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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA

ADRIEL AQUILA S. BRITO


FELIPE MUNIZ DA SILVA
GABRIELLE DE A. DIAS
HERBERT VICTOR L. MEIRA
IARA CASTRO DA S. SOUZA
LETÍCIA OLIVEIRA FREITAS

TRABALHO DE SISTÊMICA

Vitória da Conquista – BA

2016
ADRIEL AQUILA S. BRITO
FELIPE MUNIZ DA SILVA
GABRIELLE DE A. DIAS
HERBERT VICTOR L. MEIRA
IARA CASTRO DA S. SOUZA
LETÍCIA OLIVEIRA FREITAS

TRABALHO DE SISTÊMICA

Trabalho apresentado como requisito


parcial para aprovação na disciplina
Fundamentos da Teoria Sistêmica, pelo
Departamento Acadêmico de Psicologia,
da Faculdade de Tecnologia e Ciências,
ministrado pela professora Marília de
Azevedo Alves Brito.

Vitória da Conquista – BA
2016
Introdução
A abordagem sistêmica é uma proposta de trabalho voltado para as pessoas,
para as relações e os complexos sistemas humanos, visto que o sujeito é sempre
referido por um sistema e a matriz de sua identificação é a família. (Miranda, 2014)
Família é definida como um grupo de pessoas unidas por convicções ou
interesses ou provindas de um mesmo lugar (INFOPÉDIA, 2010). A abordagem
sistêmica entende que toda família possui aspectos que todas as outras também
possuem (universalidade), e que dispõe de particularidades ao mesmo tempo
(singularidade).
A terapia centrada na família foi fundada na década de 50 mas só
reconhecida oficialmente nos anos 70. É uma terapia muito jovem e desde o seu
consentimento recebeu inúmeros e notáveis contribuições para o seu
desenvolvimento. (ANDOLFI, 2002).
Não há um único teórico que seja considerado como o fundador da teoria
sistêmica, mas sim várias contribuições que ao longo do tempo foram sendo
exploradas e desenvolvidas para a formação desta. Sendo assim, a abordagem
fundamenta-se na noção de que os comportamentos de uma pessoa necessitam de
uma análise no contexto familiar. (Bruscagin, p.41)
Teóricos como Batenson e seu projeto sobre a esquizofrenia, a homeostase
familiar de Jackson, juntamente com os trabalhos desenvolvidos por Watzlawick, e
bem como o próprio Murray Bowen e dentre outros colaboradores foram peças
essenciais na formação do pensamento sistêmico e na consolidação da psicoterapia
familiar (ANDOLFI, 2002).
Dentre as contribuições que a terapia familiar recebeu, Murray Bowen
destacou-se pelo seu trabalho conduzindo estudos no Instituto nacional de saúde
mental onde pesquisava a respeito da esquizofrenia, percebeu famílias agindo em
padrões previsíveis, também notou que ansiedade, no sentido Boweniano da
palavra, era transmitida de pessoa a pessoa e entre as gerações. .(
GOODTHERAPY, 2015)
Ele foi um dos pioneiros a trabalhar com famílias no contexto terapêutico, já
que se entendia que para resolver um problema era trabalhar com mais de uma
geração familiar em terapia, já que a família é a fonte primaria da personalidade e
emoções básicas. Bowen acreditava que a esquizofrenia é desenvolvida após anos
de mau-funcionamento familiar, em que cada geração os problemas de
funcionamento aumentava até que uma criança desenvolvia os sintomas, após anos
e com o crescimento de sua pesquisa, ele desenvolveu a teoria dos sistemas
familiares.( GOODTHERAPY, 2015)
Partindo do pressuposto atual da complexidade, intersubjetividade e instabilidade, a
teoria sistêmica se vale por dedicar-se a compreender o funcionamento de cada
família, revendo conceitos de atuação dos papéis que cada um exerce dentro do
contexto, como resolvem os conflitos, além de mergulhar nas crenças, universos e
rotina. (Vasconcellos, p.101-102)
O presente trabalho tem como foco, sobre o olhar da perspectiva sistêmica, a
apresentação de um caso clínico familiar, relacionando-o com alguns conceitos da
abordagem, bem como trazendo a tona explicações e delineamentos para uma
melhor compreensão dessa aplicação.
Origem do desenvolvimento do caso abordado:

Bowen criou conceitos fundamentais para uma teoria evolutiva da família.


