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Questões 35 a 38 – 28º Concurso MPF (22/3/2015)

35. IDENTIFICADA E RECONHECIDA A ÁREA


TRADICIONALMENTE OCUPADA POR UMA COMUNIDADE
QUILOMBOLA, VERIFICA-SE QUE PARTE DA ÁREA
COMPREENDE IMÓVEIS REGISTRADOS EM NOME DE
PARTICULARES.

Qual das afirmativas é correta:


a) São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os
atos que tenham por objeto o domínio das terras ocupadas
por povos e comunidades tradicionais.

Terras indígenas

Artigo 231, § 6º
“São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os
atos que tenham por objeto a ocupação o domínio e a
posse das terras a que se refere este artigo, ou a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito
a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma
da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de
boa fé”

Art. 68 do ADCT não tem essa disposição

b) A identificação, reconhecimento, delimitação,


demarcação e titulação da terra ocupada pelos
remanescentes da comunidade quilombola cabem, em
âmbito federal, a Fundação Cultural Palmares, vinculada
ao Ministério da Cultura.

A Fundação Cultural Palmares cuida da atribuição à


comunidade de remanescente quilombola. O INCRA
cuida da titulação da terra,
Decreto 4.887/2003
Art. 5o Compete ao Ministério da Cultura, por meio da
Fundação Cultural Palmares, assistir e acompanhar o
Ministério do Desenvolvimento Agrário e o INCRA nas
ações de regularização fundiária, para garantir a
preservação da identidade cultural dos remanescentes das
comunidades dos quilombos, bem como para subsidiar os
trabalhos técnicos quando houver contestação ao
procedimento de identificação e reconhecimento previsto
neste Decreto.
c) A inscrição cadastral e a expedição de certidão dos
remanescentes dessa comunidade como quilombolas
cabem ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA, vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
INCRA cuida da titulação; não da atribuição à comunidade.
Decreto 4.887/2003
Art. 3o Compete ao Ministério do Desenvolvimento
Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas
pelos remanescentes das comunidades dos quilombos,
sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios

d) O procedimento para identificação, reconhecimento,


delimitação, demarcação e titulação da propriedade
definitiva da área prevê que inclusive para a medição das
terras sejam levados em consideração critérios de
territorialidade indicados pelos próprios remanescentes da
comunidade. (correta)

Decreto 4.887/2003
"Art. 2o
§ 3o Para a medição e demarcação das terras, serão
levados em consideração critérios de territorialidade
indicados pelos remanescentes das comunidades dos
quilombos, sendo facultado à comunidade interessada
apresentar as peças técnicas para a instrução
procedimental
36. QUAL A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE AO
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E NÃO AO PRINCÍPIO DA
PRECAUÇÃO EM MATÉRIA AMBIENTAL:

a) A falta de certeza científica quanto a provocação de


dano ambiental sério ou irreversível por uma atividade
indica que esta deve ser controlada, restringida ou
proibida.
b) O dano ambiental conhecido ou provável deve ser
corrigido ou evitado na origem, tratando-se desde logo
suas causas.

c) A ausência de certeza cientifica quanto a possibilidade


de dano ambiental não é suficiente para afastar a exigência
de medidas para evita-lo ou restringi-lo.
d) É ao responsável pelo empreendimento que cabe
demonstrar com antecedência e razoável segurança
cientifica que a atividade não provocara dano ambiental
insuportável.

Prevenção e precaução
- Evitar a incidência dos danos ambientais é melhor que
remediá-los
Idênticos ou distintos?
CESPE diferencia
Prevenção e precaução
- Ambos evitam concretização do dano
- Certeza científica x incerteza científica
- Declaração de Estocolmo de 72 e Rio de 92 X Declaração
do Rio de 92
- Ambas extraídas do art. 225 (EIA X solidariedade
intergeracional)
Atividades minerárias X transgênicos e antenas de
telefonia celular
TRF1 - prova oral - O MP entrou com ACP para provocar um
obstáculo judicial à produção de sementes transgênicas
com parecer favorável pela CTNBio no que tange à
dispensa de licença ambiental. Em que termos este
licenciamento ambiental é preconizado na CF, em que
princípio o MP estaria alicerçado para pedir provimento
jurisdicional para paralisar aquela atividade que foi
autorizada pela CTNBio, com relação à dispensabilidade da
licença ambiental?
- Alicerce do EIA
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público: (prevenção)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego
de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
Precaução
Princípio 15 da Declaração do Rio de 92
“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da
precaução deverá ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver
ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de
certeza científica absoluta não será utilizada como razão
para o adiamento de medidas economicamente viáveis
para prevenir a degradação ambiental.”
- STJ inversão do ônus da prova (em prol da sociedade).
Incerteza científica milita em favor do meio ambiente.
Resp 972902/RS Inversão do ônus da prova pela precaução
e pelo diálogo de fontes. Interdisciplinaridade entre direito
ambiental e consumidor (caráter público e coletivo do bem
jurídico tutelado).
O princípio da prevenção está intimamente relacionado ao
brocardo jurídico “in dubio contra projectum” e, segundo
jurisprudência das Cortes Superiores, impõe o
reconhecimento da inversão do ônus da prova. (Ano: 2016
Banca: TRF - 3ª REGIÃO Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: Juiz
Federal Substituto).
É o da precaução. O “in dubio contra projectum” gera a
necessidade de o empreendedor comprovar a
inofensividade do seu empreendimento.
"A essas regras, soma-se o princípio da precaução. Esse
preceitua que o meio ambiente deve ter em seu favor o
benefício da dúvida no caso de incerteza (por falta de
provas cientificamente relevantes) sobre o nexo causal
entre determinada atividade e um efeito ambiental nocivo.
Assim, ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c
o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio
da precaução, justifica-se a inversão do ônus da prova,
transferindo para o empreendedor da atividade
potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança
do empreendimento." Precedente citado : REsp 1.049.822-
RS , DJe 18/5/2009. REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 25/8/2009.

