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SÃO PAULO
2014
ANA LUIZA SAVI
LÉO PORTO
LUIZ VIEIRA DO NASCIMENTO JÚNIOR
PAULO EMANUEL CENACCHI PEREIRA
VALENTIN RAFFO GALLEGO
SÃO PAULO
2014
TRANSPORTE PÚBLICO E O LAZER DA
JUVENTUDE EM SÃO PAULO
Ana Luiza Savi, Léo Porto, Luiz Vieira do Nascimento Júnior, Paulo Emanuel Cenacchi Pereira,
Valentin Raffo Gallego
Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Curso de Psicologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). São Paulo, SP. Brasil.
RESUMO
As atividades de lazer consistem nas atividades que o indivíduo realiza quando não está
envolvido em qualquer obrigação, como trabalho ou estudos. O tempo gasto no
transporte público se mantém como intermediário entre as obrigações e tempo livre, e
nas grandes metrópoles o tempo disponível para a realização destas atividades se
encontra bastante reduzido para a maior parte da população, em parte em função do
transporte público, onde se gasta uma média de 1h48 (IBOPE, 2010) do dia nos
percursos de ida e volta em São Paulo. Reconhecida a importância do lazer para a
qualidade de vida e manutenção do equilíbrio do corpo, colaborando para a manutenção
da saúde, esta pesquisa procura estabelecer uma relação entre o tempo gasto no
transporte público e sua importância em relação ao lazer tanto no aspecto de poder ser
considerado ou não um espaço hábil para a prática de atividades de lazer, quanto em
uma tentativa de suprir a falta de lazer característica das grandes metrópoles.
RESUMEN
Introdução........................................................................................... 1
Método ............................................................................................... ?
Resultados .......................................................................................... ?
Discussão ........................................................................................... ?
Teixeira Júnior (2010) expôs a importância das variadas práticas de lazer para a
qualidade de vida e os espaços físicos em que essas práticas acontecem:
O lazer é algo que está presente na vida das pessoas, mas nem
todos sabem a importância dessa atividade, que traz muitos benefícios
para nossa qualidade de vida, entre os seus benefícios podemos citar o
combate ao estresse, facilita a circulação do sangue promovendo
assim uma homeostase, ou seja, um equilíbrio no meio interno do
corpo, colaborando na manutenção da saúde. Às vezes por falta de
informações, as pessoas ignoram sua importância e isso não pode
acontecer, pois todos têm direito ao lazer. (p.2)
Ou seja, as práticas de lazer seriam aquelas que o indivíduo exerce por própria
vontade em momentos nos quais não precisa atender a qualquer tipo de obrigação
(trabalho, escola, faculdade, obrigações familiares ou religiosas, etc.); práticas exercidas
durante o tempo livre.
Seguindo a análise de Gomes (ibid.): "A linha divisória entre vida no trabalho e
vida na esfera privada está desaparecendo, já que o mundo do trabalho coloniza
progressivamente a vida privada" (p.129) Ao considerar o lazer como uma esfera da
vida privada, concluímos que, caso o transporte não seja considerado uma possibilidade
para exercer práticas de lazer e seja encarado como um prolongamento da atividade
laboral, causará uma diminuição da qualidade de vida dentro e fora do ambiente de
trabalho (Carneiro, 2007).
A partir disso, buscamos obter dados sobre o que os jovens paulistanos fazem
para lidar com o transporte público e se eles consideram ou não o transporte como uma
possibilidade de lazer,
Método
Para a realização desta pesquisa foram coletados dados referentes à utilização do
transporte público e à prática do lazer. Na pesquisa procurou-se investigar as condições
de utilização do transporte público como o tempo gasto, a lotação, a satisfação, as
condições de prática e realização do lazer e a possibilidade da ocorrência de uma
conciliação entre ambas as práticas.
Para a realização da análise dos dados obtidos nas questões abertas foram
criadas classes de respostas, divididas com base nos conteúdos que apresentavam temas
em comum. Na questão de número 7 (relacionada a quais atividades de lazer são
praticadas durante o tempo livre) foram criadas as seguintes categorias: práticas de lazer
que poderiam ser realizadas durante o tempo gasto no transporte público, práticas de
lazer que seriam possíveis mas que tem sua prática reduzida ou dificultada durante o uso
do transporte público e práticas de lazer que não poderiam ser realizadas no transporte
público.
Resultados
Quanto à satisfação dos sujeitos com o transporte público, 53% dos sujeitos
responderam estar insatisfeitos com o sistema de transporte público, seguidos pelos
muito insatisfeitos (26,9%) e pelos satisfeitos (13,4%).
41,51% dos sujeitos alegaram que os veículos que usam para deslocar-se se encontram
lotados durante seu trajeto. Dentre esses sujeitos, 68,2% estão insatisfeitos com
transporte público. 26,4% responderam que se encontram poucos lotados e 16,9%
responderam que se encontram muito lotados. 77,8% dos sujeitos que responderam que
fazem os trajetos com veículos muito lotados estão muito insatisfeitos.
64,29% das pessoas que estão muito insatisfeitas moram em distritos com IDH Médio.
83,33% das pessoas que moram em distritos com IDH elevado estão insatisfeitas.
Nenhum sujeito respondeu estar muito satisfeito com o sistema de transporte público.
Dentre os que estão muito insatisfeitos com o transporte público, nenhum sujeito utiliza
o transporte menos de 4 dias por semana. Na categoria insatisfeito a maioria também se
encontra entre aqueles que utilizam o transporte 4 dias ou mais por semana.
