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RESUMO
Este presente estudo objetivou investigar a evasão docente por parte de docentes da rede
estadual de ensino, que abandonaram a docência e migraram para o Instituto Federal de
Educação de Rondônia – Campus Ariquemes, mas para o cargo de técnico
administrativo buscando verificar se há relação entre as políticas públicas educacionais
com esta evasão. O propósito é verificar qual a ligação dessa evasão com os baixos
salários, falta de apoio e incentivo ao magistério, a falta de estrutura nas escolas e
demais fatores. A pesquisa, de natureza quantitativa, propõe ouvir os técnicos
administrativos evadidos do governo do estado de Rondônia para conhecer as razões
dessa escolha. Como resultado, pretendo analisar se a evasão docente está relacionada
com a forma que o professor é desvalorizado na rede estadual de educação. Este estudo
foi realizado através de revisão bibliográfica, de pesquisa documental e questionário,
visando entender o fenômeno estudado, com resultados obtidos, pude concluir que os
investimentos feitos em recursos humanos pelo governo do estado estão muito aquém
do esperado, levando muitos professores a buscarem novas alternativas de trabalho e
muitos deixando a carreira do magistério.
__________________________
O capital humano
Para ser professor precisamos passar por fases, por um processo contínuo,
através do qual o indivíduo se constrói como professor, também deixar de ser, se
mostrou como um processo que vai se concretizado ao longo do percurso profissional.
O trabalho docente, para que seja realizado satisfatoriamente e para que cumpra seu
papel equilibrador, requer o estabelecimento de vínculos específicos com determinadas
classes de objetos: instituições, pessoas, instrumentos, organizações. Esses vínculos, no
caso, são entendidos como um conjunto de relações que o professor estabelece com a
escola e com o trabalho docente, e que dependem da combinação das características
pessoais do professor, das formas de organização e funcionamento da escola, do grupo e
do contexto social em que ambos estão inseridos.
Quando o professor inicia o magistério parece que há um encantamento com a
entrada na profissão, com os aspectos sociais e econômicos que esse início representa;
para eles essa primeira fase é uma conquista, e o sabor dessa conquista coloca à sombra
os problemas e as dificuldades. Segundo Christophe Dejours (1991), “executar uma
tarefa sem investimento material ou afetivo exige a produção de esforço e de vontade,
em outras circunstancias suportadas pelo jogo da motivação e do desejo” (p.49). A
motivação e o desejo, aqui, são representados pelos aspectos positivos encontrados
pelos professores no início da carreira. Pode-se afirmar que os vínculos existem, e
mesmo que não representem a totalidade dos vínculos necessários, parece que são
suficientes para evitar o abandono nos primeiros anos da carreira. Porém, a manutenção
e o fortalecimento desses vínculos existentes vão depender do tipo de respostas que o
professor recebe na escola e da sociedade e que, se não satisfatórias, se não
correspondem as suas expectativas, acabam por enfraquecê-los até a ruptura definitiva.
Pode-se afirmar que o processo de abandono se constitui através, principalmente do
enfraquecimento ou relaxamento dos vínculos existentes entre o professor e o governo.
Segundo a lei Nº 11.738 de julho de 2008 a lei do piso da educação, nenhum
profissional do magistério público poderá ganhar menos que o piso nacional por 40
horas semanais de trabalho, dessas 40 horas semanais 2/3 devem ser de com carga
horária para desempenho das atividades de interação com alunos, sendo que só foi valer
no estado de Rondônia após muita negociação a partir de 2011, antes disso um professor
com 40 horas deveria trabalhar com alunos de 30 a 33 horas semanais, mas mesmo com
essa nova determinação o governo do estado exige que às 27 horas tenham que ser com
aulas propriamente ditas, não pode contar com nenhuma outra atividade interativa com
aluno, nem com projetos e nem com reforço. O plano de carreira, cargos e remuneração
dos profissionais da educação básica do estado de Rondônia Lei complementar Nº 680
de setembro de 2012, traz alguns direitos e vantagens ao professor efetivo, tais como:
Férias de 45 dias em dois momentos, 30 dias ao fim do ano letivo com adicional de 1/3
de férias, e de 15 dias ( geralmente no mês de julho) com adicional de 1/6 de férias;
Licença prêmio por assiduidade (há cada cinco anos o servidor tem direito a três meses
de licença remunerada) sendo que este benefício só estar no papel, pois o governo alega
que o servidor interessado em gozar a licença ele tem que arrumar ou indicar alguém
que abone sua ausência, no ano de 2012 o governador do estado sugeriu que pagaria a
licença a quem tivesse direito em pecúnia, mas infelizmente foram poucos os agraciados
com esse serviço; Direito a progressão funcional a cada dois anos, aumentando o seu
salário base em 2%; Gratificação de atividade docente, mas só é concedida aos
professores que cumpram a jornada de trabalho de no mínimo 27 horas semanais;
Gratificação de 15% sobre o vencimento por titulação de Pós-Graduação Lato Sensu na
área de educação ou formação; Gratificação de 20% e 25% sobre o vencimento por
titulação de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado e Doutorado respectivamente;
Gratificação de difícil acesso; Auxilio saúde de R$ 50,00 para que não tem plano de
saúde e de R$ 100,00 para quem tem plano de saúde; e Auxilio educação que foi
incorporado ao plano de carreira dos professores em 2013, após um longo período de
greve e negociações.