Jurisprudência em teses
Tese 4 “O princípio da precaução pressupõe a inversão do
ônus probatório, competindo a quem supostamente
promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou
ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é
potencialmente lesiva.”
REsp 1237893/SP,Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, Julgado em 24/09/2013,DJE
01/10/2013
AgRg no AREsp 206748/SP,Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,Julgado em
21/02/2013,DJE 27/02/2013
REsp 883656/RS,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, Julgado em 09/03/2010,DJE
28/02/2012
AgRg no REsp 1192569/RJ,Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA,Julgado em 19/10/2010,DJE
27/10/2010
REsp 1049822/RS,Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
PRIMEIRA TURMA, Julgado em 23/04/2009,DJE
18/05/2009
- Prova negativa. Proporcionalidade. Danos sérios ou
irreversíveis
Lei da Biossegurança (11.105/2005) – menção expressa.
Artigo 1º
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e
mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo,
a produção, a manipulação, o transporte, a transferência,
a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa,
a comercialização, o consumo, a liberação no meio
ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, tendo como
diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de
biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde
humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da
precaução para a proteção do meio ambiente.
Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima
(12.187/2009)
Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas
sob a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da
administração pública, observarão os princípios da
precaução, da prevenção, da participação cidadã, do
desenvolvimento sustentável e o das responsabilidades
comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito
internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na
sua execução, será considerado o seguinte:
Diplomas internacionais que mencionam a precaução
Convenção sobre a Diversidade Biológica, Declaração do
Rio de 1992 e Protocolo de Kyoto à Convenção Quadro
sobre mudanças do clima.
- Encíclica do Papa Francisco "Laudato Si'". Junho de 2015.
Visava à COP de Paris. Acordo aprovado por 195 países.
Visa a mundo neutro de carbono. Ex. Agricultura de baixo
carbono.
- Refugiados ambientais. (COP21. Obama “mudanças
climáticas devem levar a nova onda de refugiados”)
- Mudanças climáticas e inflação. Ex. cebola, tomate, arroz
e feijão
- Eventos climáticos extremos. “Uma em cada cinco
cidades está em emergência ou calamidade” FSP
26/01/2016

- “Fracking” (Fraturamento Hidráulico) e “shale gas”. EUA


e Argentina.

- Proibido em vários países. Crise energética.


Contaminação dos lençóis freáticos e produção
agropecuária. Competitividade com EUA e Argentina
(indústria de vidro, cerâmica).
- “La Guerra Del Fracking” Documentário argentino de Pino
Solanas.
- Leis municipais probindo (ex. Toledo). ANP regulamentou
mas liminares da JF proibiram abertura de poços
- A globalização da crise ambiental põe em xeque o
capitalismo? Marcelo Leite. “O historiador Luiz Marques e
a filósofa Isabelle Stengers seguem a trilha de Naomi Klein
e predizem derrocada do capitalismo pela mudança
climática e pelo caos ambiental planetário. Seus livros
alimentam o ceticismo quanto à Conferência de Paris”
- Catástrofes naturais. Estiagens, inundações, enxurradas.
Criação do CEMADEN.
- Princípio da precaução e informativo 829 do STF.
Repercussão geral. (06/2016). Função social da empresa e
stakeholders
Princípio da precaução e campo eletromagnético - 1

No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser


incerta a existência de efeitos nocivos da exposição
ocupacional e da população em geral a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de
energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que
sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme
estabelece a Lei 11.934/2009. Essa a tese que, por maioria,
o Plenário fixou para efeito de repercussão geral ao dar
provimento, por maioria, a recurso extraordinário para
julgar improcedentes pedidos formulados em ações civis
públicas. Essas ações debateram o direito fundamental à
distribuição de energia elétrica, ao mercado consumidor,
de um lado, e o direito à saúde daqueles que residem em
locais próximos às linhas pelas quais se efetua a
transmissão, de outro. Na espécie, acórdão de tribunal de
justiça estadual impusera obrigação de fazer a
concessionária de serviço público no sentido de observar
padrão internacional de segurança e, em consequência,
reduzir campo eletromagnético em suas linhas de
transmissão de energia elétrica. A decisão recorrida
fundamentara-se no princípio da precaução e no direito
fundamental a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado e à sadia qualidade de vida. O Plenário
reafirmou que a proteção do meio ambiente e da saúde
pública com desenvolvimento sustentável seria
obrigação constitucional comum a todos os entes da
Federação. Para tanto, a Constituição confere ao Poder
Público todos os meios necessários à consecução de tais
fins, incumbindo-o, inclusive, da competência para
definir, em todas as unidades da Federação, os espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos. Salientou que essa obrigação não seria
apenas do Poder Público, mas também daqueles que
exercem atividade econômica e que prestam serviços
públicos, como é o caso das companhias de distribuição
de energia elétrica. Destacou que essas empresas, por
executarem serviços delegados seriam regidas por regras
de direito privado, ainda que na relação com o poder
concedente obedecessem a regime jurídico de direito
público. Por isso, estariam submetidas aos regulamentos
emitidos e ao controle realizado por agência reguladora
competente e, no exercício de suas atividades deveriam
defender e proteger o meio ambiente e o direito
fundamental transindividual e do cidadão à saúde, em
sua integralidade.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-
627189)

