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Uma religião monástica nunca conseguiria. Uma fé que não pode florescer fora de
uma estufa eclesiástica, uma fé que não pode encarar o ar frio dos negócios do
mundo, e frutificar, exceto se for por trás do muro do isolamento e do asceticismo
– tal fé é uma planta que o nosso Pai Celestial não plantou, e ela não leva nenhum
fruto à perfeição.
Mas onde podemos encontrar Cristianismo tão verdadeiro? Quais são os seus
ingredientes especiais? Qual a sua natureza? Quais são as suas peculiaridades? A
resposta a estas questões pode ser encontrada nas três palavras do texto que dá
título a este sermão. O segredo de um Cristianismo vigoroso e poderoso para
todos os dias é estar sempre “olhando para Jesus”. A gloriosa companhia dos
Apóstolos, a nobre Marinha dos mártires, os santos que deixaram suas marcas em
qualquer era e território, e deixaram o mundo de cabeça para baixo, - todos, todos
tiveram uma mesma marca em comum. Eles foram homens que viveram “olhando
para Jesus.” A expressão do texto é um desses relatos poderosos que se destacam
aqui e ali no Novo Testamento, e que demandam atenção especial. É como “para
mim, o viver é Cristo,”-“Cristo, que é a nossa vida”-“Cristo é tudo em todos”-
“Ele é a nossa paz”-“Vivo pela fé no Filho de Deus.” (Filipenses 1.21;
Colossenses 3.4,11; Efésios 2.14; Gálatas 2.20). Para cada uma de todas essas
passagens, aplica-se uma observação em comum. Elas são ricas em pensamento e
alimento para reflexão. Elas contêm muito mais do que um olho descuidado pode
ver na superfície.
Na frase “olhando para Jesus,” é útil e interessante lembrar que o termo grego
que, na nossa Bíblia em inglês, designa “olhar”, é encontrado apenas no Novo
Testamento. Traduzindo literalmente, significa “looking off” 1 – ou seja, deixar
de olhar para outros objetos e olhar um, apenas um, e observá-lo com um olhar
firme, fixo e intenso.
E o objeto que temos que olhar, vocês verão, é uma PESSOA, - não uma
doutrina, não um dogma teológico abstrato, mas uma Pessoa viva; e essa pessoa é
Jesus, o Filho de Deus. Quanta importância para o pensamento! Credos e
confissões são invenções necessárias de uma era comparadamente moderna. O
primeiro e mais simples tipo de um Cristão antigo foi um homem que confiou, e
amou uma Pessoa Divina. Talvez ele tivesse pouco conhecimento e poucas
definições precisas. Muito provavelmente, ele se daria mal num teste de uma
1
N.T - não há uma tradução literal para o português
escola de teologia atual. Mas uma coisa ele sabia: ele conhecia, acreditava,
amava, e poderia ter morrido por um Salvador vivo, um verdadeiro Amigo
pessoal no céu, exatamente Jesus, o crucificado e ressurreto Filho de Deus. Bom
seria para as Igrejas do século XIX 2, se nós tivéssemos mais desse Cristianismo
simples entre nós, e pudéssemos sentir mais a Pessoa de Cristo.
Mas, depois de tudo, a grande questão que vem do texto é: O que é que temos que
olhar em Jesus? Se nós estamos habituados a viver com o olhar de nossa mente
fixo em Cristo, quais são os pontos especiais que temos que levar em
consideração? Se “olhar para Jesus” é o verdadeiro segredo de um Cristianismo
saudável e vigoroso, o que essa frase quer dizer?
Quem entre nós poderia sentar e pensar nos dias que passaram - os tempos de
escola, os tempos de faculdade, dias da meia-idade, as incontáveis coisas que não
2
Nota: e para as do século atual também
foram feitas, mas deveriam ter sido, e outras feitas, mas que não deveriam ter sido
feitas - quem, eu digo, pode pensar nisso tudo sem vergonha, se de fato ele não
volta da análise com desgosto e terror, e se recusa a pensar nisso? Todos nós
precisamos de paz.
Onde está o homem em toda a Inglaterra, o melhor e mais santo entre nós, seja
velho ou novo, que não deve confessar, se estiver falando a verdade, que as suas
melhores coisas estão agora cheias de imperfeição, e a sua vida é uma sucessão
constante de deficiências? Sim: quanto mais velhos ficamos, e mais desejamos a
luz do dia perfeito, mais vemos nossa própria grande escuridão e nossa multidão
de defeitos, e mais propensos ficamos a chorar, “Impuro! Impuro! Deus, tem
misericórdia de mim, pecador.” Nós precisamos de paz.
