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2ª PARTE DA MATÉRIA

A Industrialização Brasileira durante a Rep. Velha


- W. Suzigan identifica 4 interpretações principais

1) Teoria dos "Choques Adversos"


- A industrialização surge como resposta a um choque adverso interno ou externo em especial sobre o setor agrário-
exportador. (Crise no setor exportador, guerras, crises, economia internacional).
Crise externa  Acesso a produtos importados dificultado  Mudanças cambiais(preços relativos)
Crise Interna  Pol. Expansionistas. para sustentação da demanda.
 A DD interna desloca-se para as atividades internas substituidoras de importações.
- Via substituição de importações
+Duas versões:
a) Versão Extrema:
- A especialização na produção e exportação de primários seria incapaz de estimular o desenvolvimento industrial.  Não
há industrialização a partir do modelo primário-exportador funcionando normalmente. (pré-30).  Só qdo acontece uma
crise como na 1ªGM.
b) Versão Moderada (Celso Furtado /Mc. Tavares) - Analise Histórica e não generalista
- Enfase no choque da décade de 30, como fundamental para o desenvolvimento da indústria no país.

- Período pré-1930  Desenvolvimento industrial atrelado ao desempenho do setor primário-exportador.  Quando havia
DD externa(maior preço do café), havia maior DD interna, criando mercado para produtos industriais domésticos 
Dependente da DD externa..
- Período pós-1930  Industrialização . "Substituição de Importações"
 O investimento em atividades econômicas ligadas ao mercado interno passa a ser o principal determinante do
crescimento da renda.

2) Ótica da Industrialização liderada pelas exportações


- Dean (1976), Nicol(1974), Pelaez(1972), Leff(1982)

 Estabelece uma relação direta e linear entre o desempenho do setor exportador e o desenvolvimento industrial.

- Qdo o setor primario-exportador vai bem, havia estímulo ao desenvolvimento industrial.  Visão oposta a da ótica dos
choques externos.

- Ao contrário da visão dos choques externos, renda gerada pela exportação de bens primários seria abrangente  O
desenv. industrial não seria limitado à produção de bens de consumo como uma extensão do setor exportador.

+ As diferenças nas visões de Dean e Nicol.


- Concordam que o período da 1ªGM teria sido maléfico para a indústria, ao contrário da ótica dos choques.
- Dean  Gde recessão e crise do modelo agrario-exportador na década de 30 foi péssima para a indústria.  Visão
extrema, pois evidências estatísticas mostram que houve um estímulo a industrialização a partir de 30.
- Nicol  Gde depressão favoreceu um outro tipo de industrialização, por substituição de importações.

+ Questão: Como o setor exportador estimulava o desenvolvimento industrial?


- Ao gerar renda, favoreceu monetização e crescimento da renda interna criou mercado para produtos manufaturados.
- Fonte de divisas para importação de máquinas e equipamentos para a indústria.
- A construção de ferrovias e de outros investimentos em infra-estrutura integraram o mercado interno.
- Com a imigração, promovida pela cafeicultura, houve aumento da oferta de mão-de-obra, resolvendo problema de
escassez de mão-de-obra, beneficiando a indústria.

- Cafeicultores, diversificando a produção foram os primeiros industriais do país.

3) Ótica do "Capitalismo Tardio"


- Foco não está na dicotomia fatores internos ou fatores externos: A questão da industrialização deve ser entendida no
âmbito do desenvolvimento capitalista no Brasil.

+ Nova periodização - Peso maior na transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado, qdo ocorre a instauração
do modo capitalista no Brasil.
- Economia Colonial
- Economia Mercantil baseada no trabalho escravo
- Economia Capitalista Exportadora

- Difusão do trabalho assalariado traz o modo de produção capitalista no Brasil.

- O Capital industrial surgiu por volta da décade de 1880 como extensão do capital cafeeiro, num momento de grande
acumulação no negócio do Café.  Antes, não havia acumulação de K suficiente para os negócios industriais.

Crítica de Suzigan  Já havia desenvolvimento industrial antes da década de 80

- Discussão: Os cafeicultores foram os primeiros industriais? Matarazzo

- Todavia, a relação entre a expansão do setor cafeeiro e o setor industrial NÃO era linear (Como no caso da
industrialização por exportação)

+ A relação entre o capital cafeeiro e o capital industrial era contraditória.