Princípio da precaução e campo eletromagnético - 2

A Corte registrou que o conteúdo jurídico do princípio da


precaução remontaria originalmente à “Carta Mundial da
Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabelecera
a necessidade de os Estados controlarem as atividades
potencialmente danosas ao meio ambiente, ainda que
seus efeitos não fossem completamente conhecidos. Esse
princípio fora posteriormente incluído na Declaração do
Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Eco-92). Além desses documentos, o princípio da
precaução estaria contido na Constituição (“Art. 225. ... §
1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público: ... IV - exigir, na forma da lei, para instalação
de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V -
controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”). Decorre
referido princípio da constatação de que a evolução
científica poderia trazer riscos, muitas vezes imprevisíveis
ou imensuráveis, a exigir uma reformulação das práticas
e procedimentos tradicionalmente adotados na
respectiva área da ciência. Apontou que o princípio da
precaução não prescindiria de outros elementos
considerados essenciais para uma adequada decisão
estatal, a serem observados sempre que estiver envolvida
a gestão de riscos: a) a proporcionalidade entre as
medidas adotadas e o nível de proteção escolhido; b) a
não discriminação na aplicação das medidas; e, c) a
coerência das medidas que se pretende tomar com as já
adotadas em situações similares ou que utilizem
abordagens similares. Portanto, na aplicação do princípio
da precaução a existência de riscos decorrentes de
incertezas científicas não deveria produzir uma paralisia
estatal ou da sociedade. Por outro lado, a aplicação do
princípio não poderia gerar como resultados temores
infundados. Assim, em face de relevantes elementos de
convicção sobre os riscos, o Estado deveria agir de forma
proporcional. Por sua vez, o eventual controle pelo Poder
Judiciário quanto à legalidade e à legitimidade na
aplicação desse princípio haveria de ser realizado com
prudência, com um controle mínimo, diante das
incertezas que reinam no campo científico.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-
627189)
Princípio da precaução e campo eletromagnético - 3
No que se refere aos limites à exposição humana a campos
eletromagnéticos originários de instalações de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica do caso
concreto, a Corte apontou que os níveis colhidos pela
prova pericial produzida nos autos teriam demonstrado
sua adequação aos parâmetros exigidos pelo ordenamento
jurídico infraconstitucional. Ao se referir à Lei
11.934/2009, que dispõe sobre os limites à exposição
humana a campos elétricos, magnéticos e
eletromagnéticos, posteriormente regulamentada pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em sua
Resolução Normativa 398/2010, o Plenário assentou não
haver dúvida quanto à licitude — sob o ponto de vista
infraconstitucional — do que estaria a praticar a
recorrente. Apontou que a citada resolução normativa, ao
estabelecer os limites e os procedimentos referentes à
exposição por parte do público em geral e dos
trabalhadores aos campos elétricos e magnéticos teria
aplicado em todo o território nacional os limites
estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção
Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) em respeito às
recomendações da OMS. Salientou que o acórdão do
tribunal de origem apontara que, conforme as medições
feitas, em momento algum teria se observado violação aos
parâmetros legais estabelecidos pela ICNIRP. Ainda assim,
a despeito de as medições estarem no nível legalmente
estabelecido, o órgão julgador do acórdão recorrido, com
base no princípio da precaução, obrigara a ré a adotar
parâmetro suíço, abaixo do fixado na legislação pátria.
Aparentemente, não existiriam provas ou mesmo indícios
de que o avanço científico na Suíça ou em outros países
que não adotam os padrões da OMS esteja além do da
maioria dos países que compõem a União Europeia ou do
de outros países do mundo que adotam os limites
estabelecidos pela OMS e ICNIRP. Na situação dos autos,
tratou-se de uma opção legislativa e administrativa.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-
627189)
Princípio da precaução e campo eletromagnético - 4

