Você está na página 1de 49

N .

0 3
MAIO/JUNHO
1964

REVISTA
ELETRÔNICA
ÍNDICE

9 CONVERSOR DE FREQUÊNCIA MODULADA

16 CONTROLE AUTOMÁTICO DE GANHO REFORÇADO EM RECEPTORES


A TRANSISTOR

20 FONTE DE ALIMENTAÇÃO ESTABILIZADA PARA HI-FI

21 TV A CORES

26 OSCILADOR AUXILIAR MODULADO

27 CONSTRUÇÃO E FABRICAÇÃO DE TRANSISTORES

32 PROJETO DE ESTÁGIOS DE SAlDA A TRANSISTORES

35 ELEMENTOS DE ELETRONICA

38 FONO-AMPLIFICADOR HiBRIDO

OS ARTIGOS ASSINADOS
SÃO OE EXCLUSIVA RES-
REDAÇ.i.O E ADMINISTRAÇÃO: PONSABILIOAOE OE SEUS
AV. GUILHERME COTCHING, 85 AUTORES

Tel. 93-7425 - C. Postal 9 127 - São Paulo- Brasil

DIRETOR ADALBERTO MIEHE


1!: VEOAOA A REPRODU-
REDATI')R RESPONSAVEL PROF. NAHOR T. MONTEIRO ÇÃO OOS TEXTOS E OAS
REDATI')R CHEFE ALFREDO FRANKE ILUSTRAÇÕES PUBLICA-
SECRETARIO FAUSTO P. CHERMONT DOS NESTA REVISTA,
CONSllLTORES ENG. TOMAS HAJ NAL SALVO MEDIANTE AUTO-
ENG. NELSON ZUANELLA RIZAÇÃO POR ESCRITO
DESENHOS ALCIDES J. PEREIRA OA REOAÇÃO.
PUBLICIDADE OSWALDO L. COPPOLA
IMPRESSÃO ESC. PROFISSIONAIS SALESIANAS
DIST. EXCLUS. P/ 0 BRASIL- FERNANDO CHINAGLIA DISTRIB . S.A .
EXEMPLAR AVULSO Cr$ 250,00
PROPRIETÁRIOS E EDITORES: NúMERO ATRASADO Cr$ 280,00
ASSINATURA - 6 HOMERO$
SIMPLES Cr$ 1.300,00
ETEGIL. EDITORA ·TÉCNICO-GRÁFICA INDUSTRIAL LTOA. REGISTRADA Cr$ 1.500,00
AV . GUILHERME COTCHING, 85 • TEL. 93 - 7425 · C . POSTAL 9 .127 - S. PAULO AEREA Cr$ 1.600,00
AEREA REGISTRADA Cr$ 1.800,00

5
COMENTÁRIO

~ste é o primeiro número de Revista Eletrônica posto à


venda em bancas de jornais. Quando traçávamos os primeiros
planos para o seu lançamento ficou assente - e isto foi
amplamente divulgado - que somente após um período
inicial (pensávamos, de cêrca de um ano) cogitar-se-io da
distribuição da revista em caráter amplo, através de bancas de
jornais e revistas. Durante êsse intervalo, a divulgação ficaria
limitada às assinaturas. O que realmente aconteceu, ultrapassou
nossas expectativas, mesmo as mais otimistas.
Atingimos, em três mêses, a meta estabelecida para o
número de assinaturas durante os primeiros doze mêses. Essa
meta, resultado de uma cuidadosa pesquisa, representa a máxima
divulgação que poderia ser esperada, exclusivamente, através de
assinaturas. Resolvemos, pois, dar início imediato à segunda fase,
confiando sua execução à maior distribuidora de revistas em
todo o território nacional, Fernando Chinaglia Distribuidora S/ A.
~sse é mais um passo no sentido de proporcionar a um
número cada vez maior de brasileiros, uma revista cujo conteúdo
corresponda integralmente aos seus interêsses.

CORRESPOND~NCIA
Prezado Leitor:

A sugestão já está anotada e


Prezados Senhores: Prezados Senhores Editores:
esperamos satisfazê-lo e a outros
... Como, hoje em dia, difi- . . . Além de trabalhar com TV interessados dentro em breve.
cilmente encontra11110s publicações o HI-FI, sou radioamador. Assim
sôbre a parte de el.e trônica que sendo, o artigo sôbre SSB mere- No artigo Amplificador HI-Fl à
trata da TRANSMISSÃO (teoria, ce!! meu especial interisse. Seria transistores (Revista Eletrônica n. 0
circuitos de transmissores para muita desejável a publicação de 1) o potenciómetro R5 deve ser

radioamadores, antenas de trans- novos artigos sôbre o assunto, com Gjustado de maneiro que VCE
missão, etc.) sugira aos Sn. para a apresentação de circuitos de <T5> + VRH = VcE <T4> +
que inc1uam na Revista Eletr6ni- ellcitadores de realização possível VR13 = 15 V, onde os símbolos
ca uma parte relativa ao que a nós brasileiros. O SSB é de significam:
ellpus acima, pois acredito virá grande interêsse otual a todo
a agradar grande quantidade de radioamador ellperimentodor. VcE<T5) - tensão de coletor-
pessoas interessadas no assunte. Segue-se pequena crítica: emissor do transistor
No artigo Amplificador HI-FI T~~
Cordialmente, o Transistores, nada foi dito sô-
Edir Backer Casta bre o ajuste dos resistências R7 VRH tensão no resistor
Macaé- RJ e R5 • RH
No mesmo artigo encontramos tensão coletor-emis-
Caro senhor: VcE<T4> -
pequenos êrros de revisão. Quan. sor do transistor T 1
Realmente, também cremos que do o autor se referiu ao traba-
êste assunto seja de interêsse da lho de R11 e R12, não queria se Rla tensão no resisto•
grande maioria dos leitores; e as- referir a R10 e R121 O desenho R1a·
sim sendo já nos próximos nú- das curvas de resposta está com-
meros iniciaremos a publicação pleto? R7 deve ser ajustado para a
de uma série de artigos sugeri- Atenciosamente, menor distorção; isto deve ser
dos por V. Se . Clovis de Vasconcellos Filho feito com osciloscópio ou um ono-
R. Rio de Janeiro - GB lizador de áudio.

6 REVISTA ELETRôNICA
No página 11, 1. 0 linho, de- quêles transistores, em ligação Coro leitor:
ve-se ler R10 e R12 e não R11 e PUSH-PULL PARALELO.
R12, como V. Sa. verificou. Já temos programados artigos
. . . Poro tal, encaminho anexo acerco dos temos citados por V.
A figuro 4 está correto, sendo o esta, um diagrama, no qual So. Suo publicação se dará den-
que os curvos se confundem de figuro porte do circuito citado tro em breve.
1000 Hz poro baixo; de 100 Hz acima, já incluído no mesmo o
poro cimo os curvos de 8 e 4 W outro par casado de transistores Quanto à adaptação meneio-
também se confundem. AD 139, formando o ligação nodo, esta não dará os resultados
PUSH-PULL PARALELO. esperados sem modificações bem
R. mais complexos e extensos no cir-
Cordialmente, cuito. Oportunamente publicare-
mos circuito que satisfará os exi-
Prezados Senhores: Milton Weiss Nogueira
gências acima enumerados.
Rio de Janeiro - GB
Como assinante dessa concei-
tuado e apreciado revisto, e ao
R.
ensejo de permitir um intercâm-
bio mais estreito entre nós leito-
res e essa Redoção, conforme jó
muito bem sugeriram V. Sas. na
página 8 do seu número de Ja- NOTICIÁRIO
neiro/Fevereiro, venho solicitar-
lhes que, tão logo seja possível, O PRIMEIRO P!NDULO DO tisfotórios. O construtor espero
façam publicar em um dos seus MUNDO INTEIRAMENTE posteriormente fazer um novo mo-
ELETRONICO- UMA dêlo reduzido de 2/3 isto é, com
números, diagramas e comentá- o volume de um relógio comum
rios técnicos relativos o amplifi- REALIZAÇÃO SUIÇA de mesa e um relógio de pulso
cadores de potência, de áudio, inteiramente eletrônico, cujo pre-
tronsistorizodos. Embora o indústria relojoeiro ço quando em produção em série,
suiço ainda não tenho anunciado, não ultrapassará o de relógios de
há vários anos já que vem de- boa qualidade oro no mercado.
Tenho apreciado muito a for- dicando esforços no domínio do
mo como estão sendo trotados os eletrônico. Resultado de doze
divenos artigos, e sôbre o assun- anos de trabalho e pesquisas bas- NOVOS PADROES DE
to que indiquei acima poro uma tante complexos e de milhões em FREQO!NCIAS, COM
investimento, o pêndulo Soltronic,
futuro publicação, tenho o dizer, inventado, criado e construido por FREQO!NCIAS MENORES
que achei muito interesasnte o Solvi! e Titus em Genebra, cons-
circuito publicado sob o título titui o primeiro relógio inteiro-
mente eletrônico do mundo não As estações de f r e q ü ê n c i o
"Amplificador HI-FI o Transisto- WWVB e WWVL foram incluí-
possuindo nenhuma porte móvel.
res", estando interessado em mon- De foto, o Saltronic represento o dos no "Notionol Bureou of Ston-
tar uma unidade daquelas, porém primeiro aparelho no interior do dords" dos EUA. A primeiro ope.
qual os elétrons se deslocando são ro no frequência de 60 kHz e
achei-o com pouco potência.
os únicos partículas móveis per- o · WWVL em 20 kHz. No mo-
fazendo tôdos as funções, inclu- mento estas estações estão trans-
A dificuldade é justamente o sive substituindo os ponteiros por mitindo sàmente padrões de fre-
de que necessito de un·idode com painéis luminosos. A energia elé- quência mos, num futuro próximo,
potência maior, e que satisfariam trico fornecido ao sistema pode padrões de tempo também serão
ser por meio do rêde como duma fornecidos. ~stes sinais são de
por exemplo, 16 watts de saída. muito maior estabilidade e pre-
bateria. Partindo de uma fre-
qüêncio dão os parcelas referen- cisão que oquêles transmitidos em
Essa potência não só atende- altos frequências pelo WWV e
tes o horas, minutos e segundos.
rio ao meu coso presente, como Não contendo qualquer porte mó- WWVH.
também o muitos outros interes- vel ou cantata elétrico, o que
sados, leitores dessa Revisto. elimino atritos e possibilidades de A precisão dos sinais de alto
oxidação, o relógio em questão frequência é ofetodo pelos mu-
Assim sendo, venho solicitar- tem um desempenho de uma pre- danças no ionosfera, pois esta in-
cisão extraordinários, o que foz flui nos reflexões múltiplos que
lhes o especial atenção e colabo- com que posso ser considerado ocorrem até que o sinal chegue
ração no sentido exomin·or junto como o padrão de tempo mais ao seu destino. Em frequências
ao autor daquêle projeto, o su- preciso e robusto capaz de ser baixos e ultro-boixos, o propa-
gestão de utilizar um estágio de produzido industrialmente. Foram gação se dá por meio de ondas
gastos três anos no suo constru- que seguem o curvatura terrestre.
saído, quatro transistores AD139, ção em Genebra, os primeiros pro- Neste coso o ionosfera age como
ou seja, dois pores casados do- tótipos revelando-se altamente so- extremo superior de um gigon-

MAIO/JUNHO 1964 7
tesco conduto e não como um folhas de férias, no plonejomento formo de rifle, que, porém, se-
refletor. Então, os variações des- do produção, no inventário de pe- gundo afirmo um porto-voz do
ta camada pouco influência terão ças, no processamento de enco- Arsenal Fronkford de Philodel-
sôbre o percurso dos ondas. mendas e vários outros importan- phio, ao contrário do que se pos-
tes otividodes. so presumir, não terá qualquer
A WWVB irradio uma potên- aplicação letal ou incendiário.
cia de 5 kW e foi projetado de Segundo o mesmo porto-voz, êste
modo o cobrir todo o território NENHUM PADRÃO OFICIAL
dispositivo seria usado em pes-
norte-americano, com uma opera- EUROPEU DE TV A C6RES quisas fotográficos, navegação e
ção mais estável em grandes dis- localização, além de outros, de
tâncias. (mais de 2.000 milhos), menor importância.
que suo co-irmã o WWVL cujo Após 1O dias de discussões os
potência é de 1 . kW. O sinal de representantes de 19 noções eu-
20 kHz possibilito uma recepção ropéias ao C. C. I . R . não chega-
ram o decisão alguma quanto à A LUA D!!VERÁ SER
inter-continental, e suo precisão
é de uma porte em 1 O bilhões escôlho de um padrão poro os ALCANÇADA AINDA NESTA
num período de 1 dia de obser- transmissões de TV o câres no
Velho Continente. Os sistemas DICA DA
vação.
propostos e que estão sendo con-
siderados são o americano NTSC,
CALCULADORA ELETR6NICA o alemão SECAM e o francês A agência espacial norte-ame-
PARA PROJETAR AUTOMóVEIS PAL. Embora tenham sido apre- ricano ainda tem o possibilidade
EM USO NA FORD INGUSA sentados considerações o respeito de fazer um homem pousar no
de inúmeros aspectos do projeto lua durante esta década, apesar
de equipamento de estúdio, gra- de falhos eletrônicos e uma re-
Aonálise do potência e coroc- vadores magnéticos, transmisso- dução de orçamento por porte do
terlsticos de um veículo levava res, problemas de propagação e Congresso dos Estados Unidos te-
outrofà quatro anos, mos no Grõ- receptores, os representantes de rem dificultado esta meto.
Bretonho os engenheiros do Ford vários noções julgam ser os do-
conseguiram reduzir o duração do dos cindo insuficientes. Por essa
trabalho o 40 minutos apenas Esta declaração foi divulgado
razão, foi fixado o doto poro cpós o folho do foguete lunar
graças ao emprêgo de uma cal- novo reunião no decorrer do ano
culadora eletrônico. Ranger VI - folho esta que
vindouro. trouxe impl jcoções adversos em
Predizer o rendimento de um conexão com o programo Apollo
veiculo ainda em face de projeto Entretanto, no Grã-Bretonho, do NASA.
era outro demorado tarefo, que existe uma forte pressão por por-
se foz agora em meio hora. Uti- te dos indústrias interessados sô- Dr. George E. Mueller, admi-
lizando uma calculadora eletrôni- bre os orgãos governamentais, no nistrador associado do NASA poro
co os engenheiros do Ford podem sentido de ser tomado uma deci- vôo espacial humano, declarou ao
agora conceber carros ideais e são rápido. A tendência do in- Comitê de Ciência e Astronáutico
submetê-los depois de completos dústria britânico é fortemente do Congresso dos EEUU que uma
programas de ensaio de estrado favorável ao sistema americano expedição humano ainda seria
sem que êles cheguem no reali- NTSC, sabendo-se que vários in- possível em 1968 - o meto
dade o sair do prancheta dos dústrias já se encontram prepa- original - mos que é mais pro-
desenhistas. rados poro iniciar o produção de vável o suo transferência poro
equipamentos segundo os normas meados de 1969, desde que não
Em breve poderão, com o au- dêsse sistema, imediatamente após surjam problemas técnicos de
xílio do calculadora, projetar cai- o decisão oficial. Noticio-se, por grande envergadura.
xas de câmbio completos e, o outro lodo, que os sistemas ale-
próximo modêlo de série já será mão e francês estão lentamente
efetivomente equipado com um perdendo terreno. O Dr. Wernher von Braun, di-
dêsses dispositivos. reter do Centro de Vôos Espa-
ciais do NASA em Huntsville,
A Ford reivindico o honro de "RIFLE" DE LASER PARA afirmou que o folho do Ranger
ser o primeiro companhia britâ- PESQUISAS VI não deverá atrasar o pouso no
nico o por uma calculadora em lua, mos que o falto de atitude
uso corrente no indústria. Seis bem definido do Congresso o res-
outros máquinas do gênero deve- Foi desenvolvido por uma fir- peito do programo espacial po-
rão ser utilizados no cálculo dos mo norte-americano um laser em derão ter efeito adverso.

