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2014
MARINA LUZIA DORIGO BARÃO
CURITIBA
2014
TERMO DE APROVAÇÃO
Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da
Universidade Tuiuti do Paraná.
____________________________________
Direito
UTP
Prof.
UTP
Prof.
UTP
AGRADECIMENTOS
E, por último, ao meu pai, que há 28 anos partiu deste mundo, quando
eu ainda era uma criança. Tenho certeza que me protege e me apóia em todas as
minhas decisões. Acredito que adoraria brincar com seus netos. Saiba que sinto
muito a sua falta.
DEDICATÓRIA
Jeremy Bentham
Charles Darwin
RESUMO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9
2 PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO BRASILEIRO..................................11
2.1 AS RELAÇÕES JURÍDICAS...................................................................................................11
2.2 OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA........................................................................15
2.3 O OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA...............................................................................20
2.4 PERSONALIDADE E CAPACIDADE..................................................................................22
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS...............................................................................................32
3 A PROTEÇÃO JURÍDICA DO MEIO AMBIENTE E O DIREITO DOS
ANIMAIS NÃO-HUMANOS....................................................................................................40
3.1 A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL....................................................................................40
3.2 A PROTEÇÃO INFRACONSTITUCIONAL......................................................................51
4 DIREITO DOS ANIMAIS: SUJEITOS DE DIREITO?................................................59
4.1 QUAL A ORIGEM DO ANTROPOCENTRISMO?.........................................................59
4.2 O DIREITO DOS ANIMAIS NÃO-HUMANOS NO MUNDO ATUAL....................68
4.2.1 Teoria reformista...........................................................................................................................69
4.2.2 Teoria abolicionista......................................................................................................................72
4.3 PERSONALIDADE JURÍDICA DOS ANIMAIS: TENDÊNCIAS ATUAIS ...........76
4.3.1 Os animais como sujeitos de direito...................................................................................77
4.3.2 Crítica à teoria dos animais como sujeitos de direito.................................................81
4.3.3 Animais com status intermediário entre pessoa e coisa...........................................83
5 CONCLUSÃO................................................................................................................................86
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................87
9
1 INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos, afirma Caio Mário da Silva Pereira, onde
quer que homens coexistam, quer em uma unidade familiar, quer em uma tribo ou
entidade estatal, ainda que rudimentar, pode-se encontrar o fenômeno jurídico. Para
o autor, “há e sempre houve um mínimo de condições existenciais da vida em
sociedade, que se impõe à pessoa por meio de forças que contenham sua tendência
1
à expansão individual e egoísta” .
Francisco Amaral, afirma:
Nas palavras de Sílvio de Salvo Venosa, o Direito não existe sem sociedade,
assim como não existe sociedade sem Direito. A sociedade é composta por pessoas
e regulada e ordenada pelo Direito, que disciplina as condutas. E para que essas
condutas tornem a convivência viável, surge a disciplina social, ou seja, a norma
3
jurídica é a expressão formal do Direito, disciplinadora das condutas.
Mesmo atualmente ou ainda no passado, a vida jurídica de um determinado
povo, em época determinada, em dado momento histórico, a normatividade da
coexistência social submete-se a regras dirigidas à vontade de todos. Caio Mário da
Silva Pereira dá o nome a este complexo de Direito Positivo, que define como
“conjunto de regras e princípios jurídicos que pautam a vida social de determinado
povo em determinada época”. Em contraposição de sentido, tem-se a ideia de
1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito Civil.
Teoria Geral de Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 3.
2
AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 8.
3 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p.
125.
12
Direito Natural que pode ser definido como o que a própria natureza ensina a todos
4 5
os animais , correspondendo às relações instintivas dos irracionais.
Nesse diapasão, Francisco Amaral define direito natural como sendo “o
conjunto de princípios essenciais e permanentes atribuídos à Natureza (na
antiguidade greco-romana), a Deus (na Idade Média), ou à razão humana (na época
moderna)”, sendo fundamento para o direito positivo (criado por uma vontade
humana). Desenvolve-se, na época moderna, sob o nome de Jusnaturalismo,
expressão de princípios superiores ligados à natureza racional e social do homem,
6
deduzindo-se um sistema de regras jurídicas.
No século XVIII, por influência do iluminismo, movimento que defendeu a
liberdade de pensamento e lutava pelo progresso e razão em todos os campos da
experiência humana, torna-se a expressão do racionalismo no direito, sendo
denominado, “ius-racionalismo”. A principal questão quanto ao direito natural é a
possível superioridade em relação ao direito positivo, sendo que sua função é de
legitimar o poder do legislador, a ele se recorrendo no processo de aplicação das
7
normas.
Em sentido oposto ao jusnaturalismo, o positivismo jurídico, desenvolvido nos
séculos XIX e XX, vê o direito como um conjunto de ordens ou comandos,
emanados do Estado e providos de sanção, tendo por características a
coercitividade do direito; a imperatividade das normas jurídicas no sentido de
estabelecerem ordens, comandos; e a supremacia da lei sobre as outras fontes do
direito (costume, jurisprudência, princípios gerais). Para Francisco Amaral, embora
ainda seja a doutrina dominante, o positivismo jurídico apresenta limitações e
8
insuficiências que atestam a sua crise.
Complementa, ainda, Francisco Amaral que a influência do jusracionalismo no
direito moderno no processo de racionalização e sistematização do direito, resultou
nos códigos e as constituições dos séculos XVIII e XIX, bem como na preocupação
com a justiça e a igualdade material, no reconhecimento de princípios supra-
positivos, no conceito e defesa dos direitos fundamentais, no desenvolvimento da
4 Termo definido por Ulpiano em seu livro I, tit. I do Digesto: “Ius naturale, est quod natura omnia
animalia docuit”. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução
ao Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 6.
5
_____. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral de Direito
Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 5.
6
AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p.
7
32. _____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 32.
8
_____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 33.
13
9
AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 34.
10 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito
Civil. Teoria Geral de Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 6.
11 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 30. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2008, p. 18.
12 _____. Introdução ao Estudo do Direito. 30. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2008, p. 18.
13 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2007, p. 216.
14
14 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2007, p.
216.
15 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 8.
16 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 98.
17 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 19.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p.86.
15
18 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 105.
19 _____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 105.
20 _____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 138.
21 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
91-92.
22
_____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 92.
16
animais são levados em consideração tão-só para sua finalidade social, no sentido
23
protetivo.
Francisco Amaral explica que os animais são coisas e, como tais, possíveis
objeto de direito. O direito protege-os para garantir-lhes a sua função ecológica,
evitar a extinção de espécies ou defendê-los da crueldade humana (CF art. 255, VII
24
e Declaração Universal de Direitos Humanos).
Sob esta ótica, Hugo Nigro Mazzili explica:
23 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A.,
2009, p. 134.
24 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 139.
25 MAZZILI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. 19. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 143.
26 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012, p. 327-328.
27 _____. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 334-335.
17
SUJEITOS
DE
DIREITO
PERSONIFICADOS DESPERSONIFICADOS
FÍSICAS JURÍDICAS
nascituro massa falida, espólio,
(naturais) (morais) condomínio edilício,
sociedade em comum,
conta de participação
humanos não-humanos
Fonte: COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Editora Saraiva,
2012, p. 327-328.
28 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012, p. 342.
29 _____. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 359.
30
GORDILHO, Heron José de Santana; SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo:
Direito, Personalidade Jurídica e Capacidade Processual. Revista de Direito
Ambiental. 2012. RDA 65. p. 350-351. Disponível em:
18
Cabe aqui ressaltar que este assunto, essência do presente trabalho, será
abordado adiante, com maior expressividade.
Segundo Carlos Alberto Gonçalves, todo direito tem seu objeto e sobre esse
objeto desenvolve-se o poder de fruição da pessoa. O objeto da relação jurídica é
tudo o que se pode submeter ao poder dos sujeitos de direito, como instrumento de
31
realização de suas finalidades jurídicas.
Em uma relação jurídica, aquele a quem cabe o dever de cumprir ou o poder
de exigir, ou ambos, se denomina sujeito de direito. Destarte, sujeitos de direitos são
as pessoas às quais as regras jurídicas se destinam e podem ser tanto pessoa
32
natural ou física quanto pessoa jurídica, que é um ente coletivo.
Ser pessoa é ter a possibilidade de ser sujeito de direitos nas relações
jurídicas. É na pessoa que os direitos se localizam, por isso ela é sujeito de direitos
ou centro de imputações jurídicas no sentido de que a ela se atribuem posições
jurídicas. O termo pessoa, na linguagem comum, é o ser humano. No entanto, na
linguagem jurídica, pessoa é o ser com personalidade jurídica, aptidão para a
titularidade de direitos e deveres. Todo ser humano é pessoa pelo fato de nascer ou
33
até de ser concebido. Pessoa é o ser humano como sujeito de direitos.
Conforme Francisco Amaral, os sujeitos de direito podem ser pessoas
naturais ou físicas, se coincidentes com o ser humano, e pessoas jurídicas, quando
são entidades ou organizações unitárias de pessoas ou de bens a que o direito
atribui aptidão para a titularidade de relações jurídicas. Pessoa jurídica é um
34
conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica.
A ordem jurídica disciplina o surgimento desses grupos, reconhecendo-os
como sujeitos de direito, tendo por razão de ser a necessidade ou conveniência de
as pessoas singulares combinarem recursos de ordem pessoal ou material para a
realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades de cada um dos
interessados. Dessa forma, pessoas e bens organizam-se, de modo unitário,
35
passando o direito a atribuir personalidade ao conjunto.