A Corte registrou fato novo surgido após o processamento


do recurso extraordinário, constante da edição da
Resolução Normativa 616/2004, da ANEEL. Essa norma, no
que se refere aos limites à exposição humana a campos
elétricos e magnéticos originários de instalações de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, na
frequência de 60 Hz, elevou de 83,33 µT (microteslas) para
200,00 µT (microteslas) o limite máximo e permanente de
exposição a campos elétricos e magnéticos. Estudos
desenvolvidos pela OMS teriam demonstrado que não
haveria evidências científicas convincentes de que a
exposição humana a valores de campos eletromagnéticos
acima dos limites estabelecidos cause efeitos adversos à
saúde. A própria OMS ao elaborar seu modelo de legislação
para uma proteção efetiva aos campos eletromagnéticos
teria indicado a utilização dos limites fixados pela ICNIRP.
Assim, o Estado brasileiro teria adotado as necessárias
cautelas, pautadas pelo princípio constitucional da
precaução. E, tendo em vista que o regime jurídico
brasileiro estaria orientado de acordo com os parâmetros
de segurança reconhecidos internacionalmente, não
haveria razão suficiente a justificar a manutenção da
decisão atacada. No futuro, caso surjam efetivas e reais
razões científicas e/ou políticas para a revisão do que se
deliberou no âmbito normativo, o espaço para esses
debates e a tomada de novas definições serão respeitados.
Decidiu que haveria de ser acatada a decisão política que
concluíra pela edição da norma nos termos estabelecidos,
uma vez que, dentro da competência do Poder Judiciário,
não teriam sido violados os limites da legalidade, em
observância às normas de organização e de procedimento
na proteção dos direitos fundamentais referidos,
tampouco afrontados os pressupostos da motivação e da
proporcionalidade.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-
627189)
Princípio da precaução e campo eletromagnético - 5
(votos vencidos)
Vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Marco
Aurélio e Celso de Mello, que negavam provimento ao
recurso. O Ministro Edson Fachin destacava que o acórdão
recorrido teria partido da dúvida da comunidade científica
acerca dos efeitos danosos à saúde com base nos
princípios da precaução, da proteção ao meio ambiente e
da saúde. Segundo a Ministra Rosa Weber, os artigos 5º,
“caput” e inciso II, ou 224 da Constituição não teriam sido
afrontados. Para o Ministro Marco Aurélio, o embate dos
autos estaria desequilibrado porque se teria o poder
econômico de um lado e, de outro, a população. Entendia
que, ao apreciar o recurso extraordinário, o STF não
atuaria no âmbito da competência originária. Salientava
que, ao assentar a transgressão, ou não, à Constituição, a
Corte partiria de moldura fática delineada pelo tribunal
de origem, que julgara com base em perícias técnicas. O
Ministro Celso de Mello advertia que sempre que
houvesse probabilidade de que o dano se concretizasse
como consequência de atividade identificada por sua
potencialidade lesiva, o postulado da precaução seria
imposto ao Estado, que deveria adotar medidas de índole
cautelar para preservar a incolumidade do meio
ambiente e para proteger a integridade da vida e da
saúde humanas. O princípio da precaução seria resultante
do exercício ativo da dúvida, que se realizaria frente ao
perigo de dano grave e irreversível e diante da falta de
certeza científica ou da ausência de informação. Nesse
contexto, as decisões judiciais, especialmente nos países
que compõe a União Europeia, cuja tendência os tribunais
pátrios estariam a acompanhar, orientar-se-iam pela
precaução na defesa da integridade do meio ambiente e
na proteção à saúde. Por sua vez, as normas jurídicas
destinadas à proteção da população em geral
abrangeriam tanto o Direito Internacional quanto o
Direito comunitário e o próprio Direito interno de
diversos países. Consignava que, embora o
desenvolvimento econômico, o direito de propriedade e
a iniciativa privada estivessem protegidos pela
Constituição, não poderiam primar sobre o direito
fundamental à saúde. Apontava que o acórdão recorrido
dera concretude a direito impregnado de
fundamentalidade indiscutível: o direito de caráter
transindividual ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Concluía que por via dessa tutela se estaria a
proteger um valor maior, vale dizer, a própria qualidade
da vida.
RE 627189/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 8.6.2016. (RE-
627189)
Procurador Federal CESPE 2010
“O princípio da precaução refere-se à ação preventiva e
deve embasar medidas judiciais e administrativas
tendentes a evitar o surgimento de atos atentatórios ao
meio ambiente” certo
- Visa a gerir a espera da informação. Interrogação.
Necessidade da ação x momento dos conhecimentos
científicos. Administração pode com esse fundamento
embargar obras ou atividades (poder de polícia).
Suspender licenças.
- CTN Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de intêresse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato
Complementar nº 31, de 1966)
TRF1 2009 Assinale a opção correta quanto ao princípio da
precaução.

A Esse princípio foi criado na Conferência de Estocolmo,


em resposta aos danos causados pelo vazamento de
mercúrio na baía de Minamata e, por isso, os primeiros
escritos doutrinários da época referiam-se a ele como o
princípio de Minamata.
B Tal princípio teve origem no princípio da incerteza, da
física quântica, e foi o tema central da Carta da Terra,
redigida na abertura da Eco-92, na qual o jurista alemão
Reinhardt Sttifelmann defendeu que, na atual sociedade
de risco, só se podem tomar medidas ambientalmente
impactantes com respaldo da ciência.
C Fundado no princípio da prevenção, o princípio da
precaução aponta a inexistência de certezas científicas
como pressuposto para a adoção de política liberal
pautada pelo caráter não intervencionista do poder
público nas atividades econômicas.
D Esse princípio fundamenta-se no direito penal
secundário e diferencia-se do princípio da prevenção geral
e da prevenção específica, pois espelha os aspectos
garantistas dos direitos de terceira geração.
E Tal princípio constitui a garantia contra os riscos
potenciais que não podem ser ainda identificados, devido
à ausência da certeza científica formal, e baseia-se na ideia
de que o risco de dano sério ou irreversível requer a
implementação de medidas que possam prever esse dano.
Resposta e
TRF1 2011 discursiva
“Com base no direito ambiental, discorra sobre os
princípios do poluidor-pagador, da precaução e da
prevenção, bem como sobre as condições específicas da
responsabilização penal da pessoa jurídica”
TRF2 - 2013 Determinada associação de moradores ajuizou
ação civil pública contra concessionária de energia elétrica,
demandando a adoção de medidas para a redução do
campo eletromagnético de linha de transmissão a ser
instalada sobre seu bairro, sob o argumento de que, na
intensidade prevista na licença de instalação, havia
estudos denunciadores da possibilidade de aumento do
risco de câncer nas pessoas expostas por longos períodos
à radiação liberada. A associação requereu ainda medida
liminar para que, durante o curso do processo, fosse
observado padrão de segurança dos níveis de radiação
adotado em certo país estrangeiro, sob pena de multa.
Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção
correta.
a) A associação de moradores em apreço tem
legitimidade ativa para pleitear o cumprimento de
obrigações de fazer, mas não teria legitimidade para
pleitear indenização pelos danos ambientais difusos.
b) Como a autora provou a existência de estudos que
indicam aumento dos riscos de câncer, caberá à ré
comprovar a segurança quanto aos níveis de radiação a
serem emitidos pela citada linha de transmissão. (correta)
mera possibilidade. empresa deve comprovar a segurança
da radiação. inversão do ônus da prova pela possibilidade
de danos graves, sérios e irreversíveis.
c) O pleito da associação funda-se no princípio da
precaução, segundo o qual devem ser adotadas medidas
mitigadoras dos danos ambientais devidamente
comprovados em EIA/RIMA.
d) Se a atividade em questão tiver sido licenciada
conforme padrões de segurança nacionais, será
juridicamente impossível a pretensão de obrigar a empresa
à implementação de critérios mais rigorosos.
A licença ambiental não é licença de direito administrativo,
que é irrevogável. Resolução 237/97 do CONAMA:
"Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante
decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e
as medidas de controle e adequação, suspender ou
cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I -
Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou
normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de
informações relevantes que subsidiaram a expedição da
licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e
de saúde."
e) Caso venha a fixar eventuais astreintes na modalidade
de multa diária, o juiz deverá observar um limite para que
o valor não enseje enriquecimento sem causa da
associação autora.
O numerário não reverte à associação
Art. 13 da LACP. Havendo condenação em dinheiro, a
indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos
Estaduais de que participarão necessariamente o
Ministério Público e representantes da comunidade, sendo
seus recursos destinados à reconstituição dos bens
lesados.

