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Resumo do texto " Os Instintos e suas Vicissitudes".

Esse artigo foi escrito por Freud em 15 de Março de 1915.


O termo inglês 'instinct' representa o alemão "Trieb". Essa palavra não tem o significado
semelhante ao da biologia. No decorrer do artigo o significado é assinalado por Freud.
Nota-se uma ambiguidade no do termo Trieb (instinto) e Triebrepräsentanz
(representante instintual). Freud descreve instinto como : um conceito situado na fronteira entre
o mental e o somático, … o representante psíquico dos estímulos que se originam de dentro do
organismo e alcançam a mente." E posteriormente Freud traça uma distinção entre eles " Um
instinto jamais pode tornar-se um objeto da consciência – somente ideia que representa o
instinto é que pode" e em Repressão ( pág.171) se refere ao representante como sendo uma
ideia, ou grupo de ideias, que é catexiada com uma quota definida de energia psíquica
proveniente de um instinto".
Esse artigo é uma tentativa de relativamente antiga de lidar a teoria dos instintos. Uma
reflexão subsequente levou Freud a alterar os conceitos sobre os instintos, porém esse artigo é
essencial para entender também os conceitos desenvolvidos posteriormente.
Freud começa o artigo comentando sobre a forma como as ciências são estruturadas e
traz uma aproximação delas com a psicologia, e mais especificadamente com o conceito de
instinto. Inicialmente aborda esse conceito pela ótica da fisiologia que fornece a concepção de
um 'estimulo' aplicado ao tecido vivo a partir de fora é descarregado por ação para fora. Afirma
que não há nada que impeça a relação de instinto e estimulo, porém tem que haver uma
precaução a respeito da comparação do instinto e estímulo mental já que existem outros
estímulos à mente além dos instintuais ( os fisiológicos).
Os estímulos instintuais não surgem do mundo exterior, mas de dentro do individuo.
Dessa forma atuam diferentemente sobre nossa mente, e diferentes ações se tornam necessárias
para removê-los. Tudo que é essencial num estímulo fica encoberto podendo ser removido por
uma única ação conveniente. Eles atuam como uma força de impacto constante e não há como
fugir deles. Pode ser comparado com 'satisfação' e o que elimina a necessidade é a satisfação.
Isso pode ser alcançado pela alteração apropriada da fonte interna de estimulação.
Há diferença na forma como sistema nervoso lida com estímulos externos e com os
instintos que são estímulos internos. O objetivo do sistema nervoso é dominar os estímulos,
mas essa ação não é possível com todos. Assim, para afastar os estímulos externos o sistema
emprega movimentos que se satisfatórios são repetidos e passados hereditariamente. Já com os
instintos, por ser algo interno e constante, demanda um trabalho mais complexo e interligado,
o que significa que eles não podem ser eliminado. Assim, o sistema nervoso busca modificar o
mundo externo para satisfazer o instinto. Com isso, Freud conclui que os instintos e não os
estímulos externos, constituem as forças que levaram o sistema nervoso ao seu grau de
desenvolvimento atual. E ainda, se verifica que o aparelho mental é regido pelo princípio do
prazer, o que é justamente a eliminação dos instintos, assim, as ações que são desagradáveis
ficam ligadas ao aumento do estimulo e as agradáveis a diminuição.
As características do instinto apresentadas por Freud nesse texto são a fonte, o objeto,
a finalidade e a pressão. A fonte é o órgão de onde provém a excitação e é o que diferencia os
impulsos uns dos outros, o que importa não é qualidade, mas sim a quantidade de excitação
que estímulos fazem na fonte. O objeto é mais variável e é o meio para atingir a finalidade,
qualquer coisa pode ser objeto do instinto. Já a finalidade está sempre em busca da satisfação
e só é atingida quando elimina os estimulo na sua fonte, enquanto a pressão é uma força
constante que impulsiona o trabalho para essa finalidade. Alder denominou de confluência
quando um mesmo objeto serve para satisfação de vários instintos ao mesmo tempo.
Com o estudo das neurose, Freud propôs dois grupo de instintos, os instintos do ego e
os instintos sexuais. Freud se fixa nesse ultimo, pois através de conhecimentos obtidos pelas
pertubações mentais a psicanálise só foi capaz de compreender melhor os instintos sexuais que
podem ser observados isoladamente nas neuroses.
Algumas das características dos instintos sexuais são que eles são numerosos, podem
emanar de várias fontes orgânicas, sua atuação é independente e podem mudar seus objetos.
Seu principal objetivo é alcançar o prazer no órgão e só depois que isso acontece é que a sua
função principal passa a ser a reprodução. E ainda, outra característica dos instintos sexuais é
que inicialmente são ligados aos instintos auto-preservativos , o que aos se separa, conservando
contudo parte deles associadas aos instintos do ego, aos quais emprestam componentes
libidinais.
Finalmente, Freud nos apresenta as vicissitudes do instinto , são elas reversão ao oposto,
retorno em direção ao próprio ego, sublimação e repressão. Porém, ele se atem no texto
sobre a reversão e ao retorno ao ego, as quais, também podem ser denominadas de modalidades
de defesa contra os instintos por impedirem os instintos de alcançar a suas finalidades.
A reversão ao oposto pode ser dividida em dois processos. O primeiro é a transformação
de atividade em passividade, como no exemplo dado no texto da transformação do sadismo
em masoquismo ou do voyeurismo em exibicionismo. O segundo é a reversão do conteúdo em
seu oposto, como na mudança do amor para ódio . Nos dois casos as finalidades são afetadas,
assim, “a finalidade ativa (torturar, olhar) é substituída pela finalidade passiva (ser torturada,
ser olhado).” (FREUD, p.148, 1915)
Já o retorno em direção ao próprio ego torna-se plausível pela observação de que o
masoquismo é o sadismo retornado em direção ao próprio indivíduo, da mesma forma que o
exibicionismo abrange o olhar para o próprio corpo. Desta forma, a dor é uma finalidade
masoquista que se torna instintual em alguém sádico.
O voyer possui uma fase preliminar, a qual no inicio o objeto é uma parte do próprio
corpo , o que depois se transforma na parte do corpo de outro. No sadismo não há essa fase
preliminar, pois desde o inicio o objeto para satisfação é de outro.

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