36 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p. 128.
37 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 99.
38 _____. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 216.
39 _____. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 216.
40 _____. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 226.
20
Para Caio Mário da Silva Pereira, toda relação jurídica tem um objeto, seja
este um bem ou uma coisa. Também os fatos humanos podem ser objeto de relação
jurídica sob a denominação de “prestação”. Para o autor, tudo que pode ser
41 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. Uma Abordagem Ética, Filosófica e
Normativa. 4ª ed. Curitiba: Juruá, 2012, p. 186.
42 _____. O Direito & os Animais. Uma Abordagem Ética, Filosófica e Normativa. 4ª ed. Curitiba:
Juruá, 2012, p.187.
43_____. O Direito & os Animais. Uma Abordagem Ética, Filosófica e Normativa. 4ª ed. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 188.
21
Para Orlando Gomes, o bem compreende o que pode ser objeto de direito
sem valor econômico, enquanto a de coisa restringe-se às utilidades patrimoniais,
isto é, as que possuem valor pecuniário. Dessa forma, coisa deve ser compreendida
como bem econômico, ou seja, suscetível de utilização ou apropriação por um
sujeito de direito para satisfação de uma necessidade. O objeto de direito pode ser,
portanto, uma coisa, como nos direitos reais e nos direitos sucessórios, como
48
também a atividade humana ou os bens incorpóreos.
44 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito Civil.
Teoria Geral de Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 337.
45 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito Civil. Teoria Geral de
Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 337.
46 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
179.
47 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume I. Introdução ao Direito
Civil. Teoria Geral de Direito Civil. 27. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 338.
48 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p. 180.
22
49 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 181.
50 Atualmente essa aptidão é reconhecida a todo ser humano, com sentido de universalidade,
mas nem sempre isso aconteceu. No direito romano, os escravos eram tratados como coisas,
desprovidos da faculdade de ser titular de direitos. Na relação jurídica ocupavam a posição de
objeto e não de sujeito. PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil.
Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 181.
51 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p.
126.
52 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 140.
23
50GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
180, p. 129.
54 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 181.
55 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014,
p. 183.
56 Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
57 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2014, p. 95.
58 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 140.
o
59 Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
24
60 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 100.
61 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 185.
62 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014,
p. 186.
63 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p.
140.
25
Se a toda pessoa, e aos entes morais por ela criados, a ordem jurídica
concede personalidade, não a confere, porém, a outros seres vivos. É certo
que a lei protege as coisas inanimadas, porém em atenção ao indivíduo que
delas desfruta. Certo, também, que os animais são defendidos de maus-
tratos, que a lei proíbe, como interdiz também a caça na época da cria. Mas
não são, por isso, portadores de personalidade, nem têm um direito a tal ou
qual o tratamento, o qual lhes é dispensado em razão de sua utilidade, e
ainda com o propósito de amenizar os costumes e impedir brutalidades
66
inúteis.
64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 95.
65 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 188.
66 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
183.
53GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
149-150.
26
68 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 223.
69 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p.
138.
70 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 223.
71 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 145.
27
72 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 146.
73 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p. 150.
74 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 224.
75 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 153.
76 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
224.
28
77 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A.,
2009, p. 138.
78 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 110.
79 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 229.
80 _____. Direito Civil: Parte Geral. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p. 139.
29
81
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
155.
79
_____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 155.
83 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 230.
84 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014,
p. 230.
85 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014,
p. 231.
30
sem deixar representante legal, devendo ser nomeada pessoa para administração
dos bens. O indivíduo condenado penalmente, pelo fato da reclusão o impedir de
exercer seus direitos da vida civil. No entanto, alerta o autor, que tecnicamente, não
86
se deve considerá-los incapazes.
Francisco Amaral ensina que a incapacidade relativa é a que se restringe a
determinados atos. Os maiores de 16 anos e os menores de 18 anos; os ébrios
habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os
pródigos são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer. No
Código de 1916, os silvícolas, eram também considerados relativamente incapazes,
87; 88
e hoje são regidos por legislação especial (CC, art. 4°).
As causas da incapacidade relativa também se prendem ao estado individual
sob o ponto de vista da idade e saúde. Nas palavras de Orlando Gomes:
68GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
156.
87 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003,
p. 148.
88 o
Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de
dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
89 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 132.
31
90 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 238.
91 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 125.
92 Francisco Amaral explica que “o poder familiar é instituto que reúne os direitos e deveres dos
pais quanto à pessoa e bens do filho. Compete ao pai e à mãe (CC, art. l .631). A tutela é instituto
destinado à assistência e representação dos menores que não estejam sob o poder familiar,
porque os pais morreram, são ausentes, ou desse poder foram destituídos. A curatela é instituto
de proteção aos incapazes por outros motivos que não a idade. Quem exerce é o curador, sobre o
curatelado ou interdito. É dada aos maiores de idade, exige decisão judicial em processo de
interdição, e pode limitar-se à administração dos bens, sendo que os poderes do curador são mais
restritos do que os do tutor. Destina-se a proteger os doentes mentais, os pródigos, os nascituros
e os ausentes.” AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Renovar, 2003, p.149.
93 _____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 149-150.
94 _____. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p. 149-150.
32
95 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
(...)BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul 2014.
96 Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I -
por incapacidade relativa do agente; (...)BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o
Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso
em: 30 jul 2014.
97 AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2003, p.
149-150.
98GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2014, p. 281.
73GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
189.
33
fungíveis e não-
fungíveis
singulares e coletivas,
bens reciprocamente principais e acessórios compreendendo as
considerados coisas simples e
compostas
Fonte: GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p. 189
Para Orlando Gomes, coisa corpórea é aquela que pode ser vistam tocado ou
apreendida, ou seja, que possui forma exterior. O bem incorpóreo é aquele que não
tem existência material, não é perceptível, mas pode ser objeto do direito, como a
100
energia elétrica, térmica, produtos da atividade intelectual e criativa.
O autor considera como bens imóveis as coisas que não podem ser
transportadas, sem destruição, de um lugar para outro, isto é, as coisas que não
101
podem ser removidas sem alteração da substância.
Nos termos do artigo 79 do diploma civil, os bens imóveis são o solo e tudo
102
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente . Dessa forma, conforme Caio
100 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
192.
101 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 195.
102 Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. BRASIL. Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
34
Mário da Silva Pereira que o diploma conhece três categorias de bens imóveis: por
103
natureza, por acessão física ou por determinação legal.
Para o referido autor, os bens imóveis por natureza abrangem o solo e tudo
que a ele se adere em estado de natureza como a árvore, o arbusto, a planta
rasteira fixados ao solo pela raízes. A categoria de imóveis por acessão física inclui
tudo que se incorpora permanentemente ao solo, natural ou artificialmente, e não
podem ser retirados sem destruição, modificação ou dano, como por exemplo, as
construções, edifícios, pontes, viadutos. A acessão também pode ocorrer
naturalmente, sem a intervenção humana, como a aluvião, avulsão, ou formação de
104
ilhas.
Os bens imóveis por determinação legal são aqueles que a lei trata como
105
imóveis (art. 80, incisos I e II do Código Civil de 2002 ). São os direitos reais sobre
imóveis (de gozo ou garantia) e as ações que os asseguram e o direito à sucessão
106
aberta. Carlos Roberto Gonçalves atribui a essa hipótese uma ficção da lei, pois
se trata de direitos vários a que, por circunstâncias especiais, a lei atribui condição
107
de imóveis.
108
O artigo 82 do Código Civil considera bens móveis aqueles suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou
da destinação econômico-social. Conforme Caio Mário da Silva Pereira, na
classificação jurídica, os bens móveis se agrupam em duas classes: a dos que o são
109
por natureza e a dos que assim se consideram por determinação legal.
Segundo Orlando Gomes, são bens móveis os que, sem alteração da
substância, podem ser removidos, por movimento próprio, ou força estranha, bem
103 PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2014, p. 349.
104 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
349.
105
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as
ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
106 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
352.
107 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
108 Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
109 _____. Instituições de Direito Civil. Volume I. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014, p.
353.
35
como os que têm essa qualidade jurídica por disposição legal, por exemplo, as
energias (elétrica, etc.) desde que tenham valor econômico. Dessa forma, os bens
móveis que se podem deslocar por força própria são denominados semoventes. Os
que se movem por força alheia são coisas inanimadas. Ambos são bens móveis por
sua própria natureza. Há também certos bens incorpóreos considerados móveis
para efeitos legais como os direitos de crédito, direitos reais sobre objetos móveis,
110
os direitos intelectuais e as ações correspondentes.
Apenas para ilustrar, segue abaixo um gráfico:
bens móveis
por sua própria natureza por disposição legal
Ex.: direitos de crédito, direitos reais sobre objetos móveis,
direitos intelectuais e ações correspondentes
Fonte: GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009,
p. 198-199.
110 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
198-199.
111 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2014, p. 290.
36
mercadorias, etc. Alguns bens imateriais adquirem a qualidade jurídica de móvel por
112
disposição legal. O artigo 83 do Código Civil considera móvel as energias que
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
113
ações.
Segundo Orlando Gomes, as coisas móveis dividem-se em individuais e
genéricas; fungíveis e não-fungíveis; consumíveis e não-consumíveis; divisíveis e
114
indivisíveis; singulares e coletivas; presentes e futuras.