8 KEVISTA ELETRôNICA
CONVERSOR
DE
Podemos também combinar a recepção de
FREQÜÊNCIA FM com um circuito de TV e chegamos à con-
clusão que é mais fácil e econômico montar
MODULADA um . receptor de FM/TV combinado, de boa
qualidade em FM, comparável à do melhor
K. OGIHAKA receptor de AM/FM.
Para combinar recepção de FM e TV temos.
em princípio, de adicionar apenas um sintoni-
zador de FM ao receptor de TV, uma vez que
todos os demais estágios e requisitos (inclusive
Há vários anos são feitas transmissões em gabinete adequado e antena dipolo) já existem
freqüência modulada nas principais cidades do neste último.
Brasil. Não podemos, é certo, falar de um A aplicação dêste sistema não é tão simples
desenvolvimento rápido desta técnica em nosso quanto parece, sobretudo quando queremos
país mas, hoje em dia, as transmissões em FM trabalhar com componentes normais; é claro
são muito apreciadas e têm grande número de que devem ser tomadas algumas medidas espe-
ouvintes. Todos os maiores fabricantes de re- ciais, mas, ainda assim, a combinação FM/TV
ceptores de rádio têm em sua linha pelo menos é bastante econômica e lógica.
um modêlo dotado de faixa de FM. Também
os fabricantes menores estão agora lançando O diagrama da fig. 1 ilustra os princípios :
receptores AM/FM. os blocos desenhados com linhas cheias cor:-
respondem a estágios existentes no receptor de
Analisando melhor o projeto de um re-
TV; os blocos desenhados em linhas inter-
ceptor de FM, chega-se à conclusão, em resumo,
rompidas devem ser adicionados.
que será necessário o seguinte:
Unidade de sintonia de FM
Amplificador de FI
Limitador
Detetor de FM
Amplificador de Audio
FIG. 1
Amplificador de potência
Diagrama em blocos ilustrando o princípio do conversor para
Fonte de alimentação recepção de FM com receptores de TV . Os blocos represen-
Material diverso, como chassi, gabinete, tados em linhas interrompidas devem ser acrescentados aos j6
existentes nos receptores de TV representados aqui, em linhas
caixa acústica (para boa reprodução de graves), cheias.
alto-falante, antena dipolo, etc.
Estudando em minúcias o circuito, a con-
clusão lógica é a conveniência de conjugar a l'l:ste artigo descreve o estágio conversor,
recepção de FM à de AM, resultando um recep- que permite usar um sintonizador normal de
FM em conjunto com um estágio, também nor-
tor de AM/FM.
mal, de FI de som de TV. Descreve além disso,
É claro que, em comparação com um re- a comutação das tensões de alimentação para
ceptor AM, um aparelho de AM/FM necessita a recepção de TV e FM.
de maior número de componentes.
Os resultados de medições fornecidos neste
Neste último haveria um sintonizador de artigo foram obtidos usando o circuito de som
FM adicional, mais um estágio de FI, chave de alta qualidade da Fig. 3. Entretanto, qual-
comutadora, que faz a permuta das bobinas não quer estágio de FI de som de TV, de boa quali-
só dos estágios de RF e oscilador mas também dade, trará resultados satisfatórios, talvez com
dos amplificadores de FI, detetor de FM, além sensibilidade um pouco menor, como também
de um gabinete suficientemente grande para com menor rejeição de AM em relação à
boa reprodução e uma antena dipolo. esperada.

MAIO/JUNHO 1964 9
DESCRIÇAO DO CIRCUITO DE RECEPÇAO realimentação do oscilador é introduzida no
catodo e o sinal de 10,7 MHz é injetado na
a) Unidade de Sintonia grade. O circuito "tanque" do oscilador, situa-
do no anodo da secção triodo, está em série
CARACTERíSTICAS PRINCIPAIS: com o circuito ressonante para a F .l. de 4,5
MHz e para esta freqüência a impedância apre-
O sintonizador de F.M. é recomendado para sentada por L 2 é pràticamente nula.
receptores onde economia e tamanho reduzido Os circuito L 2 - C4 e L 4 - C6 - C7 têm
são fatôres importantes. Contém uma válvula alto Q de modo que cada um individualmente
ECC85, duplo triodo de alto ganho. A impe- apresenta alta impedância para o sinal no qual
dância de entrada do slntonizador é de 300 está sintonizado e baixa para o outro. Além
ohms (simétrica) e 75 ohms (assimétrica) . disso a montagem é feita de maneira a não
O primeiro triodo da ECC85 funciona como haver interação entre os dois circuitos sinto-
amplificador já neutralizado, com o circuito nizados (L 2 - C4 e L 4 - C6 - C7 ).
parcialmente neutralizado na entrada. É obtic;l.o
A sintonia no circuito de anodo torna o
com isso o melhor comproml.&<3o entre ampli-
oscilador independente do sinal aplicado na
ficação e estabilidade.
grade.
Ambos os circuitos, o de anodo no amplifi-
cador de R.F. e o de oscilador, são ajustados Com a inclusão do resistor R 3 de 18 ohms
simultâneamente por permeabilidade. no catodo, em série com a bobina de realimen-
O segundo trio(io funciona como oscilador tação do oscilador, foi prevista uma compen-
e misturador, para a obtenção de f =10,7 MHz. sação parcial às variações da capacitância de
entrada com sinais fortes.
O ganho total é de 100 a 200 vêzes (da an-
tena à grade da 1.8 FI) e a faixa de passagem
é de 220 kHz. A saída é de baixa impedância, c) Amplificador de F.I. de 4,5 MHz
proveniente de algumas espiras enroladas sôbre
o primeiro circuito sintonizado de F.I. de A amplificação da F.I. de 4,5 MHz é feita
10,7 MHz, colocado dentro da unidade. pela secção pentodo da ECF80. O sinal de 4,5
o circuito ressonante L 1 - C1 que, com- MHz é retirado da junção de L 2 e L 4 e acoplado
binado com o anterior forma o secundário do pelo capacitor C5 de 4,7 pF à grade do pentodo.
transformador de F.I. para 10,7 MHz, pode ser A polarização da grade é de cêrca de- 1,2 V,
acoplado ao primário por cabos torcidos ou resultando transcondutância da ordem de 4
cabo coaxial (comprimento max. 140 mm). mA/V com tensão de placa de 168 V e de 145 V
para a grade aux:illar.
b) Oscilador-Misturador Para sinais fortes o estágio funciona como
limitador por grade. A polarização é desenvol-
O triodo da válvula ECF80 é usado como vida por "escape de grade", constituído de C:;
misturador e também oscilador em 15,2 MHz. A e R4 . A constante de tempo é de 0,85 micros-

ECF80

ECC85

R,
2,7k
6,3V lW

lOk

~~------------------------------------------------------4-----o+l?SV
FIO. 2
Clrcrllto uqumr4tleo do m.tontr.ador/eo""er«>r.

10 REVISTA ELETRONICA
segundos, estando prevista a limitação de pulsos tetor normalmente usado em T.V., onde a eco-
rápidos de ruído. nomia é levada em conta. No caso presente, a
A inclusão do resistor R 5 de 22 ohms, no facilidade de obter a simetria e a melhor qua-
catodo, pretende compensar parcialmente as lidade de som assim resultante justificam o
variações da admitância de entrada, sem uma emprêgo de mais alguns componentes. São
perda excessiva de ganho. usados 2 diodos OA79 casados, e, mesmo assim,
diferenças eventuais nos diodos têm seu efeito
d) Acoplamento para o Limitador diminuído pelo resistor R19 que também limita
a corrente de pico através dêles. A escolha ade-
O sinal de 4,5 MHz amplificado pela ECFBO quada de outros componentes dentro de pe-
é obtido no anodo e transferido para a grade quenas tolerâncias manterá o equilíbrio, não
da válvula limitadora (V3 - EF184) por aco- havendo necessidade de outros ajustes.
plamento capacitivo em "T", formado por C11 ,
C12 e C13 , entre os circuitos ressonantes CALmRAÇAO
L5 - C11 no anodo do pentodo da ECFBO e
L6 - C13 no limitador. A - Calibração do detetor de relação
O acoplamento através do capacitar C12 de
1200 pF é de baixissima impedância e permite Um gerador de R.F. sem modulação ajus-
o emprêgo de cabo coaxial (blindado) ou cabos tado em 4,5 MHz é ligado à grade da válvula
torcidos de aproximadamente 50 cm de com- limitadora V3 (pino 2). Um circuito em série,
primento. Com isto, é possível a localização do composto de 1 resistor R 1 de 33 k(l, 1 capacitor
sintonizador e da válvula ECFBO próximo ao cerâmico C1 de 2 pF e 1 resistor R 2 de 470 k(l,
painel do televisor. é ligado ao anodo. Um voltímetro eletrônico é
ligado ao ponto-x- na junção de C1 e R 2 , em
e) Estágio limitador série com um diodo de germânio OA85, con-
forme a fig. 4.
O circuito foi originalmente projetado para A saída do gerador de R.F. é ajustada para
aproveitar o canal de som (limitador e discri- 100 mV aproximadamente. Se corretamente
minador, de 4,5 MHz já existente em qualquer ligado, o voltimetro eletrônico deverá indicar
receptor de T.V. uma deflexão na escala 5 V C.C. O primário do
Todavia, apresentamos aqui os circuitos do transformador discriminador (L 7 ) é ajustado
limitador e do detetor de relação que melhor se para deflexão máxima do ponteiro. A seguir
adaptam às exigências de qualidade em recep- o secundário L8 é ajustado para a mínima
ção de F.M. (Fig. 3) . deflexão.

·~
.,
"''
c.,
FIG. 3 IO.,F
Estágio limitador e discriminador ••

-
de alta qualidade opcional, para
uso com o conversor. "''
220
•••
+
~v
~:r I . . ...
Cn

f) Ganho do circuito
B - Calibração do Amplificador de F .I. de
O ganho total do sistema de recepção de 4,5 MHz
F .M. medido desde a antena até o anodo da
limitadora, antes da saturação, é de aproxima- Passa-se o gerador de R.F., ajustado em
damente 300 000 vêzes. 4,5 MHz, à grade do pentodo da ECFBO - V2B
(pino 2) .
g) Detetor de F.M. Com o voltímetro eletrônico ligado ao ponto
-x-, do circuito já descrito, ajustar a saída do
O detetor de relação por nós adotado é do gerador de R.F. para uma indicação de mais
tipo simétrico. É mais elaborado do que um de- ou menos 2 V na escala 5 V C.C.

