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O séc. XIV foi um período politicamente e socialmente instável e predominantemente secular, isto
porque a autoridade da Igreja foi sendo posta em causa com constantes contestações e tumultos
que levaram ao exílio do Papa (Avignon 1305 – 78) e ao Grande Cisma do Ocidente (1378 – 1417)
que levou a uma divisão da igreja. (ver Nota pág. 3)
Estes acontecimentos irão ser os grandes percursores da reforma protestante, iniciada por
Martinho Lutero.
Este é o século em que se iniciará a separação entre Religião e Ciência por um lado e Igreja e
Estado por outro. A razão humana irá alcançar uma autoridade própria e independente do
controlo da Igreja.
Assiste-se também ao crescimento das cidades e ao reforço político da burguesia.
Acontecerão graves crises económicas causadas pela Peste Negra (1348 – 1350) e pela Guerra dos
Cem Anos (1338 – 1453) entre Inglaterra e França.
A França irá evoluir para uma monarquia absoluta e a Itália irá dividir-se em pequenos estados
rivais onde os seus governantes disputarão entre si a primazia na protecção às artes e às letras.
Haverá um enorme florescimento da literatura em línguas vernáculas (dialetos das regiões) e o
ressurgimento do estudo da literatura clássica grega e latina de onde surgirão importantes autores
e obras como Petrarca, Boccaccio, Chaucer e Dante com a sua importante obra “Divina Comédia”
(1307). Serão os primórdios do Humanismo.
A Ars Nova
Obras de referência
Motete que utiliza como base para a composição do tenor, um padrão melódico e rítmico que se
repete, com o sentido de dar unidade e forma aos motetes.
Assim, a Color consiste num padrão melódico que se repete e a Tálea um padrão rítmico que
também se repete. Ambos podem ser coincidentes mas o mais habitual é não o serem.
Na maioria das vezes é usado no Tenor mas pode ser também aplicado às vozes superiores no seu
todo ou em parte.
Guillaume de Machaut
A “Messe de Notre Dame” é a sua obra mais importante e tornou-se a obra mais famosa do
séc.XIV. Caracteriza-se por ser a 4 vozes, com todas as partes do Ordinário e inclui isorritmia em
quase todas as vozes em 4 dos seus 6 andamentos. O Glória e Credo são silábicos mas terminam
com um Amen isorrítmicos. As outras partes são isorrítmicas. Os tenores são retirados do
cantochão que possuem os mesmos textos do ordinário.
As formas que se tornaram padronizadas em termos de estrutura, fixando-se num modelo que é
sempre feito da mesma forma são:
o Ballade – (de bailar) tem normalmente uma introdução e 3 estrofes com refrão. Apenas
uma das vozes é cantada sendo as outras instrumentais - forma aabC;
o Virelai – também chamado de chanson balladée, é semelhante à ballade mais mais
simples e livre – forma AbbaA;
o Rondeau – canção rotativa, com estrofes monódicas e refrão normalmente polifónico, a 2,
3 e 4 vozes – forma ABaAabAB;
Estas formas são evoluções das canções de discante ou cantilena que eram executadas por um ou
dois cantores ou instrumentos e onde a voz principal era a mais aguda e aquela que era escrita em
primeiro lugar, ou seja, em estilo cantilena (voz aguda acompanhada por outras vozes e
instrumentos).
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Os religiosos alegavam que aquelas práticas distraíam os espíritos da palavra de Deus e que
transformavam a missa num concerto, onde a palavra transmitida na liturgia era mascarada pelas
melodias rebuscadas. Na Itália, essa resposta eclesiástica teve a função de desencorajar a
produção polifónica. O próprio papa João XXII promulgou em Avignon em 1324 que em dias
festivos, missas solenes e no ofício divino, seria autorizado a utilização dos intervalos de oitavas,
quartas e quintas e que a integridade do cantochão não deveria ser afetada.
Apesar disso, os motetes e as peças polifónicas com texto para todas as vozes à maneira dos
conductus continuavam a desenvolver-se em França. No final do séc. XIV e início do séc XV, já os
compositores escreviam missas e hinos no estilo cantilena, com uma voz e dois instrumentos de
acompanhamento.
O catolicismo ocidental assistiu a uma grave crise entre os anos de 1378 e 1417, assistindo-se a
conflitos entre várias autoridades papais a que se deu o nome de Grande Cisma do Ocidente.
No final do séc.XIII, durante o seu pontificado, o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) disputou o
poder com o rei francês Filipe IV, o Belo. Com a morte de Bonifácio VIII em 1303, Felipe IV
pressionou e conseguiu eleger um papa francês para o substituir, o Papa Clemente V. O monarca
francês obrigou este Papa a instalar-se em território francês, deixando vago o trono do Papa em
Roma. O Papado foi assim transferido para Avignon, no sul da França, de 1309 até 1377, período
chamado de Cativeiro de Avignon, período durante o qual vários papas se submeteram ao poder
dos reis franceses. Fatores políticos ocorridos no final do Pontificado de Avignon levaram o novo
Papa francês, Gregório XI, a querer retornar à sede papal em Roma, onde faleceu, em 1378. O
novo papa escolhido, o cardeal de Bari (Itália) foi eleito Papa Urbano VI e pressionou para que a
sede do papado novamente se instalasse em Roma. Mas, por ser inconstante, Urbano VI foi
rejeitado pelo clero que anulou a sua eleição. Entretanto, alguns cardeais uniram-se à Rainha
Joana I, de Nápoles (Itália) e escolheram o cardeal de Genebra como Papa Clemente VII. A sede do
seu papado manteve-se em Avignon e Clemente VII ficou conhecido como o Antipapa.
Em Avignon, Clemente VII era apoiado por diversos monarcas e pessoas de destaque na Igreja
(França, Nápoles, Castela, Aragão, Lorena e Escócia). O Papa Benedito XIII (ou Bento XIII) sucedeu
a Clemente VII, mas foi contestado e teve como seu sucessor o Antipapa João XIII, desta vez com
sede em Piza (Itália).
O cisma dentro do cisma tornou-se dramático, chegando a Igreja a ter três Papas: Bonifácio IX
sucedido por Gregório XII (em Roma), Benedito XIII (em Avignon) e João XIII (em Piza), que
mantinham conflitos entre si com o sentido de reivindicarem o poder sobre o catolicismo
ocidental no século XV.