São individuais as coisas que se distinguem por suas próprias características
e genéricas aquelas que se identificam pelos caracteres comuns à espécie a que
pertencem. Os bens fungíveis são aqueles suscetíveis de substituição por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade e não-fungíveis os que não podem ser
substituídos em razão das duas qualidades individuais. Consumíveis são os bens
móveis cuja existência termina com o primeiro uso, ou seja, quando, com o uso,
sofre destruição imediata. Não consumível é a coisa que suporta uso continuado,
115
repetido.
Divisíveis são as coisas que, sem modificação da substância ou considerável
desvalorização, podem dividir-se em partes homogêneas e distintas, sendo que
cada parte deve formar coisa autônoma, da mesma espécie e qualidade do todo
dividido. São indivisíveis as coisas que se não podem partir sem alteração em sua
substância ou sacrifício do seu valor. São classificadas como singulares as coisas
distintamente consideradas em sua individualidade enquanto coletivas, são as
coisas singulares agrupadas que formam coisa distinta em sua unidade. Coisa
presente é coisa já existente, enquanto coisa futura é aquela que ainda não existe in
116
natura ou que, embora exista, ainda não entrou no patrimônio do sujeito.
Os bens reciprocamente considerados são tratados no segundo capítulo do
atual Código Civil e contempla os bens principais e acessórios, sendo que os
112 Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os
direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
113 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2014, p. 290.
114 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
199-207.
115 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 199-207.
116 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 199-207.
37
primeiros são aqueles que existem sobre si mesmos. Segundo dispõe o art. 92 do
117
citado diploma , os bens acessórios são aqueles cuja existência supõe a do
principal.
Conforme Orlando Gomes, bem principal é aquele que tem existência própria,
autônoma, concreta ou abstrata. Aqueles bens que se encontram em dependência
jurídica em relação ao principal, denominam-se acessórios. A importância da
distinção entre bens principais e acessórios está no fato de que (1º) a coisa
acessória segue a sorte da coisa principal e (2º) a coisa acessória, formando um
todo ou massa com a coisa principal, integra o direito que sobre esta exerce o titular.
Os bens acessórios são os frutos, os produtos, os rendimentos, as acessões, as
118
benfeitorias e as pertenças.
Os frutos são as coisas provenientes de outras cuja separação não determina
a destruição total ou parcial. Para essa caracterização, necessária a presença de
três requisitos: periodicidade, inalterabilidade da substância e separabilidade da
coisa principal. Os produtos são as utilidades que se retiram de uma coisa,
diminuindo-lhe a quantidade até o esgotamento, como por exemplo, a lã do carneiro,
o leite, os cereais ou a lenha. Os rendimentos são prestações periódicas, em
dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de uma coisa que uma pessoa
119
faz a outra como os juros dos capitais, as rendas vitalícias, os alugueres.
Acessão é tudo que se incorpora natural ou artificialmente a uma coisa como,
por exemplo, aluvião (acréscimos formados por depósitos naturais), avulsão (porção
de terra destacada por força natural, violenta) e construções. Importante destacar
120
que a acessão segue a sorte da coisa principal.
Pertenças são as coisas acessórias destinadas a conservar ou facilitar o uso
das coisas principais, sem que destas sejam parte integrante, ou seja, são coisas
acessórias que o proprietário mantém intencionalmente empregadas num imóvel
121
para servir à finalidade econômica deste.
117 Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja
existência supõe a do principal. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul. 2014.
118 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
209.
119 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 209-213.
120 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 209-213.
121 _____. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 209-213.
38
122 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
209-213.
123 Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais,
que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real,
de cada uma dessas entidades. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 jul 2014.
124 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p.
213-214.
125 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. Uma Abordagem Ética, Filosófica e
Normativa. 4ª ed. Curitiba: Juruá, 2012.
126 _____. O Direito & os Animais. Uma Abordagem Ética, Filosófica e Normativa. 4ª ed. Curitiba:
Juruá, 2012.
39
personificação jurídica dos animais, tema que será abordado adiante, em capítulo
específico.
40
127 Breves apontamentos sobre a história dos animais na humanidade serão abordados em um
capítulo adiante.
128 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos animais e as conquistas legislativas do movimento de
proteção animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun
2007. p. 155. Disponível em: <http://www.animallaw.info/journals/jo_pdf/brazilvol2.pdf>. Acesso
em: 31 jul. 2014.
129 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013.
130 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 83.
131 Fritjof Capra, citado por Danielle Tetü Rodrigues adverte que “a superpopulação e a
tecnologia industrial têm contribuído de várias maneiras para uma grave deterioração do meio
ambiente natural, do qual dependemos completamente. (...) Tornou-se claro que nossa tecnologia
está perturbando seriamente e pode até estar destruindo os sistemas ecológicos de que depende
nossa existência.” RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora
Juruá, 2012. p. 83.
41
Diante desse quadro, caso não ocorra uma estabilidade populacional, econômica e
ecológica, haverá a extinção dos recursos naturais e, consequentemente, da
132
população humana .
O descontrolado crescimento populacional e suas consequentes exigências
sobre os recursos do planeta tem como principal resultado a degradação da
natureza, que está interligada à da fauna no momento em que se traduz por
eliminação das espécies mais especializadas e com maior dificuldade de adaptação
a condições impostas na estrutura do ecossistema. Há evidente necessidade de
alfabetização ecológica e da integração entre a conservação do ambiente e do
progresso e desenvolvimento, de modo que as normas jurídicas possam servir de
133
instrumento de regulação da sociedade.
É indiscutível a importância da proteção do meio ambiente para a
sobrevivência da humanidade e o ordenamento jurídico, dessa forma, deve
responder aos anseios sociais de forma coerente e eficaz. Reconhece-se, portanto,
um novo direito fundamental que tem como objeto a proteção jurídica do meio
134
ambiente.
Nesse diapasão, o desafio da humanidade é tentar conciliar o
desenvolvimento econômico e social com a proteção e a preservação ambiental, a
fim de não inviabilizar a qualidade de vida das presentes e futuras gerações, pois é
em decorrência dos recursos naturais que o ser humano desenvolve todas as suas
135
atividades, econômicas ou não.
No Brasil, as iniciativas que buscavam a tutela jurídica dos animais sempre
tiveram cunho político e econômico. No período colonial, a visão era de que a selva
era inimiga do homem e não havia qualquer dispositivo com caráter
preservacionista. Os animais selvagens eram comercializados interna e
externamente e os domésticos viviam em servidão. Os cães serviam para vigilância
e caça, as vacas para fornecer leite e carne, os burros para o transporte, os bois
136
para a tração, os cavalos para viagens e combates.
132 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 83-
84.
133 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 84-85.
134 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 67.
135 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 26.
136 LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais. Disponível
em: <http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf.>
Acesso em: 04 ago. 2014.
42
137LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais. Disponível em:
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf.> Acesso
em: 04 ago. 2014.
138MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 45
139 “Essa utopia, da construção de um Estado Socioambiental, está cada vez mais próxima de tornar-se
uma realidade. Há de se remodelar a estrutura do Estado, em face da necessidade de se reconfigurar a
forma de desenvolvimento econômico, a fim de incluir e fazer integrar o bem ambiental, efetivamente, como
elemento indissociável desse novo modelo estatal. Um Estado Socioambiental e Democrático de Direito é
decorrente da unidade de sua Constituição, assim como qualquer Estado Democrático de Direito. Contudo,
esse Estado em especial é um Estado Ambiental e, portanto, calcado em princípios ambientais. O Estado
Socioambiental está fundado numa tríade de princípios: o princípio da precaução, o princípio da
responsabilidade e o princípio da cooperação.” _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Editora Livraria do
Advogado, 2013. p. 27.
140 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2013.
43
141 CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Direito
Constitucional Ambiental Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 117.
142 WIEDMANN, Sonia Maria Pereira. A Fauna Silvestre na Legislação Brasileira. In: MARQUES, José
Roberto (Org.). Sustentabilidade e Temas Fundamentais de Direito Ambiental. Campinas:
Editora Millennium, 2009, p. 449.
143 CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Direito
Constitucional Ambiental Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 118.
144 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 74.
145
Apenas para aprimorar a didática, conforme Alexandre de Moraes, a Carta Magna trouxe os
direitos e garantias fundamentais inseridos no Título II, sendo que a doutrina classifica-os como
44
O meio ambiente é um dos bens jurídicos mais caros e preciosos para o ser
humano, especialmente nos tempos em que se vive, tendo em vista que a
vida nunca esteve tão ameaçada (inundações, extinção da camada de
ozônio, falta de água potável e energia, chuva ácida) pelo risco da falta de
bens indispensáveis. Trata-se de um dos direitos humanos mais relevantes
e merece proteção em escala mundial. Possui também status de direito
fundamental à medida que constitui a principal forma de concretização da
dignidade da pessoa humana, sua existência e qualidade de vida. O Estado
constitucional com vertentes ambientais e sociais impõe uma redefinição do
148 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 69-70.
149 Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas; (...)BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e
dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>
Acesso em: 01 ago. 2014.
150 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 30.
151 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 91.
152 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 30-31.
46
animais não humanos, parte desta categoria de meio ambiente (meio ambiente
natural).