- Capital cafeeiro estava inserido numa Divisão Internacional do Trabalho. Interesses dos dois setores poderia conflitar.
- Um maior desenvolvimento industrial poderia significar rompimento da dinâmica do setor cafeeiro.
- Ex. Choque de políticas de governo do Brasil. - Pol. Aduaneira --> Tarifa protecionista seria interessante pros industriais, mas
não para os cafeicultores, que teriam que comprar o importado mais caro ou o nacional de pior qualidade.

+ Este padrão foi rompido com a grande depressão e as respostas dadas pelo governo - Crise do Setor cafeeiro.
- Contudo, esta fase inicial de substituição de importações não foi suficiente para estabelecer as indústrias produtoras de
insumos básicos e de bens de capital.
- Capital industrial passa a ser mais independente do capital cafeeiro (dinâmica própria), mas desenvolvimento
industrial(acumulação de capital no setor industrial não é completamente endógena) ainda dependente da capacidade de
importar, que vem do estoque de divisas, que vem das exportações primárias.  Industrialização Restringida 
Acumulação endógena somente com matriz industrial completa, i.e, indústrias produtoras de insumos básicos e de bens
de capital. Sem o desenvolvimento desses setores, seria necessário importar e, para isso, a utilização de divisas geradas
pelas exportações do setor cafeeiro.
- Só a partir dos anos 50(Plano de Metas), qdo as indústrias pesadas começam a se desenvolver com mais intensidade, a
acumulação de capital se torna mais endógena.  Industrialização Acelerada

4) Ótica da industrialização intencionalmente promovida por Políticas do Governo


(Versiani, Versiani, 1977 ; Versiani, 1979)

- Objetivo NÃO é provar que o desenv. industrial pré-30 foi fruto de uma estratégia ampla e deliberada por parte do
governo.
- É provar que a visão de que o Estado na Rep. Velha era mínimo/fraco/insignificante e que nada fez para estimular a
industrialização é falsa.
- O Estado não era completamente passivo. Houve medidas para estimular a indústria.

+ Políticas Adotadas
a) Proteção Tarifária
b) Concessão de incentivos e subsídios

Observações de Suzigan:
- A questão da Taxa de câmbio O que interessa é o efeito combinado das tarifas com a taxa de câmbio (tarifa efetiva). Se
tarifa for elevada, mas cambio super apreciado, efeito líquido ainda é favorável às importações.
- "É difícil aceitar o argumento que a tarifa aduaneira era intencionalmente protecionista"  Proteção a indústria pré-
1ªGM se deu mto mais por restrições às importações e desvalorização cambial. Pos 1gm, mta oscilacao da protecao
dificulta definicao de um padrao.
- Não se deve tratar o período inteiro de maneira uniforme.
a) Período anterior à 1ªGM
- Pouca ou nenhuma assistência direta do governo.
b) Período posterior à 1ªGM
- Estímulo a algumas indústrias específicas.
- Seria um exagero atribuir a diversificação da produção industrial ocorrida na década de 1920 aos incentivos e subsídios
governamentais.
- De modo geral, os incentivos e subsídios não eram sistemáticos e nem sempre foram eficazes.
+ Conclusão
- Os incentivos e subsídios foram esporádicos, não-sistemáticos e "ad-hoc"(pontuais, específicos)

A industrialização pré-30: períodos mais controversos

1) O período 1880-1890
-É um exagero afirmar que o capital industrial originou-se na década de 1880
2) Período do encilhamento
- Grande aumento do investimento industrial.
3) 1ª GM
- Grandes controvérsias a partir do trabalho de Warren Dean(ótica das exportações) x ótica dos choques adversos
- A análise deve ser realizada a partir de diferentes variáveis
a) Drástica redução do investimento
- Dados estrangeiros de exportações de máquinas para o Brasil.
b) Produção foi positiva
- Dois períodos
- Aumento real em 1915-16, recuperando-se de 13 a 14(efeitos contracionistas do fim do padrão-ouro)
- Declínio em 1917 em função da escassez de matérias-primas
c) Lucros: A evidência não é suficiente.

Primeiro Governo Vargas (1930-45)


1) 1930-34: Crise e Recuperação
2) 1934-37: Governo constitucional de Vargas
3) 1937:45: Estado Novo.

+ Crise de 1929-30
- Queda do preço das exportações / DD internacional despencou
- Interrupção dos fluxos de capitais
- Super safras de café
 Reservas internacionais despencam e a capacidade de importar tem uma queda de 40%.
- Simultaneidade de problemas de oferta e demanda de café. Havia supersafras e com a crise internacional, a demanda
mundial cai.