Agora, existe apenas uma fonte de paz revelada na Escritura, que é o sacrifício da
morte de Cristo, e a expiação que Ele fez pelo pecado naquela morte sofrida na
cruz. Para obter uma porção dessa grande paz, nós precisamos apenas “olhar”,
pela fé, para Jesus, como nosso Substituto e Redentor, carregando os nossos
pecados em Seu próprio corpo, e lançando todo o peso de nossas almas Nele. Para
aproveitar essa paz habitualmente, nós temos que “diariamente olhar para trás”,
para o mesmo ponto assombroso do qual começamos, diariamente trazendo toda
nossa iniqüidade a Ele, e diariamente lembrando que “o Senhor fez cair sobre ele
a iniqüidade de todos nós.” (Isaías 53:6). Isto, eu me atrevo a dizer, é o caminho
Bíblico para a paz.
Esta é a velha fonte da qual todas as verdadeiras ovelhas de Cristo beberam por
1800 anos, e cuja água nunca faltou. Pais santos, e santos homens da escola,
santos reformadores de ambos os lados do Canal da Mancha, e ambos os lados do
Tweed3, santos não-conformistas e santos episcopais na nossa própria terra, -
todos concordaram em um ponto, pelo menos, em suas crenças. E esse ponto é
isso, que a única receita para a paz de consciência é “olhar” com fé para Jesus
sofrendo em nosso lugar, o justo pelos injustos, pagando o nosso débito através
desse sofrimento, e morrendo por nós na cruz.
Os sábios de hoje em dia falham ao buscar um caminho melhor para a paz que o
velho caminho de “olhar” para a morte sofrida de Cristo. Milhares estão
anualmente ficando grisalhos, criando bolhas em suas mãos, cortando as cisternas
– cisternas rachadas, que não podem guardar água. Eles vaidosamente esperam
encontrar uma maneira melhor de ir ao céu do que o antiquado caminho da cruz.
Eles nunca vão encontrar. Eles terão que se voltar no final, se eles amam a vida,
3
Provável referência a um rio na divisa entre a Inglaterra e a Escócia: referência provável aos
presbiterianos escoceses e os anglicanos ingleses, levando em conta a divisão história sinalizada por
Ryle, que começa na Reforma no Continente (Genebra, Zurique, Wittenberg,) e acaba se referindo aos
Conformistas e Não-conformistas ingleses ( já nó seculo XVII)
como muitos antes deles, para a serpente de bronze. Eles deverão se contentar,
como fez Israel no deserto, em olhar e viver, e serem salvos pelo sangue do
Cordeiro.
“Você acredita que não pode ser salvo por nada além da morte de Cristo?” O
homem doente respondeu “Sim.” Então é dito a ele: Vá até ela então, e, enquanto
permanece em ti a tua alma, coloca toda tua confiança nesta morte apenas. Não
coloca tua confiança em nenhuma outra coisa. Comprometa-te inteiramente com
essa morte. Envolva-te totalmente com essa morte. E se Deus o julgar, diga
“Senhor, eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e o Seu
julgamento, e de outra forma eu não contenderei Contigo.” E se Ele disser a você
que você é um pecador, diga “Eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo
entre mim e meus pecados.” Se Ele te disser que você merece a condenação, diga
“Senhor, eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre o Senhor e todos
os meus pecados; e eu ofereço os méritos Dele para mim, os quais eu deveria ter,
e não tenho.” Se Ele disser que está com raiva de você, diga “Senhor, eu coloco a
morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e a Tua raiva.” – Citado por Owen
em seu “Tratado Sobre a Justificação.” (Edição Johnstone dos trabalhos de
Owen, vol. V, p. 17)
Que nós sempre permaneçamos nesse velho caminho para a paz, e nunca
tenhamos vergonha dele. Enquanto outros voltam, e mal escondem o seu
desprezo pela teologia do sangue, que nós possamos nos atrever a seguir em
frente, “olhando para Jesus,” e dizendo diariamente para Ele “Senhor, eu pequei;
mas o Senhor sofreu em meu lugar, eu recebo o Senhor e o Seu mundo, e
descanso a minha alma em Ti.”
Este é o primeiro “olhar para Jesus.” Nós devemos olhar habitualmente para a
morte de Cristo pela paz e pelo perdão. Foi o que Paulo queria que os Hebreus
fizessem. Que este seja o primeiro item em nossa crença.
