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FACULDADES INTEGRADAS DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL

NILTON ANDRADE RIBEIRO

MS. DOUGLAS BATISTA DE MORAES

A INFLUÊNCIA DA REFORMA PROTESTANTE NA EDUCAÇÃO: Uma breve


análise

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


2017
NILTON ANDRADE RIBEIRO

A INFLUÊNCIA DA REFORMA PROTESTANTE NA EDUCAÇÃO: Uma breve


análise

Artigo apresentado ao Prof. MS. Douglas Batista


de Moraes, como obtenção da nota do Módulo I
História Moderna do curso de Especialização em
Ensino de História do Brasil.

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


2017
A INFLUÊNCIA DA REFORMA PROTESTANTE NA EDUCAÇÃO: Uma breve
análise

A Reforma Protestante do século XVI desencadeou várias mudanças sociais


econômicas, culturais e políticas. A mesma inaugura, de forma efetiva, um
questionamento sobre o entendimento vigente da época no trato destes temas,
impostos pela Igreja Católica Apostólica Romana, a qual detinha sob o seu controle
toda produção intelectual. Dentre estas transformações conceituais, a educação teve
uma profunda ação desencadeadora, quando esta chega a ser alcançada pelo povo,
porquanto, até então, ela apenas era oferecida à elite legando a mesma a
subserviência1 sem questionamento do que lhes eram imposto por Roma e seus
delegados.

Há de se afirmar, e de forma categórica, que o tema central de toda a


Reforma Protestante do Século XVI é o da liberdade. Diante de tal
constatação, torna-se imperativo conhecer um pouco sobre a Reforma,
como movimento fundamentalmente religioso, mas com profundas
conseqüências (sic) sociais, institucionais, políticas, econômicas, culturais. 2

O movimento religioso do século XVI foi, portanto, um reflexo de vários fatos


históricos, que aos poucos, foram colocando em xeque o poder ideológico católico
romano. Durante o Renascimento3 uma nova perspectiva sobre a sobre o mundo e
do Homem que está nele inserido aflorou no seio da sociedade, sobre este período
analisou o Historiador Giles4: “O bom cidadão é aquele que une a atividade política
cívica, cultural e intelectual, conjunto que resulta do processo educativo, pois a
educação é a base imprescindível para a participação cívica.”. Entretanto, o alcance
destas transformações não alcançou o povo efetivamente, fazendo com que este
ficasse aquém de qualquer criticidade, pois só a burguesia participava deste
processo educativo.

1 Cf. GILES, Thomas Ransom. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. São Paulo: Ed. EPU, 1987 p. 97.
2
Segundo capítulo. A reforma Protestante do século XVI: um Caminho para Liberdade Cristã.
Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10042/10042_3.PDF> Acesso em: 24/02/2017.
3 “Na verdade, os principais estudiosos do período, como Jacob Burckhardt e Jean Delumeau,

consideram que o movimento de reavivamento do pensamento e da Arte que deu origem ao


Renascimento começou com a revitalização da vida urbana europeia já no século XII.”. Dicionário de
Conceitos Históricos. Disponível em: <http://www.meuportalacademico.com.br/wp-
content/uploads/2013/04/SILVA. -Dicion%C3%A1rio-de-conceitos-hist%C3%B3ricos.pdf> Acesso em:
10/03/2017.
4 GILES, Thomas Ransom. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. São Paulo: Ed. EPU, 1987 p. 96-97.

3
Essa ação cultural não foi desenvolvida toda via, tanto pelas escolas como
pela própria vida de uma minoria cortesã e cidadã, [...]. A massa do povo
quedou à margem dessa influência, bem que não privada delas graças à
contemplação de espetáculos e obras de artes promovidas pelos príncipes
e pelas cidades.5

As bases da velha sociedade medieval começaram a ruir por volta de 1500,


produzindo ações revolucionárias, destacando a formação das nações-estados, as
quais possuíam um poder centralizado, uma força militar civil, chocando-se com o
domínio do governo religioso universal. O fator intelectual foi para o movimento do
século XVI, uma crítica sobre enfoque religioso, porquanto, a busca por satisfação
de uma religião exterior e formal, lhes proporcionou o usufruto das coisas matérias.
A publicação de obras como o livro O Elogio da Loucura6 de Erasmo de Rotterdam
(1511), essas leituras nutriram a insatisfação para com o sistema papal.
Vários religiosos ofereceram críticas a Roma, porém, Martinho Lutero 7
destaca-se dentre os demais devido este ter um contexto propício, ou seja, todos os
aspectos políticos, sociais, econômicos culturais e religiosos sedimentaram seus
questionamentos perante aquele poder até então inquestionável. A afixação das
chamadas 95 Teses produzidas por Lutero no castelo de Wittigerg, teve um apoio de
vários príncipes alemães, pois viram nelas uma oportunidade de se livrarem do
controle papal em seus territórios. A figura abaixo a fixação das 95 Teses por Lutero.

