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Anotações do Curso de Ética Veduca/USP

Por Lucas Vinicius Ribeiro dos Anjos

Introdução à Ética
Ética não é uma tabela do que é ético e do que não é ético, ou justo e injusto...

Todos que procuram tabelar a vida, como por exemplo, instituições religiosas,
ou códigos de conduta corporativos estão de certa maneira inscritos em um
certo programa de pensamento e em um programa de pensamento/sistema
filosófico que se permite esse tipo de conclusão.

Os gregos tem uma maneira de pensar a pertinência ética de uma conduta e,


portanto eles têm um conjunto de referências que lhe permitem chegar a essa
conclusão.

Maquiavel – Pensamento Pragmático

Stewart Mill – Pensamento Utilitarista

Kant – Pensamento Intencionalista

Nietzsche– Pensamento Vitalista

É através desses pensamentos que é possível utilizarem-nos para discutir os


valores morais das razões humanas

A ética pode ser considerada:

uma verdade única e imutável de aplicação cotidiana


um instrumento de atribuição de valor à vida humana.
um pensamento dogmático.

A Ética só faz sentido porque existem muitas maneiras possíveis de conviver. A


Ética não é a resposta certa, pois se houvesse apenas uma resposta certa, não
seria necessário pensar sobre e a ética é o pensamento coletivo de encontrar
uma melhor forma de convivência.

Maquiavel propõe que uma conduta é aceitável e boa quando você fazendo o
que fez consegue o que queria, ou seja, quando você escolhe um meio
adequado para aquilo que você pretende alcançar. Enquanto não obter o
resultado, não é capaz de julgar a conduta. (Foco no Resultado)

Kant diz que para atribuir valor a uma conduta não é preciso se prender ao
resultado e sim a intenção. Se a intenção for boa, eu agi bem, se a intenção é
ruim, eu agi mal. E o argumento é que um resultado nunca depende só de uma
conduta, mas de um conjunto de variáveis que quem age não controla. Não é
possível julgar pelo resultado porque o resultado na sua completitude não
depende de mim, devo ser julgado pelo que eu pretendia que acontecesse e
não pelo que acontece.

A melhor forma de buscar a ética é por meio:

do questionamento e da livre discussão.


da livre discussão e da busca pela única verdade.
do entendimento das causas e da definição de certo e errado.

“Você é eternamente responsável por aquilo que cativas” – Pensamento


de Maquiavel

“Eu não queria seduzir ninguém” (Não posso ser julgado por aquilo que
não era minha intenção) – Pensamento de Kant

A forma que temos de nos organizar e nos relacionar é o que é, mas poderia
ser outra e de certa maneira temos a firme convicção de ser algo melhor e por
isso a ética é o aperfeiçoamento da convivência.

O que se espera da estrutura empresarial é a legitimação do que já é


consagrada, a reprodução do que já se sabe.

O formigueiro é uma sociedade:

ética, pois as ações individuais são determinadas pela natureza.

não ética, pois as ações individuais não são determinadas pela natureza.

ética, as ações individuais não são determinadas pela natureza.

não ética, pois as ações individuais são determinadas pela natureza.


O pensamento antigo tem que ser estudado porque ele é atual também, ou
seja, se existe algo que caracteriza inequivocamente a sociedade pós moderna
é que ela é uma mistura de sistemas de pensamento e portanto o pensamento
antigo esta presente ainda na atualidade.

Talles de Mileto - Por de trás da diversidade existe uma unidade constitutiva


fundamental.

Todas as iniciativas de construção de sistemas de pensamento buscam


oferecer para aparente diversidade do mundo uma explicação fundamental.

Qual a importância do pensamento antigo?

Demonstra a evolução do homem.

Integra, mesmo que não explicitamente, a sociedade pós-moderna.

Serve como modo de entender sociedades humanas.

Qual é a preocupação teórica introduzida pelo pensador pré-socrático Tales de Mileto que nunca
mais abandonará o homem?

A existência de um mundo inteligível.

A fundamentação da diversidade.

A existência de uma unidade constitutiva fundamental.

Pitágoras foi o primeiro a afirmar que o homem é constituído de 2 substâncias


(corpo e alma) e não apenas uma. Além de possuir mandamentos de como
purificar a alma, sendo similar a livros de autoajuda, que através de
mandamentos dizem ser capaz de alcançar a felicidade.

Primeiros Passos da Ética.


O Curso será dividido em Pensamento Antigo, Cristão, Moderno e
Contemporâneo.

Pensamento Antigo: Principais é Platão e Aristóteles.


A filosofia começa com certo desprezo pelo que é aparentemente plural.

Pitágoras são os primeiros filósofos dualistas.

Pensamento Pitagórico: É preciso para obter uma vida boa a purificação da


alma.

A essência é aquilo que, ao contrario da aparência:

É acidental, uma vez que não pode ser controlada pelo homem.

É imposta pela natureza.

Não é acidental, uma vez que a coisa só pode ser o que é com a sua presença.

Enquanto que a religião salva o homem de fora, através de forças


transcendentes, a filosofia propõe uma auto salvação, do homem pelo homem,
através da razão.

Para os pitagóricos a matemática é um instrumento de purificação da alma.

O pensamento antigo de ética era uma reflexão sobre vidas singulares,


diferente do sentido contemporâneo de ética, que é a busca de uma boa
convivência.

Parmênides: Principio da Identidade, o que é, é e o que não é, não é. Infere-se


que só uma coisa é.

Ex: Se A é, ou seja o Ser, B é algo diferente do Ser e algo diferente do Ser, não
é.

Se o que é, é. E o que não é, não é, o que é não se desloca, não há


movimento.

Ao dizer que só o Ser é e ao dizer que o Ser é, ele não só não é 2 como
também não se movimenta. Parmênides vai oferecer a Platão os ingredientes
que Platão precisava para estabelecer o Mundo das Ideias.

Parmênides encontrou um único ser por detrás da diversidade aparente do ser


percebido daquilo que é encontrado pelos sentidos.

Platão acredita também que a realidade é a ideia do Ser, pois a realidade é


uma e não se move.

Das assertivas abaixo, assinale as que se referem à ideia de princípio da identidade de Parmênides:
Se A é, então só A pode ser, pois o que é, é, e o que não é, não pode ser.

Se A é e B também é, então ambos são, sob pontos de vista diferentes.

Se A é, então A não mudará, pois o que é não precisa de mudança

Sócrates: Fazia perguntas de fundamento.

Sócrates coloca a preservação das leis da cidade como sendo o maior dos
princípios, sendo este o inicio de revolução onde o mais importante não é
necessariamente a vida boa e nem continuar vivo, a ética pela primeira vez é
entendida como uma forma de saúde coletiva, como uma forma de saúde do
todo, da sociedade e não de uma pessoa individualmente considerada. Ou
seja, é perfeitamente concebível imaginar uma decisão ética que tome outro
principio superior ao da própria vida.

Para Sócrates a Ética é a superação da própria vida, é a transcendência em


relação da própria vida.

Quando acusado Sócrates opta pela morte, pois:

como questionador de si próprio, não tinha argumentos que julgasse válidos para
fundamentar as suas teses.

impedido de divulgar suas ideias, adotou essa posição como forma de protesto.

acreditava que seu ideal era o item mais valioso que possuía.

Quando você prende alguém, você prende a alma e suas decisões. Ou seja,
você poderia não ter feito o que fez e você só poderia não ter feito o que fez
porque há uma autonomia da alma possível da alma em relação as apetites do
próprio corpo. (Dualista)

Demócrito pensava que o homem não passa de átomos e vazio, negando a


existência da alma, logo o corpo que deseja é o mesmo que delibera.
(Monista).
Sócrates critica o luxo, pois:

qualquer pessoa que trabalha muito pode ter acesso.

só pode culminar em guerras, uma vez que a expansão territorial torna-se


indispensável.
só pode existir nas cidades grandes, onde se encontra mais tecnologia e um maior
número de pessoas dispostas a servirem.

Ética, O Invisível e o Virtuoso


Passagem do Anel de Giges: Um pastor trabalhando encontra um cadáver e
esse cadáver porta um anel, então o pastor se apodera do anel e quando esse
pastor se encontrava em um momento de vida social, ele se deu conta de que
as pessoas passavam por ele como se não o enxergassem e depois de se
perguntar a causa daquele fenômeno ele percebeu que isto ocorria devido o
fato dele ter ou não o anel na mão. Então ele percebe que o atributo da
invisibilidade o torna imune ao olhar do outro (Olhar civilizatório, olhar
condenador, olhar repressivo, etc).e a partir disso seu comportamento muda.

