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de Chiara Lubich e de
outros autores
“Quando duas almas se encontram são dois
céus que se unem”
Chiara Lubich
SUMÁRIO
1. O sacramento do matrimônio 01
2. A arte de amar 05
3. A comunicação no matrimônio 07
4. Convivência a dois 10
5. A diversidade – respeito mútuo – relacionamento com
a família de origem 13
6. Perdoar é renovar o amor 17
7. O sacramento do matrimônio: a graça plenifica a natureza 19
8. A dor e as dificuldades na família têm um nome 23
9. A família é o futuro 25
10. A evangelização dos filhos 29
11. Ícone do casal cristão 35
SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Tema Feito por Álvaro e Fátima às Famílias de Campina Grande
b) Entre batizados, isto é, a aliança deve ser realizada entre pessoas que já
participam da comunidade eclesial pelo batismo e que tenham um
amadurecimento na fé, que possuam uma vida nova que deve vivenciar na
família e na comunidade. A aliança é realizada entre pessoas que têm uma
nova maneira de viver e colocar em prática o compromisso cristão;
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f) Para o bem dos cônjuges. Os sacramentos existem para nossa paz.
RESUMO DE APOIO
1. O MATRIMÔNIO NO DESÍGNIO DE DEUS
Vem de Deus e estava nos seus planos desde a criação.
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5. É UM SACRAMENTO DE CELEBRAÇÃO CONTÍNUA
Sendo um sacramento de celebração contínua, ajuda os esposos cristãos a dar à
sua vida conjugal uma dimensão de celebração e louvor. Voltemos a ler a Familiaris
Consortio: “O matrimônio cristão, como todos os sacramentos que estão ordenados à
santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e a prestar culto a Deus é,
em si mesmo, um ato litúrgico de louvor a Deus, em Jesus Cristo e na Igreja:
celebrando-o, os esposos cristãos professam a sua gratidão a Deus pelo dom sublime
que lhe foi dado de poder reviver na sua existência conjugal e familiar, o mesmo amor
de Deus pelos homens e de Cristo pela sua esposa”
6. AS GRAÇAS PRÓPRIAS DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
A família, a partir da graça do sacramento, torna-se realmente, uma “igreja
doméstica”.
A graça própria do sacramento do matrimônio é o caminho de santidade dos
esposos. Mais concretamente, a graça específica do sacramento é o aprofundamento da
comunhão conjugal, como autêntica vivência da caridade e participação no amor com
que Cristo ama a Igreja. Outro aspecto da graça própria deste sacramento é a sua
fecundidade eclesial, ou seja, na edificação da Igreja como mistério de comunhão e
esposa de Cristo. Há,ainda, uma fecundidade apostólica que leva os esposos a abrirem-
se para outras famílias.
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A ARTE DE AMAR
Penso que alguma vez na nossa vida nos fizemos a pergunta: Mas, o que
quer dizer amar? Como se faz?
Tenho esta forte impressão: o Espírito Santo, através deste Movimento,
ensina a arte de amar.
Deus é Amor e quer que nós sejamos amor.
Como fazer?
Primeiro: devemos amar cada próximo como a nós mesmos. Este
“como” é fora de série, porque pode desencadear a revolução cristã. Quem ama o
próximo como a si mesmo, descobre que o outro é ele, ele é o outro. O outro sou
eu. Quero amá-lo como a mim mesmo: ele tem fome? Sou eu que tenho fome.
Tem sede? Eu tenho sede. Necessita de conselho? Sou eu que necessito.
Amando assim, vi por experiência que as pessoas não ficam Indiferentes,
começam a abrir os olhos e a dizer: “Mas o que lhe aconteceu?” Porque no mundo
se ama por interesse, por amizade, porque somos amados. Mas, não se ama aos
outros como a si mesmo com o desinteresse que o amor de Deus requer. E as
pessoas perguntam: “Mas, por que você age assim?” “Por quê?” E, então, quase
sempre se pode explicar: “Porque está escrito: ama o próximo como..”. Só que
não se deve subestimar este “como”.
E muitos dizem: “Também quero experimentar”. E amando, o amor
depois toma-se recíproco porque todos amam. E se desencadeia a revolução cristã,
pois se todos amam, amando-se reciprocamente, testemunham ao mundo que
Deus existe. Jesus disse: “Que sejam um a fim de que o mundo creia”.
Portanto, a primeira coisa a fazer para aprender a arte de amar é amar
como a si mesmo, sempre, como a si mesmo: eu sou o outro.
A segunda coisa é amar a todos. Geralmente, se ama aquele porque é
simpático e o antipático, não; quem é bonito, quem é feio, não; ele porque é
católico, o hebreu, não; aquele porque é branco, o preto, não... Porém, a arte de
amar que vem de Deus nos diz para amar todos. Mas, devemos entender bem
quem são “todos”: não significa todos aqueles que existem no mundo, porque
talvez nunca os encontraremos. São todos aqueles que encontro durante o meu
dia. Neste momento, portanto, são vocês e sou eu para vocês. Amanhã serão uns
para os outros. Devemos amar a todos. É o segundo ponto para poder amar como
Deus quer: amar todos.
Depois há um terceiro ponto: é preciso ser os primeiros a amar.
Jesus, quando nós éramos pecadores, quando ainda éramos ingratos e
estávamos distantes dele, desceu á terra. Ele nos amou por primeiro.
Eu experimentei fazer assim também nestes dias, meditando Isso. Mas,
sabem que é belíssimo? Ser a primeira a amar, nunca esperar um retomo, ou amar
como a mim mesma, sem esperar nada, ou amar todos. Mas, todos quer dizer: a
mãe que está em casa, a irmã, o noivo, a amiga, a senhora que chega, a criança...