Figura 1

Fonte: <http://www.middletownbiblechurch.org/greateve/95theses.JPG > Acesso em: 10/03/2017

5 LUZURIAGA, Lourenço. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo - 6ª ed. Editora


Nacional, 1972 p. 95.
6 O Elogio da Loucura é um livro de Erasmo de Rotterdam, um humanista e teólogo que viveu durante

a idade média, este livro é um ensaio escrito em 1509 e publicado em 1511. Esta obra é uma total
sátira a sociedade dos séc. XV e XVI, Erasmo tinha por objetivo fornecer uma nova visão eclesiástica
e renovar a igreja, pois tentou mostrar a sociedade um espelho de si mesma, porém seu escrito
acabou tornando-se atemporal. Elogio da Loucura Disponível em:
< http://lounge.obviousmag.org/itinerario_interno/2013/07/o-elogio-da-loucura---erasmo-de-
rotterdam.html#ixzz4awFnr5yH > Acesso em: 10/03/2017.
7 Martinho Lutero (1483-1546) foi um sacerdote católico alemão, o principal personagem da Reforma

Protestante realizada na Europa no século XVI.


4
Um dos créditos para o sucesso efetivo da Reforma se dá por uma invenção
que ocorrerá no final do século XV por Johannes Gutenberg que foi a imprensa, o
que possibilitou a reprodução e o acesso a certa camada da sociedade. Para o
reformador, a Bíblia deveria estar disponível na língua vulgar para que a população
assim a pudesse ler. Portanto, a alfabetização do povo teve como alvo principal o
desafio a ser alcançado na época. Talvez o monge agostiniano não imaginasse a
proporção do que seria levar ao povo tal ‘Letra’, já que a grande massa popular era
analfabeta.

A EDUCAÇÃO RELIGIOSA REFORMADA

O movimento Reformado teve inicialmente na pessoa de Lutero contribuição


primordial a formação de uma educação pública, donde este buscou, perante os
príncipes da época, que fossem fundadas escolas, as quais seriam celeiros para
propagação da fé, desenvolvendo também o ensino médio com a criação de
diversos colégios secundários.

[...] é dever da autoridade “fomentar o saber e a ordem para as crianças


sejam bem educadas nas disciplinas e nas artes. Uma escola comum em
que umas e outras sejam ensinadas é fundamental e muito útil e até
necessário da comunidade e igrejas cristãs respeitáveis.” 8

A perspectiva educacional de luterana preocupava-se com o ser humano de


forma integral e não parcial, ou seja, esta deveria inferisse em todos os aspectos da
vida humana reunindo a família e sociedade. Segundo o Pedagogista Luzuriaga, a
educação estava dividida em escolas primárias; escolas secundárias e escolas
superiores. Divisão esta que foi mantida pela história até o nosso tempo.
As ondas educacionais reformadas foram propagadas nas gerações
seguintes deste movimento religioso, e podemos destacar o movimento calvinista
como sendo o mais eficaz do ponto de vista educacional:

8LUZURIAGA, Lourenço. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo - 6ª ed. Editora


Nacional, 1972 p.110
5
[...] Calvino redigiu em 1538, para a república de Genebra, um programa de
governo no qual afirmava que o saber “era necessidade pública para
assegurar boa administração política, apoiar a igreja indefesa e manter a
humanidade entre os homens;” [...]”9

O Calvino era convicto quanto à educação e a verdadeira religião, não


poderia ser dissociada, pois a fé necessitava de um povo educado e para tal
segundo o Historiador Robert H. Nichools não mediu esforços para ter em Genebra
a excelência de Mestres para as escolas, tornando-as famosas atraindo, portanto,
estrangeiros com fins de estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos argumentos apresentados, será possível nortear os caminhos


para uma análise aprofundada do tema, sendo este, carente de pesquisas que
venham contribuir sobre a importância deste evento histórico para a modernidade e
especialmente para educação nos dias de hoje.
De forma instrumental a que se propõe este artigo em descrever os
antecedentes que contribuíram para estas transformações de caráter político, social,
econômico, cultural e educacional. Por quanto, através destas, as pessoas
começaram serem capazes de pensar por si, entendendo seu papel como agente
transformador da sociedade já não mais existira a separação entre o sagrado e o
profano.
A educação sempre será a base para qualquer revolução social e nenhuma
nação terá êxito em seus projetos humanos se assim a despreza-la. Mas, o “remédio
que cura também poderá matar” dependendo de quem controla as suas doses, fato
este observável durante a Idade Média quando a Igreja Católica Romana controlava
toda a produção intelectual científica, subjugando todos quantos entraram seu
poderio.

9LUZURIAGA, Lourenço. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo - 6ª ed. Editora


Nacional, 1972 p.112.
6
REFERÊNCIAS

A reforma Protestante do século XVI: um Caminho para Liberdade Cristã.


Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10042/10042_3.PDF> Acesso
em: 24/02/2017.

Dicionário de Conceitos Históricos. Disponível em:


<http://www.meuportalacademico.com.br/wp-content/uploads/2013/04/SILVA. -
Dicion%C3%A1rio-de-conceitos-hist%C3%B3ricos.pdf> Acesso em: 10/03/2017.

Elogio da Loucura Disponível em:


< http://lounge.obviousmag.org/itinerario_interno/2013/07/o-elogio-da-loucura---
erasmo-de-rotterdam.html#ixzz4awFnr5yH > Acesso em: 10/03/2017.

GILES, Thomas Ransom. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. São Paulo: Ed. EPU, 1987.

LUZURIAGA, Lourenço. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo - 6ª ed.


Editora Nacional, 1972.

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