Dentre esses conceitos estão o processo de diferenciação do self, que visa uma
busca de um Eu responsável, que se julga único responsável pela suas conquistas
ou pelos seus fracassos. Esse "Eu responsável" não culpa um terceiro pelas suas
ações.
Segundo Bowen, quem tem uma baixa diferenciação vive em um mundo de
sentimentos que não são seus. Rompendo esse sistema, procurará outros laços dos
quais será dependente, pois lhe dará forças para que esse sistema volte a funcionar.
Bowen diz que quem tem uma alta diferenciação segue seus próprios princípios, se
julga único responsável pelas suas ações familiarmente e socialmente falando.
O corte emotivo é caracterizado quando há uma baixa diferenciação e um não
pertencimento aquele sistema familiar. Como consequência, a pessoa alcança um
distanciamento emotivo relacionado a sentimentos internos e também
física/geograficamente. De modo geral, essa pessoa rompe a relação com esse
sistema. É válido dizer que essa mesma pessoa que se rompe com esse sistema,
tem uma necessidade imensa de uma proximidade emotiva, porém, é alérgica a ela.
Além do mais há uma possibilidade muito grande de reproduzir esse comportamento
em novas relações.
Bowen também nos chama atenção para o genograma familiar e a viagem se
volta para casa. Para ele, o adulto deve realizar essa ação para se reconectar com o
seu núcleo familiar e reconstruir vínculos afetivos que foram rompidos ao longo dos
anos. É importante dizer também que a construção desse genograma auxilia em
uma diferenciação muito melhor da família de origem.
Segundo Bowen, para a família nuclear diminuir as tensões e voltar ao seu
equilíbrio, o terapeuta deve voltar à família de origem para entender tais casos.
Afirma também que a saúde mental de cada indivíduo está relacionado ao grau de
diferenciação que é capaz de estabelecer em relação à sua própria família.
Bowen criou uma escala de diferenciação do self, onde procura evidenciar o
grau de independência emocional de cada indivíduo em relação à sua família de
origem. Ele também se refere ao nível básico de diferenciação relacionado ao
funcionamento do indivíduo independente das relações por ele estabelecidas.
Bowen dividiu a escala em quatro quadrantes. Na primeira (0-25) são pessoas
sentimentais, que não têm capacidade de diferenciação e que tem dificuldades em
manter relações duradouras.
Segundo quadrante (25-50) estão as pessoas que contém o self pobremente
definido. Constrói um pseudo-self onde os seus conhecimentos e crenças são
baseados em outras pessoas. Segundo Bowen, é um falso eu.
Terceiro quadrante (50-75) estão as pessoas que tem opiniões bem definidas,
porém, sob pressão podem chegar a um acordo sobre princípios. Além disso, podem
tomar decisões com o intuito de nao correr o risco de ter uma postura que
desagrade outras pessoas. Em casos de desequilíbrio, domina a situação com
calma e pouca ansiedade, evitando crises.