Em prática, estes são os pontos principais: amar como a si mesmo,
amar todos, ser os primeiros a amar.
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E, por fim, uma tática maravilhosa para amar, e seria o quarto ponto, é
fazer-se um com os outros. E Jesus se fez literalmente um conosco. É
impressionante! Era Deus e se fez homem. Nós nos devemos tomar o outro, viver
o outro, viver além de nós e esquecer de nós mesmos. Mas não é uma questão de
esforçar-se para se esquecer, porque não somos capazes. Devemos fazer o esforço
de recordar o outro, por conseguinte, esquecemo-nos de nós mesmos.
Então, os quatro pontos são estes: amar como a si mesmo, amar a
todos, ser o primeiro a amar, fazer-se um. Como diz São Paulo: “fazer-se
fraco com os fracos.., fazer tudo a todos” e será uma revolução.
A ARTE DE AMAR
PONTOS PARA REFLEXÃO
1. Tenho amado meu esposo (minha esposa) com o conselho evangélico “Ama o
teu próximo como a ti mesmo”?
2. Tenho procurado dar de comer a quem tem fome, consolar quem está aflito,
aconselhar quem precisa de conselho, ajudar quem está necessitando, na
minha casa, na minha família e no meu ambiente de trabalho?
3. Tenho amado a todos, sem distinção de classe social, cor, ou credo religioso,
ou meu amor tem tido predileções?
4. Quando a unidade é rompida entre mim e um irmão (esposa, esposo, filho,
genro, nora, sogro, sogra, patrão, empregado etc), por um motivo justo ou
injusto, fico esperando que seja sempre o outro a iniciar uma reconciliação
ou, ao invés, sou sempre o primeiro a amar pedir desculpas e recomeçar?
5. No convívio com minha família, ou mesmo no ambiente de trabalho eu
sempre quero ter razão no que penso , digo e faço ou, ao invés, procuro ver
junto com os outros o que seria melhor para cada ocasião?
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Encontro para Casais Jovens Castelgandolfo, 28/04/2000
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Uma primeira distinção no que diz respeito aos dois níveis típicos de
comunicação: um é mais superficial, limitando-se a aspectos normais da vida cotidiana
e outro, ao invés, é de um nível mais profundo no qual o casal procura confrontar-se
sobre sua própria experiência interior.
Este último tipo de comunicação, dimensão mais madura na vida matrimonial,
é tarefa mais difícil, tanto que, quando falta ou é carente, o casal entra numa fase de
xeque mate, típica de uma espera, da espera que alguma coisa aconteça, que aconteça
uma mudança.
Através da comunicação profunda, o casal procura entrar na intimidade um do
outro. O termo “intimidade” é muito usado pelos psicólogos. De fato, hoje, fala-se de
medo de intimidade, no momento em que o casal assinala esta síndrome que é a falta de
uma comunicação autêntica entre os dois cônjuges. É necessário meios e tempos
adequados para que a comunicação seja eficaz e atinja o seu propósito principal que não
é somente aquele de estabelecer ligames mas sim aquele de chegar a uma compreensão,
a uma unidade profunda do casal.
Por este motivo a comunicação deve ser alimentada com freqüência, reavivada,
fugindo à rotina, do engano, da superficialidade, do medo e da pretensão de dominar a
outra pessoa.
Procuremos ver algumas modalidades típicas da comunicação bem como
algumas dificuldades que são típicas da não-comunicação ou da pseudo-comunicação.
Uma dessas modalidades para fugir da comunicação vem a ser denominada
“técnica” ou “técnicas de fuga”. Entrando mais em detalhe, desejaria reforçar uma
expressão que introduz um pouco o argumento da fuga.
Uma jovem senhora me disse recentemente: “Temos sempre a necessidade de
amar e é por isso que nós procuramos o amor”.
É uma frase muito eficaz. A necessidade de amar é tão enraizada na alma
humana, próprio a nível natural, biológico, podemos dizer, que quando o amor vem a
faltar, falta também toda a nossa capacidade de viver, porque perdemos o autêntico
sentido da vida.
Quando estamos enamorados, reciprocamente, parece-nos possuir tudo, somos
felizes. De certa maneira a comunicação é facilitada, não nos é pedido grandes esforços
nem uma vontade particular. Podemos dizer que neste caso, no enamoramento, a
comunicação se auto-alimenta. Ela se auto-alimenta por força da atração e do interesse
recíproco, pela gratificação que nós provamos de sermos recompensados pelo amor que
o outro nos devolve e, também, pelo amor que nós doamos; nesta satisfação recíproca a
comunicação encontra uma estrada aberta naturalmente.
Algumas dificuldades comunicativas nascem no momento em que um dos dois
cônjuges começa a perceber uma certa assimetria, uma disparidade entre o que ele dá e
aquilo que ele efetivamente recebe o pensa estar recebendo, em troca, do outro cônjuge.
Pode acontecer que este cônjuge não possua algum problema, que não saiba manifestar
o seu amor ou o exprima de um modo de um modo não adequado. Aí nasce espontânea
a pergunta: “Porque ele(a) não me fala?” “Porque não me digna um olhar?”. Eu não fiz
a ele(a) nada de particular. Por que não pediu meu parecer naquele caso? Por que agora
leva mais em consideração os parentes dele(a) do que meus pensamentos, minhas
opiniões?