A proteção ao ambiente natural está prevista na Constituição Federal, no §1º
do art. 225. A proteção do ambiente cultural, também prevista pela carta
fundamental, tem como objetivo a preservação da história do povo por meio de
cuidados com o patrimônio histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e turístico.
O ambiente artificial engloba as edificações, públicas e privadas. Também é
protegido pela Constituição de 1988 no art. 225, bem como no artigo 182. O artigo
200 da mesma legislação pátria aborda a proteção do ambiente laboral, que deve
153
ser equilibrado para a saúde física e psíquica do trabalhador.
Nessa ótica, compreende-se como ambiente a natureza e as modificações
que o homem possa ter realizado, ou seja, deve abranger toda a natureza original e
artificial, bem como os bens culturais correlatos compreendendo, portanto, o solo, a
água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico,
154
paisagístico e arqueológico.
Conclui Fernanda Luiza Fontoura de Medeiros (2013) que “o meio ocupa-se
dos elementos abióticos que sustentam a vida, preocupa-se com os elementos
imateriais que representam a vida, uma vez que o ambiente engloba a vida humana
e de todos os seres vivos, engloba o meio em que a vida acontece e engloba a sua
155
história.”
Diante da conjuntura socioeconômica e da necessidade de estudos, análise e
discussões acerca de questões e problemas ambientais e sua relação com o ser
humano, com a finalidade de proteção ao meio ambiente e melhorias das condições
de vida, surge o Direito Socioambiental, regido por um conjunto de normas jurídicas
por meio das quais se estabelecem limitações ao direito de exploração econômica
dos recursos da natureza e delimitam o direito de propriedade com o intuito de
156
preservar o equilíbrio natural do ambiente para a qualidade de vida sadia.
Para Danielle Tetü Rodrigues, o marco inicial do Direito Socioambiental foi a
promulgação da Lei nº 6.938/81, já citada anteriormente, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente. No entanto, somente com a Constituição de 1988, com
153 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 30-31.
154 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 33.
155 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 33.
156 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 92.
47
Explicam José Joaquim Gomes Canotilho e José Rubens Morato Leite que a
Constituição de 1988 não seguiu o modelo de suas antecessoras que tinham uma
visão dos recursos naturais como abundantes e infinitos. Antes, o meio ambiente
não era adequadamente tutelado porque se acreditava na inesgotabilidade dos
recursos naturais. Diversamente, o constituinte de 1988, buscou compreender a
161
natureza como realidade frágil e ameaçada pelos seres humanos e Estado.
157 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 93.
158 LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais. Disponível em:
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf.>
Acesso em: 04 ago. 2014.
159 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p.
838.
162 CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Direito Constitucional
Ambiental Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 129.
163 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009, p.
839.
164 _____. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 124.
165 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 94.
49
núcleo dos direitos fundamentais. Nos incisos I, II, III e VII do §1º e os §§4º e 5º do
artigo 225 há um equilíbrio do antropocentrismo previsto no caput, tendendo ao
biocentrismo, pois há uma preocupação na harmonização e integração dos seres
167
humanos e da biota.
Para a referida autora, “toda a matéria relacionada, direta ou indiretamente,
com a proteção do ambiente, projeta-se, portanto, no domínio dos direitos
fundamentais”. Nesse sentido, os direitos e garantias fundamentais baseiam-se na
dignidade da pessoa humana de modo e intensidade variáveis, sendo que a
proteção ao ecossistema foi concebida para respeitar o desenvolvimento econômico
168
e social para que o ser humano desfrute de uma vida digna.
Embora em primeira leitura do artigo 225 da Carta Magna leve a pensar na
predominância do pensamento antropocêntrico, para a autora, o conjunto normativo
alberga um ideal biocêntrico, pois somente por meio da preservação da vida que se
alcançará o equilíbrio proposto pelo legislador. Dessa feita, a partir da relação entre
os seres e o ambiente que os recebe é que se poderá alcançar o equilíbrio e a
Constituição brasileira assevera o meio ambiente como bem ecologicamente
equilibrado, determinando que é dever do Poder Público proteger a fauna impedindo
as práticas que coloquem em risco sua função ecológica ou provoquem extinção das
169
espécies.
Observa-se que, em razão do contido no inciso VII do §1º do artigo 225, o
texto constitucional abarcou todos os animais, não privilegiando somente a proteção
da fauna silvestre, de forma coerente com o sistema jurídico brasileiro. A norma
contempla os animais domésticos, silvestres, exóticos, domesticados ou migratórios
porque, segundo Sonia Maria Pereira Wiedmann, “proteger os animais domésticos é
não só impedir seu abandono como proibir que lhes seja dado tratamento cruel; e,
no caso da fauna silvestre, acresce ainda a necessidade de evitar sua captura,
170
contrabando, destruição e extinção por todas as formas.”
Sob o enfoque de Edna Cardozo Dias, a Constituição Federal vigente, com o
objetivo de efetivar o exercício ao meio ambiente sadio, estabeleceu uma série de
167 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 51.
168 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 51.
169 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 54.
170 WIEDMANN, Sonia Maria Pereira. A Fauna Silvestre na Legislação Brasileira. In: MARQUES, José
Roberto (Org.). Sustentabilidade e Temas Fundamentais de Direito Ambiental. Campinas:
Editora Millennium, 2009, p. 449.
51
incumbências para o Poder Público, arroladas nos incisos I ao VII do seu art. 225.
Dessa forma, os animais, independentemente de serem ou não da fauna brasileira,
possuem garantia constitucional dando maior força à legislação vigente, pois todas
as situações jurídicas devem se conformar com os princípios constitucionais.
Exemplo disso é, no âmbito da legislação ordinária, a Lei de Crimes Ambientais (Lei
9.605, de 12 de dezembro de 1998), que considerou como crime os maus tratos a
171
animais, sejam eles domésticos, domesticados, exóticos ou silvestres.
171 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos animais e as conquistas legislativas do movimento de
proteção animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007,
p. 156-157. Disponível em: <http://www.animallaw.info/journals/jo_pdf/brazilvol2.pdf>. Acesso em:
31 jul. 2014.
172 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 288.
173 Art. 1º Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado. BRASIL. Decreto nº 24.645,
de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de proteção aos animais. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=39567>. Acesso em: 02 set. 2014.
174 Art. 2º (...) § 3º Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público,
seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras de animais. BRASIL. Decreto nº
24.645, de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de proteção aos animais. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=39567>. Acesso em: 02 set. 2014.
175 Art. 3º Consideram-se maus tratos: I praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; II
manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o
descanso, ou os privem de ar ou luz; III obrigar animais a trabalhos excessívos ou superiores ás suas
fôrças e a todo ato que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, razoavelmente, não se lhes
possam exigir senão com castigo; IV golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido
de economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em
beneficio exclusivo do animal e as exigidas para defesa do homem, ou no interêsse da ciência; V
abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem coma deixar de ministrar-lhe tudo o que
humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; VI não dar morte rápida, livre de
sofrimentos prolongados, a todo animal cujo exterminio seja
52
necessário, parar consumo ou não; VII abater para o consumo ou fazer trabalhar os animais em período
adiantado de gestação; VIII atrelar, no mesmo veículo, instrumento agrícola ou industrial, bovinos com
equinos, com muares ou com asininos, sendo somente permitido o trabalho etc conjunto a animais da
mesma espécie; IX atrelar animais a veículos sem os apetrechos indispensáveis, como sejam balancins,
ganchos e lanças ou com arreios incompletos incomodas ou em mau estado, ou com acréscimo de
acessórios que os molestem ou lhes perturbem o funcionamento do organismo; X utilizar, em serviço,
animal cego, ferido, enfermo, fraco, extenuado ou desferrado, sendo que êste último caso somente se
aplica a localidade com ruas calçadas; Xl açoitar, golpear ou castigar por qualquer forma um animal
caído sob o veiculo ou com ele, devendo o condutor desprendê-lo do tiro para levantar-se; XII descer
ladeiras com veículos de tração animal sem utilização das respectivas travas, cujo uso é obrigatório; XIII
deixar de revestir com couro ou material com identica qualidade de proteção as correntes atreladas aos
animais de tiro; XIV conduzir veículo de terão animal, dirigido por condutor sentado, sem que o mesmo
tenha bola é fixa e arreios apropriados, com tesouras, pontas de guia e retranca; XV prender animais
atraz dos veículos ou atados ás caudas de outros; XVI fazer viajar um animal a pé, mais de 10
quilômetros, sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas continuas sem lhe dar água e alimento;
XVII conservar animais embarcados por mais da 12 horas, sem água e alimento, devendo as emprêsas
de transportes providenciar, saibro as necessárias modificações no seu material, dentro de 12 mêses a
partir da publicação desta lei; XVIII conduzir animais, por qualquer meio de locomoção, colocados de
cabeça para baixo, de mãos ou pés atados, ou de qualquer outro modo que lhes produza sofrimento;
XIX transportar animais em cestos, gaiolas ou veículos sem as proporções necessárias ao seu tamanho
e número de cabeças, e sem que o meio de condução em que estão encerrados esteja protegido por
uma rênde metálica ou idêntica que impeça a saída de qualquer membro da animal; XX encerrar em
curral ou outros lugares animais em úmero tal que não lhes seja possível moverem-se livremente, ou
deixá-los sem Agua e alimento mais de 12 horas; XXI deixar sem ordenhar as vacas por mais de 24
horas, quando utilizadas na explorado do leite; XXII ter animais encerrados juntamente com outros que
os aterrorizem ou molestem; XXIII ter animais destinados á venda em locais que não reunam as
condições de higiene e comodidades relativas; XXIV expor, nos mercados e outros locais de venda, por
mais de 12 horas, aves em gaiolas; sem que se faca nestas a devida limpeza e renovação de água e
alimento; XXV engordar aves mecanicamente; XXVI despelar ou depenar animais vivos ou entregá-los
vivos á alimentação de outros; XXVII ministrar ensino a animais com maus tratos físicos; XXVIII exercitar
tiro ao alvo sobre patos ou qualquer animal selvagem exceto sobre os pombos, nas sociedades, clubes
de caça, inscritos no Serviço de Caça e Pesca; XXIX realizar ou promover lutas entre animais da mesma
espécie ou de espécie diferente, touradas e simulacros de touradas, ainda mesmo em lugar privado;
XXX arrojar aves e outros animais nas casas de espetáculo e exibí-los, para tirar sortes ou realizar
acrobacias; XXXI transportar, negociar ou cair, em qualquer época do ano, aves insetívoras, pássaros
canoros, beija-flores e outras aves de pequeno porte, exceção feita das autorizares Para fins ciêntíficos,
consignadas em lei anterior. BRASIL. Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de
proteção aos animais. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?
id=39567>. Acesso em: 02 set. 2014.