E a partir dessa alegoria, Platão pretende introduzir uma discussão sobre uma
ideia de moral, na contramão do senso comum, segundo a qual a conduta
moral é uma conduta que depende de uma atividade da consciência de quem
age e que de certa maneira não esta submetida a interferências outras além da
consciência do agente, ou seja, a conduta moral tem a ver com o que você faz,
sobretudo em condições de neutralidade repressiva. (Mesmo sem que ninguém
esteja olhando).

A moral é a deliberação pela consciência do ser. A Repressão é oposta a


moral.

Uma sociedade menos repressiva é mais regida pela moral. Uma sociedade
mais regida pela moral é menos repressiva.

A conduta moral de um indivíduo é formada por um conjunto de comportamentos que:

não se alteram sob ou sem a vigilância de terceiros.

são esperados diante da sociedade.

formam a identidade de uma pessoa.


O aperfeiçoamento da repressão é uma forma progressivamente eficaz de
isolar o fenômeno da corrupção e diminui-lo. Há também a possibilidade de
diminuir/eliminar a corrupção em uma sociedade que não tem controle. Basta
que cada um tivesse uma consciência moral suficientemente desenvolvida para
não atentar contra o coletivo a partir de vantagens pessoais cogitadas. Ou seja,
há 2 formas de controle, reprimindo e não reprimindo (investindo em uma
educação moral.

Dualismo Metafísico: Há as formas ideais e as formas aparentes. Exemplo:


Se há cadeira no mundo sensível, então há uma cadeira ideal. Sendo assim,
há 2 mundos, o mundo ideal e o mundo aparente.

Dualismo Epistemológico: Há 2 tipos de conhecimento, o conhecimento ideal


e o conhecimento experimental que provem das experiências sensoriais (doxa)
(opinião do que aparenta ser). Platão achava que o doxa era um equivoco, pois
esta muito distante da verdade.

Método para doxa é o empírico. O método para o conhecimento das formas


perfeitas é o método de abstração progressiva, que Platão chama de
Matemático-Filosófico, ignorando o máximo possível as informações
provenientes dos sentidos.

Dualismo Antropológico: O homem é constituído de corpo e alma, sendo


assim, o mundo das formas é acessível pela alma e o mundo das coisas é
acessível pelo corpo. O corpo é preparado para as aparências e a alma é
preparada para as essências, ou seja, a alma deve nos levar em um processo
de abstração progressiva do particular ao universal.

Para Aristóteles, há o ideal e o aparente, mas ambos estão no mesmo mundo.

Para Aristóteles corpo e alma fazem parte de um todo único e portanto rejeita o
dualismo antropológico e essa cisão radical que Platão propõe entre o corpo
(matéria) e alma (espirito, imaterial).

O dualismo de Platão refere-se a:

mundo sensível x mundo inteligível

corpo x alma

verdade x questionamento
Para o melhor entendimento das coisas, Platão prioriza:

o mundo das ideias e os questionamentos.

os questionamentos e o autoconhecimento.

o mundo sensível e as essências.

2 Maiores Autores da Ética: Aristóteles, na Filosofia Clássica e Kant na


Filosofia Moderna.

Ética Nicômaco: Ética é o acerto ou o erro de uma conduta humana, ou seja,


discutir as condutas humanas a partir de seu valor. É uma discussão sobre o
que devemos fazer e não porquê fazemos o que fazemos. Sendo assim, é uma
reflexão sobre uma ação humana. Além disso, a ética não se limita ao
particular, logo é a atribuição de valor as condutas independentemente das
ocorrências. E há também os princípios e a partir disso será discutido aonde é
que os valores das condutas podem ser amarrados enquanto justificativa,
enquanto fundamento.

Nível 1 da Ética: Por que Pedro Matou João?

Nível 2 da Ética: Por que alguém mataria alguém? (despersonaliza


alguém)

Nível 3 da Ética: Por que Alguém Matar Alguém é algo inaceitável? (O que
faz com que a conduta em relação a Pedro seja uma conduta inaceitável).

A ética pode ser definida como a discussão das condutas humanas através do seu:

valor / dever

dever / causa

valor / consequência

Para Aristóteles, uma conduta é eticamente positiva porque é essa a conduta


que o homem virtuoso a faria. Sendo assim, agir bem seria a verificação de
como age o homem virtuoso.

O homem virtuoso é aquele que sabe como agir da melhor maneira em uma
determinada situação.
Para Aristóteles moralidade nada tem a ver com regra, pois o homem virtuoso
sabe agir na situação determinada.

A ética de Aristóteles é a reflexão mais abstrata possível, mas que desemboca


na concretude da vida necessariamente, ou seja, não se trata de dominar um
certo numero de regras, não há virtude fora da situação concreta de vida, não
há virtude fora do dilema existencial, não há virtude fora da angustia da duvida
de como agir, não há virtude fora do risco do erro de como agir... Ou seja, não
é o domínio de regras abstratas que se impõe a qualquer individuo e em
qualquer situação, a virtude é sempre um saber situado, situacional, posicional,
logo, é alguém que sabe agir na situação concreta. Sendo assim, o ser virtuoso
é o ser que você vislumbra a virtude fazendo uma ação e não estabelecendo
regimento ou regulamento. A moralidade aristotélica termina na conduta e se
materializa na conduta, logo sem conduta não há moral.

Uma conduta eticamente positiva, para Aristóteles, deve ser baseada:

nos ensinamentos do homem bom.

no agir do homem virtuoso.

na liderança do homem intelectual.

Justiça Corretiva e Justiça Distributiva: Aristóteles parte de uma ideia para


discuti-la, que é a ideia da igualdade, ou seja, a justiça pressuporia a
distribuição do mundo em partes iguais. Aristóteles diz que é possível que em
algumas situações a igualdade estrita na distribuição das coisas do mundo seja
uma distribuição justa, porém isso nem sempre acontece. Sendo assim, a ideia
de igualdade é o principio elementar da ideia de equidar, ou seja, é a busca de
uma distribuição justa a partir da atribuição do que é devido a cada uma das
partes, sem privilégios. Assim Aristóteles propõe 2 tipos de Igualdade, a
Aritmética e Geográfica

Igualdade Aritmética (Justiça Corretiva): É a igualdade matemática. EX:


1=1. 2=2, etc

Igualdade Geométrica (Justiça Distributiva): É a igualdade nas relações


entre as unidades. EX: 2 está para 4, assim como 4 está para 8, etc. Ou seja,
respeita uma relação entre unidades. E a partir disso surge a possibilidade de
distribuir com equidade a partir de demandantes diferentes. Ou seja, as
variáveis que podem definir algo são infinitas.
A aplicação de variáveis em uma divisão:

dificulta o processo, uma vez que as variáveis podem ser criadas


infinitamente.
facilita o processo, uma vez que proporciona uma divisão mais justa.

dificulta o processo, uma vez que proporciona uma divisão menos justa.

Aristóteles tem uma ideia de justiça ideológica, ou seja, de uma representação


de sociedade ideal.

O homem virtuoso não só sabe como agir, mas age de acordo com sua
sabedoria. Sendo assim, a virtude não é apenas o conhecimento do acerto da
conduta, mas é uma conduta regida pelo conhecimento.

Teoria de Potência e Ato: Um bloco de mármore é uma escultura em


potência, mas ainda assim é preciso que alguém atualize essa potência, que
alguém converta essa potência. Ou seja, você pode ter a potência de virtude,
mas se não atualizar a potência não será virtuoso. Você pode ter a potência da
benevolência, mas se não praticar a benevolência, você não será benevolente.
Além disso, Aristóteles diz que a maior probabilidade de agir virtuosamente é
agir por hábito. Sendo assim, a excelência virtuosa é uma excelência que se
repete na mão do virtuoso.

O homem virtuoso sabe o que é certo, vive de acordo com o que é certo e vive
pelas razões certas. Ou seja, é possível agir de forma certa pela maneira
equivocada. Sendo assim, é preciso saber a forma certa de como agir, agir da
forma certa e pela razão correta e não pela que convém.

O homem virtuoso de Aristóteles é alguém que você pode confiar, pois ele
torna da sua virtude um hábito, sendo assim, aquele que acerta uma vez é
totalmente inconfiável. Logo, a confiança em alguém pressupõe a fidelidade
desse alguém a seus próprios valores, portanto pressupõe a conversão da
consciência moral em um hábito.