- A crise cambial leva a um "funding loan" parcial.

+ Brasil tem uma recuperação em "V"(rápida):


- Queda de 5,3% do produto real em 1931.
- Crescimento de 4% em 1932 e 9% no biênio 1933-34
- Ademais, os bancos brasileiros e resistiram bem à crise.

+ Principal legado  Aparato de Estado. Conjunto de regulações e legislações criados na Era Vargas que significam uma
ruptura ao que havia antes.

++ Pq os efeitos da crise foram "suaves" no Brasil?


+ Mudanças na política cafeeira:
- Órgãos federais do café
- Queima do café
- Alívio da situação financeira dos cafeicultores
+ Interpretações
1) Interpretação Tradicional(Celso Furtado)
- A rápida recuperação deveu-se a:
a) DA sustentada por políticas de gasto.
b) Desvalorização do "mil-réis"
c) Imposição de controles sobre importações.

- Por um lado déficits sustentam a renda, por outro controle sobre as importações e desvalorização cambial fazem com
que essa renda sustentada se desvie de produtos importados para a produção doméstica.
- "Ao gerar déficits fiscais, o governo teria adotado políticas pré-keynesianas de sustentação do nível de atividade
econômica"
- Estíimulo à indústria.

2)Interpretações Revisionistas

2.1) A política fiscal e cafeeira do governo teriam sido ortodoxas


- Politica fiscal voltada para o equilíbrio orçamentário
- Verba para compra do excedente de café financiada pela taxação das exportações do produto. (Dá de um lado e tira do
outro)

2.2) Proteção tarifária no período 1931-34 não teria favorecido a indústria(Dean)


- Houve déficit fiscal.
- Regime tarifário é protecionista.

+ Em larga medida, as interpretações revisionistas foram desclassificadas.


- Diante dos controles cambiais e da desvalorização cambial a a proteção tarifária seria secundária  Efeito líquido de
proteção doméstica. Ou seja, no fundo houve proteção absoluta pra produção doméstica, apesar da existência de proteção
doméstica (Crítica a visão de Dean)
+ De todo modo, a visão de Furtado foi relativizada.  Antes de 30, numa das operações de valorização do café, o governo
custeou a operação com déficit fiscal. A partir da década de 30, dimensão foi maior, inclusive, com queima de café.

+++Governo Constitucional - 1934-37


++ Liberalização da política cambial em Setembro de 1934.
+ Novo regime cambial (início de 1935):
- 35% das divisas tinham que ser repassadas à taxa oficial para o Banco do Brasil.
- Os 65% residuais seriam negociados no mercado livre.
- Também no mercado livre seriam adquiridos os cambiais necessários aos pagamentos de dívida no exterior (exceto os do
governo)

Observações sobre a política cambial


- Em função da grande desvalorização em 30-31, há adoção de novo regime cambial: -1931: e introdução do monopólio
cambial do Banco do Brasil(não havia BC)
1) Venda de cambiais de exportação do Banco do Brasil era obrigatória
2) Distribuição de câmbio deveria atender a critérios de prioridade.
- Compras oficiais e pagamentos da dívida pública externa ; Importações essenciais ; Atrasados comerciais e outras remessas
como lucros e dividendos.
- O acesso a moeda estrangeira para remeter lucros e dividendos ficou restringido.

- Entre 1931-34, o controle cambial permaneceu essencialmente inalterado.


- Cambiais oriundos das exportações, exclusive o café não tinham que ser vendidos ao BB.
- Regras para remessas de lucros foram afrouxadas.
- A política cambial foi alterada em 1934 e 35, com um viés de liberalização.(pressão dos EUA)
- Governo voltou a impor barreiras restritivas em 35 devido a novos problemas de BP com o afrouxamento em 34.

obs: Adiamento das amortizações e desconto no serviço de dívida externa do Brasil, principalmente com a Inglaterra.

- Reforma Tarifária de 1934

+ Relações Internacionais:
- Cai a importância da Inglaterra
- Aumenta a importância da Alemanha(Comércio de Compensação) e Estados Unidos

- Comércio de Compensação  Comércio bilateral Brasil-Alemanha não precisaria ser feito com moeda internacional.
Seriam acumulados saldos comerciais bilaterais e as diferenças seriam pagas.
- Participação das exportações alemãs aumenta na pauta de importação brasileira.