176 Artigo 17. A palavra animal, da presente lei, compreende todo ser irracional, quadrupede ou
bípede, doméstico ou selvagem, exceto os daninhos. BRASIL. Decreto nº 24.645, de 10 de julho de
1934. Estabelece medidas de proteção aos animais. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=39567>. Acesso em: 02 set. 2014.
177 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 288.
53
178 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 289.
179 Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo: Pena – prisão simples,
de dez dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos mil réis. § 1º Na mesma pena incorre aquele que,
embora para fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao publico, experiência
dolorosa ou cruel em animal vivo. § 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é
submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público. BRASIL.
Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm> Acesso em: 01 ago. 2014.
180 Art. 2º Aquele que, em lugar público ou privado, aplicar ou fizer aplicar maus tratos aos
animais, incorrerá em multa de 20$000 a 500$000 e na pena de prisão celular de 2 a 15 dias, quer
o delinquentes seja ou não o respectivo proprietário, sem prejuízo da ação civil que possa caber. §
1º A critério da autoridade que verificar a infração da presente lei, será imposta qualquer das
penalidades acima estatuídas, ou ambas. § 2º A pena a aplicar dependerá da gravidade do delito, a
juízo da autoridade. § 3º Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério
Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras de animais. BRASIL.
Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de proteção aos animais.
Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=39567>. Acesso
em: 02 set. 2014.
181 Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição,
destruição, caça ou apanha. § 1º Se peculiaridades regionais comportarem o exercício da caça, a
permissão será estabelecida em ato regulamentador do Poder Público Federal.§ 2º A utilização,
perseguição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre em terras de domínio privado, mesmo
quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas pelos respectivos
proprietários, assumindo estes a responsabilidade de fiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para
a prática do ato de caça é necessário o consentimento expresso ou tácito dos proprietários, nos termos
dos arts. 594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil. BRASIL. Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967.
Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5197.htm>. Acesso em 19 jul. 2014.
54
182 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 54.
183 WIEDMANN, Sonia Maria Pereira. A Fauna Silvestre na Legislação Brasileira. In: MARQUES, José
Roberto (Org.). Sustentabilidade e Temas Fundamentais de Direito Ambiental. Campinas: Editora
Millennium, 2009, p. 442-446.
184 A palavra vivissecção vem do latim e significa vivo (vivus) e secção (sectio), ou seja, cortar ou
seccionar um corpo vivo. Pode ser definida, portanto, como sendo o uso de seres vivos,
especialmente animais não humanos, para o estudo dos processos da vida e das doenças na
prática experimental e didática. _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2013, p. 55.
185 Art 4º - O animal só poderá ser submetido às intervenções recomendadas nos protocolos das
experiências que constituem a pesquisa ou os programas de aprendizado cirúrgico, quando, durante ou
após a vivissecção, receber cuidados especiais. § 1º - Quando houver indicação, o animal poderá ser
sacrificado sob estrita obediência às prescrições científicas. § 2º - Caso não sejam sacrificados, os
animais utilizados em experiências ou demonstrações somente poderão sair do biotério trinta dias após
a intervenção, desde que destinados a pessoas ou entidades idôneas que por eles queiram
responsabilizar-se. BRASIL. Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979. Estabelece normas para a prática
didático-científica da vivissecção de animais e determina outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6638.htm>. Acesso em 19 jul. 2014.
55
186
sancionada a Lei nº 11.794 , que incluiu a possibilidade de vivissecção em
187
estabelecimentos de ensino médio, antes proibido pela legislação anterior.
Em 1983, foi promulgada a Lei nº 7.173 que dispõe sobre o estabelecimento e
funcionamento de jardins zoológicos. Ressalta-se que a lei considera jardim
zoológico qualquer coleção de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou
188
semi-liberdade e expostos à visitação. Sob a ótica de Fernanda Luiza Fontoura de
189
Medeiros (2013) , convém observar que, a exemplo do artigo 7º, o legislador
190
preocupou-se com a proteção e o conforto do visitante.
Em 1987, foi proibida a pesca ou qualquer outra forma de molestamento de
toda a espécie de cetáceos das águas brasileiras (Lei nº 7.643, de 18 de dezembro
191
de 1987), o que possibilitou o retorno das populações de várias espécies no
192
litoral, principalmente no sul do país.
No ano de 1988, foi editada a Lei nº 7.679, que proibiu a pesca em períodos
de reprodução ou utilizando métodos com explosivos, substâncias tóxicas, em locais
193
interditados, entre outros. Foi revogada posteriormente pela Lei nº 11.959, de 29
186 Art. 1o A criação e a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, em todo o
território nacional, obedece aos critérios estabelecidos nesta Lei. § 1 o A utilização de animais em
atividades educacionais fica restrita a: I – estabelecimentos de ensino superior; II – estabelecimentos de
educação profissional técnica de nível médio da área biomédica. BRASIL. Lei nº 11.794, de 8 de outubro
de 2008. Regulamenta o inciso VII do § 1 o do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo
procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei no 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11794.htm#art27>. Acesso em 19 jul. 2014.
187 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 56.
188 Art 1º - Para os efeitos desta lei, considera-se jardim zoológico qualquer coleção de animais
silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em semi-liberdade e expostos à visitação pública.
BRASIL. Lei nº 7.173, de 14 de dezembro de 1983. Dispõe sobre o estabelecimento e
funcionamento de jardins zoológicos e dá outras providencias. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/l7173.htm>. Acesso em 19 jul. 2014.
189 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 57.
190 Art 7º - As dimensões dos jardins zoológicos e as respectivas instalações deverão atender aos
requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança de cada espécie, atendendo às
necessidades ecológicas, ao mesmo tempo garantindo a continuidade do manejo e do tratamento
indispensáveis à proteção e conforto do público visitante. BRASIL. Lei nº 7.173, de 14 de dezembro de
1983. Dispõe sobre o estabelecimento e funcionamento de jardins zoológicos e dá outras providencias.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/l7173.htm>. Acesso em 19 jul 2014.
191 Art. 1º Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de
cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras. BRASIL. Lei nº 7.643, de 18 de dezembro de 1987. Proíbe a
pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7643.htm>. Acesso em 19 jul 2014.
192 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 58.
193 Art. 1º Fica proibido pescar: I - em cursos d'água, nos períodos em que ocorrem fenômenos
migratórios para reprodução e, em água parada ou mar territorial, nos períodos de desova, de
reprodução ou de defeso; II - espécies que devam ser preservadas ou indivíduos com tamanhos
56
inferiores aos permitidos; III - quantidades superiores às permitidas; IV - mediante a utilização de:
a) explosivos ou de substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; b)
substâncias tóxicas; c) aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; V - em época e
nos locais interditados pelo órgão competente; VI - sem inscrição, autorização, licença, permissão
ou concessão do órgão competente. § 1º Ficam excluídos da proibição prevista no item I deste
artigo os pescadores artesanais e amadores que utilizem, para o exercício da pesca, linha de mão
ou vara, linha e anzol. § 2º É vedado o transporte, a comercialização, o beneficiamento e a
industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida. BRASIL. Lei nº 7.679, de 23 de
novembro de 1988. Dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em períodos de reprodução e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7679.htm. Acesso
em 19 jul. 2014.
194
A Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável da Aquicultura e da Pesca tem por objetivo a promoção do desenvolvimento
sustentável da pesca e da aquicultura como fonte de alimentação, emprego, renda e lazer,
garantindo-se o uso sustentável dos recursos pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios
econômicos decorrentes, em harmonia com a preservação e a conservação do meio ambiente e
da biodiversidade. No seu artigo 6º, proibiu a pesca visando a proteção de espécies ameaçadas,
da reprodução, da saúde pública e do trabalhador, além da utilização de explosivos ou
substâncias tóxicas ou químicas. BRASIL. Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009. Dispõe sobre a
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades
o o
pesqueiras, revoga a Lei n 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei n
221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11959.htm#art37. Acesso em 19 jul.
2014.
195 Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas
penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à
venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente. § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada
ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3° São
espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. § 4º A pena é aumentada de metade,
se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que
somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de
licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de
provocar destruição em massa. § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de
caça profissional. § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. BRASIL. Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
57
200; 201
alta biodiversidade.