O presente trabalho tem como foco, sobre o olhar da perspectiva sistêmica, a


apresentação de um caso clínico familiar, relacionando-o com alguns conceitos da
abordagem, bem como trazer a tona explicações e delineamentos para uma melhor
compreensão dessa aplicação.
O caso:
Na minha família meus pais se casaram muito cedo, ele com 23 e minha mãe
com 17 anos de idade. Antes da união matrimonial, minha mãe morava com o meu
avô, a rotina da casa era difícil. Meu avô batia muito nos filhos com exceção de um
tio que era deficiente, a qualquer custo minha mãe desejava sair daquele lar, e a
figura do meu avô ainda causa certo bloqueio nela. Com as brigas constantes as
relações ali estabelecidas já haviam se tornadas desgastadas foi então que minha
mãe conheceu o meu pai e logo foram morar juntos. Minha irmã nasceu antes do
casamento, e meu irmão veio logo depois no primeiro ano de casados, e eu após
quatro anos.
Minha mãe era professora e o meu pai era chefe do setor de limpeza da
cidade e, no nosso lar raramente nos faltava o necessários, como: brinquedos,
roupas, alimentos. Lembro que a rotina da casa era um pouco tensa quanto à
relação de meus pais, pois costumavam brigar e eu ficava sozinho em casa,
enquanto meus irmãos frequentemente ficavam na casa da minha avó. Todos os
conflitos sempre eram resolvidos com o silêncio prolongado de não falar mais no
assunto, todos esqueciam aquele fato e voltavam as atividades rotineiras, ninguém
procurava rever os pontos e acertar em forma de diálogo. Eu geralmente ficava
calado nas brigas, para evitar que o confronto aumentasse ou falar algo que
magoasse meus pais, pois o medo da indiferença e de não pertencer era grande, e
carregava isso dia a dia na cabeça enquanto meus irmãos pouco se importavam. Eu
me sentia amedrontado com tudo isso e foi me deixando muito sensível ao longo do
tempo, mesmo que havia um momento de paz na casa como se meus pais
fingissem que não aconteceu nada tempos depois ainda sim eu me sentia muito
afetado. Minhas relações com as pessoas atualmente refletem o meu passado
diante desta vivência, pois quando me deparava com uma situação semelhante
sempre deixava a voz do outro ser mais alta passando por cima das minhas
convicções e vontades.
Aos seis anos de idade meu irmão foi morar no Rio de Janeiro, pois foi
acompanhar a minha avó em uma operação de extração da tireoide. Nessa época
minha mãe, de início, acabou não concordando, entretanto meu pai a convenceu e
ela liberou. Quando completou doze anos meu irmão retornou para casa,
percebemos que ele era um pouco agressivo com minha mãe e pouco a obedecia,
na verdade sua figura materna era a minha avó. Os conflitos eram muitos entre eles
dois, meu irmão chegava ao ponto de deferir ofensas verbais e comportamentos de
violência física.
Assim como os meus irmãos, eu também sempre ajudei nas tarefas
domésticas, principalmente quando a minha mãe tinha que trabalhar na zona rural,
todos cooperavam e minha irmã sempre ajudou em casa, contra a vontade, pois na
verdade ela odiava receber ordens, mas ajudava, e em consequência disso as vezes
ela brigava muito com minha mãe, e com isso fui percebendo que com o tempo ela
acabou se tornando fria e até hoje tem um bloqueio com minha mãe.
Com o tempo passando, meus irmãos arrumaram empregos, já estavam
crescendo, suas vidas haviam mudado assim como os seus gostos e preferências.
Aos 17 anos meu irmão teve seu primeiro filho, que foi quando ele passou por um
processo de "amadurecimento precoce", pois meu pai e minha mãe não se
dispuseram a arcar com despesas, colocando-o para trabalhar e assumir suas
responsabilidades de pai. Foi um choque principalmente para meus pais conceber a
ideia de que meu irmão nem havia terminado o ensino médio e já ser pai tão cedo,
entretanto após o nascimento de meu sobrinho puderam ver que meu irmão se
tornou um homem responsável.
Minha irmã começou a se interessar por futebol, e meu pai por ser amante do
jogo a apoiou, e logo ela começou a participar de campeonatos em outras cidades, e
minha mãe sempre se colocou contra. Tempos depois se abriu para falar de sua