MAIO/ JUNHO 1964 li


EFI84 blindagem é levantada até um ponto para o
qual o contato com a massa é interrompido.
R, O gerador é ajustado até um deflexão no
33k centro da escala 5 V C.C. do voltímetro ele-
trônico.
c, Primeiramente ajusta-se o núcleo da bo-
2p
bina de F.I. de 10,7 MHz, L 1 , para o máximo.
OA85
... Passa-se depois para o núcleo de L2 (oscilador)
sintonizando-o também para o máximo. Por
último retoca-se novamente L 4 para indicação
máxima. Repete-se a operação até conseguir-se
o máximo. Anote-se então, a saída do gerador.
FIG . 4
Liga-se agora um gerador de F.M. de 10,7
MHz à blindagem de V1 . Introduz-se uma mo-
Ligação elo gerador de RF e do voltimelro eletrônico, para
calibração do detetor de relação. dulação de 60 Hz e um desvio (varredura) de
±300kHz.
Liga-se um osciloscópio de R.F. com var-
Ajusta-se o núcleo de Lu, na grade da limi- redura interna de 60 Hz em substituição ao vol-
tadora, para a máxima deflexão do ponteiro. tímetro eletrônico e ao díodo no ponto x.
Ajusta-se a seguir o núcleo de L;;. no anodo do Aplicando-se a saída do gerador anotada
pentodo ECF80, também para o máximo . Se o na etapa anterior, observa-se a resposta de F .I.
ponteiro do voltímetro eletrônico ultrapassar do circuito, no osciloscópio.
o fim da escala, a saída do gerador deverá ser A curva de resposta vista deverá apresen-
atenuada para manter-se a leitura no centro tar-se com os picos achatados (vide figura 5)
da escala. indicando uma resposta (3 dB de atenuação) de
cêrca de 180 a 220 kHz.
Após ésse ajuste, passa-se o gerador para Caso isto não aconteça, retoca-se L 1 e even-
o anodo do triodo da ECF80 (pino 1 da V2A) tualmente o primário do transformador de
ligando-o em série com um resistor de 10 kO e 10,7 MHz colocado dentro do sintonizador para
um capacitar de 1500 pF. Regula-se o núcleo de que apresente o mencionado aspecto no osci-
L~ , na grade do pentodo, para saída máxima loscópio.
e retoca-se LG e L6 algumas vêzes, até conse- Como o sintonizador já vem calibrado da
guir-se o máximo. Finda esta operação retira- fábrica , a calibração do circuito de F .M. está
se o gerador e deixa-se ligado o voltímetro ele- finda com esta operação.
trônico através do circuito já citado. Nota: Desejando-se eliminar a metade infe-
rior da curva de resposta, liga-se o osci-
C - Calibração do Conversor e da F.I. de loscópio em série com um díodo OA85.
10,7 MHz
MEDIÇõES E INSTRUMENTOS USADOS
Liga-se um gerador de R.F. ou de F.M. sem
modulação, ajustado em 10,7 MHz, à blindagem Para as medições que apresentamos a se-
da válvula ECC85 (V1) no sintonizador. A guir empregamos:
I - F.M. - A.M. Signal Generator Radio-
meter, tipo MS24-A.
II - Como indicador de saída foi usado um
milivoltímetro de A.F. PHILIPS GM 6012.
III - Como indicadores auxiliares o oscilos-
cópio de R.F. PHILIPS GM 5662 e o
voltímetro eletrônico HEATHKIT mod .
V7A.

A - Sensibilidade

A sensibilidade foi determinada para uma


relação Sinal/Ruído de 20 dB.
FIG. 5 O gerador de F .M. com terminação de 75
Curl'a de resposta de FI do con 1ersor.
1 ohms e com modulação Ãf = 22,5 kHz e fm (fre-

12 REVISTA ELETRôNICA
qüência de modulação) = 400 Hz é ligado aos tada desde ZERO até um valor em que a saída
terminais de antena do sintonizador. A entra- de áudio do adaptador de F.M. fica constante e
da é de 300 ohms simétrica e 75 ohms assimé- insensível a variações do sinal de entrada
trica. Portanto o cabo do gerador deverá ser <nível de O dB).
ligado entre uma extremidade e o terminal Atenuando-se o sinal a partir dêsse ponto
central correspondente à massa. temos :
O sintonizador e o gerador são sintonizados VARIAÇÃO
à mesma freqüência. Para facilidade de sin- DE
tonia é interessante ligar também um voltí- SINAL SAíDA
metro eletrônico em escala C.C. e um oscilos- 1mV 1,8 dB
cópio de A.F. na saída de áudio, junto com o 500 tJ.V OdB
voltímetro indicador (milivoltímetro de áudio). 300 !J.V O dB
Ao ser sintonizado o sinal, o voltímetro 200 p.V 0,2 dB
acusará uma súbita deflexão para um lado da 100 !J.V 2,9 dB
escala e logo voltará passando pelo ZERO e 50 !J.V 8 dB
prosseguindo para o lado oposto. A sintonia 20 p.V 16 dB
é correta quando o voltímetro indicar exata- 10 v. V - 21,5 dB
mente ZERO. Simultâneamente, o milivoltí- 5 !J.V -27 dB
metro indicará a máxima deflexão e o oscilos- o !J.V -47 dB (Ruído)
cópio mostrará a saída de áudio de 400 Hz que
deverá ser senoidal sem distorção visível. D - Característica do Detetor
A saída do gerador de F.M. é então atenua-
da para um valor tal que com a modulação Para a determinação da característica do
ligada (Llf = 22,5 kHz e fm = 400 Hz) e desli- detetor de relação usa-se o gerador de F.M.
gadada (CW), apresente uma relação de 20 dB. com modulação externa de 60 Hz. O desvio
Para o nosso caso, temos as seguintes sen- (b,f) é ajustado a ± 300kHz. Usa-se somente o
sibilidades: osciloscópio na saída de áudio, sincronizado em
88 MHz 5 iJ.V) 60 Hz da rêde.
98 MHz 4 v. V) p. saída de áudio aprox.
O gerador é ajustado para uma saída de
12 mVe
1 mV.
108 MHz 5 iJ. V) SINAL/RUíDO = 20 dB
A varredura vista no osciloscópio é a curva
B - Rejeição de A.M. "S" do detetor de relação.
Sintoniza-se o gerador e o sintonizador de A largura da parte reta da caracteristica
F .M. para a mesma freqüência (98 MHz) . é determinada diminuindo-se o desvio (âf) de
Principia-se com uma entrada de 10 mV ± 300 kHz até um valor em que a curva "S"
com o gerador modulado de F .M. com âf = 22,5 fique reduzida à sua parte linear que é vista no
kHz e fm = 400 Hz. Anota-se a leitura no mm- osciloscópio como uma reta inclinada em re-
voltímetro de áudio. lação aos eixos horizontal e vertical.
Passa-se o gerador para A.M., na mesma Conseguimos em nosso circuito uma parte
freqüência e para a mesma entrada de 10 mV, linear de aproximadamente 200 kHz.
com modulação interna de 400 Hz e profundi-
dade de 30%. SISTEMAS DE ADAPTAÇÃO
A diferença em dB é a rejeição de A.M.
Diminuindo-se a intensidade do sinal de Os sistemas de adaptação são necessaria-
entrada temos: mente diversos para diferentes tipos de tele-
visores.
SINAL REJEIÇÃO Enquanto o método de acoplamento, já
10 mV 30 dB descrito, entre o circuito sintonizado na placa
1 mV 30 dB do pentodo da ECF80 e o da entrada do limita-
100 iJ.V 26 dB dor, pode servir para a quase totalidade dos
10 !J.V 22 dB receptores de T.V. existentes, a adaptação, ou
5 iJ.V 19 dB melhor, a comutação entre o som de T.V. e o
C - Ação do Limitador som de F.M. propriamente dito, apresenta ques-
tões por vêzes complexas referentes à comu-
Para determinar a ação do limitador, a tação das fontes de + B e da alimentação dos
saída modulada do gerador de F.M. é incremen- filamentos.

MAIO/JUNHO 1964 13
Como condição para o bom funcionamento As figuras 6 e 7 dão todos os detalhes neces-
é preciso que o limitador, detetor e estágios de sários à adaptação do conversor a televisores
som funcionem em ambos os sistemas com a com filamentos em série e em paralelo.
mesma eficiência. Isto significa que êstes está-
gios devem ficar ligados tanto em recepção de CONSTRUÇAO DAS BOBINAS
T.V. como de F .M. com a mesma fonte de ali-
mentação, cuja tensão + B não sofra variação A - Bobina de F.l. de 10,7 Mllz (L 1 ):
pela comutação de um sistema para outro.
A bobina L1 em conjunto com o primário
Outra condição é a uniformidade na ali- colocado dentro do sintonizador forma o trans-
mentação dos filamentos do receptor de T .V., os formador de F .I. de 10,7 MHz.
quais devem estar ou todos ligados em série ou
iodos em paralelo. Construção:

Cll.-
~~-r--N--+~*T-'H!'--,-r-----o•O, 55 esp. fio Litz 7 x 44 sôbre fôrma de 4> 5 mm
13/16") enroladas lado a lado em espaço de
IIOV
aprox. 15 mm.
"' Núcleo de ferrite ajustável.

MONTAGEM EM CANECA

Características:

131J.H
105- 110
FIG. 6
Circuito para a comutação TV/FM para televisores com fila· B- Bobina osciladora 15,2 MHz- Construção:
mentos em série. O valor de R deve ser escolhido para com-
pensar o aumento da tensão +B quando é usado o conversor
e ficam desligadas as demais válvulas do receptor TV. ( +Bl L2 16 esp. fio 22 esmalt. enroladas lado a laào
corresponde à totalidade das válvulas do televisor, exceto às fôrma de 9/ 32" núcleo de "ferrite" ajustável
de FI e som: +B2 corresponde a estas duas)
L3 3 esp. fio 33 esmaltado sôbre L2 espaçadas
pelas próprias espiras de L 2 .

Características

L2 = 1,32 tJ.H Q ~ 140

C Bobinas de F.l. de 4,5 MHz (L4 - L5 - L 6 ):

Estas bobinas são de tipo comumente usado


para a F.I. de som de T.V.

Construção:

53 esp. fio 35 esmalt. enroladas lado a lado


sôbre fôrma de 1/4" e núcleo de ferrite ajus-
tável. (Fig. 8c).
MONTAGEM EM CANECA é desejável.
Características:

FIG. 7
Esquema de comutação para filamentos em paralelo: a) quando
D - Bobina discriminadora p. 4,5 MHz
é usado um transformador de filamentos e b) quando é usado
transformador de f{Jrça. N iste caso, o transformador de ff>rça Para a confecção desta bobina pode ser
alimenta somente Os filamentos das válvulas de FI de som
e áudio. Os demais, sílo ligados a um transformador de fila- aproveitado um transformador discriminador
mento separado. O asterísco indica as vdlvulas limitadora e para T.V.
de áudio do receptor de TV.

14 REVISTA ELETRôNICA
Terciário : L9
o) ...._--;t-1___41_ ___,1]· 3116"

5 ----<F\
111-------'1"-- 19 esp. de fio Litz 7 x 41, enrolamento
55 espi ras fio Lifz 7x44 Honey-Comb em espaço de 4 mm, sôbre a mes-
ma fôrma de L 7 .

b)
CONSTRUÇAO

Nota: O enrolamento primário é feito dire-


16 espiras fio 22 tamente em cima do terciário. (Fig. 9) .

MONTAGEM EM CANECA
c)
..__l+------1:1:------'IJ 114
..

7W-J\
53 espiras fio 35 ... Características :

Primário :
FIG . 8 L 7 = 52 tJ.H Q = 50 (não carregado)
Dimensões dos enrolamentos de Ll (a) , L2 e L3 (b) e L4, Secundário :
L5 e L6 (c) .
L 8 = 11,6 !J.H Q = 50 (não carregado)
:e: possível conseguir as características re- KQ = 1,45 (no circuito)
queridas mediante ajuste do acoplamento e
LISTA DE MATERIAL
pela redução da indutância do primário.
Contudo, damos aqui a sua construção Resistores
porque há casos em que ela é mais rápida que
o ajuste. Rl 3,9 kO 1W
R2, R9 100 kO 1/ 4 w
Construção Ra 18 o 1/2 w
R4 180 kO 1/4 w
R 5, RIO 22 o l/2 w
R6, RI3 10 kO 1W
57 esp. de fio Litz 7 x 41 enrolamento R7 18 kO 1/2 w
Honey-comb em espaço de 4 mm, sôbre fôrma Rs 2,7 kO 1W
de 1/4" com núcleo ajustável de ferrite . Ru 18 kO 1/4 w
RI2 8,2 kO 1W
Secundário : L 8 RI4 4,7 kO 1/4 w
RI5• RI6 1 kO 1/2 w
34 esp. de fio esmaltado n .0 28 com C.T . RI7• R IS 10 kO l/2 w
(bifilar), enroladas lado a lado, e fôrma de Rw 220 o 1/4 w
l/4" com núcleo ajustável de ferrite . Compri- R2o 47 kO 1/2 w
mento de bobina : 12 mm .
<Tolerância : A tolerância geral é de ± 20 %
exceto para RI 5, RI 6, RI 7 e Ris onde é desejada
FIG. 9 uma tolerância de 5% )
Dimensões e liga-
ções da bobina dis- CAPACITORES
cr iminadora para 4 ,5
MHz (L7 , L8, L9).
cl 15 pF
c2 12 pF
Ca 33 pF
c4 82 pF
Primário: L
7
:
Secundário : c5 4,7 pF
17+ 17 espiras de 47 pF
57 espiras f io 7x41
1
c 6, cll' cl 3• cl4
1
fio 28 esmoi!. bifilar
c, 470 pF
------------W·~===t-------- C x, c !l' el O• CIG 4,7 pF
Terciária: c1 2 1,2 pF
6RIO 19 espiras fio 7x41
(Continua na pág. 41)

MAIO/ JUNHO 1964 15


"
CONTROLE
,
AUTOMATICO
DE GANHO
indicados e sem detalhes de ordem secun-
REFORÇADO dária.
Dos vários arranjos que serão tratados
EM RECEPTORES individualmente mais adiante, o projetista
poderá escolher um ou combinar alguns, con-
forme conveniências e características finais
A TRANSISTOR desejáveis.

CAG pela transcondutância variável


(contrôle de estágios anteriores)
A. IDIKA
NÕ diagrama da figura 1, temos o circuito
de CAG convencional. O contrôle automático
atua no 1.0 estágio de FI, mudando a pola-
rização da base conforme a intensidade do
INTRODUÇAO
sinal: com sinais mais fortes a base do tran-
sistor torna-se mais positiva, a corrente do
Nêste artigo serão abordadas algumas
coletor diminui e o ganho cai, pois o ganho,
idéias básicas a respeito de diversos métodos
entre outros fatôres, é uma função do I c.
para obtenção do CAG reforçado. Emprega-
mos o têrmo "reforçado" porque, introduzindo No gráfico (fig. 2) damos a curva típica
no circuito arranjos adicionais, consegue-se do ganho de potência em função da corrente
reforçar o funcionamento do CAG convencio- do coletor Ic para transistores.
nal, aumentando a eficiência total do con-
trôle automático. O ganho de potência pode ser expresso
pela seguinte formula:
Os circuitos apresentados servtrao somen-
te para elucidar_ o funcionamento em prin-
cípio, sem pretensão à exatidão dos valôres

Ampl. FI n!!.l Ampl. FI n!!. 2

FIG . I

+ 4,8V +

22R1
+
- c AG

16 REVISTA ELETRôNICA
Voltamos agora para o circuito apresen-
tado na figura 1.
Suponhamos as seguintes tensões e cor-
rentes no 1.0 transistor amplificador de F .I.