- Acordo Bilateral(EUA-Brasil), onde Brasil dava concessões tarifárias aos produtores norte-americanos especialmente a
bens de consumo duráveis , enquanto as exportações brasileiras de café, manganês e castanha do pará ficariam livres de
tributos

Dados do Período
- Crescimento econômico ligado à produção industrial, já que importações estavam mais caras, permitindo utilização de
capacidade ociosa da indústria. Com uma PM expansionista e política cafeeira inalterada(de cotas), de sustentação da
renda e da demanda, há estímulo a indústria.
- A economia cresceu 6,5% ao ano entre 1934-37, apesar das dificuldades do BP.
- A agricultura teve um desempenho ruim, mas a produção industrial cresceu mais de 11% ao ano.
- Diversificação industrial  Crescimento dos gêneros não-tradicionais - papel, cimento, metalurgia e química.
- Setor de bens de capital não irá se desenvolver.
+Balança Comercial
- Declínio da importância das exportações de café  aumento das exportações e algodão e valor das exportações de café
cai
- Recuperação das importações, após queda aguda durante a crise. Com volta do crescimento e pol. cambiais mais
flexíveis, há estímulo as importações.

+++1937-45: O Estado Novo


- Fortalecimento do poder central  Ação direta do governo como provedor de bens e serviços
++ Escassez de divisas
-Reorientação da política de defesa dos preços do café  Abandono parcial, dando mais peso ao sistema cambial.
- Reintrodução do sistema de controle cambial  Semelhante ao de 31-34, tinha como objetivo reduzir a evasão de divisas.

++ Missão Aranha (1939)


- Obteve-se um crédito do Eximbank para descongelar atrasados comerciais e financeiros no Brasil.
- Contrapartidas  Política cambial liberal e retomar o serviço da dívida pública externa no CP.
- Reações desfavoráveis no Brasil  militares achavam precoce essa tomada de partido pelos EUA. Além disso, como
Tesouro americano estava flexível, Brasil poderia ter conseguido um acordo melhor.
+ Compromissos assumidos:
- Regulamentação das remessas de lucros e dividendos das empresas norte-americanas.
- Comércio de compensação com a Alemanha foi gradativamente sufocado.
- Reformulação da política cambial-> 70% das divisas das exportações livres e utilizadas para importações. O resto ia para o
BB. Novo regime -> múltiplas taxas associadas a controle cambial para evitar a evasão de divisas -> estimulava certas
transações com melhores taxas e evitava outras.
- Todos os compromissos foram cumpridos!

++ Período da 2a GG.
- Exportações em um 1º momento tiveram impacto negativo. Em um 2º momento, há recuperação com ocupação de
mercados dos EUA e da Inglaterra, países envolvidos no esforço de guerra.
- Importações em um 1º momento com dificuldade de obtenção de divisas Em um 2º momento há dificuldade de
importação devido ao esforço de guerra dos EUA, mas já havia divisas.
+ Indústria
- Prós: Maior parcela de mercado disponível.
- Contra: Dificuldade de obter insumos e investir.
- Efeito agregado sobre a indústria(menor capacidade de importar) foi favorável.  Crescimento médio da indústria foi
superior ao crescimento médio do PIB.
- PIB não cresceu tanto por causa do mau desempenho da agricultura e das políticas econômicas(monetária, fiscal e
creditícia) contracionistas durante a guerra.

+ Inflexão de 42
- Reversão das políticas econômicas para um viés expansionista-

+ A relação com os EUA e a moderna siderurgia


- Garantia ao acesso ao mercado norte-americano das matérias-primas exportadas pelos países da AL, ajudando a sustentar
os preços desses produtos(preços eram fixados e em patamares generosos).
- No começo da guerra, essa política era favorável aos países da AL. Qdo a guerra foi chegando ao fim, essa política foi se
invertendo, já que não havia mais interesse de garantia de suprimentos de matéria-prima e de simpatia dos países
- Posição norte-americana no começo da guerra era simpática à políticas de industrialização dos países latino-americanos.
Com o fim da guerra, há o interesse de manter mercados para as suas exportações, levando a uma reversão desse apoio.
- Verifica-se grande salto de industrialização durante a Guerra no Brasil, devido à instalação da moderna siderurgia(CSN) 
Aço é insumo para várias outras indústrias.