sexualidade e foi uma verdadeira turbulência na casa. E depois disso juntamente
com o fato e minha irmã acabar dando muitas preocupações, meus pais
concordaram em mandá-la para o Rio de Janeiro acreditando que assim seria
melhor para todos, que foi onde ela pode vivenciar tudo da maneira que ela queria e
independente, pois longe da família nuclear ela tinha sua liberdade, apesar das
preocupações de meus pais diante de como ela comportava, ela amadureceu e foi
morar sozinha e vive sua vida da forma como quer longe de todos.
Tanto meu irmão quanto minha irmã não terminaram o segundo grau no
colégio, ela optou pelo supletivo e ele ainda não concluiu, enquanto eu estou
cursando o ensino superior.
Eu mal podia esperar a hora de terminar o ensino médio e sair de casa, uma
vez que sempre fui o mais sensível de todos e absorvi a maioria das partes e
momentos ruins do que se passou em minha casa. Quando eu sentia um clima ruim,
eu sempre dava um jeito de sair de casa, mas meus pais me buscavam onde eu
estivesse, fazendo assim, com que eu presenciasse tudo e eu sempre sofrendo ao
ver todas aquelas brigas, contudo, aprendi uma maneira de me livrar dos conflitos,
que foi evitando falar o que sentia para que não magoasse quem estivesse diante de
mim em situações parecidas.
Atualmente, meus pais são divorciados e o relacionamento entre eles não é
dos melhores. Meus dois irmãos foram morar no Rio de Janeiro e eu em Vitória da
Conquista - Bahia. Meu relacionamento com meus pais e irmãos são bons,
entretanto meus irmãos não tem muito contato com meus pais.
A família escolhida é composta inicialmente por cinco integrantes, sendo o Pai
Marcelo 43 anos, a Mãe Mônica 38 anos, Irmã mais velha Sara 18 anos, Irmão do
meio Pedro 17 anos, e irmão mais novo Marcos 13 anos. Os pais eram funcionários
da prefeitura, o pai sendo chefe do setor de limpeza e a mãe professora da zona
rural, e os filhos estudantes, os mais velhos jogavam futebol na quadra da cidade,
pois eram muito próximos e tinham o mesmo amor pelo esporte juntamente com pai,
e o filho mais novo se relacionava de forma mais amorosa com a mãe.
Aos 18 anos a irmã mais velha se assume homoafetiva e vai morar no Rio de
Janeiro por decisão dos pais, o irmão do meio foi pai aos 17 anos e foi assumir sua
família por orientação dos pais também, enquanto o mais novo continua estudando.
Aparentemente esta família se dá muito bem, apesar dos contratempos, todos os
dias almoçavam e jantavam juntos na mesa, batiam papo e davam risadas e falavam
do dia-a-dia. Todos os filhos ajudavam nas tarefas de casa, era uma regra, (apesar
da irmã mais velha odiar), para que seus pais se preocupassem com a questão
financeira da casa e de todos.
As relações estabelecidas no ambiente familiar eram meio que bipolares, ora
tudo bem, ora tudo mal, alguns momentos de conflito caracterizavam o “tudo mal”,
pois havia muitas brigas dos genitores e isso gerava um grande desconforto a todos,
mas excluindo esta parte, eram muito prestativos uns com os outros.
Cada um na minha casa tem seu jeito diferente, cada um tem sua maneira de
resolver situações conflituosas, meu pai fica mais nervoso e ser muito sincero, minha
mãe fica chorosa e irritada com uma alteração na voz, minha irmã fica com cara
fechada e se isola para chorar, meu irmão fica nervoso e agressivo, enquanto eu
acabo calado e choroso com algumas comorbidades: dores no estômago e às vezes
febre. Fora dos conflitos, somos uma família atenciosa e prestativa, um pouco rasa
em expressar sentimentos uns pelos outros, mas somos felizes.
Esclarecimentos:
Antes da análise é necessário esclarecer alguns fatos:
1. Todos os sistemas vivos realizam trocas com o ambiente, logo como
caraterísticas gerais podemos dizer que são globais, que realizam
retroalimentação e equifinidade.
2. Todas as famílias possuem características que são universais e singulares ao
mesmo tempo.
3. Todo e qualquer sistema sempre busca o equilíbrio, se caso este equilíbrio
não for encontrado o sistema se desfaz.
4. E por fim, fatores internos e externos afetam o funcionamento e a resposta do
sistema.