Sem sinal
(ou sinal fraco l
tensão de base : 4 v
tensão de emissor: 4,3 v
corrente de coletor: 0,5 mA
!:::,. VBB = -0,3 v
FIG . 2

Sendo:
I Yr,. ~ - admitância de transferência em Cl- 1
ou transcondutância
R,.11 - impedância de entrada
R" 1 impedância de saída
Q, - fatôr de qualidade do circuito sinto-
nizado em vazio (sem carga)
QL - idem, com carga
Analisando a fórmula de ganho, logo no-
tamos que temos duas possibilidades de influir
no ganho do estágio: FIG. 3

a) mudando a transcondutância I Yre I Sinal forte


b) mudando a impedância de carga tensão de base: 4,8 v
As duas possibilidades são aproveitadas tensão de emissor: 4,6 v
para o CAG, porém a segunda com menor fre- corrente de coletor: 0,2 mA
qüência. A admitância de transferência y re é Vm, =+ 0,2 v
função de I,., e é diretamente proporcional à
corrente de coletor. Na figura 3 damos a va- A tensão do emissor não é estacionária.
riação da transcondutância I Yre I em função Quando a base se torna positiva, a corrente de
da corrente do coletor. coletor I c ,., I,, diminui, a queda de tensão em

FIG. 4

+ + r +
22R4

MAIO/ JUNHO 1964 17


R~: diminui também, e o resultado final é que a) no primeiro caso o diodo não conduz
o emissor acompanha a subida de base, mas e portanto não carrega o circuito sintonizado.
sempre com certo atraso, fazendo CAG menos (Fig. 5).
eficiente. Por exemplo, se ficasse o emissor
estacionário, sempre a 4,3 V, a diferença de b) no segundo caso o diodo conduz, pois
é polarizado na direção de condução e o
circuito sintonizado é fortemente amortecido.
r-...!.:.----..... -- - -,
I
(Fig. 6) .
I

~
CAG reforçado - diodo comutador
FIG . 5
I Com sinais mais fortes a tensão de emissor
'I sobe de 4,3 V para, digamos 4,5 V. (Fig. 7) .
Z2R6
--+--------1
Ampl FI-12.

tensão t::,. V n~o: seria bem maior e em conse-


qüência disso a corrente do coletor deveria
cair muito mais.
1[
Em caso de sinal forte:
tensão de base : -4,8 v
tensão de emissor: -4,3 v
corrente do coletor : 0,1 mA

O CAG seria mais eficiente para a mesma


intensidade de sinal de entrada.
Mais adiante veremos que é possível man- 22R 7

ter a polarização do emissor constante aumen-


tando a eficiência do CAG. FIG. 7

CAG pela impedância de carga variável

Amortecimento do circuito de antena pelo


diodo de sobregarga (fig. 4) . O diodo "D" é
ligado em paralelo com o circuito sintonizado
da antena. O catodo tem polarização fixa,
digamos + 4,5 V em relação ao negativo
comum. O anodo recebe tensão variável de

FIG. 6
22R8
+ +
FIG. 8
22R5

O diodo começa a conduzir colocando o


emissor no valor de tensão determinado pelo
RE. Em consequencia do CAG a tensão de
divisor de tensão R 1 , R 2 . Agora o emissor per-
emissor da 1.a FI varia de 4,3 V (sem sinal) a
manece fixo em redor de 4,45 volts, não depen-
4,7 V (sinal forte).
dendo mais do sinal de entrada.
Em seguida vamos analisar o comporta-
O funcionamento do CAG fica mais efi-
mento do diodo "D" para duas condições:
ciente, pois com sinais fortes sobe somente a
a) sem sinal (ou sinal fraco) tensão de base, permanecendo a tensão do
b) sinal forte emissor constante.

18 REVISTA ELETRôNICA
OA79

i[
i
0,8 v

~
+
-cAG
22R9

FIG. 9

O díodo comutador pode ser ligado entre o Com sinais fortes na antena, a tensão de
emissor do 1.0 transistor amplificador de FI FI (445 kHz) no coletor do estágio conversor
e o emissor do transistor conversor ou outro alcança um valor em redor de 1 volt e faz
ponto no circuito onde a tensão permanece conduzir o diodo D1 (diodo de sôbrecarga).
fixa e 0,1 - 0,2 volt mais positiva em relação Além dêste diodo temos no circuito (Fig. 9)
à do emissor do 1.0 transistor amplificador de mais um diodo D~ (díodo comutador) o qual
FI. (Fig. 8). reforça a eficiência do CAG convencional.

Diodo comutador mais díodo de sôbre-carga Contrôle dos estágios anteriores e seguintes
mais díodo sôbregarca
Em vez de amortecer o circuito de antena
(fig. 4), para sinais fortes de entrada, po- Quando uma parte da energia é encami-
demos combinar outro arranjo amortecendo o nhada aos estágios precedentes, com a fina-
filtro do 1.0 estágio de FI no circuito de cole- lidade de comandar o ganho, o arranjo pode
tor do conversor. ser denominado CAG para trás. Todos os
(Continua na páll'. 43)

o,

+ I
150 - - - CA G p/ trás + +
22R10

FIG. 10

MAIO/ JUNHO 1964 19


FONTE
DE
minam a amplitude da tensão de êrro a ser
ALIMENTAÇÃO aplicada à base. Como o ajuste dessa polari-
zação é crítico devido às variações dos próprios
ESTABILIZADA resistores R3 e R 4 e dos demais componentes do
circuito, principalmente V 1 , V 2 e D 5 , é acon-
selhável utilizar aí um potenciómetro, o que foi
PARA feito no protótipo de laboratório (ver circuito
final, Fig. 1).
H l-FI
v,

MARC AUBERT r,
..",., -30v

·j 40V

=:tlk

É apresentada neste artigo uma fonte de


FIG. 1
tensão contínua de 30 V a 500 mA para ali-
Circuito esquemático de fonte de alimentação estabilizada para
mentação de amplificadores de áudio transis- amplificadores ele alta fidelidade a transistores.
torizados, que trabalham com circuitos do tipo
"push-pull" de terminação simples, circuitos
êstes que, em geral, utilizam tensões de alimen- Montagem
tação desta ordem.
V 1 deve estar montado sôbre um dissipador
Descrição Geral de alumínio de 3 mm com uma área de 100 cm2.
V~ e D~ necessitam de uma aleta de refri-
O circuito utilizado é do tipo regulador geração.
série, constando de um transistor de potência
regulando em série com a fonte, transistor êste Êstes dissipadores são necessários a fim de
controlado por um amplificador de êrro. que o circuito trabalhe bem a temperaturas de
até 50°C.
O retificador consta de um circuito em
ponte (diodos D 1 a D 4 ), sendo C1 o capacitar de Características
filtro .
O transistor V 1 é o regulador série, e é con- No projeto foram levadas em conta :
trolado pelo amplificador de êrro V 2 que tem I - Tensão de rêde: variação máxima
sua tensão de emissor estabilizada por meio permissível: 100 a 120 V para funcio-
do díodo Zener D 5 . namento ideal. A tensão máxima de
R 1 é o resistor de polarização da base de 120 V não deve ser ultrapassada, caso
V 1 e R 2 do díodo Zener. contrário o Zener pode ser danificado.
O circuito funcionará relativamente
C2 é colocado para diminuir a componente bem com tensões de rêde de até 90 V,
alternada sobreposta, agindo da seguinte ma- não havendo porém, regulação algu-
neira: a tensão alternada sobreposta existente ma.
no emissor de V 1 é aplicada por meio d.e C2 à No caso de o aparelho funcionar em
base de V 2 . Em V 2 a componente alternada é regiões onde a tensão de rêde ultra-
amplificada e aplicada à base de V 1 em contra- passar 120 V, como às vêzes é o caso,
fase com a tensão alternada sobreposta prove- deverá ser mudado o número de espi-
niente da fonte, cancelando-a em parte. ras do secundário do transformador,
de maneira que a corrente no Zener
R 3 e R 4 fazem parte do divisor de polari-
não ultrapasse os 45 mA máximos;
zação da base de V 2 e ao mesmo tempo deter- (Continua na pág. 45)

20 REVISTA ELETRÕNICA
TELEVISÃO
A
,..
CORES Existe entretanto um "revezamento" entre
os dois sinais de crominância, sendo que um
dêles é transmitido pelo tempo de duração de
uma linha de imagem, quando é desligado, e o
outro sinal é transmitido pelo tempo de dura-
ção da segunda linha, após o que volta a ser
transmitido o primeiro sinal e assim por
Em fevereiro último, reuniu-se novamente diante.
o C.C.I .R., a fim de serem discutidas e adotadas O sinal de crominância modula em fre-
definitivamente as normas européias para te- qüência a sub-portadora cuja freqüência é esco-
levisão a côres. Nenhum resultado prático lhida (como no sistema N.T.S.C.) entre os
trouxe essa reunião, pois a decisão foi adiada múltiplos ímpares da metade da freqüência de
para uma futura reunião . Continua, pois, a varredura.
luta pela preferência, na Europa, dos três Será visto, entretanto, que existe uma
grandes sistemas rivais de TV a côres: NTSC , interação entre o sinal de luminância e o de
P AL e SECAM. Damos, neste artigo, um resumo crominância, que está compreendido entre as
das principais características de cada um, as bandas laterais do primeiro, pelo fato de a
suas diferenças, semelhanças, vantagens e des- modulação ser feita em freqüência . São toma-
vantagens. das medidas para evitar que essa interferência
seja muito prejudicial numa imagem em bran-
SISTEMA N.T.S.C. co e prêto.

No sistema americano N.T .S.C. existem três SISTEMA PAL


sinais transmitidos simultâneamente, um sinal
de luminância e dois sinais de crominância. O O sistema PAL é um desenvolvimento do
sinal de luminância ocupa tôda a faixa do canal sistema N.T.S.C. onde se procura resolver os
de vídeo e fornece informações a respeito da problemas da distorção cromática introduzida
luminosidade da cena transmitida. Os outros por variações de fase durante a transmissão.
dois sinais de crominância modulam uma onda Como no sistema N.T.S.C. as informaçõeé>
sub-portadora tanto em amplitude como em sôbre coloração são transmitidas pela fase da
fase , de tal modo que a qualquer instante infor- onda sub-portadora, qualquer variação dessa
mações são transmitidas sôbre a saturação e a fase (causada, por exemplo, por reflexão em
tonalidade da côr da parte da imagem que está obstáculos ou interferência entre vários sinais
sendo varrida. que chegam simultâneamente à antena do re-
A freqüência da onda sub-portadora é esco- ceptor) pode causar distorções de tonalidade
lhida entre os múltiplos ímpares da metade da da imagem recebida em côres.
freqüência da varredura de linha para que as Apesar de o sistema PAL transmitir infor-
freqüências transportando informações de côr mações sôbre a coloração através do ângulo de
fiquem compreendidas entre as bandas late- fase da onda sub-portadora, as distorções
rais do sinal de luminância. introduzidas por variações do ângulo são dimi-
A sub-portadora é eliminada na transmis- nuídas de modo a não serem prejudiciais, inver-
são e o sinal de crominância é supriinido quan- tendo-se a fase de um dos sinais de crominân-
do não há variações de cromaticidade, mas só cia em linhas alternadas. A fase do outro sinal
de luminosidade na cena transmitida. permanece constante durante tôda a trans-
missão.
SISTEMA SECAM Essa alternância de fase (o nome PAL é
derivado de "Phase Alternation Line" ) suaviza
O sistema francês SECAM utiliza um sinal a distorção cromática entre as linhas e diminue
de luminância e dois de crominância mas trans- a sensibilidade do sistema à distorção de fase .
mite somente um dos dois sinais de crominân- No tocante ao resto o sistema PAL se asseme-
cia simultâneamente com o de luminância. lha ao sistema N.T.S.C.

