da ESSLei nas
zona do PGM, que pode explicar que a licenciaturas de Fisioterapia, Terapia
lhantes (Furlan et al, 2005) (Tough et al, PS provoque um alivio da dor imediato
2009). Apesar de ser necessário mais Ocupacional e Pós-Graduação em
(Mayoral & Salvat, 2016). A PS é uma Terapia da Mão. Formador Bwizer
investigação, diferentes estudos têm de- técnica que permite diminuir o efeito de no curso “Trigger Points”.
monstrado a eficácia da PS na SDM no sensibilização central relacionado com
ombro (Calvo-Lobo et al, 2016), ombro Foi FT na equipa Profissional
os PGM, induzindo claros efeitos antino- de Futsal do SLB e, atualmente,
doloroso hemiparético (DiLorenzo et al, ciceptivos mediados segmentariamente na equipa de Futebol de Praia
2004), conflito subacromial, cervicobra- (Srbely et al, 2010). A PS é uma moda- do SCP e equipa de Futebol
quialgias (Hsieh et al, 2007), lombalgia lidade de tratamento relativamente nova, Profissional da UDLeiria. Sócio
(Gunn CC et al, 1980), radiculopatias Gerente e prática na clinica na
usada por Fisioterapeutas em todo o
cervicais e lombares (Chu J., 2000), dor Physioclem, especialmente na área
mundo. É minimamente invasiva, barata, da Terapia Manual e/ou Fisioterapia
anterior no joelho (Naslund et al, 2002), fácil de aprender e de baixo risco e a sua Desportiva.
15.
Academy.
Muitos de nós já fomos interrogados com Ao longo da gravidez o corpo da mulher mudanças, suportando o peso adicional
esta questão durante a nossa prática clí- sofre alterações hormonais através de do bebé e do útero; e superiormente, en-
nica, ou simplesmente em conversas de progesterona, estrogénios e relaxina que contramos um diafragma encurtado na
amigos “grávidos”. proporcionam uma maior laxidão muscu- sua excursão abdominal.
Nos encontros de pais, de preparação lo-articular. Algumas situações e contextos particula-
do nascimento, vulgarmente conhecidos res agravam este equilíbrio corporal:
por preparação do parto, várias mulheres o crescimento repentino da barriga/ cres-
questionam a necessidade de utilização O mito de que é obrigatório a
cimento uterino (geralmente entre o 4º e
da cinta abdominal durante os 9 meses e utilização de cinta abdominal 6º mês de gestação e na segunda parte
no período pós-parto. e que esta é uma peça do 3º trimestre quando o útero volta a
No período pré-natal, quando optamos imprescindível do enxoval da Mãe mover-se descendo na cavidade abdo-
por comprar alguma peça do vestuário é o mesmo que dizer que todos os minal), posturas laborais sedentárias ou
extra, é com certeza com a utilidade que bebés precisam de chucha! posturas de demasiada descarga vertical
a mesma possa ir de encontro com as (profissões de pé comerciais ou de cons-
fantasias de vestir roupa pré mamã! Na tante deslocação em transportes com vi-
verdade, o mito de que é obrigatório a uti- bração) associados a uma rotina familiar
A parede abdominal modifica-se pro-
lização de cinta abdominal e que esta é (como o cuidar de outro filho mais peque-
gressivamente, tal como a malha de um
uma peça imprescindível do enxoval da no) fisicamente exigente.
pulôver, a par do crescimento do útero e
Mãe é o mesmo que dizer que todos os Face a estas mudanças que, por vezes,
do bebé. Por curiosidade o tamanho do
bebés precisam de chucha! trazem o aparecimento de queixas na co-
útero passa de 50g (tamanho correspon-
Para tomar uma decisão é necessário sa- dente a metade de um hambúrguer) para luna, o mais rápido é comprar uma cinta
bermos observar o corpo, compreender cerca de 1kg no final da gravidez. A cin- no virar da esquina! Um engano tipo ”fast
as mudanças fisiológicas e avaliar as di- tura pélvica adapta-se com uma báscula fit” onde estaremos a “adormecer” toda
ferentes estratégias de resolução/suporte predominantemente anterior, a região a consciência postural dinâmica e promo-
com a Mulher grávida. lombar acentua a sua lordose, assim veremos falsos suportes, feitos de 100%
O Fisioterapeuta é, sem dúvida, um dos como as restantes curvaturas fisiológicas licra e algodão!
profissionais de saúde que pode ajudar o da coluna sofrem uma resposta adaptati- A mulher vem “equipada de série” para
casal a compreender esta dinâmica pos- va de forma a redistribuir o peso/postura poder usar a sua cinta natural, só precisa
tura/ equilíbrio de forma a atingir conforto que a grávida vai adquirindo. Inferiormen- de uma pequena ajuda do profissional de
com segurança fisiológica. te, o pavimento pélvico acompanha estas saúde: Fisioterapeutas com competên-
16.