Regra geral para multa diária:


STJ, 3ª Turma, REsp 1192197 (07/02/2012):A
confrontação entre o valor da multa diária e o valor da
obrigação principal não deve servir de parâmetro para
aferir a proporcionalidade e razoabilidade da sanção. O
que se deve levar em consideração nessa situação é a
disposição da parte em cumprir a determinação judicial.

4ª Turma “É possível a redução das astreintes fixada fora


dos parâmetros de razoabilidade e proporcionalidade,
fixada a sua limitação ao valor do bem da obrigação
principal, evitando-se o enriquecimento sem causa” (REsp
947466, Dje 13/10/2009). No mesmo sentido a 1ª
Turma(REsp 998481, j. em 03/12/2009) e a 2ª (AgRg no
REsp 1096184, j. em 10/02/2009)
37. LEI ESTADUAL CONFERIA A PROTEÇÃO, GUARDA E
RESPONSABILIDADE PELOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS E
SEUS ACERVOS AOS MUNICÍPIOS EM QUE SE
LOCALIZASSEM.

a) Essa lei foi declarada inconstitucional porque a


competência comum para proteger os sítios arqueológicos
não pode ser afastada do Estado e da União.
b) Essa lei foi declarada inconstitucional porque a
competência legislativa sobre responsabilidade por dano a
bens de valor histórico e paisagístico é privativa da União.

c) Essa lei foi considerada constitucional porque o Estado


possui competência legislativa suplementar exclusiva para
cuidar da proteção ao patrimônio histórico-cultural.
d) Essa lei foi considerada constitucional porque se trata de
competência dos municípios para legislar sobre assuntos
de interesse local.
art. 23 da CF, III - proteção de sítios arqueológicos é
competência comum da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios.
- Competência material. Poder de execução e de polícia.
Comum e exclusiva.
comum 23, VI
- proteção ambiental

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de


obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico
ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação
e à ciência;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação,
à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas; (mais importante)
"Federação: competência comum: proteção do
patrimônio comum, incluído o dos sítios de valor
arqueológico (CF, arts. 23, III, e 216, V): encargo que não
comporta demissão unilateral. Lei estadual 11.380, de
1999, do Estado do Rio Grande do Sul, confere aos
Municípios em que se localizam a proteção, a guarda e a
responsabilidade pelos sítios arqueológicos e seus acervos,
no Estado, o que vale por excluir, a propósito de tais bens
do patrimônio cultural brasileiro (CF, art. 216, V), o dever
de proteção e guarda e a consequente responsabilidade
não apenas do Estado, mas também da própria União,
incluídas na competência comum dos entes da Federação,
que substantiva incumbência de natureza
qualificadamente irrenunciável. A inclusão de determinada
função administrativa no âmbito da competência comum
não impõe que cada tarefa compreendida no seu domínio,
por menos expressiva que seja, haja de ser objeto de ações
simultâneas das três entidades federativas: donde, a
previsão, no parágrafo único do art. 23, CF, de lei
complementar que fixe normas de cooperação (v. sobre
monumentos arqueológicos e pré-históricos, a Lei
3.924/1961), cuja edição, porém, é da competência da
União e, de qualquer modo, não abrange o poder de
demitirem-se a União ou os Estados dos encargos
constitucionais de proteção dos bens de valor
arqueológico para descarregá-los ilimitadamente sobre
os Municípios." (ADI 2.544, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
julgamento em 28-6-2006, Plenário, DJ de 17-11-2006.)