+ A questão institucional durante o primeiro Vargas


(Sonia Draibe, Pedro Cezar Fonseca)
- Primeiro Vargas  Formação do Estado, i.e, emergência de uma nova forma do Estado Brasileiro mais capaz de intervir
na economia
- Governo estruturante de condições para intervenção na Economia

Grandes tarefas que o Estado irá assumir:


1- Construção dos códigos e regras gerais de conduta (regulamentação)
- Código de Águas e Minas  Estabeleceu normas de exploração de recursos estratégicos passíveis de exploração industrial.
Recursos de subsolo são de propriedade da União e dadas somente a brasileiros ou sociedades ligadas ao Brasil.  Criação
das bases do Estado empresário, como a Petrobrás
- CLT  Normatiza o mercado de trabalho. Estabelece direitos e deveres de trabalhadores e empregadores (relação K/L) e
regras para contratação de mão-de-obra.
2 - Criação de instrumentos de administração
ex. IBGE, DASP
- IBGE  Base de dados para planejamento.
- DASP  Recrutamento. Meritocracia. Regular carreira do serviço público. Formular orçamento federal através de critérios
técnicos.  Modernizar aparato burocrático.
- SUMOC - Embrião do BC, mas ineficiências com o BB.
3- Criação de conselhos e órgãos de consulta e deliberação
Exemplo:
a) Conselho Federal do Comércio Exterior (CFCE)
- Discutia questões de balanço de pagamentos
- Conselho técnico de economia e finanças.
b) Conselho técnico de economia e finanças --> Estudos sobre sistema monetário.
4 - Planos econômicos articulados de investimentos estatais.

- Estado se torna mais robusto e com mais instrumentos para intervir na Economia, o que se traduz na formulação de
planos econômicos, como o quinquenal de 47(?). Tendência de constituição institucional prossegue e atinge seu ápice no
Plano de Metas de JK.

- Reviravoltas políticas no Brasil não acarretaram movimento de descontinuidade institucional. Possivelmente, por causa
do fracasso do modelo primário-exportador.
+Questão: Houve intenção do governo em promover a industrialização?
a)Pedro Fonseca
- O esforço de construção institucional(CLT,Carteira de crédito agrícola e industrial do BB e siderurgia) mostra que houve
intenção.
- Não só governo, mas grupos a favor(RS)
- Financiamento  Ampliação da base tributária  Menos tributos na importação

b) Celso Furtado
- Não havia intenção deliberada de promover a indústria.
- Medidas favoreciam o café
- Industrialização foi um subproduto não intencional, até JK.

- Conclusão do autor  Não houve um órgão capaz de planejar a industrialização.


Governo Dutra (1946-50)

++ Antecedentes Políticos
- Interventores nos estados
- Grupo Pró-EUA  Osvaldo Aranha
- Grupo Pró-Alemanha  Gen. Dutra, Gen. Goes Monteiro.
- Incentivo as rivalidades para que nenhum grupo seja suficientemente forte.
+ Relação com EUA
- Instalação de bases em Natal e Noronha
- Acordo interamericano do café  EUA compravam cotas de café a preços fixos, dando fim ao problema de balanço de
pagamentos
- Financiamento para construção da CSN, permitindo entrada no mercado siderúrgico.
- Pressão para surgimento de uma oposição/liberalização no Brasil  UDN e Eduardo Gomes.
- UDN x PSD + PTB(sem culto ideológico) x PCB
- Queremismo  Queremos Getúlio
- Gen. Goes Monteiro tenta assumir sem sucesso.
++ Primeiro Momento Euforia Liberal (46-47)
- Objetivo de conter inflação frustrado no início do governo  Aumento de funcionalismo gera grande déficit.
- Prioridade controlar a inflação
- Por razões políticas, governo era incapaz de estabilizar economia com PM frouxa e PF rígida.
- Out 46 e Junho 49 - Políticas Contracionistas  Contração do investimento público, pequena emissão e impossibilidade
de contração do crédito BB dado financiamento à indústria.
- DD reprimida por importados gerou grandes saldos comerciais  Reservas Internacionais serão usadas para combater
inflação  Liberaliza comércio e aprecia taxa de câmbio, inundando mercado de produtos importados de maior qualidade
e menor preço. (Âncora Cambial)
+ Características da "ilusão de divisas"
- País acreditava na solidez de suas reservas internacionais, entretanto grande maioria das reservas eram em modeas
inconversíveis e em ouro e estes só eram aceitos nos países de origem e venda de ouro seria sinal de fragilidade no BPO e
acarretar fuga de capitais.
- Acreditava que os EUA, única fonte de empréstimos, seriam gratos pela colaboração durante a guerra. Entretanto,
prioridades dos americanos, com a guerra fria, tipicamente, reconstrução pelo Plano Marshall. No Brasil, não há ameaça
comunista, logo não havia atratividade.
- Acreditava-se que uma política liberal de câmbio atrairia Investimentos diretos
+ Câmbio
- Livre  Fim de restrições a pagamentos existentes desde 1930.
- Facilidade de remessas incentivaria futuras entrada de K risco.
- Mantido a mesma paridade de 1939.
- Sobrevalorização: inflação brasileira foi o dobro da dos EUA no período para reequiparar a indústria (...)
- País acumulava déficits em moedas fortes e saldos em moedas fracas.
- Volta à normalidade: Brasil perde mercado para manufaturados.
+ Por que não desvalorizar o câmbio?
- Exportações de café não aumentariam  DD inelástica ao preço
- Para não elevar a inflação.
- Importações não caíriam da forma desejada, i.e, queda na de bens de consumo e manutenção da importação de bens de
capital. Aconteceria o contrário.