Nas palavras de Fernanda Luiza Fontoura de Medeiros, “muitas das normas
de “proteção dos animais” existentes, na realidade, apontam para uma inexistência
legislativa, haja vista a lacuna normativa no que concerne ao conteúdo das
mesmas”. Para ela, embora a Constituição vigente busque a proteção do meio
ambiente, deve-se produzir, efetivamente, normas que protejam os animais não
202
humanos, reconhecendo-os como seres sencientes.
Apesar das inúmeras normas relacionadas à proteção do meio ambiente
conforme aqui comentadas, evidentemente não se esgotou a imensidão normativa
acerca do assunto. O presente capítulo buscou situar os animais na legislação pátria
vigente diante das proposições acerca do tema do trabalho, as quais serão
abordadas oportunamente.
199 CITES. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/servicos/cites.> Acesso em: 19 jul 2014.
200 MEDEIROS, Fernanda Luiza Fontoura de. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2013, p. 63.
201 O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa
biodiversidade. Esses traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o
mundo, colocando o comércio ilegal de animais silvestres na terceira maior atividade ilícita do
mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. De cada 10 animais traficados, 9
morrem antes de chegar ao seu destino final, ou seja, quase 38 milhões de espécimes são
retirados de seus ninhos (aves) e tocas (mamíferos), sendo que apenas 1% chega ao destino final.
TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/trafico_de_animais_silvestres/trafico_de_animais_s
ilvestres.html.> Acesso em: 19 jul. 2014.
202 _____. Direito dos Animais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 65.
59
205
LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2014.
206 Segundo o Dicionário Aurélio, animismo é o modo de pensamento ou sistema de crenças em que se
atribui a seres vivos, objetos inanimados e fenômenos naturais um princípio vital pessoal, isto é, uma alma.
DICIONÁRIO AURÉLIO. Disponível em: <https://intranet.trt9.jus.br/intranet2/f?
p=104:14:105412928266972::NO::P14_LINK:dicionario.trt9.j us.br> Acesso em: 29 ago. 2014.
207 MABELLINI, Erico. O Direito Ambiental e a Proteção e Defesa da Fauna sob a Luz da
Constituição Federal e da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98 – A Tutela de um Novo
Direito, o Direito dos Animais. <http://tribunaanimal.org/index.php?/Editorial/Editorial-mais-
recente/Monografia-Direito-Ambiental.html.> Acesso em: 12 ago. 2014.
208 _____. O Direito Ambiental e a Proteção e Defesa da Fauna sob a Luz da Constituição
Federal e da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98 – A Tutela de um Novo Direito, o
Direito dos Animais. Disponível em: <http://tribunaanimal.org/index.php?/Editorial/Editorial-mais-
recente/Monografia-Direito-Ambiental.html.> Acesso em: 12 ago. 2014.
209 _____. O Direito Ambiental e a Proteção e Defesa da Fauna sob a Luz da Constituição
Federal e da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98 – A Tutela de um Novo Direito, o
Direito dos Animais. Disponível em: <http://tribunaanimal.org/index.php?/Editorial/Editorial-mais-
recente/Monografia-Direito-Ambiental.html.> Acesso em: 12 ago. 2014.
61
210
LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2014.
211 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de
Proteção Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007
p.150. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-
Animais-Vol-2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
212 _____. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2014.
213 _____. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de Proteção
Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007 p.151.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-Animais-Vol-
2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
214
O mecanicismo foi um movimento intelectual do século XVII, uma espécie de mentalidade, de
visão de mundo. Em seus aspectos mais gerais, pode ser definido como um modelo explicativo
das mais diferentes manifestações do mundo natural a partir de cinco eixos básicos: 1) a
uniformização e a redução das entidades e dos processos existentes na natureza, de modo que
62
que assemelha os animais a máquinas, sem alma, ainda que Descates admita a
existência da paixão nos animais, entretanto, em dimensão automática, não auto-
215
consciente.
O legado mais perene foi a ideia de que a dor e o sofrimento eram exclusivos
dos humanos e, desse modo, os não-humanos poderiam ter qualquer destino nas
mãos dos interesses humanos, sem qualquer consideração pelo bem-estar. A teoria
deixou, na prática, um estímulo à prática da vivissecção, à perpetuação da
216
crueldade e da indiferença.
Na mesma época, Voltaire (1694-1778) criticou a opressão, a intolerância e o
fanatismo vigente, afirmando que se tratava de uma enorme pobreza de espírito
dizer que os animais são privados de sentimento e que a crueldade gratuita parece
217
arraigado na natureza humana.
218
O estoicismo , de inspiração naturalista e que busca a harmonia cósmica
entre todas as criaturas, entendia que o mundo era governado pela mãe Natureza,
mãe de todas as coisas, e não por Deus. Mas essa ideia não foi aceita pelos
jurisconsultos romanos, que atribuíram a noção de direito apenas aos seres
todo fenômeno possa ser explicado por meio de elementos simples, tais como a matéria e o
movimento, e de seus diferentes arranjos e combinações; 2) a utilização de modelos explicativos,
inspirados na concepção e no funcionamento das máquinas, de sorte que os fenômenos naturais
possam ser entendidos como mecanismos semelhantes aos inventados pelo homem e cujo
conhecimento implique a possibilidade de sua decomposição e reconstrução e, portanto, de sua
reprodução e imitação; 3) a introdução da matemática como instrumento de análise e de
explicação científica, de maneira que o conhecimento de um fenômeno só estará completo se
puder ser traduzido, em algum sentido, quantitativa ou geometricamente; 4) a substituição da
distinção entre coisas naturais e coisas artificiais pela distinção entre mundo humano e mundo
natural, entre o mundo da liberdade e da consciência, por um lado, e o mundo do determinismo
material, por outro, de modo que não se poderá mais transpor propriedades entre eles nem avaliar
um a partir do outro; 5) a clara distinção entre causa final e causa eficiente ou operativa, com a
consequente negação da possibilidade de conhecer, caso existam, as causas finais da natureza.
BATTISTI, César Augusto. A Natureza do Mecanicismo Cartesiano. Disponível em:
<http://www.nexos.ufsc.br/index.php/peri/article/viewFile/80/29>. Acesso em: 14 ago. 2014.
215 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 83.
216 _____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 88-89.
217 LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago 2014.
218 No estoicismo encontra-se a ideia de que o direito natural é comum a homens e animais, ou seja,
de que todos os seres vivos estão sujeitos a uma lei, bem como a um Deus. No entanto,
preconizavam a ideia de que a aplicação da justiça é apenas para os seres racionais. DIAS, Edna
Cardozo. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de Proteção
Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2. Número 2. jan/jun 2007. p.150.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-Animais-Vol-
2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
63
219
humanos. De certa forma, o estoicismo é o precursor da teoria do contrato
220
social.
Rousseau (1712-1778) argumentava que os seres humanos são animais,
221
portanto, como os animais (não humanos) são seres sencientes , deveriam
também participar do direito natural e que o homem é responsável pelo cumprimento
de alguns deveres e, especificamente, um tem o direito de não ser
222
desnecessariamente maltratado pelo outro.
Da mesma forma, Montaigne defendia o pensamento não manipulador da
natureza. Acreditava que o Criador nos pôs na terra para servi-l e os animais são
como nossa família. Pregava o respeito não só pelos animais, mas às árvores e
plantas. Montaigne dizia que aos homens devemos justiça, mas aos animais
223
devemos solicitude e benevolência.
Foi dentro desse pensamento que o filósofo inglês Thomas Hobbes fundou a
filosofia do direito individual moderno, dando à linguagem o papel de formadora das
relações sociais e políticas, excluindo os animais do contrato social. Para a
224
formação do Estado é preciso um pacto, para cuja adesão é preciso a linguagem.
No pensamento jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, a concepção de
dignidade de pessoa humana passou por processo de racionalização e laicização.
Dentro disso, Immanuel Kant difundiu a ideia de que os animais não são auto-
conscientes, existindo apenas como instrumento destinado a um fim, o homem.
219
LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2014.
220 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de
Proteção Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007
p.150. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-
Animais-Vol-2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
221 O termo “senciente” expressa, genericamente, as noções de sensibilidade e de consciência. BOIT,
Olivier Le. Direitos Fundamentais para os Animais: Uma Ideia Absurda? Revista Brasileira de
Direito Animal. Ano 7. Volume 11. Jul-Dez 2012. p. 43. Disponível em:
<http://www.portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/8415.> Acesso em: 18 ago 2014.
222 MABELLINI, Erico. O Direito Ambiental e a Proteção e Defesa da Fauna sob a Luz da
Constituição Federal e da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98 – A Tutela de um Novo
Direito, o Direito dos Animais. Disponível em:
<http://tribunaanimal.org/index.php?/Editorial/Editorial-mais-recente/Monografia-Direito-
Ambiental.html.> Acesso em: 12 ago. 2014.