MAIO/ JUNHO 1964 21


CARACTERíSTICAS COMUNS AOS dois sinais de crominância que modulam a sub-
TRI.:S SISTEMAS portadora. J!:stes dois sinais são conhecidos
como sinais I e Q.
A partir destas sumárias descrições, será Para o sinal Q a banda transmitida é simé-
visto que existem características comuns aos trica em relação à freqüência da sub-portadora
três sistemas. O ponto de partida para cada e tem largura total de 0,5 MHz.
sistema é o conjunto de sinais da câmara cor- O sinal I é transmitido em banda vestigial
respondentes às côres rubra ( •), verde e azul da <banda lateral inferior completa- 1,5 MHz-
cena. Os sinais emitidos devem produzir, no e banda lateral superior incompleta - 0,6
receptor, outros que correspondam às compo- MHz -) . O nível do sinal I à 1,3 MHz abaixo da
nentes de côres que vão ser enviadas ao cines- sub-portadora é de- 2 dB.
cópio.
Estas faixas de freqüências são escolhidas
Uma vez que os sistemas devem ser com- a fim de se ajustarem às características do
patíveis, os sinais de luminância devem ser ôlho humano.
idênticos. Os sinais de crominância, embora
um pouco diferentes nos sistemas N.T.S.C. e
SECAM, são formados por sinais provenientes o.9 16RI

de diferenças de côres. . 520

O método de intercalar os sinais de lumi-


il\lll
o fj
nância e os de crominância na banda de vídeo 51 o I ~ms•:o
o. 7 9'1
A
é o mesmo para os três sistemas.
Estas características semelhantes vão ser
melhor estudadas antes de serem vistos os vá- o. 6
l·. dR
· II l;!so
amarelado

rios métodos de codificação e transmissão,


soo verde
Il, /lal 580 r'illo
usados em cada sistema.
o. 5

0,4
ifliiil"'•'•lo- ./ q,
SINAIS DE LUMINANCIA
rJ.~~C~~
O . .....
O sinal de luminância em cada um dos sis- 0,3
l1 ve.de arulado- 600

IJ650
!!liiii
'I
/ raso ftj rubro
(vermelho
~~~)
temas é originado na câmara, correspondendo 490l l
./
/
III III
0,2
às componentes rubras, verdes e azuis da cena.
~ ~~ioleto~ III
OIUI !!III
Uma vez que algumas côres parecem ter mais ·-ao
o.1
intensidade que outras, mesmo tendo sido elas
projetadas com a mesma energia (a diferente
sensibilidade às côres é uma das caracterís-
470-
n.oo
0,1
Bl
0,2 Q,3 0,4 0.5 0.6 0,7 0.8

ticas do ôlho humano que deve ser levada em


conta na reprodução em côres), os três sinais
provenientes da câmara são misturados na pro- FIG. 1
porção de suas intensidades visuais.
Se Eu, representa a tensão do sinal "gama- Já foi estabelecido que o ôlho humano não
corrigido" correspondente à coloração rubra só tem menos poder de resolução a variações de
num certo instante, Ev, a tensão correspon- cromaticidade do que de intensidade de luz,
dente à coloração verde e EA, à coloração azul, como também a discriminação varia com a
então o sinal de luminância Ey, é dado por: cromaticidade.
A faixa mais larga de freqüência exigida
Ey. = 0,30 ER, + 0,59 Ev, + 0,11 EA, corresponde aos sinais que representam as cro-
maticidades situadas numa linha entre a côr
SINAIS DE CROMINANCIA laranja e o azul de quinolina no Diagrama de
Os sinais de crominância nos três sistemas aromaticidade.
são formados por sinais originados de diferen- A faixa mais estreita corresponde aos sinais
ças de côres. que representam as cromaticidades situadas
Nos sistemas N.T.S.C. e PAL os sinais de na linha verde - magenta. Estas duas linhas
diferenças de côres são usados para produzir são mostradas na Fig. 1 (Linhas A e B). O
sinal I representa a linha laranja-azul e o sinal
Q representa a linha verde-magenta. Se E 1, e
(*) Utilizamos a designação 41
rubra.. ao invés de
uverm.elha", a fim de poder usar as inieiais R, V, e A,
EQ, representam respectivamente as tensões
respectivamente, rubra, verde e azul. dos sinais I e Q, gama-corrigidos, prova-se

22 REVISTA ELETRóNICA
experimentalmente que a ' melhor relação pos- E 01 , = 1,43 (En, - Ey ,)
sível entre os sinais dados é obtida quando: Ee2• = 1,12 (EA, - Ey,)
E 1, = 0,74 (ER, - E1.,) - 0,27 (EA, - Ey,) e Estas expressões podem ser escritas como
EQ, = 0,48 (ER,- Ey ,) + 0,41 (EA, - Ey,) anteriormente com os têrmos das tensões do
Nestas expressões <En,- E,., ) representa a iconoscópio, dando:
diferença entre o sinal rubro que vem da câ- Ecl• = 1,0 En,- 0,84 Ey,- 0,16 EA,,
mara e o sinal de luminância, e (EA, - Er ,) E02 , = - 0,34 En,- 0,66 Ev, + 1,0 EA,,
representa a diferença entre o sinal azul e o
sinal de luminância. (Eu, - E)., ) e (EA, - Er,) Será visto que quando En, = Ev, = EA, ,
são, portanto, chamados sinais de "diferença tanto Ec1, e Ec2 , se anulam, e, conseqüentemente,
de côres". Dependendo dos valores de En,, EA, e o desvio da freqüência da onda sub-portadora
E,., , os sinais de diferença de côr podem ter é nulo.
vàlores positivos ou negativos. TRANSMISSAO NO SISTEMA N.T.S.C.
As expressões para I e Q (Er> e EQ,) podem
ser equacionadas em relação às tensões das Até agora foi mostrado que são formados
três válvulas de imagem substituindo o valor dois sinais de crominância e um de luminân-
de E.,., : cia. Agora será visto o método de transmissão.
Os sinais I e Q são usados simultâneamente
E 1, = 0,60 Ew - 0,28 Ev, - 0,32 EA,
para modular em amplitude a sub-portadora
E,1, = 021 En, - 0,52 Ey, + 0,31 EA,
em quadratura. Realmente os sinais I e Q mo-
Pode-se notar que quando Ew = Ev, = EA,,
o que ocorre quando uma parte cinza da cena
está sendo varrida, tanto I como Q se anulam.
Isto é importante porque estas partes cinzas
representam uma variação de brilho e não de
cromaticidade e devem portanto ser produzi-
das somente por variações do sinal de lumi-
nância.
Esta técnica de anular o sinal de cromi-
nância para partes cinzas da cena, ou, de ma-
neira geral, fazer com que o brilho de qualquer
parte da imagem permaneça constante para
um sinal de luminância invariável- apesar de
existirem variações no sinal de crominância -
é chamado de princípio da luminância cons-
tante. Na prática, êste princípio da luminânsia
constante não funciona sempre, pois são neces-
sárias as correções-gama dos sinais azul, rubro
e verde que vêm da câmara.
A correção-gama é necessária por causa da
não-linearidade das características do cines-
cópio, produzindo uma saída luminosa propor-
cional à potência 2,2 da tensão do sinal aplica- FIG. 2
do. Esta "esxpansão" no cinescópio .é corrigida
por meio de uma "compressão" dos sinais da dulam duas sub-portadoras de freqüências
câmara, que é chamada correção-gama. O des- idênticas, mas defasadas de 90 °, que são
vio da luminância constante, na prática, é depois somadas. A Fig. 2 é um diagrama veto-
relativamente pequeno. o método pelo qual os ria! mostrando as duas sub-portadoras em qua-
sinais I e Q modulam a onda sub-portadora dratura moduladas por I e Q e a resultante que
será considerado a posteriori. é o sinal da sub-portadora definitiva.
No sistema SECAM os dois sinais de cromi- Como I e Q variam em amplitude com a
nância que são transmitidos alternadamente cromaticidade da parte da imagem que é var-
são formados diretamente dos sinais de dife- rida, também variarão a amplitude e o ângulo
rença de côres. Se E" 1 , e E'" 2 , representam as de fase da resultante, produzindo sinais cor-
tensões dos dois sinais de crominância gama- respondentes ao tom e à saturação da côr da
corrigidos, em qualquer instante: cena. A amplitude da resultante dá informação

MAIO/JUNHO 1964 23
sôbre a saturação, ao passo que os ângulos cor- No receptor a côres, mostrado no diagrama
respondem às variações de tonalidades <Ver de bloco da Fig. 4, o sinal da portadora é sepa-
Fig. 2). rado do sinal de luminância por meio de um
Pode-se mostrar que o sinal da portadora filtro passa-banda. A banda dêsse filtro (para
pode ser descrito em função dos vetares o sistema americano) é de 2,1 MHz a 4,2 MHz,
<R'- Y') e (A'- Y') . ~les têm a relação de uma vez que os componentes da crominância
fase com I e Q mostrada na Fig. 2, o sinal Q da cena se estendem de cêrca de i,5 MHz abaixo
fazendo um ângulo de 33 ° com a direção da freqüência da sub-portadora até cêrca de
<A- Y) . Os sinais de luminância e som são 0,6 MHz acima da mesma.

FIG. 3

frequincl•d•
subpoi'Udor•

transmitidos de maneira convencional, como O sinal da sub-portadora passa através do


no sistema de televisão branco e prêto, por mo- estágio de demodulação sincronizada onde pode
dulação das ondas sub-portadoras de vídeo e ser "heterodinizado" com o sinal de um osci-
de som. lador local cuja freqüência é a mesma da sub-
Um diagrama de bloco dos principais está- portadora. Notar-se-á que a freqüência dêste
gios de transmissão de vídeo é mostrado na Fig. oscilador local deverá ser exatamente a mesma
3. Os sinais da câmara são gama-corrigidos e que a da sub-portadora e que uma certa refe-
passados para a "Matriz", onde são adicionados rência de fase deve ser usada, do contrário
nas proporções corretas a fim de formarem os ocorrerão distorções de tonalidade. É neces-
sinais I, Q e o sinal de luminância Y. sária, portanto, uma forma de pulso de sincro-
Os sinais I e Q atravessam um filtro passa- nização, e êste é produzido transmitindo-se
baixo para limitar a largura das bandas às me- um curto sinal de sub-portadora não modu-
didas requeridas, e depois vão ao estágio mo- lada depois do pulso de sincronização de linha.
dulador. A saída do modulador corresponde ao Éste é o pulso de "referência de côr" mostrado
sinal de crominância com a freqüência da sub- na Fig. 2 onde se pode ver que êste pulso é
portadora suprimida. Esta freqüência deve defasado de 180 ° em relação ao eixo de refe-
ser um múltiplo ímpar da metade da freqüência rência (A'- Y').

Filtro
passa-banda Sinal de luminância
2,l-4,2MHz

Sinal Canhão
composto verde Ao cinescópio
de vídeo

Canhão
azul

Oscilador tocai

FIG. 4

da varredura horizontal, tendo sido escolhido o Saindo do demodulador, os sinais I e Q são


valor 3,57954 MHz no sistema americano. Esta introduzidos através de filtros passa-baixo, na
é a harmónica de ordem 455 da metade da fre- matriz. A saída desta corresponde aos três
qüência de varredura horizontal numa imagem sinais originais da câmara, e é encaminhada ao
de 525 linhas. cinescópio.
A supressão da sub-portadora evita inter- Um outro método de demodulação usado
ferência numa cena em branco e prêto, que de em receptores domésticos deteta os sinais
outra maneira apareceria como um conjunto (R' - Y') e (A' - Y') diretamente da onda
de pontos. sub-portadora. ~sses dois sinais são dirigidos à

24 REVISTA ELETRôNICA
matriz, e são obtidos, na saída da mesma, sinais patível branco e prêto. A fim de reduzir êsse
correspondendo a (ER, - EY,) , <Ev, - E1 ,) e fenômeno, diminue-se a amplitude da sub-por-
(EA, - ET,). :Ê:Sses sinais polarizam as grades tadora até o menor nível possível que ainda dê
do cinescÓpio, enquanto que o sinal de lumi- proteção a ruídos .
nância Ey, polariza os catados.
No receptor, mostrado no diagrama de
Os feixes eletrônicos dos canhões corres- bloco da Fig. 6, o sinal de crominância é sepa-
pondem aos sinais Eu,, Ev, e EA,. rado do sinal de luminância através de um

Aos estágios
de R.F.

Sinal de
cro m inância

1 6 R5
Frequencia da
subportador il

FIG. 5

TRANSMISSAO NO SISTEMA SECAM filtro passa-banda. A saída do filtro, que é


Ec1 , ou Ec2 , dependendo do instante conside-
Um diagrama de bloco dos principais está- rado, vai para um relé eletrônico, diretamente
gios do transmissor SECAM é mostrado na Fig. e através de um circuito de tempo. O tempo
5. Os três sinais da câmera são gama-corrigidos de retardo dêsse circuito é o tempo de duração
e enviados à matriz, cuja saída corresponde ao da varredura de uma linha, 64 (J.S para uma
sinal de luminância e aos dois de crominância imagem de 625 linhas.
de acôrdo com as equações dadas anterior-
mente. Os sinais de crominância vão para um As duas entradas do relé eletrônico são
relé eletrônico que os seleciona alternada- portanto a seqüência Ec 1 , , Ec 2 , , Ecl, etc., para
mente para a transmissão e êsse sinal selecio- uma entrada e Ec2 , , E01 , Ec 2 , etc . . . para a outra.

Sino I
FIG. (, comj)oslo Ao cinescópio
de vídeo

....
nado, depois de p&.ssar por um filtro passa- Esta chave é comutada na freqüência da var-
baixo, modula em freqüência a sub-portadora. redura, e as saídas constituem sinais indepen-
A freqüência nominal da sub-portadora para dentes E, I> e E,. 2 • Êsses dois sinais são passados
uma imagem de 625 linhas é de 4,4 MHz. à matriz e são obtidos sinais na saída corres-
Sendo a modulação feita em freqüência, a pondendo a <Eu, - EY,), (Ey, - EY,) e
"intercalagem" do sinal de crominância no (EA, - E,.,) . Como descrito anteriormente,
sinal de luminância não será perfeita, podendo êsses dois ·sinais vão às grades dos canhões
haver interferência. Isto acontece porque a correspondentes e o sinal de luminância EY, é
sub-portadora não pode ser suprimida, como levado aos catados.
no sistema N.T.S.C. A interferência aparece
como um desenho pontilhado na· imagem e é
especialmente desagradável na imagem com- (Continua na pálf. 41)

MAIO/JUNHO 1964 25
OSCILADOR
AUXILIAR
O circuito
MODULADO Trata-se de um oscilador Colpitts, que
opera no extremo inferior da faixa de ondas
LUIZ VELLEGO FILHO
médias, modulado por um fonocaptor cerâmico
ou de cristal, ou ainda, microfone de cristal ou
dinâmico.
Foi utilizado um transistor OC71, em con-
Na maioria dos modernos receptores de figuração de base à massa (através de C 1 ).
rádio é encontrada uma tomada para a ligação Nestas condições, os sinais no emissor e no
de fonocaptores . Fazem exceção os receptores coletor estão em fase e o divisor capacitivo
portáteis e os de alimentação por c.a - c.c., C3 -C 6 introduz a realimentação necessária para
à maioria dos quais é necessário incorporar que o transistor oscile. A freqüência de osci-
essa tomada. lação é determinada pela capacidade do con-
A adaptação de uma dessas tomadas não é,
em geral, muito complicada; no entanto, po-
dem surgir problemas, quer mecânicos, quer
elétricos. Nos receptores de c.a.-c.c., a liga- IZO
R,

ção de um dos terminais de rêde ao chassi pode


ter resultados desagradáveis. ... c, ...
10• z~·

Uma das soluções freqüentemente adotada.s


é o uso de um "oscilador fonográfico", que
transmite um sinal de RF modulado ao recep- ...
tor. O sinal de modulação é fornecido por um FIG. I
fonocaptor e o receptor pode estar localizado Circuito esquemático do oscilador auxiliar modulado .
a vários metros do oscilador. 1!:sse tipo de apa-
relho é, na realidade, um pequeno transmissor junto C3 -C6 e pela indutância da bobina L1 .
e a rigor, não passa de uma brincadeira. Além Esta indutância pode ser variada pelo ajuste
disso, quando incorretamente construido ou do respectivo núcleo de ferrite, permitindo a
operado sem o necessário cuidado, pode cons- escolha da frequência de operação mais ade-
tituir-se numa fonte de interferências muito quada, isto é, onde não se encontra emissora
inoportuna. interferente.
O pequeno aparelho, descrito neste artigo, A modulação é obtida fazendo-se percorrer
elimina os inconvenientes das alterações do o potenciômetro R2 pela corrente de áudio.
circuito, assim como os do uso do tipo "sem fio". Como êsse potenciômetro faz parte do circuito
de polarização do emissor, uma variação da
Trata-se de um oscilador trabalhando num corrente de áudio altera o valor do potencial
dos extremos da faixa de ondas médias <pode- emissor-base. Em outras palavras, a amplitude
ria trabalhar em qualquer outra) e cujo sinal das oscilações varia de acôrdo com a ampli-
é modulado pelo sinal de áudio fornecido pelo tude do sinal de áudio na entrada. Por essa
fonocaptor. Seus terminais de saída são ligados mesma razão o potenciômetro R 2 serve igual-
aos terminais de antena e terra do receptor, mente para ajustar a profundidade de modu-
eliminando com isto a irradiação de interfe- lação.
rências e reduzindo ao mesmo tempo a potência O sinal de saída é retirado através de
de saída necessária. Evidentemente, não se C5 e R 5•
terá a possibilidade de levar o fonocaptor e o
oscilador a qualquer ponto da sala, mas isto Montagem
não representa desvantagem na grande maio-
ria dos casos, pois ninguém estará constante- A montagem do protótipo dêste aparelho
mente carregando seu toca-discos em baixo foi feita sôbre uma placa de fenolite de
do braço ... (Continua na pác. 43)

26 REVISTA ELETRôNICA
CONSTRUÇÃO
E
FABRICAÇÃO De acõrdo com a figura, a estrutura dêste
tipo de transistor consta de uma pequena fatia
DE de germânio do tipo N, em cujas faces princi-
pais são fundidos, um em cada face, dois mi-
TRANSISTORES núsculos grãos do metal chamado índio. A
temperatura e a duração do processo de fusão
são controladas de tal modo que alguns átomos
de índio penetram nos reticulados de germânio
formando com êste uma liga metálica, consti-
tuindo assim duas zonas P, uma em cada face
da fatia de germânio que originalmente era do
Tanto aquêles que já estão familiarizados tipo N.
com os aspectos teóricos do funcionamento dos
transistores, como os que estão se iniciando no
o processo de fabricação começa com a
produção de germânio altamente refinado, cujo
seu estudo, certamente encontrarão no presen-
teor de impurezas residuais é de ordem tal
te artigo informações de grande interêsse, rara-
que não ultrapassa a proporção de um átomo
mente descritas em revistas do ramo.
de impureza em cada dez milhões de átomos
Além dos aspectos físicos da estrutura dos de germânio. &se padrão de pureza é bem mais
transistores de junção, descreveremos também elevado que aquêles que se conseguem com
duas modernas técnicas que permitem a fabri- processos químicos usuais, e é obtido por uma
cação dêsse tipo de transistores em escala in- técnica .conhecida por refino local ou refino
dustrial - aquela conhecida como método de superficial. O processo, que é realizado num
junção por liga e o processo de difusão de liga. ambiente quimicamente · inerte, consiste em
fazer passar vagarosamente um lingote de ger-
O método de junção por liga é adotado
principalmente na produção de transistores mânio razoàvelmente puro através de um tubo
de áudio-freqüência e, numa forma modificada, circunvolto por bobinas dispostas em interva-
los convenientes, atravessadas por correntes de
na produção de transistores de potência. A
técnica de difusão de liga, embora seja muito R.F. Na Fig. 2 está ilustrado um fôrno de refino
local empregado no processo.
mais complexa e requeira padrões de precisão e
tecnologia quase inacreditáveis~ permite a fa- A medida que o lingote se move através do
bricação de transistores ·particularmente reco- tubo, as zonas que momentâneamente ficam
mendados para aplicações em altas freqüências, rodeadas pelos enrolamentos se fundem sob o
tendo em vista o seu ótimo desempenho. efeito da indução de correntes parasíticas de
RF que as percorrem, ocasionando a concentra-
O TRANSISTOR DE JUNÇAO POR LIGA ção de impurezas nas regiões fundidas, uma
vez que a solubilidade geralmente é maior no
A Fig. 1 ilustra o corte transversal de um estado líquido que no estado sólido (recrista-
transistor típico de junção por liga. lizado). Depois de várias passagens através do
tubo, tôdas as impurezas ficam concentradas
na extremidade posterior do lingote a qual é
rejeitada.
O germânio puro assim obtido necessita
ser preparado em forma de cristais simples,
FIG . I seja do tipo N ou P. Isso é feito submetendo,
primeiramente, o metal ao estado de fusão, e
em seguida adicionando, em proporção deseja-
da o metal escolhido como doador ou aceptór.
Em geral a proporção dessas impurezas propo-
sitais é da ordem de um para cem mil.

MAIO/ JUNHO 1964 27


FIG. 2

Um pequeno monocristal previamente pre- quimicos até atingir as espessuras requeridas.


parado, conhecido como "cristal-semente" é Os cristais assim preparados estão agora pron-
agora introduzido e vagarosamente retirado. tos para serem aproveitados para formar a re-
Em tôrno da semente desenvolve-se um cristal gião de base dos transistores.
simples contínuo de mesma configuração estru- As zonas que constituem o emissor e o co-
tural que a semente e é, logicamente, de ger- letor são formadas fundindo, primeiramente,
mânio do tipo N ou P, conforme a impureza uma minúscula pastilha cilíndrica de índio
adicionada. A formação de cristal pode cons- sôbre cada uma das faces do cristal-base, sendo
tituir um processo separado ou pode ser combi- que a pastilha de coletor é três vêzes maior que
nado com o processo de refino local. aquela do emissor. o processo de fusão é rea-
A técnica de formação de cristal acima lizado numa atmosfera redutora, a fim de evitar
descrita é a mesma tanto para a fabricação de a oxidação. Quando as pastilhas se fundem,
transistores de junção por liga como para os uma certa quantidade de germânio se dissolve
de difusão de· liga. Nos parágrafos seguintes no índio, e, posteriormente, quando o conjunto
continuaremos com a descrição das etapas esfria e o material começa a se recristalizar,
sucessivas de fabricação dos transistores de forma-se uma zona de material do tipo P em
junção por liga; a fabricação dos de difusão cada superfície que separa o sólido do metal
de liga será tratada com certa extensão no item fundido. Devido ao método peculiar de prepa-
seguinte. ração e corte do cristal, as superfícies de junção
O primeiro passo consiste em cortar o são relativamente planaB. A temperatura e a
cristal formado em fatias delgadas e dividi-las duração são controladas de modo a resultar
novamente em pedaços menores. Em seguida apenas uma· zona extremamente delgada de
êsses pedaços são submetidos aos tratamentos germânio do tipo N, entre as zonas do tipo P.

28 REVISTA ELETRóNICA
O conjunto é agora soldado ao suporte de própria placa de cobre. A estrutura de um
cristal feito de níquel, ou terminal de base, e o transistor de potência acha-se reproduzida em
conjunto todo montado sôbre uma base de corte transversal esquemático na Fig. 3.
vidro atravessada por três fios ou lides. Um
dêsses lides é soldado ao terminal de base, e os O TRANSISTOR DE DIFUSÃO DE LIGA
outros dois às pastilhas de emissor e coletor,
respectivamente. Para se produzir um bom transistor de
Finalmente o transistor completado é
RF ,é imprescindível manter a capacitância in-
terna a menor possível, e, isso, na prática, sig-
encerrado dentro ,de um invólucro de vidro
nifica manter a área da junção de base com o
contendo graxa silicosa à prova de umidade e
coletor a mínima possível. :l!:sse requisito é sa-
o conjunto encapsulado num invólucro cilín-
tisfeito no transistor de difusão de liga graças
drico de metal que auxilia a remoção do calor
à adoção de uma estrutura completamente
gerado no interior do transistor durante o
diferente daquela do transistor comparativa-
funcionamento . ·
mente mais simples que é o de junção por liga,
já descrito. Todavia, o seu processo de fabri-
LI QOCcio Cio ,;,min o r
cação envolve uma série de operações demora-
das e complexas .
Em vista disso, será mais conveniente
~~~~~~~-Lõm;, ,,
....