++ Segundo Momento: Política Contracionista(1947-49)


- Julho 47  Regime de Câmbio por cooperação  Bancos autorizados a operar com câmbio revendiam ao BB, à taxa oficial,
30% das divisas que comprassem à taxa livre.
- Depois de atender aos compromissos do governo, BB venderia segundo escala de prioridades para importação de
essenciais.
- Fevereiro 48  Contingenciamento a importações por licença prévia segundo prioridades.  Sucesso: Eliminação do déficit
em 2 anos.
- Ajudado pela queda de preços de importação devido à recessão nos EUA(fundamental) e pela alta dos preços
internacionais do café pós 1949( fim estoque brasileiro)
- Acabou se transformando em alavanca para o crescimento industrial.
- Reserva de mercado garantiu implantação de indústria de eletrodomésticos.
+ Resultados da combinação do controle de importação com câmbio sobrevalorizado:
- Efeito subsídio  Barateamento relativo das importações prioritárias
- Efeito protecionista  Restringindo entrada de produtos competitivos
- Efeito Lucratividade Estímulo à produção para mercado interno em comparação com exportação(que seria feita com
taxa de câmbio apreciada)
- Surto industrial que vai beneficiar mercado interno.

+ Relatório da Comissão Técnica Mista Brasil-EUA (Missão Abbink) pregava que o desenvolvimento brasileiro deveria
orientar-se por:
- Afluxo de K estrangeiro  Apesar dos obstáculos a saída de K dos EUA
- Reorientação dos K formados internamente
- Aumento da Produtividade
- 1950: gestão junto a Eximbank e Bird para projetos de infra-estrutura  Comissão Mista Brasil-EUA
- Não há projetos no Brasil
- Necessidade de outra missão para dizer o que Brasil precisa em transporte e energia

++ Terceiro Momento: Flexibilidade Fiscal e Monetária


- Ministro Guilherme da Silveira(Tecidos Bangu e ex-pres. BB)
+ Razões para reversão da política economica:
- Campanha eleitoral leva a expansão do gasto público
- Aumento da DD da indústria por crédito: clima de retomada do crescimento.

obs: CEXIM e CACEX  Licenças para importar e exportar de acordo com prioridades.

Segundo Governo Vargas (1951-54)

- Eleições de 1950: Getúlio Vargas volta ao poder eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
- Defesa do projeto do desenvolvimentismo não significava para Vargas antagonismo com políticas de estabilização, como
posteriormente ficou caracterizado..
- Vargas pretende fazer um governo em 2 fases(Comparado com Campos Sales e Rodrigues Alves --> Ajustamento com
Funding Scheme e Obras)
a) Estabilização da economia através do equilíbrio das finanças públicas e de uma política monetária restritiva.
b) Empreendimentos e realizações
Fase 1
- Combate aos desequilíbrios macro ocorridos na última parte do governo Dutra.
- Redução das despesas do setor público no biênio 1951-52
- Política Monetária conduzida de maneira ortodoxa, ainda que a política creditícia tenha caminhado na direção contrária.
+ Resultados
- PIB real cresceu 4,9% e 7,5% naqueles anos.
- As taxas de inflação estabilizaram-se, mas não caíram.
+ Problemas nas Contas Externas
- Início do Governo  Taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada(para combate a inflação e graças a aparente situação externa
mais favorável) e Regime de concessão de licenças afrouxado.
- Importações vão crescer muito rapidamente e desequilíbrios na balança comercial vão aparecer.
1952: Déficit na Balança Comercial de US$ 302 milhões/esgotamento das reservas internacionais de moedas conversíveis/
acumulo de atrasados comerciais.
 A Crise cambial impediu o sucesso da estratégia em 2 fases.