O homem virtuoso é aquele que:

age corretamente, mesmo que por ações consideradas ruins.

age de acordo com os seus princípios, sendo eles bons ou ruins para os demais.

exerce uma conduta correta, agindo de acordo com a sua sabedoria.


Tolerância e Laicidade.
Aristóteles ao classificar os tipos de conhecimento estabeleceu uma
categorização consagrada até hoje, a divisão entre saberes teoréticos e
saberes práticos (política e ética)

Se existem 2 saberes práticos, a ética e a politica, é porque para Aristóteles a


Ética e a Política não são as mesmas coisas. Embora não sejam a mesma
coisa, apresentam características próximas, apresentam características que
justificam um pertencimento a uma categoria comum de conhecimento.

Tolerância é uma virtude moral, portanto quem fala em tolerância esta no


coração da ética.

Laicidade é um principio político, é um principio de organização da cidade,


portanto quem fala em laicidade esta no coração da política.

Como toda virtude moral, a tolerância tem como referencia o individuo, ou seja,
é uma espécie de critério de conduta que diz respeito a cada um.

Como todo principio político, a Laicidade tem como referencia a sociedade.

Sobre tolerância e laicidade, é correto afirmar:

Ambos são princípios políticos, mas somente a tolerância é uma virtude moral.

Ambas são virtudes morais, mas somente a laicidade é um principio político.

Ambos são saberes práticos, mas são distintos entre si, pois a tolerância é uma
virtude moral e a laicidade é um principio político.

Tolerância é uma virtude que nos leva a aceitar pensamentos, discursos e


comportamentos do outro que não aprovamos.

A Tolerância é sempre em relação a alguém, não há tolerância sem o outro. É


preciso que aja algum outro. Não é possível ser tolerante no isolamento. É uma
virtude moral que se exerce na relação com o outro, ou seja, na convivência. É
preciso também que alguém manifeste pensamento, discurso e
comportamento, ou seja, é preciso que alguém encarne uma mensagem. Então
é preciso que aja alguém que comunica. E também é preciso que seja uma
comunicação de discordância e desaprovação.

“Eu não compartilho suas ideias, mas lutaria até a morte para que pudesse
expressa-las.” VOLTAIRE.

A tolerância pressupõe aquilo que a psicologia chama de Dissonância


Cognitiva, ou seja, sempre que alguém se depara com mundos com os quais
não há afinidade cognitiva, isto é, com os quais não concorda, há a tendência,
quase sempre sem perceber, de evitar aquela mensagem, ou seja, evitar o que
é contraditório e procurar o que é consonante.

Apesar de sabermos que há a tendência de evitarmos uma mensagem do


mundo quando esta esteja desalinhada com o que acreditamos, a virtude moral
da tolerância nos leva a aceitar, a se expor e, portanto a reconhecer a
existência de um ponto de vista que não é aquele que concorda, ou seja, a
Tolerância é uma virtude moral de resistência ao principio da dissonância
cognitiva.

Dissonância Cognitiva (Saber Teorético)

Tolerância (Saber Prático)

Sobre tolerância, é correto afirmar que:

é um atributo de uma pessoa.

ocorre mesmo na ausência de interação entre indivíduos.

é classificada como uma virtude moral.

A Tolerância é uma virtude moral na tristeza, ou seja, o desacordo que a


Psicologia Cognitiva chama de Dissonância, a teoria das paixões chama de
tristeza (“pequenamento” de potência) e, portanto há uma situação de
resistência a um mundo entristecedor, assim sendo, é uma resistência ao ódio.

“Você diz coisa que eu não concordo, você é causa da minha tristeza, eu sei
disso, portanto eu te odeio, apesar disso reconheço seu ponto de vista, a
tolerância é uma resistência ao ódio que eu sinto por você.”

Tolerância é uma Virtude Moral de resistência ao ódio

Embora a tolerância seja uma resistência ao ódio, ela não se confunde com
ele. As virtudes morais são a imitação do comportamento de quem ama,
portanto as virtudes morais são uma exclusão deliberada racionalmente do
comportamento de quem odeia. Sendo assim, a Tolerância existe quando
aceita a opinião diferente da sua, sem o amor.

Um ato realizado sem amor é:

fruto da moral, da obrigatoriedade de cumprir aquele papel.

um ato de tolerância, com a plena consciência de que não quereria realizá-lo.

um ato vazio, desprovido de virtudes.

Só é possível ser tolerante e intolerante, diante de manifestações que poderiam


ter sido outras. Não há tolerância/intolerância de acontecimentos da natureza e
nem de fatos, ou seja, só é possível diante da conduta humana, pois é a única
coisa no universo que poderia ser diferente do que é.

A tolerância é uma virtude moral quando podemos ser intolerantes. A virtude


moral nunca é uma inexorabilidade, é sempre uma possibilidade escolhida.

A tolerância não pode ser aplicada a eventos da natureza e animais, pois:

eles não podem ser controlados pelo homem.

diferentemente do homem, eles são somente aquilo que podem ser; eles não
possuem o poder da escolha.

eles não possuem consciência dos seus atos.

Ainda que exista a tolerância, há ainda limites, sendo assim a tolerância fora
dos limites é imoral, um vicio e assim deixa de ser uma virtude.

A Tolerância só é virtude moral quando ela impõe a si mesmo um recuo, uma


privação, em favor de um outro qualquer, ou seja, a tolerância só é virtude
moral quando você obriga a você mesmo a aceitar o comportamento de
alguém e portanto é uma privação sua e que não vale para mais ninguém.

Enquanto a tolerância é uma opção moral individual, a Laicidade é uma opção


política coletiva, resulta de uma deliberação coletiva.
Há 3 características da Laicidade, a neutralidade do Estado frente as diversas
instituições, a independência do Estado frente as instituições e a Liberdade do
Estado frente essas instituições e vice-versa.

A tangência mais próxima é entre a tolerância moral e a laicidade política, pois


para ter a tolerância moral é preciso ser intolerante e vice-versa e, portanto é
preciso ter uma liberdade que um estado não laico não costuma dar, ou seja, a
moral e o exercício da moral pressupõe uma liberdade que é o contrário da
repressão. Por outro lado, a laicidade do Estado é por ela mesma garantidora
do exercício possível da Tolerância e de certa maneira pessoas tolerantes
tendem a patrocinar um estado de abertura, ou seja, são absolutamente
interligados.

Um estado laico é:

um estado ateu.

livre de influências religiosas nas decisões tomadas.

livre de figuras religiosas no poder.

Aristóteles critica o dualismo antropológico de Platão, que divide o corpo e a


alma. Assim, Aristóteles faz algumas perguntas que seriam:

“No caso do homem ser de fato constituído por 2 partes, o que é o homem
efetivamente?” Ou seja, se o homem é constituído por 2 partes e elas estão em
relação, então o homem seria a imbricação entre o corpo e alma, portanto
como uma coisa material se relaciona com uma coisa imaterial?

Ex: Eu penso em ir embora, então minha alma domina meu corpo e eu vou
embora.

“Se o homem é o corpo e a alma em interação, quando o corpo morre o que


acontece?” Pois não é possível ser ainda a interação entre o corpo e a alma,
pois não haverá mais o corpo e assim ou o homem é feito só pela alma ou só
pelo corpo, pois se houver 2 partes e uma não existir mais, não há mais o
homem.

Se o corpo afeta a alma, mudanças no corpo afetam a alma.

“Quem garante que a morte do corpo não determine por ela a morte da alma?”
Pois se um alfinete já faz a alma sofrer tanto, o que dirá a decomposição
definitiva do corpo e assim da mesma forma que não é possível garantir a vida
eterna, não é possível garantir que a alma não morra.

Aristóteles faz essas perguntas para que fiquemos com aquilo que é mais
seguro e o que é mais seguro é o que está aí e se você pensa é o corpo que
pensa. Ou seja, a alma é o corpo enquanto pensa e assim ao ocorrer a morte
do corpo, acaba a morte da alma.

O Dualismo resolve o problema da liberdade em relação aos apetites do corpo,


pois a alma sendo independente é soberana.

No monismo ocorre esse problema, pois se sou 1 só, é difícil aceitar que aja
um corpo que deseja algo e o mesmo corpo decida o contrário. Assim surge a
pergunta “O que teria me feito pensar na contramão dos meus apetites? O que
teria me feito decidir na inclinação das minhas excitações, se é o mesmo que
se excita e se delibera?”