A atual situação salarial dos professores do estado de Rondônia apesar da
melhoria com o passar do tempo devido os incentivos e adicionais por tempo de serviço
ou de qualificação, ainda assim são baixos. De acordo com estudo feito pelo CNTE
(Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação) o estado de Rondônia não
cumpre o valor do piso nacional de educação como vencimento. Mesmo comparados a
outras áreas do governo com o mesmo nível de qualificação ou até mesmo em nível
inferior, ainda assim o salário dos professores é muito baixo, quem dirá comparado com
os incentivos dados em outros países.
Esse fator que incide pesadamente sobre a precarização do trabalho docente,
pois a pauperização profissional significa pauperização da vida pessoal nas suas
relações entre vida e trabalho digno, ficando aquém de suas necessidades sociais,
culturais e econômicas. Apesar de tudo a maior parte desses novos professores se
empenham em estabelecer os vínculos necessários, isto é, há um empenho em realizar o
trabalho da melhor forma possível, em adaptar-se ao novo papel e em encontrar
satisfação e autorrealização na sua vida profissional.
2- METODOLOGIA
Essa fase também foi feito a pesquisa documental que parece muito com a
pesquisa bibliográfica. Para GIL (2002):
(...) a diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes/Enquanto a
pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos
diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se
de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda
podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. (GIL, 2002,
p.45)
Quadro de técnicos
administrativos
Técnicos em assuntos
educacionais
Assistente em
administração
Pedagogos
Bibliotecária
Técnica em laboratório
7
6
5
4
3 Escola
2 IFRO
1
0
Até R$ Até R$ Até R$ Até R$ Até R$ Acima de
1900 2.300 2700,00 3667,00 5000,00 R$
5000,00
4-CONCLUSÃO
A partir da exposição dos fatos, após análise dos dados coletados no instituto,
com os servidores estudados sobre a evasão docente, observa-se que a problemática tem
raízes profundas. Para evitar a evasão, deve haver um trabalho para a melhoria da
qualidade de ensino, que deve partir não somente das políticas públicas, mas também
das relações sociais, familiares, e dentro da própria entidade. Um conjunto de ações, em
longo prazo, tornaria novamente a profissão docente almejada e satisfatória tanto para
quem a abraça, quanto pra quem depende dela para estudar.
A professora Kuenzer no seu livro sobre educação e trabalho no Brasil: O
estado da questão cita que:
A classe trabalhadora, por sua vez, mesmo que participe do processo de
produção do conhecimento através de sua prática cotidiana, fica em
desvantagem a partir do momento em que, historicamente, não tem tido
acesso aos instrumentos teórico-metodológicos que lhe permitiriam a
sistematização de um saber articulado ao seu projeto hegemônico.
É indiscutível a força do capital no processo de produção da ciência oficial
contemporânea; ê ele quem determina os objetos de investigação, financia
pesquisadores e instituições, forma recursos humanos de alto nível, produz a
"boa ciência" e principalmente, se apropria privadamente dos resultados, uma
vez que esta apropriação é uma dos determinantes de sua reprodução
ampliada, na medida em que aumenta a produtividade. Este saber, portanto,
não é democratizado; no interior do processo produtivo, o trabalhador recebe
a "qualificação" que é conveniente aos interesses do capital, não devendo
receber nem a mais, nem a menos, desenvolvendo-se um processo de
distribuição desigual do saber, ao qual articula-se a escola.
(KUENZER,1991, p.22)
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 4ª Ed,
2002.