1953: Reforma Ministerial

+Prioridades - Ministro Osvaldo Aranha


- Situação Cambial.
- Financiamento do déficit público sem emissão de moeda e expansão do crédito.

+ Instrução 70 da SUMOC
- Reestabelecimento do monopólio cambial do Banco do Brasil
- Extinção do controle quantitativo das importações.
- Taxas de câmbio para exportações: sistema de bonificações incidentes sobre a taxa oficial. --> Estímulo as exportações.
+ Diferentes taxas de câmbio para as importações:
- Taxa Oficial sem sobretaxa.
- Taxa oficial acrescida de sobretaxas fixas
- Taxa Oficial acrescida de sobretaxas variáveis segundo lances feitos em leilões de câmbio.
- Nos leilões, as importações eram classificadas em ordem decrescente em função da sua essencialidade.

- Proteção para indústria. Produtos que concorriam com a indústria nacional chegariam com taxa de cambio menos
favorável. Com isso, era possível desvalorizar o câmbio.

1954: Balança Comercial fechou 1953 em superávit.


- Foco na inflação.

+ Taxa de inflação estabilizada, mas elevada.


- Ortodoxos  Excesso de Gasto Público(programas de obras)
- Heterodoxos  Taxa de câmbio desvalorizada.

+ Problemas
- A questão do salário mínimo  Debate em torno do aumento do salário mínimo entre trabalhadores e empresários leva a
crise política. Aumento de salários é aumento de custos, logo do nível de preços.
- Risco de crise cambial.  Boicote a proteção do preço do café, entendido como muito elevado pelo governo americano.
Ainda, aumento de remessas de capitais ao exterior para o pagamento e serviço de dívidas.
- Ação agressiva da oposição.  Atentado ao Carlos Lacerda e tentativa de atentado a Vargas.

++ O esforço de planejamento e industrialização (Leopoldi)


- Vargas concentrou os projetos de industrialização em 2 áreas
1) Assessoria Econômica: Conjunto de técnicos de orientação nacionalista não-ortodoxa e leais ao presidente.
2) Ministério da Fazenda: Foram criadas duas agências para elaborar planos e projetos voltados para a industrialização e a
infra-estrutura energética
a) Comissão Mista Brasil-EUA (CMBEU)
- EUA ganhariam em troca acesso a matérias-primas brasileiras importantes nos EUA.
- Brasil teria que criar uma agência para gerenciar recursos enviados pelo Banco Mundial  BNDE
- Fundo de Reaparelhamento Econômico
- Extinta em 53 devido a uma virada política nos EUA, com entrada dos republicanos.  BNDE passa a ter que formular
projetos
b) Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI)
- Reunia representantes do governo.
+ Objetivos:
- Planejar uma política abrangente de desenvolvimento industrial.
- Política protecionista para atrair indústrias (locais e estrangeiras) em areas estratégicas  Benefícios de isenção de tarifas
de importação sobre insumos e bens de capitai, subsídios cambiais, prioridade para remessas de lucros e por fim reserva de
mercado(dificultar o acesso de importados nessas áreas).

+ Plano Geral de Industrialização (Maio de 1952)


- Projetos de porte ligados ao petróleo, à energia elétrica e à siderurgia.
- Setor petróleo prioritário  DD crescente com dificuldades de abastecimento e ainda ocupava primeiro lugar na pauta das
importações(gde dependência externa )
- Petrobras com monopólio do petróleo e empresas estrangeiras com distribuição.
- FFE  Fundo de alcance nacional para fonte de recursos fiscais para investimento exclusivamente no setor elétrico. 
Embrião da Eletrobrás.

- 1954: Questão do salário mínimo -> João Goulart era ministro do trabalho sugeriu um ajuste de 100% do salário mínimo,
que era mais que suficiente para repor perdas de poder de compra. -> insatisfação de setores industriais e militares ->
inflação de custos e desvalorização cambial devido ao risco de uma crise cambial.-> esse reajuste afeta drasticamente a
política de controle da inflação de Osvaldo Aranha.