Sobre o conceito de dualismo, é correto dizer que:

corpo e alma trabalham juntos.

o estudo do corpo e da alma devem ser feitos separadamente.

as atividades corporais e da alma não se misturam.

Então tudo que é metafísico é algo que fica no campo das ideias e por isso
resiste até hoje na sua mais restrita complexidade, pois é impossível ser
comprovado.

O Valor da Ação
A ética é um estudo que tem como objeto o como devemos agir, cujo objeto é o
comportamento humano, mas ainda que esse seja o objeto, o estudo da ética
não estuda a conduta das pessoas, ou seja, a nossa investigação não recai
sobre o porquê as pessoas agem como ela agem, mas sim como deveríamos
agir.

A ética abriga 3 grandes tipos de reflexão: 1° reflexão - “O que é a vida


boa?”

Ética das virtudes tem como objeto a trajetória, tendo como seu grande
representante Aristóteles e sua grande obra é Ética Nicômaco.
A ética das virtudes é uma investigação sobre:

O pensamento.

As ações

Os resultados

2° reflexão: “Como devemos agir?”

As Teorias Morais que investigam o certo e o errado das várias condutas que
possam passar pela cabeça de alguém. As teorias morais se destacam em 2
grandes grupos: Teorias Consequencialistas e Deontologia (Princípios Morais)

Consequêncialismo: Sem saber quais são as consequências de uma ação, é


impossível saber se uma ação foi boa ou ruim, ou seja, conduta boa é que
enseja consequências boas, conduta ruim é que enseja consequências ruins.

Diferentemente da ética das virtudes, a ética moral:

busca avaliar se uma vida é boa ou ruim de acordo com os resultados obtidos.

não busca julgar uma vida boa ou ruim, e sim avaliar as condutas de acordo
com os resultados obtidos.

busca o entendimento das causas de uma vida boa ou ruim.

O consequêncialismo se divide em 2 grandes tipos: Pragmatismo (Age bem


aquele que consegue o que queria conseguir agindo), cujo maior nome dessa
ideia seria Maquiavel. Há também o Utilitarismo (Age bem aquele que
consegue trazer a felicidade para o maior numero de afetados por aquela ação)
cujo um dos maiores nomes dessa ideia é Stuart Mill. Os 2 tipos são
excludentes, pois o Pragmatismo é uma filosofia moral cujo o valor moral de
uma ação tem a ver com a satisfação do agente, enquanto que o Utilitarismo é
uma filosofia moral altruísta, cujo valor moral da ação do agente não esta na
satisfação do agente, mas sim de outro que não seja o próprio agente.
(Relativista/Critério Relativo, precisa atender o resultado, que pode ou não
acontecer da mesma forma)
O pragmatismo e o utilitarismo são:

ideias totalmente distintas, sendo uma baseada no egoísmo e outra no altruísmo.

são ideia semelhantes, cujo objetivo comum é alcançar o resultado esperado.

ambas são consequencialistas, mas almejam resultados distintos quanto ao


número de indivíduos satisfeitos com a consequência do ato.

Deontologismo: É o estudo moral das ações que atribui valores morais as


ações em função delas próprias a partir de princípios morais. Ou seja, é o
julgamento da conduta em função dela estar alinhada com estes ou aqueles
princípios morais. Seu maior pensador é Immanuel Kant. (Absolutista/Critério
Absoluto, apenas precisa atender os princípios)

O deontólogo é aquele que se preocupa em:

cumprir uma série de quesitos que tornem o ato ideal, independentemente do


resultado.
cumprir uma série de quesitos que tornem o ato ideal, obtendo sucesso no resultado
pretendido.
cumprir uma série de quesitos que julga certos para se extrair de um ato aquilo que
é melhor para si.

3°Reflexão - Ética Profissional.

Atualmente, se há avanço nas formas de como devemos agir, não é mais feito
por grandes sistemas filosóficos, mas por necessidades profissionais
concretas, ou seja, há grandes nomes de ética em áreas específicas. A
vantagem é que normalmente quem fala de ética profissional tem grande
conhecimento da prática concreta sobre a qual versa aquela reflexão. A
desvantagem é fazer acreditar que a ética é apenas uma questão profissional.
Ainda que aja a especificidade na área, continua sendo a ética.

Segundo Clovis Barros, não há fórmulas para alcançar a boa vida.

A Ética das Virtudes é a ética do florescimento da vida, ou seja, é possível ser


uma potência que vive em função inadequada para a potência que deveria ser,
ou ser uma potência que vive na função adequada para a potência de quem
deveria ser.
Exemplo: “Se você me deixar desabrochar como azaleia eu poderei te ajudar a
buscar o que quer de maneira muito mais competente do que se você me
obrigar a viver como bambu”.

O “desabrochar” da potência, Aristóteles chama de Eudaimonia. Sendo assim,


a Eudaimonia seria a identificação das potências e o investimento no florescer
das potências.

A ética das virtudes implica em muitas coisas. Primeiramente implicam em


perceber quais as suas potências.

É preciso que além de tudo, seja colocada na vida energia e esforço para que
aquela potência se atualize em performance. Além de às vezes ocorrer de não
ocorrer as disposições ao seu favor. Por isso Aristóteles acredita que seja
muito difícil conseguir alcançar a Eudaimonia.

A Ética das Virtudes exige uma regularidade.

O conceito de Eudaimonia de Aristóteles:

corresponde a uma forma de obtenção de felicidade e satisfação na vida através do


trabalho.

adota o consequencialismo, onde age bem aquele que alcança o que almeja.

consiste no investimento no pleno florescer das potencias individuais.

Fé e Virtude
No Pensamento Grego há 3 preocupações imbricadas entre si: A
preocupação a respeito do conhecimento (teorética), ética e a teoria do belo.
(Se importa em conhecer a ordem das coisas) (Método contemplativo)

No Pensamento Cristão o mais importante é o criador da ordem das coisa. E a


partir disso surgem as preocupações, primeiramente “Quando é que Deus está
falando”, depois “Qual a Interpretação sobre as mensagens de Deus?”

A Teorética baseia-se na:

reflexão sobre a causa das ações.


contemplação sobre o objeto estudado.

no entendimento do criador do mundo.

Idade das trevas: Mudança do Objeto do Pensamento, do Grego para o


Cristão.

Ética Grega: A vida boa tem a ver com o ajuste ao todo cósmico porque o todo
cósmico é o Ser supremo que devemos conhecer.

Ética Cristã: A vida boa tem a ver com o alinhamento com a vontade de Deus
porque o Deus é o Ser supremo que devemos conhecer.

Para o Grego o que a vida tem que ter para ser boa é que aja um pleno
desabrochar dos próprios talentos. E é preciso também viver uma vida
adaptada ao seu desabrochar. Assim sendo, Ética e Vida boa são a mesma
coisa. Além disso, as pessoas não valem a mesma coisa.

A partir do Pensamento Cristão há um descolamento da Ética e da Felicidade.


Mesmo que ainda aja uma preocupação com a vida boa, iniciará também a
preocupação com as condutas individuais.

Na reflexão grega e cristã, os conceitos de Felicidade são:

opostos, uma vez que uma se assemelha e a outra se distancia da ética,


respectivamente.

iguais, uma vez que ambas acreditam que a ética aproxima o homem da felicidade.

opostos, pois ambas as éticas partem de pontos de analise distintos.

A partir do Pensamento Cristão surge a preocupação do que tem que ter uma
conduta para ser uma conduta moralmente digna e aceitável. E assim surgem
as virtudes teologais: A Fé, A Esperança e O Amor. Ou seja, para que se possa
agir bem e viver bem, é preciso ter Fé, Esperança e Amor.

A Fé é uma virtude cognitiva. É uma virtude de conhecimento, portanto é uma


virtude que tem a ver com o que se pensa das coisas, ou seja, para agir bem é
preciso ter algum tipo de conhecimento, pois a fé é uma certeza e uma certeza
é um conhecimento que tomamos por verdadeiro. A Fé é um conhecimento
especifico, um conhecimento que não decorre de nenhum tipo de
comprovação. É um dado da consciência.
A Esperança é uma sensação, um afeto, uma espécie do gênero alegria. Toda
esperança é alegria, mas nem toda alegria é esperançosa. A Esperança é um
ganho de potência que tem como causa específica a própria imaginação, ou
seja, é um ganho de potência a partir de algo que você mesmo imagina. A
esperança tem como causa um dado da consciência.