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A primeiras dificuldades na comunicação nascem de uma série de desilusões
reais ou imaginárias, que um dos dois prova ao descobrir no outro alguma coisa que não
responde mais às suas próprias exigências ou perguntas. Portanto, a este ponto, se os
respectivos pontos de vista não se clarificarem, a confiança começa a vacilar, não nos
sentimos mais compreendidos como anteriormente, percebemos uma espécie de traição
daquele ideal que tínhamos construído do nosso marido ou da nossa esposa.
Neste momento vivemos a sensação de não sermos mais correspondidos como
anteriormente, vemos as nossas expectativas, as nossas ilusões, os nossos sonhos
vacilarem, entrarem em uma espécie de quarto escuro, sem uma via de saída.
São os primeiros sinais e são sempre os primeiros, mesmo após 20 ou 30 anos,
que nos dizem que existe alguma coisa que não está claramente expressa e não é
claramente entendida da outra parte, que vai além da boa fé, além da boa vontade de
comunicação. Colher precisamente estes sinais é importante porque através deles
podemos aprender a primeira e fundamental regra da comunicação, que é aquela de
exprimir com delicadeza a necessidade de doar também com precisão as nossas
exigências ao outro, de fazer-lhe um dom.
É uma experiência de abertura ao cônjuge necessária para a sobrevivência da
comunicação. Em primeiro lugar como? Assegurando ao nosso cônjuge, nosso marido,
nossa mulher, da nossa confiança e da nossa vontade construtiva. Em segundo lugar
porém, apresentando no nosso ponto de vista com profundo respeito e com profunda
confiança na capacidade de compreensão e, sobretudo, na capacidade também de
entender o ponto de vista do outro.
O que pode acontecer? Nestes momentos, podemos dizer mágicos e ao mesmo
tempo dramáticos, pode suceder que algum aspecto, que alguma coisa mude, no outro,
mas nenhum se decida a falar francamente.
Uma eventual crise pode ser evitada com um re-equilíbrio das expectativas.
Muitas vezes nós criamos expectativas nos confrontos com o nosso cônjuge do tipo
absurdo, ilógico. De outra parte, é verdade que expectativas que desapontem podem ser
o sinal de uma desatenção ou de um desinteresse de um dos dois ao confrontar-se com o
outro e, portanto, saber reconhecer que existem momentos onde ambos ou um dos
cônjuges em particular criou uma forte desilusão, traindo as expectativas do outro é
verdadeiramente um momento importante, é reconhecer o nosso desinteresse na
comunicação, a nossa dificuldade em colocar-se nela, podemos dizer, na direção do
outro.
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CONVIVÊNCIA A DOIS
Muitos casais não sabem o que esperar do casamento porque não têm idéia do
que virá a seguir. Eles têm um sentimento de pânico, ou mesmo de ruína, quando o
relacionamento muda. Para entender os estágios do casamento e estabelecer metas para
o estágio final, os cônjuges podem trabalhar nos estágios difíceis e encontrar realização
e alegria um no outro.
Os estágios do casamento:
Quando o convívio se torna rotineiro, os cônjuges vêem que o amor tem um lado
negativo. Você passa a perceber que o seu cônjuge intencionalmente não supre
suas necessidades e logo surgem discussões por causa da tampa da pasta de
dentes, finanças e quantas vezes tiveram sexo no último mês. As reações são
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fortes neste período e muitas coisas são ditas para magoar e pouco ou quase nada
ajudam na edificação do relacionamento. Cada questão se torna uma luta pelo
poder. Muitos casais ficam neste estágio por anos e anos
• Estágio do Despertamento.
Esse é o estágio que faz todas as crises terem valido a pena. O casal tem
conhecimento, aceitação, apreciação, e gratidão um pelo outro. Você cria um
ambiente seguro para o compartilhar mútuo ao dar para o seu cônjuge um amor
incondicional.
Esteja atento ao obstáculo de desenvolver a unidade no casamento:
• Ter muitas atividades individuais. Ir em direções opostas muitos dias e noites
da semana pode causar danos. Negócios, envolvimento comunitário e igreja são
importantes, mas se os seus horários são cheios de atividades individuais, seu
casamento vai sofrer por falta de tempo juntos. Procure por coisas que vocês
possam fazer e desenvolver juntos.
• Não encontrar tempo para estarem juntos. Se você não separar um tempo
para estarem juntos, provavelmente esse tempo nunca será encontrado. Outras
coisas, pessoas e eventos irão tomar todo o seu tempo. Crie a disciplina de
“fazer” o tempo a fim de estarem juntos.
• Não se comunicarem regularmente ou de maneira significativa. O casamento
associa duas pessoas ocupadas, e a preocupação da família em produzir um
relacionamento que é desafiado pelas muitas direções da vida ativa. Você deve
continuamente desenvolver a comunicação, para manter um laço de intimidade
em meio a tantas ocupações. A prática da comunicação requer tempo e
compromisso se é que de fato vamos ouvir o nosso cônjuge.
• Não resolver as diferenças que emergem. A intimidade é mais fácil de ser
destruída do que construída. Ignorar ou fingir que as diferenças não acontecem,
absolutamente nada resolve. Dê a vocês mesmos o tempo para crescerem juntos
em unidade. Encare, confronte e lide com seus problemas.
• Se comunicar magoando o outro. Pergunte a você mesmo: Minhas palavras
convidam meu cônjuge a entrar no meu coração ou o/a lançam para longe de
mim? Se ultimamente as suas palavras não têm sido cheias de graça , se
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arrependa diante do Senhor e de seu cônjuge. Nunca ataque seu cônjuge: sempre
ataque o problema que é a raiz da desavença. Fale carinhosamente.