Eu creio que o grande remédio Bíblico para todos que se sentem tão
desamparados como eu descrevi é olhar para cima, para Cristo no céu, e manter
firmemente em nossos olhos a Sua intercessão na destra de Deus. Como o
marinheiro que vai para o alto do mastro pela primeira vez, nós devemos aprender
a olhar PARA CIMA, nos esquecendo de nós mesmos e de nossas fraquezas, e
olhando para Cristo no céu. Nós devemos tentar perceber diariamente que Jesus
não apenas morreu por nós e reviveu, mas que Ele também vive como nosso
Advogado com o Pai, e se apresenta no céu por nós. Este, certamente, foi o
pensamento de Paulo quando ele disse “fomos reconciliados com Ele mediante a
morte de Seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos
por Sua vida.” (Romanos 5:10) Isto, novamente, é o que ele quis dizer quando
deu esse desafio confiante, “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e
mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós.”
(Romanos 8:34) Isto, acima de tudo, é o que ele tinha em vista quando disse aos
Hebreus, “Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio
dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.”
E este é o segundo “olhar para Jesus”. Nós devemos olhar habitualmente para a
Sua vida e intercessão.
III. Em terceiro lugar, se nós olharmos diretamente para Jesus, nós devemos
olhar diariamente para o Seu exemplo, como nosso superior padrão de uma
vida santa.
Todos nós sentimos, creio eu, e geralmente sinto também, o quão difícil é regular
nossas vidas diárias por meras regras e regulamentações. Diversas circunstâncias
irão continuamente atravessar o nosso caminho, no qual achamos difícil encontrar
a linha do dever, e ficamos perplexos. Oração pela orientação do Espírito Santo, e
atenção para a parte prática das Epístolas, são, sem dúvida, recursos primários.
Mas certamente poderia desatar vários nós, e resolver vários problemas, se nós
cultivássemos o hábito de estudar o comportamento diário do nosso Senhor, como
está exposto nos quatro Evangelhos, e nos esforçássemos para moldar o nosso
próprio comportamento a esse padrão. Deve ter sido isso que nosso Senhor quis
dizer, ao falar, “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.”
(João 13:15) E isso foi o que Paulo quis dizer, quando escreveu, “Tornem-se
meus imitadores, como eu o sou de Cristo.” (1 Coríntios 11:1) E isso foi o que
João quis dizer quando falou, “aquele que afirma que permanece nele, deve
andar como ele andou.” (1 João 2:6) Este é o fim principal ao qual todos estão
predestinados; o de serem “conformes à imagem de seu Filho.” (Romanos 8:29)
Este, diz o Artigo 174, com verdadeira sabedoria, é o caráter especial dos eleitos
de Deus, - “que eles sejam feitos à imagem do filho unigênito de Deus, Jesus
Cristo.” Em face a tal evidência, eu tenho o direito de dizer que o nosso “olhar”
para Jesus é muito imperfeito, se não olhamos para o Seu exemplo, e não nos
esforçamos para segui-lo.
4
Dos 39 artigos de religião da Igreja da Inglaterra, credo básico da mesma (N.d.R)
Vamos considerar por um momento quão lindo e maravilho retrato do Homem
Jesus Cristo os quatro Evangelhos trazem aos nossos olhos. É um retrato que
exortou a admiração até de um cético como Rousseau. É um retrato que, até os
dias de hoje, é uma das principais dificuldades da infidelidade, pois nunca houve
um infiel que pudesse encarar a questão, “Diga, se você se recusa a acreditar na
origem Divina do Cristianismo, diga-nos quem e o quê Cristo era?” Deixe que
nós, Cristãos, tracemos todos os passos da carreira de nosso Mestre, desde a
oficina de carpinteiro em Nazaré, até a cruz do Calvário. Veja como, em toda
companhia e posição, pelo Mar da Galiléia, no Templo de Jerusalém, pelo poço
de Samaria, na casa Betânia, entre os Saduceus escarnecedores, ou os publicanos
desprezados, a sós com os Seus discípulos fieis, ou cercado de amargos inimigos,
Ele é sempre o mesmo - sempre santo, inocente, imaculado; sempre perfeito em
palavra e ação. Note que combinação maravilhosa de qualificações aparentemente
opostas pode ser vistas em Seu caráter. Atrevido e sem rodeios em oposição à
hipocrisia e à auto-justificação, brando e compassivo ao receber o chefe dos
pecadores; profundamente sábio ao discutir diante do Sinédrio; simples, para que
uma criança possa entendê-lo, ao ensinar aos pobres; paciente em relação aos
Seus discípulos fracos; imperturbável no temperamento com a provocação mais