Fé está para conhecimento como a esperança está para:

Coragem

Virtude

Sentimento

Para o grego a vida na esperança é ruim, pois na esperança há pelo menos 3


grandes características.

Características da Esperança: Ignorar o que de fato se espera acontecer, não


há potência para fazer acontecer e a esperança é sem gozo, pois o gozo
pressupõe a presença e sempre que se espera, existe a falta. Ou seja, é casta,
ignorante e impotente. Sendo assim, para se viver bem é preciso que se alegre
pensando no que acontecerá depois de morrer.

O Amor para os cristãos é traduzido por caridade e é a ideia central. No amor


você se apequena para outro existir.

Se Deus é a perfeição, só poderia criar a imperfeição, ou então não seria uma


criação, apenas uma extensão de si mesmo.

Segundo os princípios das virtudes teologais, Deus não é submetido a:

fé e esperança

esperança e a busca do conhecimento

esperança e amor
Discutir a Ética
A Ética não só é uma palavra muito usada, mas é apresentada como
fundamento para decisões importantes, tanto da vida privada, quanto da vida
em sociedade.

A Ética possui diversos sentidos: O Primeiro Sentido é dado pelos Gregos e


tem muito pouco a ver com o significado atual. A Ética seria uma atribuição de
valor a uma trajetória, cuja maior pergunta seria “O que uma vida precisa ter
tido para ser boa?”, cuja resposta seria o desabrochar das potencialidades,
chamada de Eudaimonia.

A ética, segundo Aristóteles, é uma:

avaliação do valor da vida, medida através do valor dos atos.

avaliação do valor da vida, que só poderia ser realizada após a obra completa,
ou seja, no final da vida.
avaliação do valor dos atos, medidos através da capacidade de se obter resultados
positivos

Cosmos – Mundo Finito e Ordenado. Ou seja, há um funcionamento e as


partes participam deste funcionamento.

A Partir do Pensamento Moderno, o Mundo deixa de ser Finito e Ordenado. A


Ética passa a ser uma reflexão sobre a nossa convivência aceitando que nós
vivemos e convivemos sem nenhuma ordem pré-existente e que pré-determine
a nossa existência. A melhor forma de conviver dependerá da nossa
inteligência. Além também que o objeto muda, sendo a avaliação de condutas
isoladas.

A partir do século XVI, a ética passa a:

ser uma reflexão sobre a convivência, sem a pré-determinação do cosmos na


existência do homem.
ser uma reflexão sobre a ordem, adotando a pré-destinação das virtudes.

ser uma reflexão sobre as virtudes, adotando a convivência como fator


determinante.
No Pensamento Moderno, a resposta para a pergunta “O que uma conduta tem
que ter para ser boa”, tem como uma primeira resposta a “Ética de Resultado”,
cuja ideia central seria a de que a conduta é boa quando enseja resultados
bons e a partir disso surge a dúvida do que é o bom resultado. Então surgem 2
respostas, a Pragmática, onde o bom resultado é conseguir o que quer ao agir
e a maior critica a esse pensamento é que o Outro é apenas um instrumento do
seu próprio sucesso, não tem valor em si. Surge então uma segunda resposta,
a Utilitarista, que diz que o critério da boa consequência é a felicidade do maior
número, que pode não coincidir com o sucesso do agente.

O consequencialismo faz parte:

do pragmatismo, onde age bem aquele que alcança o resultado esperado.

da ética moral, em que se avaliam as condutas.

da ética das virtudes, em que se avaliam os pensamentos dos indivíduos.

Entretanto há pontos negativos, no caso do pragmatismo, nem sempre o


resultado alcançado foi feito de forma correta. Ex:Vendedores que mentem. E
no caso do Utilitarismo, nem sempre a felicidade do maior número é a resposta
correta. Ex: Morte de Sócrates e Judeus.

Para Stuart Mill, Felicidade é Máximo de Prazer e Mínimo de Dor.

O Consequencialismo só permite a avaliação depois da ação.

Pensamento da Ética dos Princípios: O valor da conduta esta na conduta.

Confiança: Certeza sobre coisas que não é verificado.

Imperativo Categórico: Fazer de tal maneira que todos possam fazer igual.
Faça de tal maneira que todos possam respeitar a mesma máxima ou mesmo
princípio que preside sua ação.

Kant então diz que o princípio bom é o princípio universalizado.

Edgar Morin apresenta a ideia da Complexidade de Valores, onde diz que cada
valor tem o seu contrário como valor também e não há como ter uma
perspectiva de universalidade que faça com que alguns valores sejam uma
tabela que todos tenham que respeitar. Surge então a Ética da
Discussão/Argumentação, cujo maior nome é Habermas. Surge então a ideia
onde que os princípios que devem prevalecer são aqueles que nós escolhemos
para a nossa convivência e estes princípios serão escolhidos no calor de um
debate.

A Ética não é mais uma preocupação da avaliação da vida como um todo,


como para os gregos, nem é a reflexão da conduta com base no resultado e
tampouco é o respeito a princípios universais. A Ética agora é uma atividade
ininterrupta de discussão, de argumentação, sobre quais princípios queremos
que sejam os princípios norteadores da nossa conduta.

Portanto, o lugar abstrato e imaginário que se traduz como uma oportunidade


permanente de “levantar a mão” e dizer os princípios que considera justo, é o
que Habermas chama de esfera pública ou de espaço público, onde no final
das contas é o lugar onde todos somos convidados a frequentar, onde dizemos
para onde queremos ir e por qual caminhos e respeitando quais regras.

O conceito de imperativo categórico de Kant baseia-se na escolha:

de ações que levem o indivíduo ao resultado esperado.

de ideias a serem aplicadas a todos os indivíduos, visando o bem-estar social.

de princípios universalizáveis, que consistem em fazer para os outros aquilo


que eu gostaria que os outros também fizessem para mim.

A Ética contemporânea é respeitar critérios de conduta definidos por aqueles


que respeitarão. Sendo assim, a ética não é só a parte do respeito, mas
também a da legislação. Portanto existe uma perspectiva normativa e uma
aplicada. Ou seja, para fazer ética não se trata apenas de respeitar “as regras
do jogo”, mas também participar da definição das regras do jogo.

Ética Pós Moderna: Esforço de Aperfeiçoamento da Convivência. É


necessário ter um respeito pelas inclinações do próximo.

A Ética é a certeza de que a razão compartilhada permite o aperfeiçoamento


da sociedade.

A Ética hoje, muito mais sobre uma tabela de certo e errado, é uma disposição
arejada e permanente para a argumentação ininterrupta sobre problemas
virginais e repetíveis que temos que encarar a cada segundo.
A ética é mutável, pois:

cada cultura/sociedade têm necessidades diferentes. A ética deve então se


adaptar para responder à demanda precisa de cada grupo, de cada realidade.
cada sociedade tem uma capacidade intelectual diferente para entender a
complexidade da ética.
a sociedade e as relações interpessoais mudam a cada dia, não sendo possível assim
formular um conceito de ética.

Vontade x Desejo (Kant)


Os Pensamentos de Mill e de Kant são opostos.

O Pensamento moral de Kant pode se entender através de uma analogia entre


o Monte Everest e o Alpinista, onde o que tem de mais difícil de conseguir e,
portanto o que tem de mais fascinante.

Preocupações atuais da Filosofia: “O que significa conhecer?” (quais os


limites do conhecimento, o que é preciso acontecer na minha mente para
afirmar que conheço alguma coisa). “O que é o belo?” (O que é a beleza? o
que é preciso ter para ser belo? a beleza é um dado inerente das coisas ou é
um atribuído por quem contempla?) “Como devemos agir?” (Não é uma
investigação cientifica, mas como o homem deveria agir)

Para a Investigação do conhecimento Kant publica a Obra “Crítica da Razão


Pura”, cujo objetivo é estudar os limites da razão, até onde podemos conhecer
o mundo.