223 _____. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de Proteção
Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007 p.151.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-Animais-Vol-
2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
224 _____. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de Proteção
Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007 p.152.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-Animais-Vol-
2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
64
Dessa forma, os deveres do homem para com eles são apenas indiretos, pois o
verdadeiro fim dos animais é a humanidade. Tagore Trajano de Almeida Silva cita os
dizeres de Immanuel Kant em sua obra Fundamentação da Metafísica dos
Costumes, de 1785:
225 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
226 Utilitarismo é a corrente ética baseada na extensão do princípio da igual consideração de
interesses. O elemento básico é considerar os interesses de um ser, sejam quais forem eles, não
importando de quem sejam: negros ou brancos, do sexo masculino ou feminino, humanos ou não-
humanos. _____. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia. Faculdade de Direito,
Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
227 MABELLINI, Erico. O Direito Ambiental e a Proteção e Defesa da Fauna sob a Luz da
Constituição Federal e da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98 – A Tutela de um Novo
Direito, o Direito dos Animais. <http://tribunaanimal.org/index.php?/Editorial/Editorial-mais-
recente/Monografia-Direito-Ambiental.html.> Acesso em: 12 ago 2014.
228
ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 92.
65
Para uns ele não fazia senão demonstrar, no plano dos factos, essa superior
capacidade da espécie humana em termos de <<luta pela sobrevivência>>,
em termos de <<adequação ao nicho ecológico>> - ao mesmo tempo que
parecia igualmente legitimar a exploração dos animais não-humanos como
parte de uma estratégia de sobrevivência, sobretudo aquela que fosse
ditada pela escassez alimentar -; sendo que, para outros (a maioria da
comunidade científica, e hoje a maioria dos cultores da bioética), o
darwinismo destruía, como dissemos, a visão hierárquica e teleológica da
natureza, destronando a espécie humana da posição privilegiada exaltada,
que lhe era atribuída por aquela visão – que passava a ser substituída por
uma outra visão mais desapaixonada, naturalística e pragmática, reportada
à coexistência das espécies na partilha dos recursos do nosso planeta,
capaz, pois, de encarar os problemas da condição dos seres vivos em
231
termos mais igualitários e menos discriminadores.
229 GORDILHO, Heron José de Santana. Darwin e a Evolução Jurídica: Habeas Corpus para
Chimpanzés. Disponível em: <http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/darwin.pdf>. p. 1582.
Acesso em: 12 ago. 2014.
230 _____. Darwin e a Evolução Jurídica: Habeas Corpus para Chimpanzés. Disponível em:
231
<http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/darwin.pdf>. p. 1582. Acesso em: 12 ago. 2014.
ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 94.
66
O mundo que foi visto como nosso senhor, depois se tornou nosso escravo,
em seguida passou a ser visto como nosso hospedeiro, e agora temos que
admitir que é, na verdade, nosso simbiota. Para Serres, homem parasita da
natureza e do mundo, filho do direito de propriedade, tudo tomou e não deu
nada. A Terra hospedeira deu tudo e não tomou nada. Um relacionamento
correto terá que se assentar na reciprocidade. Tudo que a natureza dá ao
232
homem ele deve restituir.
232 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de
Proteção Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2 – Número 2 – jan/jun 2007
p.153. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-
Animais-Vol-2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
233 LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e Proteção Jurídica dos Animais.
<http://www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2014.
67
234 LEVAI, Laerte Fernando. Animais e Bioética: Uma Reflexão Filosófica. Escola Superior do
Ministério Público. Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 59. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf> Acesso em: 12 ago. 2014.
235 _____. Animais e Bioética: Uma Reflexão Filosófica. Escola Superior do Ministério Público.
Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 59. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf> Acesso em: 12 ago. 2014.
236 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 203.
237 DIAS, Edna Cardozo. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do Movimento de
Proteção Animal no Brasil. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 2. Número 2. jan/jun 2007.
p.154. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/33676220/Revista-Brasileira-de-Direito-Dos-
Animais-Vol-2>. Acesso em: 12 ago. 2014.
68
238 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 198.
239 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 198.
240 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
69
Fernando Araújo observa que um dos pontos mais fracos da legislação que
atualmente prima pelos interesses do bem-estar dos animais reside nas concessões
feitas na forma de exploração animal, que, frequentemente, acarretam sofrimento
242
generalizado.
Entretanto, critica o autor, tais sofrimentos são justificados tendo em vista a
manutenção de um nível econômico de bem-estar humano que se associa ao
progresso da civilização. Ou seja, justifica-se o utilitarismo pelos interesses da
alimentação e da saúde humana, colocando os animais ao serviço da indústria
pecuária ou da investigação científica. Ainda, sob o enfoque econômico, sustenta-se
que não deve haver interferência na exploração, pois disso depende a prosperidade
243
humana e a possibilidade de minimização da fome e erradicação das doenças.
Tom Regan, professor emérito de Filosofia da Universidade da Carolina do
Norte e líder intelectual do movimento pelos direitos dos animais, propôs três
concepções pelas quais o ser humano interage com os não-humanos: dos
244
conservadores, dos reformistas e dos abolicionistas.
A corrente conservadora entende não haver necessidade de qualquer
mudança em relação aos animais não-humanos. Os defensores dos Direitos dos
Animais compartilham duas vertentes: bem-estar animal (reformistas) e dos
abolicionistas, que desejam extinguir todas as práticas que usam os animais não-
245
humanos como meros objetos para os desígnios humanos.
241 CRUZ, Edmundo. Sentença do Habeas Corpus impetrado em favor da chimpanzé Suíça.
Habeas Corpus nº 833085-3/2005. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 1 – Número 2 – jun/dez
2006 p.284. Disponível em: < https://www.animallaw.info/sites/default/files/Brazilvol1.pdf>. Acesso em:
20 set. 2014.
242 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 203.
243 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 203.
244 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 205.
245 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 205.
70
246
compaixão, sensibilidade ao sofrimento e outros conceitos de ordem moral.
Preconiza o tratamento humanitário e a eliminação do sofrimento
desnecessário, com certa precaução relacionada à regulamentação da exploração
dos não-humanos, pois, sendo considerados como meios para alcançar os fins
humanos são, por isso, passíveis de serem apropriados pelos homens, como coisas
247
ou objetos.
Para os seguidores da teoria do bem-estar animal o argumento principal é a
quantidade de sofrimento imposto, não existindo nada errado na utilização de
248
animais em pesquisa científica ou na alimentação.
Antônio Herman Benjamin, considera uma corrente antropocêntrica mitigada
que, mesmo havendo oposição entre humanos e não-humanos, preconiza um
tratamento mais humanitário aos outros seres vivos, especialmente os domesticados
e de estimação. Aceita-se que os animais, apesar de dotados de sensibilidade e
249
percepção, são objetos e passíveis de dominialidade.
O bem-estarismo é reformista por endossar as premissas éticas
250
exclusivamente antropocêntricas, entretanto, repudia a crueldade no trato com os
animais. Por ser mais maleável, essa teoria costuma ser a perspectiva adotada pelo
arcabouço legislativo e por órgãos representativos das classes biomédica, científica
e industrial. Para Diogo Luiz Cordeiro Rodrigues, “é a válvula de escape para a
preservação de interesses econômicos que, devido a pressões sociais, já não
podem satisfazer-se sem alguma concessão.”
Peter Singer publicou, em 1975, o livro “Libertação Animal”, trazendo a noção
de bem-estar animal. A intenção era buscar as ideias dos movimentos liberais a fim
251
de rejeitar o especismo , racismo, sexismo e a homofobia. Buscavam demonstrar
246 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 205-206.
247 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 205 - 206.
248 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
249 BENJAMIN, Antônio Herman. A Natureza no Direito Brasileiro: Coisa, Sujeito ou Nada Disso.
Escola Superior do Ministério Público. Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 160. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
250 RODRIGUES, Diogo Luiz Cordeiro. Legitimação dos Direitos Animais. Custos Legis. Revista
Eletrônica do Ministério Público Federal. p.15. Disponível em:
<http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2010/2010/aprovados/2010a_Dir_Pub_Diogo.pdf>.
Acesso em: 14 ago. 2014.
251 O especismo é um rótulo que exprime a ideia de discriminação injusta dirigida aos animais,
comparável ao racismo e ao sexismo entre os humanos. GODINHO, Adriano Marteleto;
GODINHO, Helena Telino Neves. A Controversa Definição da Natureza Jurídica dos Animais
no Estado Socioambiental. Disponível em:
71
252
que as diferenças biológicas entre humanos e não-humanos era irrelevante.
Singer defende o reconhecimento da igual consideração dos interesses dos
animais, equiparando a discriminação animal às segregações racistas. O movimento
indica, ainda, que os humanos, por serem conscientes, têm o dever de respeitar
253
todas as formas de vida e de evitar o sofrimento de outros seres vivos.
O livro do filósofo representou um marco na proteção animal, propõe a
expansão dos horizontes morais do homem por meio do hábito, não só de
alimentação, mas de pensamento e linguagem. A obra permitiu uma reflexão mais
aprofundada do assunto ao expor a face oculta da experimentação animal, além de
alegar que, ao cessar a criação e matança de animais para consumo, o homem
poderia produzir comida suficiente para acabar com a fome do planeta. Para Singer,
a essência ética relacionada à tese de que os animais são sujeitos de direito não se
254
restringe à capacidade de falar ou de pensar, mas, sim, à capacidade de sofrer.
Nesse diapasão, Fernando Araújo explica que a capacidade para sofrer não é
apenas uma característica, como a capacidade de falar ou de raciocinar, que
fundamenta a demarcação entre os seres que merecem ou não uma demarcação
ética plena. A capacidade de sofrimento é o próprio requisito para a existência de
interesses. Se um ser não é capaz de sofrer, não há nada a se levar em
255
consideração do ponto de vista ético.