afiada; considerado por todos a Sua volta; simpatizante, abnegado, com espírito
de oração, cheio de amor e compaixão, totalmente altruísta, sempre com Seu Pai,
sempre fazendo o bem, continuamente ministrando aos outros, e nunca esperando
que os outros o ministrem - que pessoa nascida de uma mulher já andou na Terra
como Jesus de Nazaré? Nós provavelmente nos sentimos humilhados e
envergonhados ao pensar que até o melhor de nós é muito diferente do nosso
grande Exemplo, e que pobres e borradas cópias de Seu caráter nós mostramos à
humanidade. Como crianças descuidadas na escola, nos contentamos em copiar
aqueles a nossa volta, com todas as suas faltas, e não olhamos constantemente
para a única cópia que não tem faltas, o único Homem Perfeito, no qual até Satã
não encontraria “nada.” (João 14:30) Mas uma coisa, em qualquer proporção,
temos que admitir. Se os cristãos, nos últimos dezoito séculos, tivessem sido mais
parecidos com Cristo, a Igreja certamente teria sido bem mais bonita, e teria feito
muito mais bem para o mundo.
Vamos nos guardar deste erro nesses últimos dias. Vamos cultivar o hábito diário
de “olhar para Jesus como o nosso padrão,” assim como nossa salvação. Que nós
não esqueçamos que um artífice vai te dizer que ele consegue frequentemente
aprender mais a partir de um exemplo em cinco minutos, do que das melhores
regras escritas em uma hora. Nunca podemos olhar muito firmemente para a
morte e intercessão de Cristo. Mas nós podemos facilmente olhar um pouco para
os passos abençoados de Sua mais santa vida. Vamos nos livrar dessa vergonha.
Vamos lutar e orar para que possamos fazer do tom e do temperamento de Jesus o
nosso modelo e padrão em nosso comportamento diário. Que todos os homens
vejam que, como o poeta diz, “este exemplo tem uma força magnética,” e que nós
amamos seguir Aquele que professamos amar. “Meu Mestre, meu Mestre!” como
George Herbert amava dizer. “Como o meu Mestre se comportaria em meu
lugar?” deveria ser nossa preocupação constante. “Deixe-me ir e fazer o mesmo.”
Este é o terceiro “olhar” para Jesus. Nós devemos sempre olhar para o Seu
exemplo.
Agora, eu creio firmemente que esta mesma segunda vinda deveria ser a
esperança da Igreja em qualquer período no mundo. Ela deve ser a consolação
dos Cristãos nos últimos dias tanto quanto era nos tempos primitivos. E eu duvido
que alguma vez houve uma época na qual fosse tão útil manter a segunda vinda
de Cristo constantemente, como o é agora. Quem pode olhar em volta para
assuntos públicos ao redor do mundo, e evitar a impressão de que este velho e
falido mundo precisa de uma nova ordem das coisas? O cimento parece ter caído
das paredes da humanidade. De todos os lados ouvimos falar de agitação,
anarquia, falta de lei, inveja, ciúme, desconfiança e descontentamento. A
continuação dos males de todas as espécies, físicos, morais e sociais - as
constantes revoluções, e guerras, e fome, e pestes - o crescimento sem fim da
superstição, do ceticismo, e da descrença, - a amarga disputa entre os partidos
políticos - as divisões e controvérsias dos Cristãos - o transbordamento da
intemperança e da imoralidade; o luxo e a extravagância de algumas classes, e a
pobreza de outras - as greves dos trabalhadores, o conflito entre trabalho e capital,
o eterno desamparo de estadistas para conceder soluções, a desonestidade
comercial, o fracasso absoluto do simples conhecimento secular em regenerar a
humanidade, a morte de Igrejas, os resultados aparentemente pequenos das
missões em casa e no exterior, a angústia universal das nações com a
perplexidade, e o medo de que algo terrível está vindo, esses estranhos fenômenos
e sintomas, o que todos eles significam? Todos eles parecem nos dizer, sem voz
incerta, que o mundo está fora de encaixe, e precisa de uma nova administração, e
de um novo Rei. Como uma criança chorando nos braços de um estranho, o
mundo está sempre se preocupando, e lamentando, e lutando, ainda que mal
sabendo o porquê, e nunca vai descansar e aquietar-se até que seu pai verdadeiro
o tome pela mão e afaste o estranho. Assim como Platão fez Sócrates dizer, em
um de seus diálogos, antes da PRIMEIRA vinda, “Nós devemos esperar por
alguém, seja ele Deus, ou um homem inspirado, que nos dê luz, e tira a escuridão
de nossos olhos,” – mesmo assim, nós, cristãos, devemos fixar nossas esperanças
na SEGUNDA vinda, e olhar e esperar pela aparição do legítimo Rei.