_____________
38. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA A PROPÓSITO DE
RECURSOS HÍDRICOS, AQUICULTURA E PESCA:

a) Num quadro de escassez de água, a prioridade de seu


uso obedece a seguinte ordem:consumo humano,
dessedentação de animais e uso industrial.
art. 1º da 9433/97
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos
hídricos é o consumo humano e a dessedentação de
animais;
b) A clássica inalienabilidade das águas ficou superada em
face da limitação dos recursos hídricos e de sua sujeição a
outorga.

Lei nº 9.433/97, Art. 18. A outorga não implica a alienação


parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples
direito de seu uso.
c) Embora limitado e com seu uso sujeito a outorga, a água
e um recurso inalienável, insuscetível de valoração
econômica.

Lei nº 9.433/97, Art. 1º, II - a água é um recurso natural


limitado, dotado de valor econômico.
d) O desenvolvimento sustentável rege a utilização da
água, mas não das atividades econômicas da pesca e da
aqüicultura.

O desenvolvimento sustentável é um dos objetivos da


Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da
Aquicultura e da Pesca, conforme consta no art. 1º, I, da Lei
nº 11.959/2009:
I – o desenvolvimento sustentável da pesca e da
aquicultura como fonte de alimentação, emprego, renda e
lazer, garantindo-se o uso sustentável dos recursos
pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios
econômicos decorrentes, em harmonia com a preservação
e a conservação do meio ambiente e da biodiversidade.
Alternativa a) crítica e polêmica:
Interpretação 1: recursos hídricos, aquicultura e pesca. O
uso industrial fica em terceiro.
Interpretação 2: uso industrial é consumo humano.
Termo genérico. Cláusula geral. Necessidades de
consumo humano. Ex. produção agrícola.
O silêncio do legislador sobre outros usos foi eloqüente?
Ou quis colocar essas hipóteses no consumo humano

Conciliar com objetivos. Uso industrial pode ser para


alimentos.
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária
disponibilidade de água, em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos
críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.
8. Recursos hídricos
- Noção privatista. Código de águas de 1934
- CF 88 bem de uso comum do povo
Titularidade União ou Estados (competência residual)
- não há águas municipais e privadas. previstas no código
de 1934. Tudo no regime publicístico. Alguns entendem
que água da chuva pode ser captada.
- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar
o uso múltiplo das águas;
- a bacia hidrográfica é a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
- a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e
contar com a participação do Poder Público, dos usuários
e das comunidades.
- Outorga decorrência da natureza pública. Autorização via
outorga (captação e lançamento de efluentes. Exceção:
insignificantes ou pequenos por comunidades rurais.
- Prazo de 35 anos renovável. Exceção: concomitante. Pode
ser mais extenso. Ex. hidrelétrica por 50 anos.
- Natureza jurídica precária. (em escassez priorizado o c
humano e dessedentação de animais). Há ações de
indenização de empresas. ANA. Improcedentes. Outorga é
precária. Pode revogar.
- Atividade potencialmente poluidora deve ter outorga de
água e licenciamento.
- Licença prévia depende de outorga ou outorga preventiva
- Outorga preventiva. Garante lançamento por até 3 anos.
Depois da preventiva busca licença prévia.
- Com outorga há cobrança de valores
- Outorga é necessária para extração de água do
subterrâneo
Recursos hídricos
STJ “A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no
sentido de que "o inciso II do art. 12 da Lei n. 9.433/97 é
claro ao determinar a necessidade de outorga para a
extração de água do subterrâneo. Restrição essa justificada
pela problemática mundial de escassez da água e que se
coaduna com o advento da Constituição de 1988, que
passou a considerar a água um recurso limitado, de
domínio público e de expressivo valor econômico". (AgRg
no AgRg no REsp 1185670/RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 6.9.2011).
Precedentes. Súmula 83/STJ. Agravo regimental
improvido. AgRg no AREsp 324232 / RS, 18/06/2013
STJ, AgRg no REsp 1352664, r. Ministro Mauro Campbell.
j.14/05/2013
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. EXPLORAÇÃO DE
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS POR MEIO DE POÇO ARTESIANO.
NECESSIDADE DE OUTORGA.
1. Quanto à aludida afronta aos artigos 12 e 20 da Lei
Federal n. 9.433/1997 e 45 da Lei n. 11.445/2007, esta
Corte possui posicionamento no sentido de que "o inciso II
do art. 12 da Lei n.9.433/97 é claro ao determinar a
necessidade de outorga para a extração de água do
subterrâneo. Restrição essa justificada pela problemática
mundial de escassez da água e que se coaduna com o
advento da Constituição de 1988, que passou a considerar
a água um recurso limitado, de domínio público e de
expressivo valor econômico."
2. Note-se que o artigo 12, II, da Lei n. 9.433/1997, ao
distinguir os usuários que tinham e os que não tinham
acesso à fonte alternativa de água, revela-se como
instrumento adequado para garantir o uso comum de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado pelas
presentes e futuras gerações, segundo uma igualdade
material,não meramente formal (artigo 225 da CRFB),
sobretudo considerando a finitude do recurso natural em
questão. 3. Agravo regimental não provido.
- Valores da outorga destinados a programas ou obras do
PNRH ou manutenção dos órgãos administrativos que
compõem PNRH
Informativo 525 do STJ (já citado) REsp 1.306.093-RJ, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013.
“É possível que decreto e portaria estaduais disponham
sobre a obrigatoriedade de conexão do usuário à rede
pública de água, bem como sobre a vedação ao
abastecimento por poço artesiano, ressalvada a hipótese
de inexistência de rede pública de saneamento básico.”