Academy.
17.
Academy.
A artrose
____ também corre!
Tiago Freitas
Vivemos numa Era de mudança de paradigma na saúde e parte saber o que já era óbvio que existisse (uma vez que o processo
dessa mudança passa por olharmos a pessoa como um ser fun- de osteoartrose é progressivo e, diga-se de passagem, NATU-
cional, dotada de uma capacidade de movimento. Habitualmen- RAL no ser humano) e ao questionar que soluções existem, as
te movemo-nos por duas razões básicas: por prazer ou para respostas irão vaguear entre 1. terá que (con)viver com esse
cumprir um determinado objetivo, sendo que em nenhuma das problema para o resto da vida; 2. Terá que fazer uma cirurgia e
situações pensamos nesse movimento. Por outras palavras, se colocar de imediato uma prótese; 3. Pode tentar Fisioterapia, ou
eu tiver sede, alcanço um copo, encho-o de água e levo-o até à quaisquer outras terapias que considere convidativas. Ou seja,
boca, já imaginando a sensação da água a matar a sede. Con- foi dado um diagnóstico de um problema “inalterável”, foi dado
tudo, em nenhum momento, pensamos que existe um ombro um rótulo e este funcionará mais ou menos como colocar um
ou um braço ou uma mão que irão desencadear uma tarefa. “menino nos braços”, sem que se saiba o que fazer.
Portanto, o movimento acontece e ponto final.
Quando sentimos dor, o movimento fica condicionado, pois,
Quando sentimos dor, o movimento fica condicionado,
antes mesmo de iniciarmos a tarefa, o nosso cérebro pensa
“será que vai doer?” ou “se calhar, é melhor não me mexer...” pois, antes mesmo de iniciarmos a tarefa, o nosso
e, nesse momento, todo o processo natural da funcionalidade cérebro pensa “será que vai doer?” ou “se calhar, é
humana fica alterado, pois a dor tomou as rédeas do próprio melhor não me mexer”
pensamento e, consequentemente, do comportamento.
Enquanto Fisioterapeuta, preocupo-me com a pessoa, mais do
Mas, como disse anteriormente, mais do que observar joelhos
que com o segmento estrutural e, por conseguinte, preocupo-
ou costas, gosto de observar pessoas e procurar compreender
-me com a forma como poderei guiar o processo de devolver
qual a melhor forma de devolver a confiança para o movimento,
a confiança para o movimento, mais do que em “curar”, de
em cada caso. Escrevo “observar”, porque é de facto o mais im-
forma mais ou menos milagrosa, qualquer diagnóstico estrutu-
portante, pois, para umas pessoas, o exame complementar de
ral inalterável. É aqui que surge parte do problema na Saúde.
diagnóstico poderá ser tranquilizante (“agora já sei o que tenho
Existe uma tendência de querer saber que diagnóstico estará
e posso ficar descansado”), mas para a maioria tem o efeito
por detrás das dores sentidas (porque no pensamento comum,
contrário (“agora já sei o que tenho e não há solução”), desen-
cada dor tem a sua lesão associada). Existe uma necessidade
cadeando-se todo um ciclo de preocupações, pensamentos
egocêntrica de ser o senhor do diagnóstico e normalmente é
destrutivos e em cascata, quanto ao impacto no trabalho e na
aqui que o “caldo se entorna”.
vida em geral, medo do movimento, perda de prazer e satisfa-
Erradamente, os sintomas são sempre associados aos ção associada à atividade.
achados imagiológicos do Rx ou da Ressonância Magnética
Resumindo, existem dois desafios a vencer: o excesso de
mas, na verdade, não o poderemos afirmar, pois há muito que
exames de diagnóstico fornece “rótulos” que se “colam como
tais alterações estruturais poderão existir, sem que existissem
lapas” à forma como as pessoas pensam e se comportam
quaisquer sintomas. Por exemplo, uma pessoa com dores no
perante o movimento (restringindo-o) e promovem a crença de
joelho e que realize um Rx aos 75 anos, sendo dada a notícia
que as queixas sentidas advêm obrigatoriamente das altera-
de que tem uma gonartrose (osteoartrose no joelho) ficará a
ções encontradas nos exames. Do ponto de vista da compreen-
18.