Para a Investigação do Belo, Kant publica a Obra “A Crítica do Juízo”

Para a Investigação de como devemos agir, Kant publica a Obra “A Crítica da


Razão Prática”

Livro Facilitador: Fundamentos da Metafísica dos costumes

Kant vs Aristóteles: A Ética de Aristóteles é uma reflexão sobre o pacote da


vida. Presta muito menos atenção às condutas individuais e muito mais a
atenção sobre a vida como um todo. No caso de Kant, ele se interessa sobre a
direção geral da vida, mas sua filosofia moral não tem como objeto o pacote da
vida, mas sim as condutas singularmente consideradas. Para Aristóteles, para
alcançar a vida boa é preciso que a vida permita o pleno desabrochar dos
talentos de cada e esse pleno desabrochar dos talentos implica um respeito
absoluto àquilo que a natureza de cada um tem de melhor. Para Kant, a
conduta moral boa é quando é possível deliberar contra os apetites se isso for
o dever. Ou seja, a moral de Kant é o triunfo da razão em relação às pulsões e
apetites, portanto é o triunfo da razão em relação à natureza desejante,
pulsional e libidinosa. Aristóteles acredita em um universo finito e ordenado.
Kant acredita que haja um universo infinito e caótico. Kant propõe que todo o
homem, através da razão, é capaz de saber o que deve fazer
independentemente do que ele deseja fazer.

Papel da Natureza no Pensamento Grego – Ética é um Trampolim para a


Natureza. É fazer a Natureza atingir o seu apogeu.

Papel da Natureza no Pensamento Moderno – Ética é o controle da


Natureza. A Ética é a Razão definindo a Vida independentemente do que o
Corpo Deseja. Há um descolamento do que penso para viver e do que sinto
para viver.

Entre outros, a teoria kantiana se afasta da teoria aristotélica, pois:

Aristóteles buscava o valor da vida através das condutas individuais, e não da vida
como um todo.
Aristóteles buscava o valor da vida na análise da vida como um todo, e não
das condutas individuais.

Aristóteles buscava o valor da vida no descolamento da natureza, e não o contrário.

Kant propõe que há um alinhamento entre os atributos de uma coisa e a sua


finalidade.

Se tudo é adequado para a sua finalidade, pois então eu tenho que descobrir
para onde o homem deve ir a partir dos seus atributos mais destacados. Para
eu descobrir a razão da vida, o que há de mais valioso na vida, é preciso
descobrir o que há de mais específico naquilo que caracteriza o ser humano.
Ou seja, é a partir da análise da natureza humana que eu vou descobrir qual é
o seu maior valor.

Kant x Mill (Utilitarismo): Para Mill o que há de mais valioso é a Felicidade,


para Kant, dizer que o que tem de mais importante para o homem é a
Felicidade, é a mesma coisa que dizer que o que tem de mais importante para
um martelo é pintar uma parede. Ou seja, dizer que o homem é feito para a
felicidade, é o mesmo que dizer que o martelo é feito para pintar, pois o que
caracteriza ao homem a aquilo que só ele tem é a capacidade de argumentar,
ponderar, deliberar sobre a própria conduta e isso não é o mais adequado para
buscar a felicidade, o que existe de mais adequado para buscar a felicidade é o
animal, através do instinto. Sendo assim, para Kant o mais importante não é a
felicidade, pois é possível agir mal e produzir felicidade e agir bem e produzir
tristeza, mas sim o Pensamento.
Para Kant, a melhor característica do homem é:

a capacidade do pensamento.

a capacidade de buscar a própria felicidade.

a capacidade de avaliar as condutas

Kant diz que só há 1 atributo do homem que é bom em si mesmo, a boa


vontade.

Para Kant é preciso agir a partir de uma boa vontade.

Para Kant a ética é aperfeiçoar aquilo que existe de boa vontade em si mesmo.

Rousseau: Vontade é tudo que o homem faz além do seu instinto e além da
sua natureza para viver. Ou seja, o homem para sobreviver vai além do seu
instinto. Sendo assim, é preciso o uso da razão para viver melhor.

Boa vontade é pensamento bom sobre a vida.

O Instinto não é a coisa mais importante, mas sim a boa vontade.

O Desejo é o que o corpo pede e a Vontade é o que delibera. Ou seja, o Corpo


deseja, mas a Razão não deixa. Sendo assim, há o descolamento entre a
Razão Prática e a Pulsão Desejante. Não existe uma moral do desejo, pois não
é possível impedir o desejo, mas para além do desejo há a vontade.

“A liberdade é fazer o que não quer.” KANT

Aquele que age de acordo com seu desejo, é escravo do seu desejo. Sendo
assim, para Kant a liberdade é a soberania da competência deliberativa do
homem sobre as suas próprias inclinações.

Para Kant, o que define se uma conduta é boa ou não é:

atingir o resultado pretendido.

agir depois de muita reflexão.

agir a partir de uma boa vontade


Para Rousseau, a diferença entre vontade e desejo existe, pois:

vontade é o uso da razão para viver melhor, e desejo é querer algo.


vontade é o que move o alcançar dos objetivos, e desejo está relacionado com os
apetites sexuais.

vontade é querer muito algo, e desejo é um instinto animal do homem.

Agir Segundo o Dever x Agir Pelo Dever: Agir Segundo o Dever é quando
toma uma conduta utilizando de uma má razão, o que há a probabilidade de
segundo esse agir, acabe por ocorrer um momento em que agirá mal em prol
de benefício próprio. Agir pelo Dever é tomar uma conduta utilizando o bom
pensamento, ou seja, agir pelo certo.

O núcleo duro da moral de Kant não é o que você faz, mas sim a razão da
conduta. O porquê você fez o que fez. Sendo assim, só agirá de forma
moralmente digna se fez o que fez porque o que você fez é o que você deveria
fazer.

A Moral Kantiana é uma avaliação da razão da conduta, da intenção da


conduta. É um filósofo Intencionalista.

Kant não se importa com a consequência da conduta e nem com os desejos.

Imperativo: Tradução aplicada do dever. Aplicação do dever a uma situação


concreta. Ou seja, é o olhar que por dever nos faz agir de certa maneira e não
de outra maneira, no sentido positivo ou negativo.

A moral kantiana preocupa-se com:

o resultado do ato.

o ato em si.

o porquê do ato.

O Pensamento de Kant traduz o dever em imperativos, coisas que não se


autoriza a fazer.
Imperativo Hipotético x Imperativo Categórico: Imperativo Hipotético é um
imperativo condicionado por aquilo que se pretende, pelo interesse. Ou seja,
parte da sua vontade, é uma vontade hipotética, mas não é possível resolver
todos os problemas, pois às vezes não depende apenas do interesse de um
ser. Imperativo Categórico é um imperativo que funciona categoricamente para
qualquer um. É apresentado da seguinte forma: Viva de tal maneira que a sua
vontade pretenda que o principio que rege o seu comportamento possa reger o
comportamento de qualquer um. Ou seja, para saber se esta agindo bem é
preciso sair de si mesmo e ver se gostaria de ser o receptor da sua própria
mensagem. “Faça de tal maneira que você ache que qualquer um no seu lugar
deveria fazer o mesmo”

O imperativo hipotético é condicionado:

pelo resultado almejado.

pelas ações.

pela a busca da felicidade.

O Imperativo Categórico tem um grande problema, pois através dele é possível


patrocinar enormes atrocidades.

O imperativo categórico sugere que o indivíduo aja:

seguindo sua intuição.

para obter vantagens de uma maioria de indivíduos.

conforme se espera que os demais indivíduos ajam também

A Dignidade Moral (Kant)


Pensamento Moderno de Kant – Ruptura do Pensamento Grego e Cristão.

Para o Grego a dignidade moral é viver bem, ou seja, a dignidade moral


coincide com o desenvolvimento e a atualização das virtudes. A preocupação
não é com o outro, mas sim com o Universo.
Relação entre Moral e Natureza comparada com o Pensamento Grego e
Moderno: Enquanto que para o Pensamento Grego a Moral é um altar à
Natureza, a maximização do que a Natureza nos propõe, é levar a Natureza as
ultimas consequências e jamais blasfemar contra ela; para o Pensamento
Moderno a Natureza se traduz em pulsões/desejo/apetite e a Moral é a
capacidade da Razão de se opor a esses apetites quando esses apetites lhe
direcionam a um lado indevido.

Para a vida ser boa, segundo Kant, é necessário existir no individuo:

A boa vontade.

O bom uso das virtudes.

O uso dos instintos.