E quem, mais uma vez, pode olhar em volta em seu círculo particular, seja ele
pequeno ou grande, e não conseguir ver várias coisas dolorosas e angustiantes;
coisas que, como um observador em descanso, pode apenas sentir profundamente,
mas não pode consertar? Pensa no crescimento da tristeza que vem da pobreza, da
doença, e da morte, - a partir de discussões sobre dinheiro, de incompatibilidade
de temperamentos, de desentendimentos familiares, de fracassos nos negócios, de
desapontamentos com crianças, de separações de famílias. Esqueletos escondidos
existem em tantos lares! Quantos corações machucados! Quantas tristezas
conhecidas apenas por Deus! Quantos Jacós no mundo, aborrecidos por seus
filhos, e se recusando a serem confortados! Quantos Absalões tirando a cabeça de
seus pais por conta de sua ingratidão e rebelião! Quantos Isaques e Rebecas
diariamente aflitos com filhos teimosos! Quantas viúvas de Nain chorando! Onde
está o cristão sério, que muitas vezes não aspira por um melhor estado das coisas,
e se pergunta, “Até quando, oh, Senhor, fiel e verdadeiro, até quando vamos ter
que continuar chorando, e trabalhando, fechando as feridas, e bebendo copos
amargos, e educando, e dividindo, e enterrando, e ficando de luto? Quando
chegará o fim?”
E este foi o quarto e último “olhar” para Jesus. Nós temos que olhar
habitualmente para a Sua segunda vinda, como a esperança da Igreja e do mundo.
Aquele que olhar para a cruz de Cristo é um homem sábio; aquele que olha para a
intercessão e para o exemplo é ainda mais sábio; mas aquele que vive olhando
para todos os quatro objetos - a morte, o sacerdócio, o exemplo, a segunda vinda
de Jesus, - é o mais sábio de todos.
Nosso maior poeta verdadeiramente diz, “Nós sabemos o que somos, mas não
sabemos o que podemos ser.” Tudo diante de nós é escuro e incerto, e tirado de
nossos olhos. Eu não posso dizer a vocês onde muitos de meus leitores estarão na
Terra, ou o que eles serão chamados para fazer ou suportar até que o fim chegue.
Mas uma coisa eu digo confiantemente - que o princípio de seu Cristianismo seja,
em cada canto do mundo, a frase do meu texto - “Olhando para Jesus,” a morte
de Jesus, a intercessão de Jesus, o exemplo de Jesus, a volta de Jesus. Mantenha
os seus olhos firmes Nele. Valorize o puro e reformado ramo da Igreja de Cristo,
à qual você pertence, e todos os seus muitos privilégios. Ame os serviços dela.
Trabalhe para a paz dela. Lute pela sua prosperidade. Mas para a sua própria
religião, a salvação da sua própria alma, atente para que a sua principal idéia seja
“Olhar para Jesus.”
E junto com uma religião sem Cristo, tenham cuidado com uma religião na qual
Cristo não é o primeiro, o líder, o chefe, o principal objeto, - o verdadeiro Alpha
no alfabeto de sua fé. Aquele que trabalha com uma série de cálculos aritméticos,
requerendo semanas e meses de trabalho pesado, sabe muito bem que o seu
trabalho será totalmente em vão, e sua conclusão errada, se uma única figura
estiver errada em sua primeira linha. E aquele que não dá a Cristo Seu justo lugar
e serviço em sua religião, não pode se surpreender se nunca souber nada sobre
felicidade e paz em acreditar, e vai triste e desconsolado no seu caminho para o
céu, com toda “a viagem da vida mergulhada na miséria”.
(c) Finalmente, eu devo dizer a todos, tanto a jovens quanto a velhos, com este
belo texto em vista, que façamos um bom trabalho para visar uma maior
SIMPLICIDADE em nossa religião pessoal.
APOIO
Projeto Spurgeon | Pregamos a Cristo Crucificado.
http://www.projetospurgeon.com.br/