Qermci"IO começarmos pelo exame da estrutura geral de


Sue~or1e
melóllco de
ITIO I"IfOQIIfl
um transistor de difusão por liga, ilustrada
esquemàticamente na Fig. 4.
FIG. 3 O transistor é fabricado da seguinte ma-
neira:
A descrição acima diz respeito mais par-
ticularmente aos transistores de áudio-fre- Sôbre urna fatia delgada de germânio do
qüência de pequenas potências. Os transistores tipo P que posteriormente constitui o coletor,
·de potência do tipo junção por liga são fabri- produz-se uma camada de material base do
cados de maneira· essencialmente análoga, mas, tipo N. Sôbre ela funde-se, lado a lado, dois
para aumentar a dissipação térmica permitida, grãos de liga de chumbo e antimónio, e em se-
os próprios elementos são consideràvelmente guida submete-se o conjunto ao tratamento
maiores que os de outros tipos e o transistor térmico, a fim de garantir a difusão do anti-
completo é montado com seu coletor sôbre uma
placa maciça de cobre, de modo que há apenas
dois eletrodos de ligação, semlo o terceiro a

r===~=j:_::j~rff.====:t- Bose (N)


ColetOt (P)

-+--uooçao do
'-------------,.,..,..J çole!or

FIG. 4

mônio através da camada do tipo N e também


TRANSISTOR no material do tipo P, o que aumenta a pro-
fundidade do material de base do tipo N na
TíPICO DE região imediatamente abaixo dos grãos . O
JUNÇÃO POR grão à esquerda forma a ligação base, ao passo
que o da direita, após recoberto com película
LIGA de alumínio num estágio intermediário de fa-
bricação e tratamento térmico, forma uma
pequena zona P imediatamente abaixo dêle, e
forma o emissor.
Feita essa breve explanação, podemos pas-
sar à descrição dos estágios sucessivos da fabri-
cação propriamente dita.

MAIO/JUNHO 1964 29
A produção de transistores de junção por sua vez, são transformados em pequenos grãos
difusão de liga começa a partir de um cristal do tamanho indicado na Fig. 6, mediante um
simples de germânio do tipo P. O cristal é cor- processo engenhoso no qual o metal é re-fun-
tado em fatias que, por sua vez, são polidas e dido e extrudado sob pressão através de pulve-
subdivididas em tiras como no caso de transis- rização, caindo num banho de óleo onde êle se
tores de junção por liga; porém, mais largas e solidifica em forma de pequenas esferas. De-
suficientes, na realidade, para fabricar oito pois de sucessivas limpezas os grãos são colo-
transistores, embora não sejam separáveis se- cados num dispositivo automático de penei-
não após o estágio d~ formação de base e ração que retém somente aquêles de dimensões
emissor. corretas.
Essas tiras são desbastadas quimicamente Agora é necessário fundir os grãos sôbre as
até a espessura requerida. Depois de cauteri- tiras de cristal. Essa operação na qual 16 esfe-
zadas, lavadas e sêcas, cada cristal é aferido ras de metal, cada uma de diâmetro um pouco
quanto à espessura num aparelho automático maior que um décimo de milímetro, são prêsas
que a classifica em diferentes compartimentos ao cristal deixando espaçamentos entre centros
de acôrdo com o tamanho, dentro de pequenas de exatamente 200 mícrons, isto é com inter-
tolerâncias. valos vazios de apenas 50 mícrons, é de grande
delicadeza e requer grande perícia e equipa-
A etapa seguinte, conhecida por pré-difu- mentos engenhosos. o gabarito empregado está
são, é a produção de uma camada delgada de ilustrado na Fig. 5.
tipo N sôbre tôda a superfície do cristal do tipo
P, a fim de diminuir a resistência de base do
futuro transistor, e assim possibilitar melhor
resposta de freqüência. Para êsse fim, os cris-
tais são colocados em ampolas de quartzo con- Ge•m•"~ p 1'\,Co,_ N

tendo uma proporção rigorosamente pesada ~===========:::Yv,···· ..····


de pó de germânio-antimônio. As ampolas
são submetidas ao alto vácuo e seladas, e depois
aquecidas a altas temperaturas durante um
tempo rigorosamente especificado. Isso pro-
voca a vaporização do antimônio, bem como a
penetração do mesmo, por difusão, no cristal
até a profundidade desejada. Após o resfria-
FIG. 6
mento, as ampolas são abertas e o seu conteúdo
peneirado, a fim de separar o pó remanescente
As tiras de cristal são arranjadas numa
dos cristais.
pequena bandeja de grafite e sôbre elas é colo-
Enquanto isso preparam-se os grãos que vão cada uma tira fina de mica dotada de furos
formar a base e o emissor. Num fôrno de pre- apenas um pouco maiores que os grãos e espa-
çados a distâncias corretas. Sôbre a tira de
mica coloca-se um certo número de grãos, dis-

'"''''"m'~
tribuindo-os de maneira tal que apenas um
grão caia em cada furo, sendo removidos os
Mko~ grãos excedentes. Em seguida coloca-se uma'
tampa de grafite sôbre a tira, a fim de segurar
'· ~
6 16rnlna,, ' • ·' os grãos em posição e prende-se a mesma com
át gtrm!SrMo. •• : :
I '
rr
I
1 1
•'
r•
, ,
1 , grampos.
:: ': " ,.
Bandeja dt ' ' Os gabaritos cheios são agora transporta-
QfOfitt
dos em transportadores através de um fôrno
onde são submetidos a um programa de trata-
FIO. S mento térmico rigorosamente controlado, du-
rante o qual os grãos são firmemente fundidos
paração de ligas funde-se, em proporção apro- às tiras de cristal. A Fig. 6 mos~ra na parte
priada, chumbo e o antimônio e o metal fun- superior uma pequena secção transversal da
dido é vazado em barras que posteriormente tira de cristal e em baixo o aspecto da tira
são cortadas em pedaços menores. :mstes, por tôda.