Academy.
são dos fenómenos associados à dor, nenhum dos cenários faz sentido, pois milhões
de pessoas sofrem de dores sem que existam alterações significativas nos exames
(situações de dor crónica) e milhões de pessoas apresentam alterações degenerativas
nos joelhos, no Rx, sem apresentarem quaisquer sintomas associados (i.e. maratonis-
ta mais idosa do mundo, Harriette Thompson, continua a realizar provas de fundo, aos
92 anos). Ainda, o foco no “rótulo” inalterável impede que a natureza do movimento
humano se imponha, pois se existe um certo “mal” e se não existe “cura”, o único
caminho será ter dor, evitar o movimento e sofrer.
A mudança de paradigma passa por adquirir hábitos saudáveis (alimentares, sono,
Tiago Freitas
controlo de stresse, pessoas e contextos, etc.) e explorar todas as formas de mo-
vimento com cada pessoa, específico para cada pessoa, independentemente do ––––
diagnóstico (mais ou menos alterável). Por outras palavras, é fundamental orientar a Fisioterapeuta e Mestre em
Fisioterapia na especialidade
Músculo-esquelética
Se soubermos orientar adequadamente cada ser humano, poderemos Docente da CESPU-IP Saúde do
“fortalecer” as sinapses do movimento e “normalizar” as sinapses da dor, Norte desde 2016 e Docente da
ESS Alcoitão na Licenciatura e
do medo e da ansiedade. Mestrado em Fisioterapia (2007-
2015). Formador em diferentes
áreas de intervenção na FT.
neuro-plasticidade no sentido do movimento sem dor e, se possível, que proporcione Formador Bwizer em “Intervenção
prazer. É importante pensarmos nas implicações neuro-imunológicas desencadeadas do Fisioterapeuta na Dor Crónica”
perante uma exposição gradual ao movimento, desde a diminuição da concentração Fisioterapeuta responsável na
de proteínas pró-inflamatórias ao nível local e sistémico, à diminuição subsequente equipa Atlético Voleibol Clube de
da excitabilidade neural periférica (sensibilização periférica), diminuição dos fenóme- Vila Nova de Famalicão. Fundador
nos de sensibilização central (diminuição da atividade da microglia no corno posterior e Diretor Técnico do Gabinete de
da medula e córtex) e restabelecimento de sistemas descendentes de modulação da Fisioterapia NeuroDor, Vila Nova de
dor, via endorfinas. Um dos milagres da neurociência diz respeito à aprendizagem, Famalicão.
influenciando a forma como as sinapses se comportam, nomeadamente aproximan-
do-se com a repetição do estímulo. Se soubermos orientar adequadamente cada ser
humano, poderemos “fortalecer” as sinapses do movimento e “normalizar” as sinapses
da dor, do medo e da ansiedade perante o problema.
O excesso de prescrição de exames imagiológicos e a relevância clínica atribuída po-
derão estar a condicionar o cérebro humano na forma como este encara o processo de
envelhecimento, natural, bonito e parte integrante da vida. O elixir da juventude não
será, porventura, o desejo de nunca envelhecer mas, antes, a habilidade de investir
num sistema músculo-esquelético que permita a função, que se ajuste às adaptações
dos anos que passam e que se expõe ao movimento de forma saudável e harmoniosa.
Numa grande maioria dos casos, o problema não está em sabermos o “estado” dos
nossos ossos ou articulações (através do Rx), mas na associação que se estabelece
entre a imagem e o quadro clínico. Mais importante do que a fixação pelo diagnóstico
imagiológico, é a integração de uma vida ativa, dinâmica e autossustentada.
A dor surge por um conjunto de mecanismos de proteção do sistema nervoso, asso-
ciada à inflamação, ao espasmo muscular protetivo, à alteração do padrão de recruta-
mento motor, alterações das crenças e cognições e medo ou evitamento do movimen-
to. Neste sentido, se dominarmos os sistemas de proteção, as reações fisiológicas
de defesa irão diminuir e estaremos a controlar a dor, mesmo que o bendito do Rx
ainda revele alterações. Gosto de pensar nestas alterações como troféus de uma vida
em movimento!