Consequências Imediatas com a Ruptura:

A Primeira Consequência Imediata é a ressignificação moral da ideia de


trabalho. Para o mundo grego a dignidade moral está no talento, logo a partir
dessa perspectiva a vida boa é uma recomendação de exercícios que
permitirão o desenvolvimento no sentido da busca da excelência em um certo
talento, onde há um ponto fundamental de que no pensamento grego de moral
há uma minoria excelente e que o resto deve viver a serviço dessa minoria.
Sendo assim, é um pensamento ético de origem aristocrática, ou seja, os que
são naturalmente dotados de talento são superiores dos demais, se
exercitando, enquanto que os não dotados de talento devem viver a serviço
desses. Logo, o trabalho é confinado as pessoas de menor valor, portanto às
pessoas moralmente menos dignas. Já no Pensamento Moderno, o trabalho
deixa de ser uma exclusividade de gente indigna e passa a ser condição de
uma boa execução de boas decisões morais. Ou seja, o talento nada tem a ver
com a dignidade moral. Sendo assim, o trabalho compensa a falta de talento,
conferindo ao agente a dignidade moral que no mundo aristocrático a falta de
moral não permitiria que ele tivesse. Então há uma ressignificação da ideia
moral de trabalho.
Diferentemente do pensamento grego, para Kant, a ideia de trabalho proporciona ao homem:

melhor saúde.

dignidade moral.

exercício das virtudes

A Segunda Consequência Imediata é que enquanto que no Pensamento Grego


não há a ideia de igualdade, há um colamento entre a desigualdade natural de
talentos e a desigualdade moral e essa desigualdade moral oferece
fundamento para uma hierarquia política. No Pensamento Moderno há um
descolamento da natureza com a ética. Ou seja, a dignidade moral nada tem a
ver com o talento. Sendo assim, a moral está na decisão, nos argumentos que
uso para decidir como usar os talentos. Logo, a ideia de Igualdade surge a
partir da suposição de que todos os homens são capacitados para decidir
adequadamente sobre o que fazer com os seus talentos. Então, há um
momento de igualdade, que é a possibilidade que todos temos de usar a razão
e através do uso da razão dar os nossos talentos a melhor destinação.
Igualamo-nos na razão, na liberdade que temos em relação a nossa natureza.

“Tratar desigualmente os desiguais na medida das suas desigualdades”. Visão


de Aristóteles. Ex: Melhor Microfone para o Melhor Cantor.

“Tratar Igualmente os desiguais pouco importando a medida da sua


desigualdade.” Visão de Kant.

Para Kant, a igualdade surge:

da capacidade ao trabalho.

da capacidade de usar a razão.

da capacidade de amar.

Humanismo Ético: Surgimento da Humanidade, pois pela primeira vez na


humanidade o homem sente pertencer a um grupo só, cuja característica desse
grupo é a possibilidade do uso devido da razão, isto é, da boa vontade, no
sentido da conduta compatível com o que é devido com o dever.

No Pensamento Cristão o fundamento último da moral cristã é um fundamento


teológico. “É porque Deus quer”

Kant põe um fim ao fundamento teológico da ética, pois para Kant, Deus é uma
questão de Fé (certeza sobre coisas que não é possível demonstrar), enquanto
que Ética é a certeza sobre uma coisa que podemos e devemos demonstrar.

A ideia de humanidade não poderia existir no pensamento grego, pois:

dependia da participação da natureza.

dependia de conceitos filosóficos desconhecidos na época.

dependia da igualdade do humanismo ético.

“Se você obedece a Deus, porquê obedece?” Kant responde que há apenas 2
motivos. Ou o obedece por conta da esperança da salvação, ou obedece por
conta do medo. Sendo assim, a moral Kantiana tem como primeira
característica o desinteresse. Portanto, se obedece a regras por conta de
Deus, não saiu da ideia do utilitarismo.

O Martelo de Nietzsche
Para Nietzsche o que passa pela cabeça tem muito a ver com o que sente e o
que sente tem muito a ver com as oscilações de potência. Sendo assim, não é
você que controla os seus pensamentos. “Você não é senhor na sua própria
casa” FREUD

Niilismo no sentido comum – Uma forma de conduzir a vida sem valores


superiores, sem ideais.

Segundo conceito de niilismo adotado pelo senso comum, é correto dizer que:

o niilista busca atingir seus objetivos sem a aplicação de valores e/ou ideais.
o niilista busca uma vida desprendida dos valores superiores, não se
importando com os resultados a serem obtidos.
o niilista desprende-se dos valores comuns para buscar ideais de liberdade de
escolha.

Niilismo no sentido de Nietzsche – Uma forma de conduzir a vida com


valores superiores, princípios e que nega o mundo da vida, ou seja, o
Pensamento Niilista diz que por você ter ideais, por acreditar em valores
superiores e absolutos, você nega o mundo do que acontece, o mundo dos
encontros da matéria, o mundo das matérias, o mundo dos corpos, o mundo
das energias vitais, o mundo das sensações, ou seja, nega as pulsões. “Em
nome do Céu, nega-se a Terra.” Exemplos: Platonismo (Mundo das Idéias),
Aristotelismo (Ideia de Cosmos, estar alinhado com o Universo), Monoteísmo
(Blasfema contra a Terra em nome do Paraíso). “Os homens inventaram o ideal
para negar o real”

Filosofia do Martelo: Martela os ídolos, ou seja, todo o tipo de modelo mental


que escraviza a vida.

A Filosofia de Nietzsche é uma desconstrução. Ou seja, mostrar que as


certezas são incertas, que as referencias não tem fundamento, que tudo paira
na mais absoluta frivolidade.

Para Nietzsche, são exemplos de niilistas as seguintes alternativas abaixo:

Ladrão

Cristão

Comunista

A Morte dos Deuses: Nietzsche através dessa frase quer denunciar o fim de
uma forma de pensar, que ele chama de Estrutura Religiosa do Pensamento. A
Estrutura Religiosa do Pensamento é a oposição entre o Céu e a Terra, ou
seja, é a convicção de que o além é superior ao aquém. Então quando
Nietzsche diz que Deus morreu, ele quer dizer que está morrendo a maneira de
pensar que o fora daqui é melhor do que aqui. “Uma sombra aterrorizou a
Europa durante séculos e essa sombra está indo embora porque Deus morreu”

“Nós que defendemos outra Fé, nós que consideramos a Democracia não só
como uma forma degenerada da organização política, mas como uma forma
decadente e diminuída da humanidade, que ela reduz a mediocridade, onde
colocaremos nossa esperança?”. Nietzsche critica a democracia, pois a
democracia parte da premissa da igualdade, a ideia de que todos os votos
valem iguais, partem da premissa de que existe uma igualdade de fundamento,
o que Nietzsche acredita não existir no mundo da vida. Sendo assim, essa é
uma forma degenerada, pois essa forma política iguala desiguais. Logo,
Nietzsche mantém um pensamento antigo grego de aristocracia em relação a
questão da igualdade. Ele pensa que a democracia privilegia o que é ruim.

A morte dos Deuses de Nietzsche refere-se:

à estrutura teocêntrica do pensamento.

à estrutura aritmética do pensamento.

ao fim da estrutura religiosa do pensamento.

Potência de Agir de Espinoza – Buscar maximizar alegria e diminuir a


tristeza.

Nietzsche diz que o mundo da vida é constituído por energia e essa energia
quando é ela está em corpos viventes, que denomina essa energia de Vontade
de Potência. Sendo assim, o que caracteriza um vivente com vontade de
potência é buscar uma vontade de potência.

Forças Ativas x Forças Reativas: Força ativa é aquela que existe por si só.
Força reativa é aquela que existe para se opor a uma força ativa pré-existente.

Todos somos movidos por Forças Ativas e Reativas.

Para Nietzsche, somos:

energia ativa que busca mais energia, constantemente atrapalhados por


reativos.
energia reativa que busca mais energia, constantemente atrapalhados pelos valores
morais.
energia ativa que não busca mais energia, constantemente atrapalhados pelos
valores morais.
Negar a Fórmula, Viver a Vida.
Para Nietzsche a crença em uma outra vida, ou em um outro mundo, é uma
crença que traz uma espécie de compensação aos fracos. Sendo assim, ao
invés destes tentarem se esforçar para melhorar nesta vida, o homem que
segue esse pensamento não terá preocupação com uma má vida, pois terá
uma boa vida eterna.

Super Homem x Eterno Retorno: O Super Homem vive a vida na vida.

Segundo Nietzsche, as chamadas 'muletas metafísicas':

atrapalham o desenvolvimento do homem.

ajudam no desenvolvimento do homem.

são indiferentes ao desenvolvimento do homem, pois o que influi são as virtudes do


homem.