30 REVISTA ELETRôNICA
Deve-se lembrar que nessa etapa os grãos uma tinta especial anti-corrosiva. Depois dêsse
estão meramente vinculados à camada do tipo processo de corrosão procede-se à lavagem e
N de uma face do cristal, por um processo de secagem.
liga. A etapa seguinte é o processo de difusão
durante o qual o grão do lado esquerdo de cada Um "pente" de níquel apresentando oito
par transforma-se em conexão de base e o "dentes" que, eventualmente, formam os ter-
emissor é formado pelo grão à direita. minais de ligação dos coletores dos oito transis-
tores; é agora soldado à superfície plana (do
Uma pequena quantidade de tinta de alu- tipo P) de cada cristal, usando uma solda de
mínio é aplicada automàticamente nos grãos à liga de índio, pois êste metal é um elemento
direita e, por ser êsse metal material aceptor, é aceptor. Os transistores são separados cortan-
capaz de formar a zona P necessária. Os cris- do-se os pentes.
tais, revestidos de uma película refratária que
Cada transistor é então montado sôbre
impede que os grãos se soldem por fusão du-
uma base con.c;tituída de disco de vidro, atraves-
rante o processo seguinte são novamente sub-
sado por quatro lides soldados ao vidro da
metidos a um tratamento térmico cuidadosa-
base. Em volta do disco coloca-se uma cinta
mente controlado e cronometrado.
de aço estanhada com uma solda conveniente.
Os grãos se difundem agora mais profun- Um dos lides, o "lide de grade", é soldado a
damente no germânio, até mesmo abaixo da essa cinta e os demais são cortados e dobrados
camada N pré-difundida. Uma vez que a tem- na medida. O terminal de coletor é soldado a
peratura máxima durante êsse tratamento um dos lides; os grãos de base e emissor são
ligados aos lides restantes por meio de fios
estanhados de cobre extremamente finos .

N:=-r~=--=QQ==p~..1
I_
FIG. 7

térmico é mais elevada que durante o processo


de liga e fica acima da temperatura de vapo-
rização do antimônio, êste se difunde no TRANSISTOR
chumbo e forma uma camada do tipo N abaixo DE DIFUSÃO
dos grãos, constituindo assim a base, junta-
mente com a camada N pré-difundida. DE LIGA
Além disso, nos grãos à direita, o alumínio
se difunde no germânio. Já que a velocidade de
difusão do alumínio é menor que a do anti-
mônio, forma-se uma camada P entre o grão
e a base difusa do tipo N. Durante a recrista-
lização é dissolvido mais alumínio que o anti-
mônio no grão, de modo que o grão à direita e
a camada P adjacente constituem o emissor. O passo seguinte consiste em remover o
Quando os cristais já estiverem frios, a ca- máximo possível de material desnecessário, a
mada refratária é removida por dissolução, fim de reduzir ao mínimo a área da superfície
deixando o conjunto tal como se afigura na que divide a base do coletor, e assegurar, dêsse
vista de corte ilustrada na Fig. 7, onde estão modo baixa capacitância entre a base e o cole-
indicadas as diversas zonas. tor. Durante êsse processo a pequena área com-
preendida entre os lides de coletor e emissor é
A camada do tipo N situada no fundo do protegida.
cristal deve ser agora removida a fim de deixar
livre uma superfície de germânio do tipo p A Fig. 8 mostra a constituição do transis-
sôbre a qual é soldado o terminal de ligação tor nesse estágio, onde as linhas tracejadas in-
do coletor. Isso é feito por corrosão química, dicam as partes que devem ser removidas.
protegendo-se a face que aloja o cristal com (Continua na pá~:. 39)

MAIO/JUNHO 1964 31
PROJETO
,
DE ESTAGI·os
, Porém,
DE SAlDA EP I E. = lln e portanto, I, = rp~n ou
rv = n . r.
A Vemos daí, que se E. corresponde a n vêzes
E11 , observa-se o inverso no que diz respeito à
TRANSISTORES relação de r. e rP, ou seja, I, corresponde a IP
dividido por n . ·
A. A . DUBBELMANN
Exemplo:
lTm transformador com relação de espiras
n = 3 é ligado a 110 V e carregado com um re-
sistor de 1 000 (.l . Pergunta-se os valores de
E 9 , r., IP e P 8
Solução:
2.a Parte
E9 nE1, = 3 X 110 = 330 V
Transformadores 330
r. E. I R c= ---
1000
= 0,33 A
Como vimos na 1.a parte dêste artigo, uma rP n .I. = 3 X 0,33 = 0,99 A
tensão alternada aplicada a uma indutância P. = E9 r. = 330 X 0,33 = 108,9 W
induz nesta outra uma tensão igual e de fase
oposta a tensão aplicada. IMPEDANCIA DE ENTRADA
Supondo-se existir, no campo magnético da
primeira, outra bobina com o mesmo número Considerando novamente P,. = P, a impe-
de espiras, é claro que também nesta será indu- dância de entrada do transformador pode ser
zida uma tensão e que esta tensão será igual à fàcilmente calculada:
induzida na primeira bobina. É também evi-
dente que, quando o número de espiras secun- 2
e P. = E. I R ,.
dárias fôr n vêzes maior que o número de espi-
ras primárias, a tensão induzida será n vêzes e portanto
maior qua a tensão aplicada ao primário.
O fator n é denominado relação de espiras
e é determinado, como já vimos, pelo quociente
do número de espiras Ns do secundário pelo ou ainda
númerode espiras NP do primário. Dêsse modo
n = N. I N1, . Evidentemente, n também pode
ser menor que 1, e neste caso, a tensão de saída
E. será menor que Ep. Generalizando :
Em conseqüência disso :
E8 = n . Ep ou E8 I EP = n
Aplicando-se uma carga resistiva R c ao
secundário do transformador, fluirá uma cor- cu
rente E9 I R c = r •.
Supondo-se o transformador livre d,e per- No caso do exemplo acima,
das, a potência absorvida por R c deve ser •igual
à potência fornecida pela fonte de tensão liga- Zv = Rc I n2 = 1000 I 9 = 111 (.l
da ao primário.
Assim, A fórmula ZP = R c 1 n2 mostra claramente
P" . = PP ou E. . r. EP . rP ou ainda que, através de uma escolha apropriada do
r.=rP .EPI E9 valor de n, pode ser obtida qualquer impe-

32 REVISTA ELETRôNICA
n
r--A--.. Is
~----~----~ ~--~~~~-------o

a)

FIO. I

b) c)

- Ip

Rc Rc
7 7
27Rl
d) e)

dãncia primária desejada, para qualquer valor delgadas para reduzir as perdas por correntes
de Rc; esta é a importante característica men- parasiticas.
cionada na primeira parte dêste artigo.
o que resta são as chamadas perdas no
PERDAS E EFICUNCIA cobre, decorrentes da resistência dos enrola-
mentos. O circuito equivalente de um trans-
Até agora consideramos o transformador formador livre de perdas é realmente muito
livre de perdas. Isto, porém, na prática, nunca simples, pois consiste simplesmente de um re-
acontece, pois os enrolamentos do transforma- sistor de valor igual a Rcfn2 em paralelo com a
dor têm uma certa resistência; as lâminas do reatância ~ do enrolamento primário, como
núcleo agem como espiras em curto-circuito pode ser visto na figura lB. Nas freqüências
<correntes parasíticas) e é necessária uma do meio da faixa <1000Hz) a reatância ~ tor-
certa potência para compensar as perdas por na-se tão grande que sua influência pode ser
histerese. Normalmente, as duas últimas for- desprezada, permitindo simplificar ainda mais
mas de perdas do transformador são relativa- o circuito equivalente que neste caso consiste
mente insignificantes quando se usam lâminas somente do resistor Rc 1 n2.

MAIO/JUNHO 1964 33
Porém, como já vimos, os transformadores fuga reduzem a eficiência na parte alta do
não são, de modo algum, dispositivos perfeitos, espectro ao passo que o baixo valor de xL tem
devendo-se por essa razão levar em conta uma efeito semelhante na parte baixa.
certa resistência dos enrolamentos primário e A resposta de alta freqüência dos trans-
secundário. A fig. 1D mostra o circuito equi- formadores geralmente em uso nos circuitos a
valente de um transformador real. A resistên- transistores é boa (30-50 kHz), graças aos bai-
cia do primário é indicada por RP e a do xos valores de impedância aí encontrados. Por
secundário por R 9 • Refletida ao primário, R 8 essa razão, não trataremos das altas freqüên-
torna-se R. 1 n2 e dessa maneira a impedância cias, considerando o transformador ideal neste
de entrada do primário fica: aspecto.
A resposta de baixa freqüência do trans-
formador é determinada pela relação entre sua
ou indutância primária e a carga refletida para o
primário, em paralelo com a impedância de
saída da fonte excitadora. A resposta de baixa
desde que a freqüência seja suficientemente freqüência é dada pela freqüência na qual a
elevada para permitir desprezar a influência potência de saída de um transformador exci-
de x 1_. Esta última condição é ilustrada na tado por corrente cai à metade do seu valor a
fig. 1E. 1000 Hz. Esta freqüência é designada como
A eficiência, que é o quociente da potência ponto de corte de baixa freqüência (ponto de
absorvida pela carga pela potência consumida -3 dB) e varia entre 2 Hz (para um amplifi-·
no primário (multiplicado por 100%) pode ser cador de alta fidelidade) e 200 Hz (para um
fàcilmente calculada. Observando a fig. 1E, amplificador de "public-address"); um valor
vemos que a corrente IP atravessa as três resis- de 50 Hz é normalmente considerado suficiente
tências, fornecendo a cada uma a potência de para um bom receptor de rádio.
É fácil calcular a freqüência de corte, bas-
2
11, R; a potência de saída é tando lembrar que P 8 é proporcional ao qua-
drado da tensão E sôbre a impedância Z, con-
sistindo esta última do arranjo em paralelo da
resistência R (igual a (R. + R)ln 2) e da rea-
a potência de entrada total tância xL (Fig. 1D).
Se chamarmos à tensão E, sôbre Z, de E 1
2 2 à freqüência de 1000 Hz e de E2 à freqüência de
Pe =I" [RP + (R9 + Rc)ln2] = IP . ZP
corte, e aos valores correspondentes de P 8 , res-
e a eficiência pectivamente P 1 e P 2 , teremos:
11 = P.IPe = (Rc/n2)1Zp = (Rcln2ZJJ) X 100% 2
P 2 IP 1 = P 2 12P2 = E2 I E1
~

Exemplo: de maneira que


Um transformador de saída está carregado
com um alto-falante cuja bobina móvel possui
impedância de 3,2 O. Temos:
2
E2 = E2112 ou E2 = E 1 I y'T ou ainda,

E 2 /E 1 = 1/ -y2
n = 0,34, R. = 0,4 0, e RP = 2,32 0
A tensão E é proporcional ao valor de Z,
Calcular (a) impedância de entrada do primário
pois é fornecida uma corrente constante ao
(b) eficiência
primário do transformador. Designando por
(a) ZP = RP + (Rc + R ln2 8)
Z 1 a impedância a 1000 Hz e por Z2 aquela à
zp = 2,32 + (3,2 + o,4> 1 o,116 freqüência de corte, teremos
= 2,32 + 31,o3 = 33,35 n Z21Z 1 = E2/E 1 = li y' 2
(b) -r, = (RJn2 . ZP) X 100%
11 = (3,210,116 X 33,35) X 100% = 82% O valor de Z pode ser calculado de :
RESPOSTA DE FREQmNCIA
wLR
Normalmente, o espectro completo de áudio z
não é transferido à carga. com eficiência uni-
forme. Capacidades parasíticas e indutância de (Continua na pátr. 47)

34 REVISTA ELETRóNICA
ELEMENTOS
DE
"
ELETRONICA A distância entre os átomos é cêrca de 18
vêze~ o seu diâmetro; esta curiosa circunstân-
cia faz com que uma barra de cobre, por exem-
plo, seja formada na sua maior parte por espa-
ELETRICIDADE ços vazios e por uma pequena parte de cobre
propriamente dito. Pode-se perguntar: "a
barra não se separa numa quantidade de pe-
quenos átomos"? "O que mantém a barra sem
l.a PARTE se desagregar"? A razão é que existe uma forte
ligação entre os átomos (chamada coesão) que
1 - O que é o átomo?
os mantém juntos.
Para demonstrar que há espaço entre os
Suponhamos que temos um bloco cúbico de átomos, deixe-se cair uma esfera de metal
cobre com tôdas as arestas iguais a 1 cm, ou num solo de pedra. O ressalto da esfera é de-
seja 1 cms de cobre. vido à ação ·elástica do espaço entre os átomos.
Agora ·suponhamos que partimos o bloco
ao meio com um cinzel afiado. Depois partimos 2 - Em que consiste um átomo?
uma das metades em duas partes iguais e con-
tinuamos esta operação até que o bloco torne-se Se fôssemos capazes de ver um átomo atra-
tão pequeno que não possa mais ser visto a vés dum conjunto de lentes de ampliação bas-
ôlho nu (Fig. 1) . Se fôssemos capazes de en- tante grande, ficaríamos assombrados com o que
contrar um cinzel infinitamente afiado e uma veríamos: partículas muito menores gravitando
lente que ampliasse 100 000 vêzes, poderíamos à volta dum núcleo. Faz lembrar crianças
correndo à volta da mãe, mas sem nunca a
~6iiD~ agarrarem (Fig. 2). Tecnicamente falando, as
crianças são os elétrons e a mãe o núcleo com
·······-- ~ os prótons. Os elétrons são as menores porções
de eletricidade e designam-se por carga elétri-
~ ~Lj ...
FIG. 1

k~
Partindo um cm3 em 100.000 peda{;os a partícula mais pe-
quena obtida é o átomo.

dividir o bloco em 100 000 pedaços aproxima-


damente. Nestas condições chegaríamos a uma
pequeníssima partícula que, se tornasse a ser
dividida, deixaria de ter as características do
bloco de cobre inicial. (Por propriedades ca-
racterísticas entendemos o ponto de fusão, con-
dução da eletricidade e do calor, etc.>. Esta
pequeníssima partícula é chamada átomo e FIG. 2
A: . .
todos os materiais como o cobre, ferro, alumí- Um átomo é constituído por um núcleo p'Ositivo d volta do
nio, etc., são compostos dêstes átomos. Para qual giram os elétrons negativos.
ter uma idéia de quão pequeno é êste átomo re-
paremos no seguinte exemplo: se ampliássemos ca. Já se calculou que o núcleo tem um diâ-
uma gôta de chuva 2 000 milhões de vêzes ela metro 100 vêzes menor que o próprio átomo. O
terá as dimensões da terra; se aumentássemos elétron é, por sua vez umas 1 000 vêzes menor,
um átomo o mesmo número de vêzes êste teria de tal modo que pràticamente o átomo pouco
apenas as dimensões duma bola de futebol! contém no seu interior.