19.
Academy.
As lombalgias são uma das principais • Cápsulo-ligamentar - a dor é transmiti- tecido conjuntivo, que tem uma aparência
causas de limitação funcional da socie- da pelas terminações nervosas livres, em semelhante à de uma teia de aranha ou
dade. As dores, a limitação na realização caso de trações e torções de uma camisola de malha, sendo uma
das tarefas diárias, o absentismo laboral • Muscular - o espasmo causa uma is- estrutura contínua que existe da cabeça
e a forma como estes fatores influenciam quemia que provoca uma dor profunda e aos pés sem interrupção. Na base da sua
o paciente e todos os que o rodeiam, le- difusa fisiologia e biomecânica, a fáscia apre-
vam ao aparecimento de novos sintomas senta três propriedades que definem a
• Referida – a dissociação topográfica
que merecem a atenção e a avaliação sua ação e, por outro lado, o tipo de inter-
faz-se entre dois territórios anatómicos
dos profissionais de saúde. venção dentro das técnicas miofasciais:
distintos cuja inervação é feita por ra-
A abordagem no local da dor nem sempre mos nervosos distintos. Esta dissociação a Tensegridade, a Piezoeletricidade e o
se revela eficaz, já que a causa da lom- entre a zona de referência e o local da Tixotropismo.
balgia pode não estar na região lombar. manifestação tecidular é explicada por
Este artigo tenta alertar para esse facto, uma relação metamérica e uma diferen- –––––
bem como demonstrar, através de casos ciação anatómica entre o dermátomo, o
clínicos, a eficácia das Terapias Miofas- angiótomo, o miótomo, o enterótomo e o Casos clínicos
ciais no tratamento de lombalgias. esclerótomo. Para determinar o papel das Terapias
Um dos erros frequentes é “seguir a dor”, Miofasciais no tratamento de lombalgias
focando a atenção no local da mesma. utilizou-se uma amostra composta por
––––– 120 pessoas (pacientes reais) de ambos
Mais à frente, vou expor os dados da
A dor e as Terapias Miofasciais intervenção com alguns dos pacientes sexos (54 do sexo feminino e 66 do sexo
no tratamento de lombalgias que chegaram à minha consulta com um masculino), com idades compreendidas
quadro clínico de lombalgia, e que fica- entre os 21 e 68 anos e que apresenta-
As mensagens de dor são transmitidas vam um quadro clínico de lombalgia.
a partir de elementos sensitivos dos ram assintomáticos após serem subme-
diferentes tecidos aos centros superio- tidos a tratamento miofascial baseado Após uma cuidada anamnese, verificou-
res através das vias exterocetivas. De numa anamnese holística e focada na -se que estas lombalgias tinham etiolo-
salientar que quando falamos em dor, determinação da causa da lombalgia. gias bem distintas. As lombalgias eram
podemos estar perante vários tipos: Contudo, antes de falarmos de tratamento causadas por disfunções lombares, claro,
miofascial temos de recordar que a fáscia mas também viscerais, cranianas, bacia,
• Óssea e sinovial - artrose, artrite, es-
é um sistema especializado, formada por pés, ATM, osso hióide e emocionais.
pondilite
20.
Academy.
Todas as 120 pessoas foram tratadas apenas com Terapias Miofasciais e ficaram as-
sintomáticos entre 1 e 4 sessões. O objetivo foi tentar demonstrar, não só a eficácia
das Terapias Miofasciais no tratamento de lombalgias, mas também determinar di-
ferentes etiologias deste quadro clínico tão vulgar e que afeta a população de uma
forma transversal não olhando a idade, estrato social ou profissão. O quadro seguinte
apresenta os principais resultados.
ETIOLOGIA Nº DE TÉCNICA
PACIENTES UTILIZADA
Alexandre Novais
Intestino 40 Plano transverso
––––
Deslizamento transverso
Fisioterapeuta e Osteoetiopata.
Ilíaco 34 Plano transverso Pós-graduado em Terapias
Mãos cruzadas Miofasciais (Nível 1 e 2) e em
Hidroterapia. Formação Básica
Téc. quadrado lombar e Avançado de Terapia Bowen
Lombar 30 Plano transverso (ISBT®) e em Western Medical
Acupuncture.
Mãos cruzadas
Formador Bwizer em “Terapias
Téc. quadrado lombar Miofasciais” e “Fisioterapia
Deslizamento Transverso Aquática”. Preletor em vários
Deslizamento Longitudinal eventos.