Análise:
Para a análise sistêmica baseada no caso, é importante esclarecer que
Monyca é a mãe, Pedro é o primogênito, Sara é a irmã do meio e Marcos é o caçula
e narrador-personagem.
A análise será fragmentada em tópicos e por personagem.

Monyca
Durante a juventude monyca foi rebelde enquanto morava com sua família de
origem. O desejo pela independência vinha pela vontade de sair daquele sistema
estabelecido, pois as brigas constantes desequilíbrio já haviam desgastado as
relações.
O corte motivo veio pela própria decisão de Monyca, pois a qualquer custo ela
queria se distanciar, e foi então que se casou. Até hoje o corte permanece, pois as
relações entre Monyca e seu pai ainda são conflituosas e acabam se evitando.
No período antes do casamento Monyca era uma típica rebelde (uma falsa
diferenciação), pois aparentava independência e não queria seguir o que é imposto
para ela, contrariando tudo aquilo que era esperado. Logo após construir outro
sistema se torna atacante dentro da família nuclear devido culpabilizar os outros
pelos seus próprios problemas e sempre se fazendo de vítima.

Pedro
Pedro teve um corte emotivo ao se distanciar da sua mãe para viajar com
avó, este corte se deu de modo gradual e inconsciente, e a avó passou a ser sua
figura materna.
Podemos perceber que não houve uma diferenciação significativa no self de Pedro,
pois o mesmo pertence mais ao sistema que se diferencia repetindo o
comportamento da mãe em relação ao avô (rebelde), além de ter filhos antes do
casamento.
Pedro pode ser considerado como rebelde, pois aparenta uma certa distância e
também independência, mas como a independência real é muito ameaçadora, ele
permanece próximo e age com a rebeldia discordando de tudo o que é imposto para
ele.

Sara
Sara pode ser considerada em primeiro momento como suficientemente
diferenciada, pois toma uma posição que ela permite afirmar que é responsável pelo
que pensa, acredita e faz, sem atribuir os outros as suas próprias crenças. Assume
a responsabilidade da própria felicidade e do próprio bem-estar, e não considera os
outros responsáveis ou culpados pela própria infelicidade e seus insucessos.
Tal fase se comprova quando Sara muda para o Rio de Janeiro e decidi morar
sozinha, assumindo todas as despesas bem como suas atitudes. Com isso, acaba
se afastando da sua família, o que pode ser considerado um corte motivo, pois se
manifesta com uma negação da intensidade do apego emotivo não resolvido com a
relação aos próprios genitores. Nessa situação a pessoa se comporta de forma para
aparentar ser mais autônoma daquilo que realmente, e alcança o distanciamento
emotivo tanto por meio de mecanismos internos quanto interpondo uma efetiva
distância física. Trata-se em suma de uma ruptura traumática daqueles processos
de pertencimento tão essenciais para a construção da própria identidade.
Sara sofre por um corte motivo e tem extrema necessidade de proximidade
emotiva, mas é alérgico a ela; e sai de casa iludindo-se de conquistar a
independência, mas na verdade quanto mais tiver sido radical corte com genitores
mais previsível que ela repita o mesmo modelo nas relações futuras. Esse fato se dá
como comprovação quando não relato é dito que quando os pais de Marcelo
brigavam jogando objetos uns aos outros e Sara reproduz esse mesmo
comportamento quando briga com sua namorada tempos depois.
Marcos
Pela alta ansiedade, Marcos lida com as demandas através do abandono, ele
simplesmente se fechava quando percebia que seus pais iriam brigar; fugia do
ambiente de briga indo para casa de sua avó, ou seja, se caracteriza como desertor.
Aqueles que fogem geralmente o fazem porque se sentem imponentes e fracos,
Marcos tinha receio de se envolver ou tomar alguma posição por medo da rejeição.
Pelo sistema possui um alto grau de ansiedade, faz com que o selfie de Marcos não
se mature, o levando a uma necessidade de pertencimento enorme - deixando com
que os outros têm influência sobre a sua própria identidade.

Triângulos
O triângulo descreve o equilíbrio dinâmico de um sistema de três pessoas.
Todo sistema pode aparecer triângulos, e precisam deles para funcionar, apesar que
não devem ser mantidos ao longo do tempo. A maior influência na atividade de um
triângulo é a ansiedade. Quando esta é baixa, o relacionamento entre duas pessoas
pode ser calmo e confortável. Contudo, quando uma relação é perturbada por forças
emocionais dentro e fora dela, geralmente não permanece completamente
confortável por muito tempo. Podemos perceber que o nível de ansiedade nessa
família é alto e as pessoas ficam mais reativas entre si dificultando a manutenção da
harmonia no sistema. Um exemplo de triângulo visto é quando Monyca brigava com
a sua filha por ela gostar de futebol e esta acabava recorrendo ao pai com quem tem
mais uma boa relação e consequentemente triangulava, transmitindo dessa forma o
conflito entre a mãe e a filha para a mãe e o pai. Outro tipo de triangulação
comumente na família é quando os pais discutiam entre si e iam atrás de Marcos
para poder escutar e mesmo ele não assumindo nenhuma posição favorável ao pai
ou a mãe por medo da rejeição, ele era convidado a triangular e sua posição era de
se tornar um condescendente, ou seja, de mostrar que não se importa com os
conflitos em que era inserido.

Identidades Horizontais

A família é composta por dois integrantes com identidades horizontais, visto


que os pais são héteros e os dois filhos são gays, o que já causa um evento na
família. O padrão é quebrado e existe um olhar diferente para o filho do meio, pois o
padrão foi passado (heterossexualidade). Mesmo que o padrão seja passado de pai
pra filho nunca é igual para todos os filhos.
Marcos carrega um alto grau de desequilíbrio, pois quando via as brigas dos
pais ele acabava calado para não fala nada que me os magoasse, evitando a
indiferença entre os mesmos.