• Ser desonesto. O engano jamais traz nada de útil num relacionamento. Sempre
diga a verdade com integridade.
• Importunação. Uma vez que você já disse ao seu cônjuge tudo o que você sabe
que já foi ouvido, deixe com ele/ela e entregue ao Senhor. Encorajem um ao
outro.
• Comportamento abusivo ou violento. O comportamento abusivo é prejudicial
ao espírito e à alma, assim como ao corpo. As repercussões de um abuso
também irão ferir àqueles que estão ao seu redor. Procure aconselhamento
imediatamente. Tratem um ao outro com amor.
• Infidelidade. Não há nada que possa trazer maior dano a um relacionamento do
que infidelidade conjugal seja de caráter físico ou emocional. A infidelidade
pode dar lugar a uma ilusão temporária mas as conseqüências podem ser
devastadoras. Perdão, cura e reconciliação podem vir a tomar lugar, mas o
processo pode deixar profundas e visíveis cicatrizes não apenas em você, mas
em muitos ao seu redor
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DIVERSIDADE — RESPEITO MÚTUO — RELACIONAMENTO
COM A FAMÍLIA DE ORIGEM
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convencido de que uma longa confidência com a sua esposa não solucionaria o
seu problema profissional porque dele não entende nada.
O homem, com certa freqüência, tende a utilizar a mulher. Ele trabalha,
traz o dinheiro para a família. Ela — pensa ele — tem obrigação de cuidar do lar
e das crianças. Quando chega à casa, julgando que esse é o seu direito,
simplesmente vai direto a uma poltrona confortável, “esgotado” pela batalha da
vida.., como se a esposa tivesse ficado em casa deitada e se abanando, quando, na
realidade, se ocupou o dia inteiro da limpeza, da comida, da costura, das compras
e da extenuante tarefa de educar os filhos.
Mas essas diferenças se tornam ainda mais profundas quando pensamos
no relacionamento sexual dos cônjuges. O homem, em geral, é mais carnal; a
mulher, mais afetiva, O homem procura diretamente o orgasmo; a mulher, a
ternura.. E por isso, quando a mulher se recusa a uma relação direta, sem muitos
preâmbulos, a virilidade masculina fica ferida. E quando a mulher é exigida a ter
relações sem uma palavra afetiva, sem as carícias e ternuras próprias de um
coração amoroso, sente-se “instrumentalizada”, “usada”, “coisificada”; a sua
condição de mãe e de esposa parece-lhe rebaixada a nível de amante ou prostituta.
E nasce uma revolta.
E a revolta, ou um sentimento mútuo de incompreensão que vai abrindo
paulatinamente uma fenda, uma ferida, se não se trata, não se cura, com
condescendência mútua e com a prática habitual do perdão cristão, pode tornar-se
uma chaga purulenta, um verdadeiro abismo de aversão.
Às vezes, esta fenda abismal, dissimulada durante anos por um
comportamento “correto”, mas frio, depois, de repente, desaba na infidelidade e
na ruptura. É por isso que dissemos que o patamar mais elementar do amor está
representado por esse respeito às radicais diferenças marcadas pelo sexo.
Mas, essas diferenças ainda que possam gerar dificuldades mútuas, como
vimos, podem e devem representar também os pressupostos de uma
complementaridade superior. O homem precisa, na realidade, das peculiares
qualidades femininas e a mulher precisa das peculiares qualidades masculinas.
É nesse apoio mútuo, nessa complementaridade superior que se configura
uma das realidades mais sublimes do matrimônio.
Além desse respeito às características, é preciso, ainda, respeitar a
personalidade do outro cônjuge.
Respeitar é reconhecer a dignidade de um ser humano, que é filho de
Deus, que foi redimido pelo sangue de Cristo, que vale mais do que todos os
universos criados: é descobrir o outro no mistério único da sua personalidade
concreta. Respeitar é acolher a maneira de ser do outro cônjuge, é não ferir a sua
privacidade, os seus sentimentos e o modo peculiar como esses sentimentos se
expressam em determinados momentos. Há circunstâncias tão delicadas, como a
morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença fatal, um fracasso, urna
separação dolorosa, em que talvez uma ajuda explícita não consiga entrar em
sintonia com um estado anímico determinado. Qualquer iniciativa nesse sentido
poderia perturbar ao invés de acalmar, especialmente se se trata desses consolos
de praxe, dessa fórmulas convencionais de condolência, ou desses conselhos de
otimismo superficial (tenha um “pensamento positivo”), dizem simplesmente,
dados com a intenção de estimular a pessoa deprimida, O respeito nesse caso
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consistirá em ficar ao lado dela, em silêncio, talvez apenas escutando atentamente.
E mais nada. Quanto não consolaram Marta e Maria as lágrimas de Jesus junto do
sepulcro do seu amigo Lázaro! E o exemplo da presença silenciosa e da oração
calada de Nossa Senhora ao pé da Cruz!
Sintonizar! Esta é a palavra. Treinar essa arte maravilhosa de que nos fala
São Paulo: alegrar-se com os que se alegam; afligir-se intimamente com os que
sofrem; fazer-se tudo para todos, para salvar a todos (Rom. 12, 15).
