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Excelentíssimo Senhor Vice Reitor Osmar Ambrósio de Souza, em seu nome

cumprimento as demais autoridades presentes.


Prezados formandos e formandas, pais, mães, esposos, esposas, familiares,
amigos e amigas, boa noite!
Hoje é um dia muito especial para todos nós. Um momento de celebração, uma
etapa com significados individuais e coletivos. Diante de todos e todas, sinto-me
honrada pela lembrança e escolha como paraninfa dessa turma a qual aprendi
a compreender, respeitar e, principalmente, benquerer. Agradeço por
compartilharem comigo uma etapa tal especial da vida de vocês. Como docente
da UNICENTRO tive muitas alegrias, contudo confesso que 2017 superou
minhas expectativas. Recebi muitos presentes neste ano que passou, vocês são,
sem dúvida, o principal deles.

Entendo a responsabilidade deste momento. O paraninfo, excluindo todas as


formalidades, tem a incumbência de lhes dar o último conselho. Eu não diria que
lhes darei o último, mas o que intercala a condição de formandos para formados.
Esta precisa ser enaltecida pela dedicação nestes quatro anos vividos: as noites
mal dormidas, os cansaços nos dias finais dos estágios, as ausências junto aos
entes queridos, a ansiedade e alívio na defesa do TCC. Olhando para trás e
lembrando das confissões de cada um de vocês, fico muito, mas muito feliz
mesmo, por vê-las e vê-lo, aqui, colando grau.

Ilustro a singularidade de hoje com uma reflexão muito importante que serviu,
profundamente, na minha formação profissional.

Título não é status, é responsabilidade. Graduar-se é apropriar-se de


conhecimentos necessários a libertação, portanto, estes conhecimentos exigem
responsabilidade. As exigências podem ter deixado de serem acadêmicas, mas
continuarão com seu caráter político, social e histórico.

István Mészaros, filósofo húngaro e um dos intelectuais de nossa época que,


infelizmente, faleceu no ano passado, no seu livro A educação para além do
capital, nos provoca ao afirmar que a educação institucionalizada, como
atividade intelectual, é tratada como uma forma de preservar os ditos “padrões
civilizados”, governando contra a “anarquia e a subversão”. Uma visão estreita,
elitista, que busca de forma meritorática, estabelecer o lugar de cada um na
sociedade. Suscito-os a pensar, o que nossa universidade fez com vocês?
Demonstrou o seu lugar na sociedade ou os instigou a questionar sobre tal
condição? Os qualificou para o mercado ou para vida?
Segundo a Professora Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira, da Universidade
Estadual de Campinas, nosso fazer docente na Universidade tem “uma relação,
direta, entre o que é conhecimento no sentido epistemológico e o que é o homem
no sentido ontológico.”

Pelo conceito ontológico, gostaria de compartilhar com vocês duas constatações


que ouvi, numa palestra de Pepe Mujica, ex presidente do Uruguai, quando, em
passagem na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2015, falou a um
auditório lotado de jovens, sobre a responsabilidade do compromisso social e a
necessidade de sobriedade no sentido da vida. O tempo nunca nos exigiu tanto
como agora: sobriedade nas nossas ações, reflexão nas nossas decisões e
engajamento no nosso sentido da vida. Segundo Mujica, “Não tem como sonhar
com um mundo melhor se não gastar a vida lutando por ele.” Afirmo a vocês: É
impossível viver conscientemente, sendo conduzido pelas decisões alheias!
Optar por ser controlado, é desistir de sonhar e demonstra a nossa verdadeira
concepção de mundo. Tal concepção, Antonio Gramsci, filósofo italiano, pode
reafirmar a manutenção das forças existentes ou promover sua mudança.

Atualmente, forças afrontam conquistas históricas e decisões coletivas. A


legitimidade das lutas sociais tem sido “acotovelada” pelo embuste da
legalidade. É necessário romper com a supressão de direitos. É preciso lutar por
mudança. Nossas ações podem contribuir para uma mudança social
significativa. Afinal, Mujica nos adverte: “Não há homem grande, há causa
grande”.

Desafio a todos para a mudança. Os provoco ao não contentamento com a atual


conjuntura. Mais do que isso, chamo a responsabilidade que lhes é instituída
hoje. Lembrem, o ensino superior não lhes confere superioridade na existência,
mas engrandecimento nas ações. Sejam seres humanos agindo com coerência,
comprometimento e, acima de tudo, respeito!

Finalizo meu conselho, com uma frase de Isidora Dolores Ibárruri Gómez, uma
grande líder espanhola.

“"É melhor morrer de pé que viver de joelhos"

Desejo muita felicidade e força nesta nova luta que se inicia. Parabéns, minhas
afilhadas e afilhado.

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