- ANA órgão executor. Agência de tutela da oferta de bem


público.
4 anos de mandato. Estabilidade
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária
disponibilidade de água, em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos
críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.
TRF1 2009 Assinale a opção correta quanto à PNRH.

A - A água é bem de domínio público, além de ser recurso


natural limitado, dotado de valor econômico. (certo)
B - A outorga de direito de uso, instrumento de gestão dos
recursos hídricos, pode ser concedida por prazo não
superior a 35 anos, renovável com alienação parcial das
águas.
(Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das
águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu
uso.)
C - Em caso de interrupção do abastecimento de água por
mais de 72 horas, o poder público local poderá multar a
empresa concessionária em decorrência da infração por
ela praticada. (não é infração. Art. 49)
D - A bacia hidrográfica é a unidade territorial para a
implementação do Sistema Nacional de Irrigação. (SNGRH)
E - O objetivo da PNRH é implementar os meios necessários
para a cobrança pelo uso e pelo consumo de água no Brasil.
(errado. Art. 2º)

STJ – julgamento pelo art. 543-C. É legítima a cobrança de


tarifa de água por sistema progressivo.
TRF4 2016
Assinale a alternativa correta.
A respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos,
prevista na Lei nº 9.433/97:

a) O regime de outorga de direitos de uso de recursos


hídricos é aplicável aos aquíferos subterrâneos
destinados a consumidor final ou como insumo de
processo produtivo, como também para
aproveitamento de potenciais hidrelétricos. (certa)
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os
direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para
consumo final ou insumo de processo produtivo;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
b) Depende de outorga do Poder Público o uso de
córregos, rios e aquíferos subterrâneos para
suprimento de necessidade de pequenos núcleos
populacionais em meio rural e acumulações de água
consideradas insignificantes.

Art. 12. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público,


conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural;

III - as acumulações de volumes de água consideradas


insignificantes.
c) O Poder Executivo Federal não poderá delegar a
competência para conceder outorga de direito de uso
de recurso hídrico de domínio da União.

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade


competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do
Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos
Estados e ao Distrito Federal competência para conceder
outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da
União.

d) A Agência Nacional de Águas não compõe o Sistema


Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
embora atue paralelamente com a missão de regular
o acesso e o uso sustentável da água.
9433/97 Art. 33. Integram o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos:
I-A. – a Agência Nacional de Águas;

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.


TRF2 - 2013 CESPE
Tendo em vista as normas que regem os recursos hídricos
nacionais, assinale a opção correta.

a) A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins


de geração de energia elétrica estarão subordinadas ao
Plano Nacional de Recursos Hídricos. (CORRETA)
b) A apropriação de águas subterrâneas por meio de
poços é permitida aos proprietários de terrenos rurais,
desde que para consumo final.

c) As águas subterrâneas e os rios que provenham de


outros países ou banhem mais de um estado são bens da
União.
d) As águas públicas podem ser de uso comum ou
dominicais, sendo que apenas as últimas podem ser objeto
de outorga.

e) A lei que regulamenta a Política Nacional de Recursos


Hídricos instituiu o direito de venda das águas como forma
de conscientizar a coletividade acerca da importância de
sua preservação.
TRF4 2014
Assinale a alternativa correta.
Sobre a gestão de recursos hídricos:
a) A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato
administrativo mediante o qual a autoridade competente
do Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, faculta ao outorgado o direito de
uso de recursos hídricos, pelo prazo não excedente a 30
(trinta) anos, renovável.

a outorga do uso da água terá prazo de até 35 anos,


renovável, podendo ser onerosa, ficando condicionada às
prioridades de uso estabelecidos nos planos de recursos
hídricos.
b) A orientação predominante do Superior Tribunal de
Justiça é no sentido de que, sendo as águas subterrâneas
bens da União, a outorga de extração de água de poços
artesianos, nas localidades atendidas pela rede pública de
saneamento, deve ser emitida pela autoridade federal
competente.