Parietal 3 Téc. craneanas Experiência em contexto
hospitalar e privado. Fundador
Pé 3 Téc. fáscia plantar e Fisioterapeuta no gabinete
Deslizamento Transverso “Dr. Alexandre Novais - terapias
manuais
Deslizamento Longitudinal
Esfenoide 2 Téc. craneanas
Psoas 2 Plano Transverso
Deslizamento Transverso
Mãos Cruzadas
Emocional 2 Terapia sacrocraneana
Diafragma 1 Plano transverso
Deslizamento transverso
Deslizamento longitudinal
21.
À conversa com...
À conversa com
Marco
____ Clemente
Quem é o Marco Clemente? Quando e por que razão decidiu apostar na prática
Falar de nós mesmos nem sempre é uma tarefa fácil, mas darei privada?
o meu melhor. Sou cuidador, tranquilo, amigo, racional, homem Também está no meu ADN. Sou empreendedor. Uma semana
de família. Tenho sempre muitas ideias. Umas ponho em práti- depois de ter terminado o curso, já estava a abrir o meu pri-
ca, outras aguardam o momento certo, mas gosto sempre de meiro gabinete, com o meu amigo Nuno. Nunca mais larguei
as partilhar. São também os desafios que me movem. Sou um o privado. No entanto, o meu sonho cumpriu-se quando abri a
apaixonado pela vida, pelo que me rodeia e, especialmente, minha clínica. A Physioclem é, assim, um sonho tornado real,
pelas pessoas. O facto de ouvir e de tratar pessoas levou-me que cresceu para Leiria, Caldas da Rainha, Torres Vedras e,
a pensar mais sobre a vida. E os meus filhos são os meus dia- por último, Ourém, além da sua primeira “casa” em Alcobaça.
mantes. Inicialmente, o objetivo era crescer para diferentes lugares do
Como surgiu a Fisioterapia na sua vida? país, hoje percebo que teria de deixar de ser fisioterapeuta para
ser gestor. Apesar de adorar a gestão, esta não é de todo a
Ser fisioterapeuta, é algo que está no meu ADN. Lembro-me de minha vontade. Quero passar o meu tempo a tratar. Se crescer
fazer massagens ao meu pai, ainda muito pequenino. Gostava é no sentido de cuidar de mais pessoas, dando continuidade
de tratar com as mãos, mas não tinha ideia em que profissão se ao trabalho que desenvolvemos e ter mais pessoas envolvidas
poderia transformar. Um dia fui ter com a psicóloga da escola e no projeto, é isso que quero, não com o objetivo de ter mais
partilhei esta minha paixão. Foi quando ouvi falar de fisioterapia. lucro. Gostava muito de ter uma equipa de investigação e esta-
Entrei na escola que queria, na primeira e única opção. É uma mos a trabalhar para isso. O grupo de profissionais que forma a
profissão extraordinária para crescer enquanto pessoa. Cuidar, Physioclem é de excelência.
leva-nos a dar muito de nós. Recebemos muito; talvez, mais até
do que se dê. Durante algum tempo foi docente Escola Superior de
Saúde do Alcoitão e ainda hoje está ligado ao ensino
Fale-nos um pouco do seu percurso académico e
como orientador de estágio – que papel tem esta vertente
profissional.
na sua carreira?
A Escola Superior de Saúde do Alcoitão ajudou a tornar-me na
Sempre gostei de partilhar o que fui aprendendo, quer com a
pessoa que sou hoje, não só pelo que aprendi, como também
formação pós-graduada, quer com a experiência clínica. No en-
pelas pessoas que tive a oportunidade de conhecer, especial-
tanto, o ensino em sala de aula não é o que mais me alicia. Pre-
mente a minha mulher, também fisioterapeuta. Foram anos
firo partilhar os conhecimentos em contexto clínico, de um para
inesquecíveis e que definiram o meu trajeto. Quando entrei era
um, razão pelo qual optei por não seguir a carreira da docência.
um rapaz introvertido, algo que mudou porque surgiam muitas
ideias e sentia necessidade de as pôr em prática. Inicialmen- Marco, consegue identificar os 3 fatores críticos do seu
te, a associação de estudantes e, mais tarde, a Associação sucesso?