Trabalho terapêutico com a família de origem segundo Bowen.


1) Mostrar-se para investigar assuntos familiares
Na família de X seria importante o terapeuta entender como se deve a
transmissão de determinadas crenças e valores, ou seja, nessa família é preciso
saber qual é o universo de padrões culturais estabelecidos e como ele afeta no hoje,
então se, por exemplo, atualmente X ainda não defende seus pontos de vista e
prefere ficar calado em uma situação que talvez seja desconfortável é porque ao
longo do tempo aprendeu que ficar quieto era a melhor forma de evitar que um
conflito aumentasse; foi um padrão internalizado.
2) Identificar as metas desejáveis e como executá-las
O terapeuta no processo de desenvolvimento com toda a família ou com apenas
um membro dela trabalha para que eles próprios identifiquem onde está o problema
e dizer como deseja mudar. O trabalho do facilitador irá auxiliar na auto referência e
verificará as metas desejáveis na terapia ou para o indivíduo e saber como executá-
las. Se por exemplo apenas X procurasse um terapeuta, seria X que iria verificar
quais os problemas e como deseja mudar. Ainda utilizando o mesmo exemplo
acima, X perceberia na terapia e através de sua própria fala que tem muita
dificuldade em contestar, então o terapeuta o auxiliaria nessa meta em como
superá-la.
3) Fazer distinção entre pensamento e sentimento.
Com a ajuda do terapeuta, X deve identificar dentro dos padrões familiares o que
é pensamento e o que é sentimento e por em prática a cada novo conflito. É muito
comum que durante o processo que a própria pessoa identifique e perceba que não
sabia o motivo de está fazendo determinada coisa que na verdade não tinha uma
resposta que fosse muito logica – isso é quando se utiliza o sentimento. Quando se
consegue explicar claramente, onde se tem uma linha lógica de pensamento de
explicação por estar fazendo algo é quando se utiliza o pensamento, mas quando se
utiliza o sentimento não consegue explicar muito bem.
O terapeuta auxiliaria X a identificar essas questões onde se utiliza o
sentimento e iria trabalhar para que o pensamento fosse mais usado. Se X
conseguir em um momento de conflito se afastar suficientemente para ver se está
reagindo ou refletindo a cerca da própria ação, é preciso que esse ciclo se repita
mais vezes.
4) Construir relacionamentos familiares “pessoa a pessoa”.
É preciso saber que cada relação vai demandar coisas diferentes. Cada relação
construída é única e diferente das demais, o trabalho essencial do terapeuta na
família de X é construir essas relações de pessoa a pessoa para a melhor harmonia.
5) Tornar-se observador e controlar as próprias reações.
É o fato de X saber e compreender naquela relação estabelecida qual o papel e
participação exercida. Em outras palavras, X agora teria uma visão mais crítica com
relação a suas próprias ações e controlaria mais suas reações, saber como
administrar e lidar perante certas situações.
6) Destriangular-se.
Aprender que nos conflitos familiares deve assumir a neutralidade. Na família de
X há muitos conflitos e é fundamental que se desfaça o triângulo para resolver o
conflito e não para mudar a tensão entre os membros.
7) Objetivo
O objetivo é fazer com que a família de X se torne expert de si mesma, ou seja,
compreensão das regras em sua totalidade proporcionando para que a os membros
da família encontrem o equilíbrio em momentos de crise e tensão. Essa mudança irá
requerer a reabertura dos laços fechados e a destriangulação, dando condições para
autonomia e o crescimento do indivíduo dentro do sistema.
O terapeuta será elemento de descontinuidade, uma vez que essa família está
equilibrada na homeostase e o terapeuta busca a morfogênese, quebra o equilíbrio
no formato anterior propiciando outro formato de funcionamento. Se baseia em
perguntas, fazendo sair do sentir e ir para o pensar, e depois naturalmente há uma
saída da reação para escuta ativa, e a partir daí conseguir avançar para o diálogo
direto.