Como é grande o alívio que experimentamos em certas ocasiões, quando
alguém se mostra disposto a escutar-nos com atenção e amabilidade! E também,
em muitas outras oportunidades, quando agradecemos a quem sabe acolher-nos
benignamente tal como somos: sem nada pedir, sem nada reclamar! E possível
que ao longo do caminho da vida já tenhamos encontrado alguns desses seres
humanos, não muito comuns, que em tudo nos aceitam, que em nada nos julgam
ou criticam e nos impulsionam para os cumes... Como se na sua presença
sentíssemos a comunicação de uma serenidade superior semelhante à que nos
transmite um céu estrelado aberto aos mistérios de Deus, um mar sereno, uma
criança aconchegada no seio materno...
Essa experiência intima convida-nos a pensar que nós mesmos podemos
converter-nos num desses seres, tão difíceis de encontrar, que lembram a figura de
Cristo que passa à beira de qualquer necessitado. E esse necessitado podo ser o
próprio cônjuge.
Compreender: o amor leva a compreender. Quem compreende identifica-
se com a personalidade do outro, a) quer o bem do outro como o outro é diferente
como ele é. b) querer o outro com os seus defeitos; não existem seres ideais. c)
querer precisamente porque ele tem defeitos: os que amam verdadeiramente,
como os pais, tratam os que têm maiores problemas.
Um elemento importante que deve estar sempre presente no período de
preparação para o casamento é o sentido de responsabilidade. Casar-se não é
apenas um gesto privado, que envolve no máximo duas pessoas.
O casamento é próprio dos esposos, mas é também da comunidade
humana, O matrimônio é elo de ligação entre as gerações e vinculo entre famílias,
grupos, tradições e culturas. Seu valor social especifico consiste em ser uma
comunidade da qual brotam nova vida a ser desenvolvida, novas pessoas a serem
educadas, o presente e o futuro da sociedade.
Temos de examinar muito seriamente e projetar no tempo os sentimentos,
as emoções e o entusiasmo que experimentamos hoje. Vejo realmente nele o pai
de meus futuros filhos? Estou disposto a passar minha vida inteira ao lado desta
mulher, na saúde e na doença?
A experiência ensina que existem sentimentos muito nobres e belos -
como, por exemplo, a compaixão, o sentimento de maternidade ou paternidade
para com o outro, a vocação para redimi-lo, convertê-lo e recuperá-lo; o
sentimento de estima, de respeito e também de admiração que, sozinhos, não são
capazes de servir de fundamento para uma família.
Temos o dever de olhar sem medo para o intimo do relacionamento que
nos une e libertá-lo de tudo o que não é amor autêntico, amor capaz de lançar as
bases de uma família. Porque só devemos nos casar por amor; amor forte,
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verdadeiro e autêntico entre duas pessoas livres, íntegras e responsáveis, dispostas
a construir uma realidade ousada e complexa como a família.
Como conclusão, algumas palavras sobre a relação com as famílias de
origem. Uma vez que os dois já se encaminham decididamente para o casamento,
deveriam apresentar-se diante dos próprios pais nessa nova unidade. Os pais dos
noivos não deveriam mais vê-los como a filha ou o filho, mas “ela com ele”, ele
com a mulher que será com ele uma só realidade... Nem sempre as famílias de
origem se dispõem a isso, mas é melhor para todos que, desde o início, as relações
sejam orientadas para a verdade daquilo que somos. Além do mais, essa atitude
ajudará a constatar se o casal está maduro, ou seja, disposto a se distinguir das
famílias de origem para constituir um novo núcleo familiar. Tudo isso só poderá
acontecer com o desprendimento, tanto material quanto espiritual, daquele
“ninho” onde cada um nasceu e cresceu.
O amor pelos pais, irmãos e parentes certamente permanecerá para
sempre, mas terá de encontrar outras formas mais adequadas de expressão,
enriquecendo-se com todos os valores e matizes que a nova vida trará.
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PERDOAR É RENOVAR O AMOR
O conflito entra na vida do casal sem ser convidado. Com uma boa dose de perdão
ele pode transformar-se em recurso positivo para a vida de toda a família.
Paolo Lòriga e Luis M. Maisonave
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Por isso, em cada etapa da convivência, o amor bem sucedido é aquele
que sempre aposta no outro, que se exprime numa atitude constante de perdão,
que pede e concede anistia total. E isso não é romantismo: é um ato de fortaleza.
Para o cônjuge que tem a coragem de pedir perdão, vale o que disseram a respeito
dos recentes "mea culpa" do papa João Paulo II: Pedir perdão é mais difícil do que
perdoar. Quem perdoa coloca-se acima de quem o ofendeu e isto o ajuda a superar
o rancor causado pelo mal que ele sofreu.
Antes do casamento tenha os dois olhos bem abertos. Depois feche um.
Esse conselho formulado há dois séculos pelo cientista e escritor norte-americano
Benjamim Franklin continua válido e útil, mas a experiência de muitos casais
demonstra que é mais importante e determinante uma outra frase: Um casamento
feliz é a união de duas pessoas que têm grande capacidade de perdoar.
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“O sacramento do matrimônio: a graça plenifica a natureza”
19
O casamento, enquanto comunhão de amor do homem e da mulher, não
começa com Cristo, ele é um dom da criação. A Páscoa de Jesus redime-o, fortalece-o e
permite-lhe atingir a perfeição querida por Deus desde a criação. O Papa João Paulo II
afirma: “Cristo revela a verdade originária do matrimônio, a verdade do princípio e,
libertando o homem da dureza do seu coração, torna-o capaz de a realizar
inteiramente” 1. Esta plenitude do amor conjugal faz parte da plenitude da aliança com
Deus, realizada na Cruz de Cristo, onde os cristãos mergulham, pelo batismo. Continua
o Santo Padre: “No sacrifício da Cruz manifesta-se inteiramente o desígnio que Deus
imprimiu na humanidade do homem e da mulher, desde a sua criação. O matrimônio
dos batizados torna-se, assim, o símbolo real da Nova e Eterna Aliança, selada no
Sangue de Cristo. O Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o
homem e a mulher capazes de se amarem, como Cristo nos amou. O amor conjugal
atinge a plenitude para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal, que é
o modo próprio e específico com que os esposos participam e são chamados a viver a
mesma caridade de Cristo que Se entrega sobre a Cruz” 2. E mais à frente, referindo-se
às graças próprias deste sacramento, o Papa acrescenta: “Trata-se de características
normais do amor conjugal natural, mas com um significado novo, que não só as
purifica e as consolida, mas eleva-as a ponto de as tornar expressão dos valores
propriamente cristãos” 3.