Portuguesa de Fisioterapeutas, ajudaram-me nesta concretiza- Visão: Ter ideias, perspetivá-las e imaginar a sua evolução e
ção. Terminada a licenciatura, e depois de alguns anos a viver implicações. O germinar dos frutos é o meu ponto forte. Dá-me
e a trabalhar em Lisboa, mudei-me para Alcobaça, onde abri a prazer sonhar com as ideias e fazê-las crescer.
primeira clínica Physioclem.
22.
À conversa com...
Resiliência: Depois de ter a ideia e de a construir mentalmen- nefícios serão significativos. Estudos recentes já o demonstram.
te, é essencial vencer as barreiras que se vão colocando no
Os últimos anos têm trazido mudanças grandes na
caminho, encontrando as soluções. Sou persistente na missão
prática e carreira dos Fisioterapeutas. Na sua opinião, e
de levar por diante o sonho. Tenho a energia suficiente para o
arranque dos projetos, porque me dá um enorme prazer vê-los olhando especialmente para os últimos 10 anos, o que
nascer e crescer. mudou no que diz respeito ao trato com os pacientes, e
para onde pensa que caminhará?
Otimismo: Por natureza, sou otimista. Acredito sempre que vai
correr bem. Se surgirem adversidades, vejo-as como oportuni- A fisioterapia tem vindo a evoluir no sentido de cada vez mais
dades de aprendizagem. se prestarem os cuidados em pequenas clínicas, um pouco à
semelhança do que acontece na Medicina Dentária. Esta evolu-
Quais os seus planos para o futuro? Há algum projeto ção responsabiliza mais os fisioterapeutas, obriga a uma maior
que tenha deixado pendente e que gostasse de concluir? autonomia e com isso empurra para a necessidade de um gran-
O meu caminho passa por ajudar as pessoas, os meus utentes, de crescimento no conhecimento. Perante o problema, o fisio-
em todas as suas dimensões, razão pelo qual abdiquei da ideia terapeuta tem de reconhecer se tem a solução ou se esta pas-
inicial de ter clínicas espalhadas pelo país. Vejo-me a tratar pes- sa por reencaminhar o utente para um outro profissional mais
soas aos 80, com o carinho e a sabedoria que a maturidade me adequado. Esta evolução, que continuará, tem contribuído para
trará. O meu projeto é tocar vidas e, com isso, tocar na minha. o aumento da notoriedade dos fisioterapeutas. Gostaria muito
que, no futuro, a evolução passasse pela melhoria franca na
qualidade dos serviços, através da prestação de cuidados mais
Infelizmente, a Fisioterapia ainda não tem a qualidade eficientes. Isto consegue-se com muita formação e uma prática
que gostaria de ver, nem tem a notoriedade que merece. refletida, baseada na melhor evidência disponível. As escolas
de fisioterapia e as empresas de formação têm uma enorme re-
Também gosto muito do voluntariado, do apoio à comunida- levância na condução destes profissionais para uma fisioterapia
de. Ao longo dos anos, dediquei-me a diferentes causas. Nos de qualidade.
últimos 4 anos, tem sido a fisioterapia, com a organização do Lançámos recentemente uma nova área no nosso site,
congresso e desenvolvimento de uma série de ideias. O futuro apostada em disponibilizar conteúdo relevante, e que
talvez passe por voltar a dedicar-me à comunidade local, lu- se junta a todo o conteúdo que está já disponível na
tando por conseguir contribuir para que os portugueses sejam Internet. Pensa que o acesso à informação melhora o
pessoas mais felizes. nível de competência dos profissionais?
Se tivesse de eleger o momento mais marcante da sua Sem dúvida. O acesso à informação tem feito a grande diferença
carreia até ao momento, qual seria? na evolução do mundo, nestes últimos 20 anos. Atualmente, o
O sorriso e o obrigado de cada utente. Aquele abraço espon- acesso ao conhecimento é muito mais democrático. Recordo-me
tâneo, por ter feito a grande diferença. Estes “prémios” sobre- dos meus tempos de escola em que para aceder a um artigo
põem-se a qualquer reconhecimento profissional ou académico. tinha de o ir fotocopiar na biblioteca do hospital x ou y, demo-
Estudamos, investigamos, treinamos para conseguir ajudar a rando muito tempo. Hoje, acedo sem sair do meu gabinete e
solucionar, resolver os problemas daqueles que nos procuram. em segundos.
Por isso, a cada vez que conseguimos contribuir para resolver, Para terminar, o que espera deste X CNF e que
minimizar a situação é um prazer enorme. mensagem deixa aqueles que vão marcar presença neste
Como vê a Fisioterapia hoje? evento e o vão ver lá?