Entretanto, se é capaz de sofrer, não é o fato de não usar uma linguagem
inteligível ou não ser capaz de fabricar utensílios que é motivo para desconsiderar
256
esse sofrimento. A racionalidade não deve ser o critério. Explica o autor:
<http://www.esdm.com.br/include%5CdownloadSA.asp?file=downloads%5CPaper%20-
%20Natureza%20Jur%EDdica%20dos%20Animais_652011141504.pdf>. Acesso em: 12 ago.
2014.
252 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
253 _____. A Controversa Definição da Natureza Jurídica dos Animais no Estado
Socioambiental. Disponível em:
<http://www.esdm.com.br/include%5CdownloadSA.asp?file=downloads%5CPaper%20-
%20Natureza%20Jur%EDdica%20dos%20Animais_652011141504.pdf>. Acesso em: 12 ago.
2014.
254 LEVAI, Laerte Fernando. Animais e Bioética: Uma Reflexão Filosófica. Escola Superior do
Ministério Público. Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 59. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
255 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 97.
256 _____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 97.
72
257 _____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 97.
258 RODRIGUES, Diogo Luiz Cordeiro. Legitimação dos Direitos Animais. Custos Legis. Revista
Eletrônica do Ministério Público Federal. Disponível em:
<http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2010/2010/aprovados/2010a_Dir_Pub_Diogo.pdf>.
Acesso em: 14 ago. 2014. p.14-15.
259 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 207.
73
260 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 120.
261 _____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 120.
262 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
263 RODRIGUES, Diogo Luiz Cordeiro. Legitimação dos Direitos Animais. Custos Legis.
Revista Eletrônica do Ministério Público Federal. Disponível em:
<http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2010/2010/aprovados/2010a_Dir_Pub_Diogo.pdf>.
Acesso em: 14 ago. 2014. p.27.
74
264
ainda não ter interesse aparente em fazê-lo?
A proposta aceita pela maioria das pessoas quando se fala em Direito dos
Animais incide sobre a corrente do Bem-estar animal, pois se preocupa com a
questão dos maus-tratos e da morte mediante dor ou sofrimentos desnecessários.
Entretanto, essa teoria protege os comportamentos do homem para com os não-
268
humanos.
A lei protege os animais, não contra sua morte ou uso físico ou químico, mas
apenas contra o sofrimento. Protege os não-humanos quando priva o proprietário de
praticar abuso contra o mesmo, mas permite que este lhe retire a vida, desde que
264
ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 294.
265
_____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 170.
266 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 170.
267 _____. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 172.
268 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 208.
75
não sofra. Sob esta ótica, o partidário da filosofia ética do bem-estar animal, por
mais que entenda como uma luta para um tratamento mais humanitário, aceita a
269
titularidade do humano sobre o não-humano, considerando-os objetos de direito.
270
Nas palavras de Danielle Tetü Rodrigues :
O Animal possui direito à vida, exatamente por isso, precisa ser respeitado.
Em outras palavras; é obrigatório compreender o direito a vida dos Animais
não-humanos igualmente ao direito dos humanos, ou seja, há de ser
reverenciada a vida em sua existência até os limites naturais. Seres
sensíveis, com capacidade de sofrer, independentemente do grau da dor ou
da capacidade da manifestação, devem ser respaldados pelo princípio da
igualdade e fazem jus a uma total consideração ética. Infligir dor aos animais
não-humanos não desculpa qualquer tese de domínio dos interesses do
homem, sobretudo quando o fim é a lucratividade.
269 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 208.
270 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 210.
271 ARAÚJO, Fernando. A Hora do Direito dos Animais. Coimbra: Livraria Almedina, 2003, p. 284.
272 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
76
273 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 212.
274 BENJAMIN, Antônio Herman. A Natureza no Direito Brasileiro: Coisa, Sujeito ou Nada Disso.
Escola Superior do Ministério Público. Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 150. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
275 GODINHO, Adriano Marteleto; GODINHO, Helena Telino Neves. A Controversa Definição da
Natureza Jurídica dos Animais no Estado Socioambiental. Disponível em:
<http://www.esdm.com.br/include%5CdownloadSA.asp?file=downloads%5CPaper%20-%20Natureza
%20Jur%EDdica%20dos%20Animais_652011141504.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
276 BENJAMIN, Antônio Herman. A Natureza no Direito Brasileiro: Coisa, Sujeito ou Nada Disso.
Escola Superior do Ministério Público. Caderno Jurídico. julho/01. ano 1. nº 2. p. 166. Disponível em:
<http://www.esmp.sp.gov.br/Biblioteca/Cadernos/caderno_2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
77
277 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
278 DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurídica dos Animais. Belo Horizonte, 2000, 150 p. Tese de
Doutorado. Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.sosanimalmg.com.br/pdf/livros/tutela.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
279
NOIRTIN, Célia Regina Ferrari Faganello; MOLINA, Sílvia Maria Guerra. Proposta de Mudança
do Status Jurídico dos Animais nas Legislações do Brasil e da França. Disponível em:
<http://www.sosanimalmg.com.br/pdf/artigos/PROPOSTAPARAMUDANCA.pdf>. Acesso em: 14
ago. 2014.
280 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
78
281 DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurídica dos Animais. Belo Horizonte, 2000, 150 p. Tese de
Doutorado. Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.sosanimalmg.com.br/pdf/livros/tutela.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
282 DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurídica dos Animais. Belo Horizonte, 2000, 150 p. Tese de
Doutorado. Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.sosanimalmg.com.br/pdf/livros/tutela.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
283 SILVA, Tagore Trajano de Almeida. Animais em Juízo. Salvador, 2009, 152 p. Monografia.
Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10744/1/Tagore.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
284 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p.
126-127.
79
portanto não são pessoas e, consequentemente, não são sujeitos de direito, seria
285
total incongruência com o ordenamento jurídico.”
Os animais, embora não sejam pessoas humanas ou jurídicas, são indivíduos
que possuem direitos, tanto conferidos pela lei ou também inatos, acima de qualquer
condição legislativa. Se os direitos de uma pessoa humana forem equiparados com
os direitos do animal como indivíduo ou espécie, verifica-se que ambos têm direito à
defesa de seus direitos essenciais, tais como o direito à vida, ao livre
desenvolvimento de sua espécie, da integridade de seu organismo e de seu corpo,
286
bem como o direito ao não sofrimento.
Danielle Tetü Rodrigues propõe que os animais não-humanos sejam
considerados sujeitos de direito, incluídos na categoria de pessoas. Explica melhor:
285 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 126.
286 DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurídica dos Animais. Belo Horizonte, 2000, 150 p. Tese de
Doutorado. Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
<http://www.sosanimalmg.com.br/pdf/livros/tutela.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2014.
287 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 126.
288 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 191-192.
289 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis. (...) BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
80
Para Edna Cardozo Dias, a questão aqui não é saber se os humanos são
capazes de falar ou de raciocinar, mas se são passíveis de sofrimento, se são seres
291 Art. 2º (...) § 3º Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público,
seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras de animais. BRASIL. Decreto nº
24.645, de 10 de julho de 1934. Estabelece medidas de proteção aos animais. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=39567>. Acesso em: 02 set. 2014.
292 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: l - ao meio-ambiente; ll - ao
consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV -
a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. V - por infração da ordem econômica; VI - à ordem
urbanística. VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. VIII – ao
patrimônio público e social. (...) BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm>. Acesso em: 02 set. 2014.
293 o
Art. 5 Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a
Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública,
fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo
menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. BRASIL. Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm>. Acesso em:
02 set. 2014.
294 RODRIGUES, Danielle Tetü. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 193.
295 _____. O Direito & os Animais. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. p. 193-194.
81
296 DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurídica dos Animais. Belo Horizonte, 2000, 150 p. Tese de
Doutorado. Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
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Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
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82
299
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Socioambiental. Disponível em: <http://www.esdm.com.br/include%5CdownloadSA.asp?
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da Natureza Jurídica dos Animais no Estado Socioambiental. Disponível em:
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85
308
_____. A Controversa Definição da Natureza Jurídica dos Animais no Estado
Socioambiental. Disponível em:
<http://www.esdm.com.br/include%5CdownloadSA.asp?file=downloads%5CPaper%20-
%20Natureza%20Jur%EDdica%20dos%20Animais_652011141504.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2014.
86
CONCLUSÃO
direito argumenta que, assim como as pessoas jurídicas ou morais possuem direitos
reconhecidos, os animais não-humanos também poderiam ser sujeitos de direitos
por força das leis que os protegem. Em interpretação não antropocêntrica das
normas brasileiras, se pessoa é o ser capaz de ser titular de direitos e deveres, os
animais podem ser sujeitos de direitos, assim como as pessoas jurídicas. Outra tese
seria de considerá-los sujeitos de direitos despersonalizados. Sendo assim, o
Ministério Público teria a competência legal para representa-los em Juízo quando
ocorrer qualquer violação da legislação que os protegem.
Para os defensores da atribuição de um status intermediário entre pessoa e
coisa, não há necessidade de ampliação da lista de sujeitos de direito. Basta uma
definição normativa para que se faça justiça aos animais não-humanos.
Apresentadas as teorias que abarcam a possibilidade de consideração de
personalidade jurídica aos animais não-humanos, verifica-se que os institutos
jurídicos devem ser repensados para que se possa reconhecer direitos aos que não
conseguem expressar suas vontades, mas, no entanto, possuem sentimentos.
88
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