Governo Café Filho


- Ministro da Fazenda: Eugênio Gudin  Prioridade era enfrentar a grave crise cambial.
+ Medidas
- Busca por novos créditos no exterior  consegue empréstimos a condições muito duras  entregava reservas em ouro do
Brasil.
- Instrução 113 da SUMOC  Autorizava a emissão de licenças de importação sem cobertura cambial para equipamentos e
bens de produção.
Obs: importação com cobertura -> envolve a contratação cambial para saldar a dívida.
Sem cobertura -> pagamento em moeda nacional sem contratação de cambio -> favorece empresas estrangeiras, porque as
máquinas entravam como IED, com uma taxa de câmbio livre, o que gerava um ganho cambial. Além disso, as remessas de
lucro também eram feitas com taxas de câmbio preferenciais.
- Programa altamente ortodoxo de estabilização  onda de falências e concordatas.

Governo JK
- Discurso desenvolvimentista
- Plano de metas -> esforço sem precedentes -> metas quantitativas -> comprometimento -> critérios de mensuração dos
resultados dos projetos

++ Plano de Metas
- 30 Metas divididas em 5 áreas:
1-Energia (Metas 1-5)
2- Transporte(6-12)
3 - Alimentação (13-18)
4- Ind. Básicas (19-29)
5- Educação (30)
+Pontos Trabalhados
-Expansão dos serviços básicos
-Desenvolvimento das indústrias básicas
- Racionalização da agricultura.

Meta síntese  Brasília não estava orçada no Plano de Metas.

JK não dava enfase a políticas de estabilização. Políticas macro deveriam estar subordinadas ao desenvolvimento
industrial.

- PEM (Plano de Estabilização Monetária)  Governo precisava de empréstimos externos. Credores exigiam tratamento de
choque: políticas econômicas contracionistas e mercado cambial único. Se Governo adotasse esse plano/proposta, teria de
abrir mão do Plano de Metas. Por isso, escolhe caminho da emissão monetária.
- Tentativa de proposta gradualista. Inflação cair aos poucos, sem abrir mão do plano de metas, sem mudar questão
cambial. Entretanto, FMI não ficou satisfeito. Com impasse, há adoção do plano e rompimento com o FMI.
- Fonte de financiamento do plano: Endividamento externo e financiamento inflacionário(Gasto e emissão monetária)
- Esforço amplo e sistematizado de planejamento.
- Beneficiou-se de projetos de governos anteriores. Aproveitamento de projetos da comissão mista Brasil-EUA.
- Principais focos  Desenvolvimento da indústria auto-mobilística, construção e pavimentação de estradas, produção e
refino de petróleo, siderurgia. (Energia e Transporte)
- Meta síntese  Construção de Brasília.
- Criação da idéia de vocação para o crescimento. Planos de estabilização não seriam excessivamente restritivos por
motivos políticos(de afirmação. De clamor pelo crescimento)
- Integrar território nacional e potencial simbólico(Capital futurista no meio do nada em prazo recorde).

- Política tarifária tinha objetivos paradoxais  facilitar importação de bens de capital e insumos para industrialização e ao
mesmo tempo proteger indústrias de bens de capital brasileiras  Solução: Similar nacional  impostos reduzidos apenas
para indústrias de bens de K que não tivessem similar nacional (isenção de 50%).

++ Forma de implementação do Plano


+ Conselho de Desenvolvimento (1956)
- Responsável pela identificação dos setores da economia que deveriam ser estimulados e por estabelecer as metas
- Facilitar importação de bens de capital e insumos, mas também com intuito de proteger nascente indústria de bens de
capital nacional.
- BNDE: Captar recursos e financiar projetos de infra-estrutura e siderurgia.

- Grupos de trabalho / Grupos executivos.


- Conselho de Política Aduaneira(CPA).

+ Resultados do Plano de Metas


- Êxito no Atingimento das Metas  Rodovias além das metas.
- Queda do coeficiente de importação
-Elevadas taxas de crescimento.
- Mudança na composição do produto industrial.
- Impulso ao setor de bens de consumo duráveis.
+ Problemas.
- Ausência de mecanismos de financiamentos adequados(crédito a LP)  Endividamento externo e financiamento
inflacionário (Visão Tradicional), deixando ao próximo governo a missão de estabilizar a economia, inflação crescente.
- Dívidas a vencer e aceleração da inflação.

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