Infelizmente, a Fisioterapia ainda não tem a qualidade que gos- O Congresso é um reencontro de velhos, novos e bons amigos.
taria de ver, nem tem a notoriedade que merece. As equipas Será, como acontece desde 1986, uma experiência marcante,
multidisciplinares muitas vezes não se articulam e o utente sai enriquecedora, que une os fisioterapeutas em torno de objetivos
prejudicado. Temos de crescer no respeito entre os vários pro- comuns. Estamos juntos no afirmar de uma profissão que cons-
fissionais de saúde, reconhecendo o papel de cada um. Todos truímos, diariamente, com carinho, sempre em prol de quem
somos necessários, cada na sua área específica. O Fisiotera- nos procura. O Congresso Nacional de Fisioterapeutas é o reu-
peuta dispõe de conhecimento e de um saber fazer que em nir de sonhos, de vontades, de concretizações, de objetivos, de
muito contribui para uma sociedade mais saudável. Com fisiote- trabalho, de investigação, de saber.
rapeutas mais capazes, a saúde sairá menos onerosa e os be-
Open Science.
Só em Portugal, estima-se que mais de 70% da população já sofreu ou sofre com do-
res na coluna vertebral e que estas são responsáveis por cerca de 50% de absentismo
laboral, em indivíduos em idade adulta.
No resto do mundo o cenário não é diferente, sendo que segundo a OMS, 1 em 4
adultos e mais de 80% dos adolescentes não são ativos o suficiente, pelo que estão
em risco de desenvolver disfunções da coluna!
A lombalgia é uma das queixas mais frequentes dos pacientes/ clientes dos serviços
de saúde e exercício.
Curiosidade:
Sabia que um artigo do George Institute (Sidney) confirmou que a toma de anti-infla-
matórios para o controlo da dor lombar crónica é, em grande parte, ineficaz e que o
exercício apresenta melhores resultados, tanto a curto como a longo prazo, apontando
como modalidades com benefícios provados para estes indivíduos o Pilates.
Fonte: www.bwizer.com/academy
25.
Histórias de Sucesso.
Histórias de Sucesso
João
____ Francisco Almeida
João Francisco Almeida, é Fisioterapeuta, natural de Lisboa, Porque razão escolheu ser Fisioterapeuta?
licenciado em 2013 pela Escola Superior de Saúde do Alcoitão A Fisioterapia sempre esteve ligada ao deporto que eu prati-
(ESSA), é também Mestre em Fisioterapia no Desporto e na Re- quei. Aos 12 anos magoei-me com alguma gravidade num trei-
adaptação Física, pela Faculdade de Gimbernat em Barcelona, no e, na altura, quem me acompanhou foi o Raúl Oliveira, que
e concluiu o curso de Osteoetiopatia D.O.E, pela ATMS, a par é uma pessoa que prezo muito e que tenho como referência.
de outras formações onde se destacam Trigger Points, Fisiote- Tive oportunidade de estagiar com ele e [...] criou um bichinho
rapia Desportiva de Elite e Curso de Nutrição no Desporto. que ainda hoje se mantém e revejo-me em algumas coisas, em
A sua paixão pelo Desporto e pelo Movimento, a par da experi- particular na sua abordagem ao doente.
ência enquanto atleta de alta competição de Ginástica Artística,
Quando diz que é Fisioterapeuta, o que sente?
direcionou naturalmente o seu interesse e especialização nesta
área. Orgulho, acima de tudo. Orgulho é a palavra que melhor relacio-
na tudo. Ser fisioterapeuta deu-me outra visão do mundo, outras
Profissionalmente, desde 2014 que é Fisioterapeuta da Seleção
vivências, uma maneira diferente de olhar para as coisas, pes-
de Ginástica Artística, acompanhando diariamente os trabalhos
soas, para o modo como as coisas acontecem. Enche-me de
das seleções nas mais diversas competições e estágios nacio-
orgulho pensar onde podemos chegar - o movimento é vida [...]
nais e internacionais. É também coordenador de Fisioterapia
– e, de uma forma um bocadinho rebuscada, podemos dar vida!