Entre os que estão satisfeitos, 2 sujeitos não utilizam o transporte público, 1 sujeito
utiliza apenas um dia e outro utiliza 2 dias por semana. Outros três sujeitos nessa
categoria utilizam o transporte de 5 a 7 dias por semana.
Todos os sujeitos que se declararam muito insatisfeitos responderam que sentem que o
tempo passado no transporte é perdido, assim como 84,5% dos sujeitos insatisfeitos.
Todos os sujeitos indiferentes afirmaram que o tempo gasto no transporte é bem
aproveitado, igual a 71,3% dos que se declararam satisfeitos. Percebe-se, portanto, uma
forte diferença entre as respostas daqueles que estão muito insatisfeitos ou insatisfeitos
e daqueles que são indiferentes ou satisfeitos.
Entre as pessoas que gastam 30 minutos ou menos por dia, 83,3% consideram o tempo
gasto no transporte bem aproveitado. 77,7% dos que gastam 1 hora e dos que gastam 2
horas consideram um tempo perdido. 88,8% dos que gastam 1 hora e meia consideram
um tempo perdido. Entre aquele que gastam 2 horas ou mais, 93,3% consideram que o
tempo que passam no transporte é um tempo perdido.
Uma das questões perguntava aos sujeitos como se sentiam em relação ao tempo livre
de que dispunham para lazer. 60,4% disseram sentir ter pouco tempo livre, 24,5% ter
tempo livre suficiente, e 13,2% afirmaram não ter tempo livre.
Entre os sujeitos que apenas trabalham, 60% responderam ter pouco tempo livre para
atividades de lazer e 40% responderam ter tempo livre o suficiente.
Já nos que estudam e trabalham, 72,7% tem pouco tempo livre e 27,3% alegam não ter
tempo livre. Nenhum sujeito desta categoria respondeu ter tempo livre o suficiente.
Dos sujeitos que estudam, 57,1% responderam ter pouco tempo livre, 11,4% não tem
tempo livre nenhum e 31,4% tem tempo livre suficiente.
Entre os que gastam 2 horas e meia ou mais, 70,6% alegaram ter pouco tempo livre.
(TABELA 2)
Questionamos os sujeitos sobre as atividades de lazer que praticam em seu tempo livre
em uma pergunta aberta. Poderiam ser listadas quantas opções o sujeito desejasse.
79,3% dos sujeitos citaram atividades de lazer inviáveis de serem praticadas durante o
transporte (esportes, comer em restaurantes, etc.), sendo que 37,4% listaram
exclusivamente itens nesta categoria. 71,4% listaram atividades que podem ser
realizadas totalmente (escutar música, ler, etc.) ou parcialmente (filmes, séries, etc.)
dentro do transporte.
Foram realizadas algumas questões que visavam obter dados sobre o uso de lazer
especificamente no transporte.
88% dos sujeitos disseram usar (raramente, frequentemente ou sempre) meios de lazer
no transporte. 45,4% deles afirmou fazer uso desses meios frequentemente, enquanto o
resto se dividiu igualmente entre raramente e sempre.
A categoria dos sujeitos que não dispõe de tempo livre para lazer foi a única na qual
todos os participantes disseram praticar atividades de lazer no transporte (raramente,
frequentemente ou sempre), apesar de ter a menor amostra (7 sujeitos). A porcentagem
é de 9,7% para sujeitos que sentem que têm pouco tempo livre e aumenta para 25% nos
sujeitos que sentem que têm tempo livre suficiente. Também é interessante notar que, de
uma amostra de 12, apenas 1 dos sujeitos do grupo (8,3%) que tem tempo livre
suficiente disse praticar lazer no transporte sempre, enquanto que 2 sujeitos do grupo
que não tem tempo de livre (28,6%) assinalaram a mesma alternativa, mesmo tendo
uma amostra bem menor.
53,3% dos sujeitos que listaram apenas atividades de lazer inviáveis para o espaço do
transporte público e que também praticam atividades de lazer no transporte afirmaram
que fazem uso de lazer no transporte porque sentem prazer em fazê-lo.
Entre os sujeitos que moram em distritos com IDH médio, 63,6% praticam raramente
alguma atividade de lazer no transporte enquanto apenas 9% pratica com grande
frequência. Entre os sujeitos que moram em distritos com IDH muito elevado, 37%
praticam alguma atividade no transporte com frequência e 18% pratica raramente.
A maioria dos sujeitos (58,5%) acredita que seu tempo livre pode ser suprido ou
aumentado ao aproveitar o tempo tomado pelo transporte. A diferença entre os que
sentem que têm pouco ou nenhum tempo livre e aqueles que sentem que têm tempo
livre suficiente não foi significativa.
Sugestões que apareceram com maior frequência (38%) foram aquelas relacionadas à
categoria conforto. Em segundo lugar apareceram as sugestões de infraestrutura e de
promoção de mídias interativas, cada uma com 29%.
Tabela 1. Relação entre o nível de satisfação e o tempo gasto no transporte por dia.
Tabela 3. Relação entre o número de dias em que faz uso de transporte público e o nível
de satisfação.
0 1 2 3 4 5 6 7 Total
DIAS P/ SEMANA
0 1 2 3 4 5 6 7
4%
11% 6%
2%
4%
15%
31%
27%
22%
78%
Referências Bibliográficas:
AQUINO, Cássio Adriano Brás; MARTINS, José Clerton de Oliveira. Ócio, lazer e
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Acesso em 06 Ago. 2014.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; HARTZ, Zulmira Maria de Araújo; BUSS, Paulo
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