As águas subterrâneas são bens dos Estados (artigo 26, I,


da CRFB).
Ademais, quanto à competência para outorgar o uso da
água: " se a água for bem da União, competirá à ANA
outorgar o seus uso, mediante autorização, cabendo
delegação aos estados e ao DF. CAso a água seja estadual
ou distrital, a estes entes caberá exercer essa
competência."
c) A outorga deve ser emitida pelo Comitê de Bacia
Hidrográfica nos casos de rios e corpos de água situados
nas fronteiras internacionais.
Lei Federal 9.984/2000, que dispõe sobre a criação da
Agência Nacional de Águas - ANA, preceitua no art. 3º,
inciso IV, que compete à ANA " outorgar, por intermédio
de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em
corpos de água de domínio da União”.
d) A Agência Nacional de Águas – ANA é a responsável pela
emissão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos
em corpos hídricos de domínio da União.
Lei 9984
Art. 4o A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos,
objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de
Recursos Hídricos e será desenvolvida em articulação com
órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
cabendo-lhe:
IV – outorgar, por intermédio de autorização, o direito de
uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da
União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o;
e) Os serviços de saneamento, nos casos dos municípios
integrantes de regiões metropolitanas, são de titularidade
dos Estados e compreendem o abastecimento básico de
água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e
o manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais.
ADI 1842/RJ ementa – informativo 696 de 2013
Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região
metropolitana e competência para saneamento básico.
Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei
Complementar n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n.
24.631/1998, todos do Estado do Rio de Janeiro, que
instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a
Microrregião dos Lagos e transferem a titularidade do
poder concedente para prestação de serviços públicos de
interesse metropolitano ao Estado do Rio de Janeiro. 2.
Preliminares de inépcia da inicial e prejuízo. Rejeitada a
preliminar de inépcia da inicial e acolhido parcialmente o
prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º,
caput e incisos I a VII; 11, caput e incisos I a VI; e 12 da LC
87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3.
Autonomia municipal e integração metropolitana. A
Constituição Federal conferiu ênfase à autonomia
municipal ao mencionar os municípios como integrantes
do sistema federativo (art. 1º da CF/1988) e ao fixá-la junto
com os estados e o Distrito Federal (art. 18 da CF/1988). A
essência da autonomia municipal contém primordialmente
(i) autoadministração, que implica capacidade decisória
quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação
hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a eleição do
chefe do Poder Executivo e dos representantes no
Legislativo. O interesse comum e a compulsoriedade da
integração metropolitana não são incompatíveis com a
autonomia municipal. O mencionado interesse comum
não é comum apenas aos municípios envolvidos, mas ao
Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O
caráter compulsório da participação deles em regiões
metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas já
foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da
Silveira, DJ 17.12.1999). O interesse comum inclui funções
públicas e serviços que atendam a mais de um município,
assim como os que, restritos ao território de um deles,
sejam de algum modo dependentes, concorrentes,
confluentes ou integrados de funções públicas, bem como
serviços supramunicipais. 4. Aglomerações urbanas e
saneamento básico. O art. 23, IX, da Constituição Federal
conferiu competência comum à União, aos estados e aos
municípios para promover a melhoria das condições de
saneamento básico. Nada obstante a competência
municipal do poder concedente do serviço público de
saneamento básico, o alto custo e o monopólio natural do
serviço, além da existência de várias etapas – como
captação, tratamento, adução, reserva, distribuição de
água e o recolhimento, condução e disposição final de
esgoto – que comumente ultrapassam os limites
territoriais de um município, indicam a existência de
interesse comum do serviço de saneamento básico. A
função pública do saneamento básico frequentemente
extrapola o interesse local e passa a ter natureza de
interesse comum no caso de instituição de regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
nos termos do art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Para o
adequado atendimento do interesse comum, a integração
municipal do serviço de saneamento básico pode ocorrer
tanto voluntariamente, por meio de gestão associada,
empregando convênios de cooperação ou consórcios
públicos, consoante o arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal
11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como
compulsoriamente, nos termos em que prevista na lei
complementar estadual que institui as aglomerações
urbanas. A instituição de regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a
participação de municípios limítrofes, com o objetivo de
executar e planejar a função pública do saneamento
básico, seja para atender adequadamente às exigências de
higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade
econômica e técnica aos municípios menos favorecidos.
Repita-se que este caráter compulsório da integração
metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5.
Inconstitucionalidade da transferência ao estado-membro
do poder concedente de funções e serviços públicos de
interesse comum. O estabelecimento de região
metropolitana não significa simples transferência de
competências para o estado. O interesse comum é muito
mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a
má condução da função de saneamento básico por apenas
um município pode colocar em risco todo o esforço do
conjunto, além das consequências para a saúde pública de
toda a região. O parâmetro para aferição da
constitucionalidade reside no respeito à divisão de
responsabilidades entre municípios e estado. É necessário
evitar que o poder decisório e o poder concedente se
concentrem nas mãos de um único ente para preservação
do autogoverno e da autoadministração dos municípios.
Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do
serviço ao colegiado formado pelos municípios e pelo
estado federado. A participação dos entes nesse colegiado
não necessita de ser paritária, desde que apta a prevenir a
concentração do poder decisório no âmbito de um único
ente. A participação de cada Município e do Estado deve
ser estipulada em cada região metropolitana de acordo
com suas particularidades, sem que se permita que um
ente tenha predomínio absoluto. Ação julgada
parcialmente procedente para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido à
Assembleia Legislativa” constante do art. 5º, I; e do § 2º do
art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e
V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do § 2º do art. 11 da
Lei Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro,
bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado
do Rio de Janeiro. 6. Modulação de efeitos da declaração
de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade de
continuidade da prestação da função de saneamento
básico, há excepcional interesse social para vigência
excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da
Lei n. 9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data
de conclusão do julgamento, lapso temporal razoável
dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o
tema, constituindo modelo de prestação de saneamento
básico nas áreas de integração metropolitana, dirigido por
órgão colegiado com participação dos municípios
pertinentes e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que
haja concentração do poder decisório nas mãos de
qualquer ente.

Alternativa: D
TRF2 - 2013

Tendo em vista as normas que regem os recursos hídricos


nacionais, assinale a opção correta.
a) A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de
geração de energia elétrica estarão subordinadas ao Plano
Nacional de Recursos Hídricos. (correto)

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os


direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins
de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano
Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do
disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a
disciplina da legislação setorial específica.
b) A apropriação de águas subterrâneas por meio de
poços é permitida aos proprietários de terrenos rurais,
desde que para consumo final.

Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de


recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: V - perfurar
poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem
a devida autorização.

c) As águas subterrâneas e os rios que provenham de


outros países ou banhem mais de um estado são bens da
União.
Art. 26, I, da CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,


emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
d) As águas públicas podem ser de uso comum ou
dominicais, sendo que apenas as últimas podem ser objeto
de outorga.

e) A lei que regulamenta a Política Nacional de Recursos


Hídricos instituiu o direito de venda das águas como forma
de conscientizar a coletividade acerca da importância de
sua preservação.

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