O sinal sacramental.
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4. O sacramento do matrimônio, ao constituir como sinal sacramental a união
dos esposos, exprime o realismo do mistério da encarnação, em que o Verbo eterno de
Deus se nos dá, numa comunhão de amor, através do Seu próprio Corpo: “Tomai e
comei, isto é o meu Corpo” (Mt. 26,26); e São Lucas acrescenta “que vai ser entregue
por vós. Fazei isto em minha memória” (Lc. 22,19). A encarnação e o sacrifício
redentor de Cristo são o fundamento de uma teologia do corpo. O corpo exerce, no
conjunto do mistério da pessoa humana, um papel simbólico de sinal. Ele exprime e
torna visível os sentimentos do espírito e do coração: a ternura, a entrega e o dom, a
intimidade e a fecundidade, o desejo unificador de comunhão.
Numa das suas Catequeses de quarta-feira o Santo Padre afirma, referindo-se
ao sacramento do matrimônio: “Como sinal visível, o sacramento constitui-se com o ser
humano enquanto corpo, na realidade da sua masculinidade e feminilidade visíveis.
Com efeito, o corpo e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o
divino. Ele foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério
escondido, desde toda a eternidade, em Deus e ser o seu sinal visível” 6.
Sinal visível das realidades invisíveis, o corpo exprime a comunhão de amor
entre o homem e a mulher e o aprofundamento dessa comunhão, na caridade é,
exatamente, a graça própria deste sacramento. E mais uma vez este crescimento
qualitativo entre duas pessoas se insere na relação entre Cristo e a Igreja, sendo a sua
realização.
No Antigo Testamento era comum fazer da união esponsal o símbolo da união
de Deus com o seu Povo, no mistério da aliança. No Novo Testamento verifica-se uma
transformação qualitativa desta imagem. A verdadeira e definitiva comunhão esponsal é
aquela que existe entre Cristo e o Seu corpo, que é a Igreja e as núpcias dos cristãos
participam dessa comunhão esponsal e, através do sacramento, realizam-na na sua
própria experiência humana de casal, foco de irradiação de uma nova comunhão
alargada, a família, autêntica concretização da Igreja comunhão. A família, a partir da
graça do sacramento, torna-se, realmente, uma “igreja doméstica”. É São Paulo que faz
a síntese entre estes dois momentos de um mesmo mistério: “Eis que o homem deixará
o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher e os dois formarão uma só carne. Este
é um mistério de grande alcance, porque se aplica a Cristo e à Igreja” (Ef. 5,31-32).
Isto é possível porque os cônjuges cristãos, antes de serem o corpo um do outro, fazem
ambos parte do Corpo de Cristo. São Paulo, afirmando que, com o Seu corpo, Cristo se
une à Igreja, pergunta: “E nós, não somos membros do Seu Corpo?” (Ef. 5,29-30).
É por isso que, na vida de um casal cristão, a Eucaristia, enquanto comunhão
com Cristo, é um momento tão importante, como a sua própria união conjugal.
Voltamos a citar a Familiaris Consortio: “O dever de santificação da família
tem a sua primeira raiz no batismo e a sua expressão máxima na Eucaristia, à qual está
intimamente ligado o matrimônio cristão (...) Redescobrir e aprofundar essa relação é
absolutamente necessário, se se quiserem compreender e viver com maior intensidade
as graças e responsabilidades do matrimônio e da família cristã. A Eucaristia é a fonte
mesma do matrimônio cristão” 7.
As graças próprias do sacramento do matrimônio.
21
e contínuo deste sacramento. “O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do
matrimônio, mas acompanha os esposos ao longo de toda a existência. (...) Jesus Cristo
permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e Se entregou por ela, de
igual modo os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos
deveres do seu estado por meio de um sacramento especial; cumprindo, graças à
energia deste, a própria missão conjugal e familiar, penetrados do Espírito de Cristo
que impregna toda a sua vida de fé, esperança e caridade, avançam cada vez mais na
própria perfeição e mútua santificação e cooperam assim juntos para glória de Deus”
8
.
6. Mais concretamente, a graça específica do sacramento é o aprofundamento
da comunhão conjugal, como autêntica vivência da caridade e participação no amor
com que Cristo ama a Igreja. Isto supõe a generosidade do dom, a vitória sobre todas as
tentações de egoísmo e de auto-procura, a vivência do próprio corpo como sinal de dom
e de comunhão e não como busca de si mesmo. No amor conjugal o próprio prazer é
oferecido ao outro, na busca de uma plenitude de comunhão.
Esta graça sacramental ajudará à revelação mútua dos cônjuges, ao respeito
pela identidade e dignidade de cada um, à ajuda mútua e fraterna; ensina a perdoar e a
acreditar, em cada momento, que o amor é possível, atraídos pela comunhão definitiva
no Reino dos Céus.