Considerações Finais:

Como resolução, o caminho mais adequado a ser tomado nessa família seria
a construção de um genograma; o genograma pode ser utilizado como instrumento
em Terapia Familiar Sistêmica como forma de reter informações da construção
desse sistema. Nele pode conter retratos gráficos que representam a história e o
padrão familiar, que ajudam a identificar a estrutura básica, o funcionamento e os
relacionamentos da família, e, assim consequentemente, acaba mostrando fatores
estressantes. Seria importante em primeiro momento porquê como visto no caso,
Sara reproduz comportamentos “herdados “em sua criação com sua mãe. Esses
comportamentos podem estar sendo reproduzidos até mesmo de forma
inconsciente, então, essa seria uma maneira para que a mesma pudesse “rever” e
entender tais comportamentos para que se for da sua vontade, poder muda-los.
Além disso, Sara e também o seu irmão Pedro sofreram cortes emotivos, o
genograma também seria importante nesse aspecto, pois, segundo Bowen, em uma
experiência própria, a construção do genograma faz com que recuperemos essas
relações emotivas com o núcleo familiar de origem, além de aumentar o grau de
diferenciamento do self.
Os comportamentos reprodutivos de Sara, pode ser explicado pelo corte
emotivo, pois, quanto maior a ruptura, maior a possibilidade dela repetir esse modelo
em novas relações.
Seria importante também essa construção do genograma, por não analisar somente
eventos isolados, e sim, todas as partes do sistema, já que todas elas se afetam.
Além do mais, Bowen afirma que para compreender processos de tensões na família
nucelar, o caminho mais correto a se percorrer seria a investigação do estudo da
família de origem, pois, até mesmo a dificuldade da capacidade de diferenciação de
alguns membros pertencentes a esses sistemas podem estar sendo passadas de
uma geração para outra.
Apesar de todos os ditos neste trabalho, Bowen falava para o terapeuta
sistêmico fosse cuidadoso nas aplicações das técnicas, pois, a compreensão do
funcionamento familiar é mais importante de que qualquer instrumental técnico.
Referências:

ANDOLFI, M.(2002). Os Pioneiros da Terapia Familiar. Revista interdisciplinar


Terapia Familiare N. 68, março, pp. 30-41. Tradução do italiano feita por Maria
Goretti M. Cruz , 2003. Supervisão Técnica de Nina Vasconcelos Guimarães.

MIRANDA, ALEX BARBOSA SOBREIRA. Algumas Contribuições sobre a


Abordagem Sistêmica. Fevereiro de 2014. Disponível em: <
https://psicologado.com/abordagens/psicologia-sistemica/algumas-contribuicoes-
sobre-a-abordagem-sistemica> Acesso em: 10 Nov.2016.

VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. Pensamento sistêmico: O novo


paradigma da ciência. 10ª ed.rev.e.atual. SP: Papirus, 2013. (p. 101-102)

família in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em


linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-11-27 10:37:50]. Disponível
na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/família

Disponível em: <http://www.goodtherapy.org/famous-psychologists/murray-bowen.html>


Acessado em: 27 de Nov. de 2016.
Relatório:

Para o presente trabalho, cada membro foi designado funções da seguinte


forma:
Líder: Herbert
Vice-líder: Gabrielle
Pesquisadores: Rafael e Iara Castro
Relatores: Felipe e Leticia
Programador: Adriel

Foram realizadas reuniões e cada data marcada para reunião se tinha uma
proposta para a construção da pesquisa, onde em todas as datas marcadas para a
realização do exercício todos os membros se mantiveram presentes e cumpriram
com efetividade as ações atribuídas de uma maneira correta e dentro do prazo
proposto pela equipe.
A primeira reunião foi no dia 21 de outubro de 2016, com o propósito de
divisão de tarefas para cada membro. A segunda reunião foi no dia 27 de outubro de
2016, onde os pesquisadores ficaram de trazer o caso no qual seria realizado o
trabalho, onde ficou decidido que cada membro do grupo faria uma analise
individual, para um melhor entendimento do conteúdo ministrado.
A terceira reunião aconteceu no dia 01 de novembro de 2016, os
programadores ficaram de trazer propostas para a apresentação do trabalho. A
quarta reunião aconteceu no dia 10 de novembro de 2016, foi uma reunião com a
finalidade de um debate sobre a analise de cada membro.
A quinta reunião foi no dia 12 de novembro de 2016, para reunir todas às
analises, e formatar as ultimas pendências de como seria a apresentação. A sexta
reunião aconteceu no dia 17 novembro de 2016 para uma ultima discussão, e um
ensaio como preparação para o dia da apresentação.

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