MAIO/JUNHO 1964 35
O núcleo possue igualmente uma ou mais Em muitos materiais os elétrons percorrem
cargas elétricas, que por natureza são opostas diferentes trajetórias à volta do núcleo. No
às dos elétrons. cobre, 2 elétrons percorrem trajetórias cir-
Franklin, conhecido entre outras coisas culares ou órbitas à volta do núcleo; em tôrno
por ter inventado o pára-raios, distinguiu esta dêste, 8 elétrons movem-se em duas trajetórias
diferença chamando ao elétron negativo (-) elíticas; vêm depois mais três elipses cada
e ao núcleo positivo <+). É conhecido o fato de uma com 6 elétrons e finalmente 1 elétron
que, desde a criação de Adão e Eva, sêres dife- numa órbita circular (Fig. 4) .
rentes se atraem e sêres iguais se repelem.
Isto aplica-se também às cargas elétricas. Os
elétrons, negativos, possuindo todos carga da
mesma natureza repelem-se uns aos outros, e
são atraídos para o núcleo, que têm carga
oposta. Pode-se pensar que o núcleo, atraindo
os elétrons, retê-los-ia, pondo assim têrmo ao
movimento de rotação. Tal não sucede porque
os elétrons giram a grandes velocidades, ori-
ginando-se portanto uma fôrça que os afasta
do núcleo. Esta fôrça é a fôrça centrífuga e é
suficiente para compensar exata~ente a fôrça
atrativa do núcleo. Pode-se saber como esta
fôrça se faz sentir enchendo um balde com água
e rodando-o ràpidamente. Verificamos que a
água não sai do balde, apesar de êste ficar vol-
tado para baixo durante parte do percurso
(
o
'---o 29 R"

(Fig. 3). FIG. 4


No átomo do cobre giram à volta do núcleo 29 e:étrons.

Cada átomo tem, portanto, uma constitui-


ção característica. É uma contradição do dito
popular de que "o hábito não faz o monge". O
átomo compara-se também com uma cebola
com as suas várias camadas. Como o núcleo
tem sempre uma carga que neutraliza total-
mente a carga dos elétrons, o átomo é elêtri-
camente neutro no estado normal.
Pode agora acontecer que, em certos ma-
teriais, um ou mais elétrons não são tão forte-
mente atraídos pelo núcleo como os outros. Em
tais casos um elétron pode algumas vêzes aban-
donar o átomo, movendo-se como uma carga
negativa livre. o átomo que perdeu êste elé-
FIG. 3 tron deixou de estar em equilíbrio elétrico, pois
Demonstrando a ação da ftJrça centrffuga no estado neutro a carga positiva d.o núcleo
iguala a carga negativa dos elétrons. Logo que
Voltemos ao átomo. Sabemos agora que um elétron deixa o átomo a carga negativa
êste é constituído por um núcleo carregado total fica menor que a carga positiva do núcleo
positivamente, à volta do qual giram um ou e o átomo toma um caráter positivo. Desig-
mais elétrons. A composição do átomo difere namo-lo, então, um íon positivo. Um íon posi-
em cada espécie de matéria. Por exemplo, o tivo é, ·pois, um átomo que não tem a sua carga
hidrogênio apresenta a constituição mais sim- de elétrons completa. Examinemos um pedaço
ples: apenas um elétron e um próton no núcleo. de fio de cobre. J!:ste fio é constituído por áto-
No cobre giram 29 elétrons à volta do núcleo, mos, cada um com um núcleo e elétrons. No
na prata 47, enquanto que no urânio há o fio os átomos ·não se encontram encostados
maior número de elétrons - 92. uns aos outros; pelo contrário, há um espaço

36 REVISTA ELETRôNICA
se ligue a um outro átomo ou vá chocar-se de
tal modo contra outro que liberte um novo
elétron.
O fato de haver muitos ou poucos dêstes
elétrons errantes depende inteiramente da
constituição do material. São êstes elétrons
errantes - chamados elétrons livres - que se
encarregam de transportar a eletricidade.

3 - O que é a corrente elétrica

Enquanto o fio de cobre está abandonado a


si próprio, os elétrons podem deslocar-se entre
os átomos mas nunca abandonar o próprio fio.
FIG. Sa Contudo, quando nós ligamos êste fio a uma
Muitos elétrons livres vão-se deslocando entre os 4tomos bateria, que tem um polo positivo e um polo
do condutor.
negativo, os elétrons livres do fio serão impe-

FIG. Sb FIG. 7a
Num isolador di/lei/mente h4 elétrons livres. O isolamento à volta do /lo pràticamente não conduz corrente
e o ponteiro fica no O.

entre êles, avaliado em 10 vêzes o diâmetro dos


próprios átomos. Um elétron que tenha aban-
donado o seu próprio átomo (isto pode ser
causado por influência de um outro átomo, por
ex.) deslocar-se-á chocando-se aqui e acolá
com os outros átomos do fio. Pode ser que êle

b)

FIG. 7b
Liguemos uma fonte de F.E.M. através de um amperímetro,
a um fio de cobre; o ponteiro move-se, sinal de que passa
corrente.

lidos pela fôrça de condução da bateria para o


polo positivo. Esta fôrça de condução, chamada
FIG. 6
fôrça-eletromotriz (em abreviatura F.E.M.),
1f: necess4rla uma fôrça de conduçiio para produzir o movi-
mento da 4gua: o mesmo se aplica à e/etricidade. (Continua na páJr. 47)

MAIO/JUNHO 1964 37
FONO-
AMPLIFICADOR
,
de entrada, razão por que foi escolhida no pre-
HIBRIDO sente caso. Não fornece, por outro lado, ampli-
ficação alguma, pelo contrário, introduz algu-
ma atenuação; por essa razão, foi adicionado
Eng. REINALDO S. RAMOS
um segundo estágio.
A adição de um resistor de 270 kO em série
com a entrada permite seu uso com cápsulas de
cristal ou cerâmica e microfone d.e cristal. Esta
resistência é necessária para fins de equaliza-
ção. Se uma cápsula de cerâmica que exige mais
que 500 kO de carga fôr empregada, R 1 pode ser
Conforme havia sido prometido, publica- aumentada pois o pré-amplificador tem ganho
mos neste número o circuito de um pré-ampli- suficiente.
ficador para o AMPLIFICADOR HíBRIDO Embora R 1 reduza a relação sinal/ruído,
(Revista Eletrônica n.0 2, pág. 26) . esta é suficientemente alta para permitir essa
redução sem prejudicar o desempenho do pré-
11:ste pré-amplificador, de alta impedância amplificador.
de entrada (aproximadamente 220 k0), per-
mite o emprêgo de fontes de sinal de impedân- O contrôle de tonalidade utilizado reforça
cia elevada, sejam cápsulas de cristal ou cerâ- os graves ao mesmo tempo que corta os agudos,
mica, sejam estágios detetores de TV, AM ou de maneira que êle introduz uma equalização
FM, ou ainda, microfones de cristal. extra.
O pré-amplificador suporta uma tensão de
O circuito da fig. 1 incorpora, além do es- 2 Ver na base do 1.0 transistor sem a ocorrência
tágio pré-amplificador, também o estágio híbri- de distorção por sobrecarga, o que é plenamente
do já publicado anteriormente. suficiente. (a máxima tensão que se pode obter
o pré-amplificador é composto de dois es- de uma cápsula de cristal é cêrca de 1 Ver para
tágios, ambos utilizando transistores OC75. O discos de 78 rpm).
primeiro estágio está ligado em configuração A tensão máxima de saída é cêrca de 1 V.r
de coletor comum (ou seguidor de emissor, sem corte do sinal no coletor de T 2 •
correspondente ao seguidor de cato do). Esta A resistência R 16 aumenta artificialmente
configuração proporciona uma alta impedância a carga do pré-amplificador (uma vez que o

Entrados: ( 1) Pick ·up cristal e ciromica


microfone de cristal
(2) Rodlo, TV

FIG. I
Circuito esquemático completo do Fono-Amplifrcador Hibrido. Incorpora o Amplificador Hibrido da Revista
n.0 2 (com pequenas alterações) e um prl-ampli/icador que permite o uso de fontes
de sinal de alta impedância.

38 REVISTA ELETRôNICA
amplificador oferece uma carga de cêrca de Os transistores estão agora aptos a serem
1,2 kQ). submetidos aos testes preliminares que incluem
a verificação das correntes de fuga entre
Seu uso permite a obtenção de alto ganho emissor e base, coletor e base, bem como a cor-
com baixa distorção. rente de base sob condições especificadas, e a
tensão entre base e emissor numa corrente
Resultados Experimentais especificada.
-Impedância de entrada (S 1 na pos. 2):
220 kQ. Distorção para 1,5 V de entrada e 0,5 V
de saída (S1 na posição 2), contrôle de tonali-
dade com derivação à terra, contrôle de volume
ajustado para 0,5 V em carga de 1,2 kQ):
< 1% a 1000Hz
Relação sinal/ruído com S 1 na posição ( 1)
(pior situação)
> 70 dB (entrada em curto) FIG. 8
> 60 dB (entrada aberta) Os transistores aprovados nesses testes re-
(medidas feitas com chassi fechado) cebem banho de verniz à base de silício a fim
Resposta de freqüência: de receber refôrço mecânico nas juntas sol-
50 Hz a 10 kHz (- 3 dB) dadas, reduzindo assim o risco de formação
Distorções para 250 mV na entrada (S 1 na de fraturas devidas às conexões defeituosas.
posição 1) e volume ajustado para 100 mV de Procede-se agora ao teste de capacitância entre
saída: base e coletor e os transistores estão assim
100 Hz- 0,5% prontos para o estágio final de fabricação, ou
1kHz- 0,25% seja o encapsulamento.
10kHz- 0,5% Os transistores são encerrados no interior
de cápsulas metálicas estanhadas internamen-
Atuação do contrôle de tonalidade:
te. Antes de alojarem os transistores, as cápsu-
Contrôle de volume na posição média, con- las são enchidas de graxa silicosa e submetidas
trôle de tonalidade na posição de corte das à centrifugação, a fim de impedir que alguma
altas, entrada ajustada para saída de 100 mV: bolha de ar fique retida, e são aquecidas ao
+ 6 dB a 200 Hz vácuo para expulsar tôda a umidade.
- 10 dB a 3,5 kHz A operação de encapsulamento é realizada
- 20 dB a 9kHz numa prensa quente, de modo que a camada
Sensibilidade do amplificador 35 mV para 3,5 W estanhada da cinta da base se solde à camada
Sensibilidade total: estanhada da cápsula, proporcionando assim
pos. 1 25 mV p/ 3,5 W uma junção à prova de umidade.
pos. 2 10 mV p/ 3,5 W Os transistores são agora submetidos ao
teste final que consiste na medição de caracte-
rísticas estáticas e dinâmicas, teste de ruído e
medição do ganho de potência num circuito
CONSTRUÇÃO E FABRICAÇÃO prático.
DE TRANSISTORES Acreditamos que os leitores concordarão
que, no decorrer do processo de fabricação,
(Continuação da pág. 31) êsses transistores sofrem inúmeros processos
engenhosos, os quais atestam eloqüentemente
Agora vem uma seqüência complexa· de quão intensas foram as pesquisas científicas e
processos de desbaste eletrolítico, lavagem e tecnológicas que possibilitaram a fabricação
limpeza (dez ao todo) durante o qual todo o dos transistores atuais. Outrossim, hão de con-
material desnecessário é removido e a superfí- cordar que os numerosos e variados tratamentos
cie tôda do transistor é completamente liber- a que êsses dispositivos são submetidos, alguns
tada da contaminação produzida pelos rea- dos quais de natureza um tanto drástica, são
gentes, vernizes, etc., usados nos processos tais que visam não somente assegurar excelen-
precedentes, os quais se não removidos dariam tes características elétricas como também o
lugar a fugas de corrente entre os grãos. mais elevado grau de confiança no serviço.

MAIO/JUNHO 1964 39

Você também pode gostar