7. Outro aspecto da graça própria deste sacramento é a sua fecundidade
eclesial. A comunhão verdadeira entre os esposos prolonga-se na construção da
comunidade familiar, como autêntica comunhão de vida e de amor e na edificação da
Igreja como mistério de comunhão e esposa de Cristo. Há uma fecundidade apostólica
no amor conjugal. Mas nisso falaremos no próximo domingo.
NOTAS
1
- Familiaris Consortio (FC), n.º 13
2
- Ibidem
3
- Ibidem
4
- Ibidem
5
- Ibidem, n.º 56
6
- João Paulo II, À l’immage de Dieu homme et femme, pg. 157-158
7
- Familiaris Consortio, n.º 57
8
- Ibidem, n.º 56 ; cf. Gaudium et Spes, n.º 49
22
A DOR E AS DIFICULDADES NA FAMÍLIA TÊM UM NOME
23
Na família, o amor se realiza sempre que damos lugar ao outro, porque o
amor só cresce quando se ama assim, sem esperar ser amado ou compreendido
pelo outro.
Uma das maiores dores é aquela de não ser compreendido por quem mais
nos deveria entender, porque a ele (ela) unimos a nossa vida. Mas esta
incompreensão não deve se transformar em incomunicabilidade, em
ressentimento; deve, ao contrário, transformar-se em amor. Pode acontecer
também que nos sintamos “postos de lado”, não sejamos escutados. Todos nós
temos nossos limites, físicos ou espirituais, reconhecer esta minha inferioridade,
aceitá-la, isto é um ato de amor! Qual inferioridade, desprezo maior do que aquele
de Jesus na Cruz. escárnio para os homens? Assim, qual maior capacidade de
amar pode ser demonstrada?
Na família o amor cresce se se valoriza todas as dores e não apenas as
alegrias. O combustível para alimentar a união, a unidade entre os dois, são
justamente as dificuldades externas e internas: as internas são aquelas que nascem
da diferença de caráter, dos próprios limites, da educação recebida, dos próprios
conhecimentos, etc.; as externas são os contratempos, mudanças improvisadas,
circunstâncias inesperadas, doenças.
Diante desses fatos é comum dizer: “é o destino, foi uma imprevidência,
um cálculo errado, um esquecimento”. Devemos, ao invés, habituar-nos a
descobrir em todas essas contrariedades a presença de Jesus Crucificado e
Abandonado. Jesus o homem Deus modelo de ascética e caminho obrigatório para
a unidade e o amor.
Sei que esta linguagem é pouco aceitável, mas o amor do cônjuge cristão
não pode ter outra medida além daquela do amor de Cristo que é um amor sem
medida.
O amor cristão também na família, é testemunho: contra a lógica do
mundo, contra tudo aquilo que pode ser juridicamente justo, aprovado, requerido
também pelas normas da convivência civil.
Assim a dor e as dificuldades na vida de família têm um nome: AMOR.
24
A FAMÍLIA É O FUTURO
I PARTE
25
• no mundo existem estruturas e instruções para o bem do homem,
mas é preciso humanizá-la e para tanto, não é necessário uma
profunda revolução social. Bastaria que cada família seguisse o
plano que Deus tem para ela.
II PARTE
Será que a família, hoje, está lembrada de que é uma instituição divina, de que
Deus a plasmou no modelo da Trindade?
26
8) A família é, hoje, o recipiente da dor da humanidade. Não existe nenhum
instituto de estatística no planeta que nos possa indicar as proporções deste
fenômeno.
São: parceiros abandonados; filhos que vivem sem os pais; drogados;
delinqüência, prostituição, idosos abandonados, fome, miséria, doentes sem
assistência, marginalizados. Diante desse quadro, haverá um futuro para a
família?
III PARTE
27
pois a vida fala por si só. Ela abre as portas e o coração para as dores da
humanidade e é capaz de ameniza-la.
“Salvar a família — escreveu um grande escritor católico, Igino Giordani — é
salvar a civilização. O Estado é composto por famílias; se elas decaírem,
também ele vacilará”. E disse ainda: “Os esposos se tornam colaboradores de
Deus ao dar à humanidade vida e amor. (...) O Amor que da família se dilata à
profissão, à cidade, à nação, à humanidade, é uma distribuição em forma de
círculos como uma onda que se dilata ao infinito. Por vinte séculos arde uma
inquietação revolucionária, acendida pelo Evangelho, e clama por amor”.
28
Jubileu das Famílias (Roma), 12 de outubro de 2000
Congresso Internacional Teológico-pastoral:
“Os filhos. Primavera da família e da sociedade”
A EVANGELIZAÇÃO DOS FILHOS
29
filha».
4. Os pais são os primeiros educadores
A “educação”, entendida como «promover o desenvolvimento integral
dos filhos no campo religioso, moral, comportamental, cultural e social», provém
de diversos agentes, que muitas vezes interagem entre si. Eles são, em primeiro
lugar, os pais e a família; depois, o Jardim de Infância, a Escola Fundamental, a
comunidade eclesial, com os seus campos de atuação e especialistas em formação,
as agremiações, os meios de comunicação social. Porém, gostaria de limitar esta
nossa reflexão à família.
Como os pais e as famílias poderão desempenhar da melhor maneira
possível a sua missão de educadores? Em primeiro lugar, empregando ao máximo
aqueles recursos pedagógicos próprios que derivam do fato de serem pais;
recursos potencializados pela experiência pessoal e pelo eventual patrimônio
cultural, oferecido pelo contexto social em que vivem. Trata-se do primeiro e
insubstituível instrumento educativo, que todos os pais por natureza possuem.