O conceito de amor/Fati é a proposta Nietzschiana de amor pelo mundo como


ele é. Ou seja, amar o Real como ele é. Sendo assim, a vida não poderá valer
a pena se não amar o mundo como ele é.

Passado: Reconstrução presentificada do que já aconteceu.

Futuro: Antecipação das ocorrências feitas no presente.

Passado e Futuro são chamados de Tempos da Alma por Agostinho.

Nostalgia: Oscilação de potência determinada pela ideia passada de uma ideia


alegre, ou seja, é se reportar a algo bom que aconteceu e se sentir bem com
isso.

Para Nietzsche a Nostalgia é uma estratégia de escape do que está


acontecendo naquele instante presente, ou seja, diante do mundo que é, sabe
que pode te agredir, que o risco de tristeza é alto, então você se refugia em um
passado que te foi generoso. Logo, a Nostalgia é a consequência de uma fuga
mental.

Sentimento de Culpa: Oscilação de potência determinada pela ideia passada


de uma ideia triste, ou seja, é se reportar a algo ruim que aconteceu e se sentir
mal com isso.
O conceito nietzschiano de Amor Fati refere-se a:

amar as coisas como elas são.

amar as pessoas como elas são.

amar o mundo como ele é.

Saídas para o Futuro: Pensar no Futuro e ter ideias ruins trazem a ideia de
medo. E pensar em algo no futuro e ter ideias boas trazem a ideia de
esperança.

Para Nietzsche as 4 situações são negativas, pois quando se está diante do


mundo, mas está regido por tempos da alma você está enfraquecido,
fragilizado, desfocado e aquele que está desfocado vive de maneira sem
intensidade.

A vida intensa pressupõe um alinhamento amoroso entre o corpo presente e a


mente presente num instante, ou seja, busca de uma reconciliação permanente
com o real.

Sabedoria: Investigação do que a vida tem que ter para ser boa.

A Recomendação de Nietzsche é que ame as pessoas do jeito que elas são.

Para Nietzsche, a consciência da realidade:

é o único caminho para entender e definir o meio.

é o único modo para se viver plenamente.

é o único modo de se obter o amor verdadeiro.

A condição para o amor pelo real é a desconstrução do amor pelo ideal.

“Não espere do mundo mais do que o mundo pode lhe dar”. Resumo do
pensamento de Nietzsche.

Recomendação: Prólogo: O que falava Zaratusta.


Vontade de Verdade: O Estatuto da Verdade na Filosofia de Nietzsche é um
ideal como qualquer outro, sendo assim, é impossível que o mundo da vida
alcance a verdade.

Recomendação: Nietzsche e a grande política da linguagem.

A Verdade é a “muleta metafísica” por excelência.

Ideia de Genealogia: Partindo da Premissa Nietzschiana de que a consciência


é a parte ínfima e menos importante de tudo que se pensa. Ou seja, aquilo que
você pensa e não passa pela sua cabeça é chamada de inconsciente. “Algo
pensa em mim”. Em relação a Genealogia o que realmente importa para
Nietzsche é de onde veio o pensamento que brotou em você, quais são as
forças por trás do pensamento que brotou em você. A origem do pensamento
em você.

Nosso novo infinito: É o fato de que quando falamos sobre o mundo o que
falamos não é bem uma analise objetiva do mundo, mas aquilo que nossas
forças vitais e os seus estados de psiché determinaram.

“Toda Filosofia é uma Fachada. Toda palavra é uma máscara.” Resumo da


idéia de Nietzsche.

Para Nietzsche, o que não pode ser expresso com totalidade pelas palavras?

O amor

A realidade

Os pensamentos

A frase 'algo que pensa em mim' de Nietzsche refere-se

ao inconsciente que produz pensamentos mesmo que estes não sejam notados.

ao subconsciente que se expressa em momentos de ódio.

à consciência, que produz pensamentos sobre tudo com o que se relaciona.


Eterno Retorno: Amor à Vida
A doutrina do Eterno Retorno é um processo seletivo, um mecanismo de
atribuição de valor, uma forma de operar uma seleção, uma triagem dos
instantes de vida que merecem ser vividos, ou seja, é uma proposta de
procedimento intelectual com vistas à separação dos instantes de vida
exitosos, dos instantes de vida fracassados. Sendo assim, o que Nietzsche
quer é que não seja feita essa seleção a partir dos ídolos, a partir de
referenciais que escapam à vida, que transcendam a vida. Logo, o que ele
propõe é um processo seletivo de escolha na imanência da vida (forças vitais:
ativas e reativas, pulsões, desejos). “É no seio do terreno, sobre esta terra,
nesta vida (no meio das pulsões, dos desejos) que é preciso distinguir o que
vale a pena ser vivido e o que merece perecer.” Em resumo, o Eterno retorno é
uma seleção de instantes de vida a ser operado na vida.

Fazem parte do conceito de eterno retorno de Nietzsche todas as seguintes assertivas abaixo:

Opostos formam a realidade (bem/mal - prazer/angústia).

O modo de percepção de tempo (ciclo temporal que se repete durante a eternidade).

Forças em conflito, que conflitam infinitamente.

“Se em tudo aquilo que queres fazer, começares a se perguntar: será que
quero mesmo fazê-lo um numero infinito de vezes? Isso será para ti o centro de
gravidade mais sólido.” Há 2 níveis de querer, um mais amplo e um número
mais restrito, que seria algo que queira fazer infinitas vezes, sendo este o nível
de Eterno Retorno. Sendo assim, a interpretação do eterno retorno é viver não
querendo que aquele instante acabe nunca. Então, caso viva uma vida a partir
de momentos que não quer que ocorra infinitas vezes, estará vivendo uma vida
frouxa, morna. Em relação ao centro de gravidade mais sólido, é o critério de
seleção da vida mais confiável, pois é o critério de seleção da vida em nome da
vida. O importante no Eterno Retorno não é viver de fato para sempre o que
sempre deseja, mas sim desejar para sempre viver.
O Eterno Retorno consiste:

em ter a plena vontade de querer infinitamente.

na repetição de ações satisfatórias.

na busca da felicidade através das ações.

Para o Eterno Retorno é preciso sentir e ter alguma consciência do que se


sente para identificar a causa dessa sensação, pois só assim é possível
conseguir identificar e discriminar a vida que vale a pena e a vida que não vale
a pena. Ou seja, no momento que eu souber a causa da minha alegria, poderei
repetir a alegria infinitamente.

Pragmatismo: A razão de agir como age continua fora da vida, no futuro. Ex:
Um vendedor bem sucedido é o vendedor que vende.

Nietzsche tem uma ideia diferente, ele pensa que cada segundo deve valer
nele, na imanência e jamais por algum eventual resultado a alcançar. Ex: Um
vendedor bem sucedido é o vendedor que deseja vender infinitas vezes,
independente do resultado. Sendo assim, Nietzsche é chamado de Vitalista,
pois para ele a avaliação da vida é feita pelo que a vida tem de mais essencial,
que é o desejo.

Para Nietzsche, buscar a alegria é:

atingir metas e objetivos.

satisfazer o maior número possível de pessoas com seus atos.

fazer aquilo que te alegra, independentemente do que seja.

Para Nietzsche é preciso saber bem qual é a sua preferência, pois como este é
o centro de gravidade mais sólido é preciso que não aja equívocos.

Nietzsche diz que não se deve recuar ante nenhum meio, pois ao recuar nada
terá adiantado identificar aquilo que quer repetir infinitas vezes e depois não
viver de acordo, logo não recuar é fazer com que o critério seletivo do Eterno
Retorno prevaleça.
O passo mais importante na busca da felicidade para Nietzsche é:

saber identificar a causa da real felicidade.

fazer aquilo que te alegra sempre.

não recuar diante dos obstáculos.

Como encarar o mundo desagradado com seus critérios? O enfrentamento é


inevitável.

Há dois tipos de eternidade: A vida após a morte que nunca mais acabará
(eternidade cristã) e a Eternidade proposta por Nietzsche que é a
presentificação da existência

Eternidade: Presente que permanece presente e não vira Passado.

Temporalidade: Presente que vira instantaneamente passado.

Nietzsche propõe com a teoria do Eterno Retorno que as vidas sejam regidas
pelos desejos dos viventes que as vivem e só isso conferiria a essas vidas as
suas legitimidades, as suas densidades e assim fugiria de uma vida fugaz.

Para Nietzsche, é essencial para a felicidade:

a intensidade da vida.

a presentificação da vida.

a busca por ideais.

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