Desportiva do Ginásio Clube Português, onde trabalha diaria-
mente com atletas de diversas modalidades de ginástica e judo, Como é chegar a casa após um dia intenso de trabalho,
numa perspetiva não só de tratamento de lesões como também mas em que vê resultados?
do aumento da performance. Um apaixonado e curioso pelo Mo- Pensar que esse dia valeu a pena, saber que cheguei a mais
vimento e Fisiologia Humana, concilia a sua prática no desporto gente e que mudei mais coisas, assim como que esse resultado
com prática em gabinete privado e docência na ESSA. a médio e a longo prazo vai ser ainda melhor é a minha maior
Por tudo isto, fomos visitá-lo ao Ginásio Clube Português, onde satisfação e que faz com que o dia valha a pena!
o pudemos conhecer um pouco melhor. Desvendaremos agora
Como eleva, todos os dias, a Fisioterapia?
um pouco desta conversa, mas para a conhecer na íntegra terá
de visitar o nosso site - www.bwizer.com Penso que cada um deve tentar elevar-se e exigir mais de si
próprio – e assim, a profissão vai crescer […] se cada um de nós
quiser e exigir mais, a Fisioterapia vai crescer, pois os profissio-
nais também vão ser mais competitivos e a competição não é de
todo uma coisa má […] Eu quero é fazer a diferença e mostrar
que quero e posso estar ali.
26.
Ideias Empreendedoras.
27.
28.
Bwizerianos.
Ser Fisioterapeuta
é ser mais alto!
____
Escrevo estas linhas com um sorriso nos portugueses são do melhor que se pro- também por via da sapiência que se trilha
lábios. A Bwizer Magazine vê a luz do dia duz no mundo, como aliás prova a “ex- o caminho de reconhecimento assente
no X Congresso Nacional de Fisiotera- portação” dos nossos profissionais para na meritocracia, que fará com que se
peutas. Não encontro melhor contexto contextos de topo. trabalhe eficazmente, em conjunto com
possível para o nascer de uma publica- Mas na contemporaneidade, existem outras profissões, no sentido de um tra-
ção que pretende contribuir para a evolu- desafios exigentes. O livre acesso ao balho multidisciplinar, do qual o paciente
ção desta profissão. conhecimento por parte dos utentes. O só beneficia.
A Fisioterapia é uma ciência crescimento e força de outras ciências, Para a elevação do conhecimento, a Bwi-
em permanente evolução. Em como a Medicina, a Enfermagem ou o zer estará sempre ao lado da Fisioterapia
Portugal, à imagem de um inúmero con- Exercício. A pressão financeira que obsta Portuguesa. Porque ser Fisioterapeuta é
junto de outras atividades transversais à a prestação de serviços de maior quali- ser mais alto!
nossa sociedade, essa evolução é extra- dade, em virtude do tempo ou recursos
ordinária para a dimensão e, em muitos serem mais reduzidos que o ideal.
casos, para os meios que temos à nossa José Lemos
Para ultrapassar aspetos que podem
disposição. Mas existem ferramentas que travar o crescimento e afirmação da pro- Marketing Manager e Co-CEO Bwizer
ultrapassam o nosso menor poder econó- fissão, existe um fator de superação que
mico, ou o número absoluto de habitan- considero chave – saber sempre mais.
tes do nosso país. A vontade, a crença, É com base neste alicerce que a nossa
a busca incessante pelo conhecimento profissão será uma profissão mais capaz
e pela evolução. Nesse aspeto, os por- de fazer muito com pouco, e é assim que
tugueses são absolutamente extraordiná- melhor se demonstra o alto valor acres-
rios, e em particular, os Fisioterapeutas centado de confiar num Fisioterapeuta. É
29.
Curtas.
Vamos por isso recordar alguns dos melhores momentos dos últimos meses.
30.
Curtas.
A nossa Pós-graduação continua a ajudar Ficamos muito felizes por dizer que mais
os Fisioterapeutas no seu caminho de 2000 pessoas já frequentaram o nosso
de especialização em FT Músculo- curso de Pilates Clinico MW1 Certificação
esquelética. Parabéns. Matwork APPI.
31.
Bibliografia.
32.
Bibliografia.
Van der Wal JC 2009. The architecture of connective tissue as parameter for pro- the use of ischemic compression and dry needling in the management of trigger
pioception - an often overlooked functional parameter as to propioception in the points of the upper trapezius in patients with neck pain: a systematic review. PM R
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2(4): 9-23. Gerwin RD. Factores que promueven la persistencia de mialgia en el síndrome de
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Cagnie B, Castelein B, Pollie F, Steelant L, Verhoeyen H, Cools A. Evidence for
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