5. Fazê-los encontrar Jesus
30
pode estabelecer aquela condição com a qual, segundo Orígenes, Cristo é «atraído
e desafiado»4 a estar presente entre seus membros? Todos constatamos que a
família já é uma rede de amor, de amor humano que liga o pai à mãe; os dois aos
filhos; os filhos aos pais; os filhos entre eles e ainda aos tios e avós; aos sobrinhos
e netos. Se a família usufruir também do amor divino, que a vida cristã lhe
oferece, daquele amor divino que foi infundido nos corações pelo Espírito Santo,
então Cristo poderá estabelecer-se realmente nessa família, potencializando o
amor humano, que já existe, e a graça do sacramento do matrimônio.
Os pais que se amam assim levam Jesus para casa.
7. A arte de amar segundo o Evangelho
31
Outra presença de Jesus, significativa para o tema que estamos
abordando, é aquela presença na sua Palavra. Naquilo que diz respeito à nossa
experiência espiritual, podemos dizer, e é o que repetimos, que «nascemos com o
Evangelho nas mãos» e continuamos assim. Escolhemos uma frase para colocar
em prática durante um mês na nossa vida do dia a dia. Assim, a nossa existência é
“evangelizada” e imersa em Deus, presente totalmente em cada fragmento da sua
Palavra. Com essa simples técnica pedagógica da gradação e da plenitude, Deus
nos fez viver uma experiência espiritual e educativa forte e em continua expansão.
É uma experiência que envolve também as nossas famílias e as famílias das
comunidades que se agregam ao redor dos Focolares e que partilham a nossa
mesma aventura espiritual.
10. Explicar minuciosamente o Evangelho aos filhos
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amar, de que falei ainda há pouco, convidando-os a lançá-lo de manhã, quando se
levantam, para escolher de que modo amar a todos aqueles que encontrariam
durante o dia. Foi incrível a resposta entusiasmada e os ecos que recebi de todas
as partes do mundo. Um pai de Genova me escreveu: «Eu estava lavando os
pratos quando Lucas entrou na cozinha. Pegou o pano de prato e começou a
enxugar. “Esteja atento em não quebrar nada”, eu lhe disse meio maravilhado com
a sua generosidade. E ele, todo satisfeito, me respondeu: “Quando mamãe voltar,
encontrará tudo limpo. Sabe, papai, quando eu for para o Paraíso Jesus me dirá:
‘Naquela vez que você ajudou seu pai, foi a mim que você ajudou’”». Irene, Ilária
e Laura, três irmãzinhas de Florença, estavam indo com a mãe fazer as compras
de carro. Passam na frente da casa do avó e perguntaram se podiam ir dar-lhe um
abraço. A mãe disse: «Vão vocês. Eu espero no carro!» Quando voltaram,
perguntaram: «Mãezinha, por que não veio?» A mãe respondeu: «O vovô não se
comportou bem comigo; assim, ele compreende que...» Ilária a interrompeu: «Mas
mãe, estamos vivendo a Palavra: amar a todos, também aos inimigos... » A mãe
ficou sem palavras. Olhou para elas e sorriu: «Vocês têm razão! Esperem, que
volto já». E foi vê-lo também. E agora, para concluir, desejo ler ainda dois
episódios simpáticos sobre estas crianças educadas segundo o Evangelho. São
episódios significativos, que por vezes são até engraçados.
Temos milhares de pobres no Movimento que ajudamos de um modo
especial e as crianças contribuem. Eis o que Marco me escreveu: «Querida Chiara,
sou Marco, um gen 4 de Cosenza. Mamãe e papai me disseram que você está
fazendo algumas contas para ajudar os nossos pobres e entendi como é a situação,
por isso lhe mando o dinheirinho que o “anjinho” me deixou no lugar do meu
primeiro dentinho que caiu. Sabe, Chiara, eu também fiz os meus cálculos: devem
cair ainda 11 dentinhos... Chiara, tenho certeza de que conseguiremos a soma
necessária e não teremos mais pobres no mundo!».
Kanna é uma gen 4 de Nagasaki. Ela vai ao Jardim de Infância. Muitos
dos seus amigos são de outras religiões, também a professora não é cristã. No
final do ano, a professora saúda, uma por uma, todas as crianças da classe.
Quando chega a vez de Kanna, ela lhe diz: «Eu lhe agradeço porque você nos fez
conhecer Jesus. Quando você nos falava sobre Ele, sentia-se que Ele estava perto
de você. Você nos ensinou as orações que aprendeu em sua casa: são belas. Hoje
de manhã, vi que você deu a uma amiguinha o prêmio que você recebeu. Isso me
comoveu! Eu estou para me casar, mas antes quero receber o batismo e estou me
preparando, porque também eu quero acreditar em Jesus como você».
Peçamos a Maria, que educou o Mestre por excelência, que nos transmita
um pouco da sua materna pedagogia. Obrigada pela atenção dispensada.
Chiara Lubich
NOTAS
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2. João Paulo II, Angelus 26.12.1999, L’Osservatore Romano, ed. italiana, 27-
28 de dezembro de 1999, p. 9;
3. Cf Chiara Lubich, Scritti SpiritualV3, Tutti uno, Città Nuova 1989, p. 173;
4. Commento aí Cantico, 41, p.l3, 946;
5. Cf. G.Milan, Disagio adolescenziale e strategie educative, Cleup Pádua
1999, pp. 56 e segs.
34
ÍCONE DO CASAL CRISTÃO
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