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GOVERNO DE CABO VERDE

PROPOSTA DE LEI DA REGIONALIZAÇÃO


VERSÃO ZERO – setembro de 2017

PROPOSTA DE LEI DA REGIONALIZAÇÃO

Lei nº …………/…………/2017
de…………de…………………………..

Objeto: Regula a regionalização do país

Considerando o que dispõe o Programa do Governo, aprovado pela Resolução


da Assembleia Nacional n.º …………………………………, de …………………………..;

Tendo as assembleias municipais competentes deliberado favoravelmente à


criação das respetivas regiões administrativas, nos termos da lei,

Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea


a) do artigo ………………. da Constituição, o seguinte:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1.º
Objeto

A presente Lei regula o aprofundamento da descentralização democrática


através da regionalização, pela transferência de atribuições, competências e
recursos atualmente da Administração Central para autarquias locais de âmbito
regional.

Artigo 2.º
Região

1. A região é autarquia local supramunicipal que tem por território uma ilha.
2. A região é pessoa coletiva de Direito público, dispõe de órgãos representativos
próprios e goza de autonomia administrativa, financeira, patrimonial,
regulamentar e de organização interna, nos termos da lei.
3. A região tem como símbolos heráldicos a bandeira, as armas e o selo, aprovados
pela assembleia regional por maioria qualificada de dois terços dos votos dos
seus membros em efetividade de funções, precedendo parecer dos serviços
competentes da Administração Central em matéria de heráldica.

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Artigo 3.º
Criação de Regiões

São criadas as seguintes regiões:


a) Santo Antão, com sede na Cidade da Ribeira Grande, abrangendo os
municípios da Ribeira Grande de Santo Antão, do Paúl e do Porto Novo;
b) São Vicente, com sede na Cidade de Mindelo;
c) São Nicolau, com sede na Cidade de Tarrafal de São Nicolau, abrangendo os
municípios da Ribeira Brava e do Tarrafal de São Nicolau;
d) Sal, com sede na Cidade de Espargos;
e) Boavista, com sede na Cidade de Sal-Rei;
f) Santiago Norte, com sede na Cidade de Assomada, abrangendo os municípios
de Tarrafal de Santiago, de Santa Catarina de Santiago, de Santa Cruz, de São
Miguel, de São Lourenço dos Órgãos e de São Salvador do Mundo;
g) Santiago Sul, com sede na Cidade da Praia, abrangendo os municípios da
Praia, de São Domingos e da Ribeira Grande de Santiago;
h) Maio, com sede na Cidade do Porto Inglês;
i) Fogo, com sede na Cidade de São Filipe, abrangendo os municípios de São
Filipe, de Santa Catarina do Fogo e dos Mosteiros;
j) Brava, com sede na Cidade de Nova Sintra.

CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES E DA COMPETÊNCIA

Artigo 4.º
Atribuições

1. É atribuição da região tudo o que respeite à administração dos interesses


específicos e comuns da população residente no seu território e não seja
atribuído por lei ao município ou expressamente à Administração Central, em
matéria de:
a) Planeamento do desenvolvimento económico e social regional e participação
obrigatória no planeamento nacional;
b) Promoção e apoio da atividade económica, do empreendedorismo e da
economia social solidária na região;
c) Ordenamento do território, cartografia e cadastro da região;
d) Equipamento social de âmbito regional;
e) Administração regional da agricultura, das pescas, do comércio e do turismo;
f) Ação social regional;
g) Administração regional do ambiente, incluindo a gestão florestal, das
reservas, dos parques naturais, da orla marítima não portuária e das zonas
balneares não integradas em centros urbanos;
h) Administração regional de recursos hídricos e saneamento básico;
i) Defesa da saúde do consumidor à escala regional;

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j) Urbanismo e fomento da habitação à escala regional;


k) Administração do sistema de transportes e vias de comunicação de âmbito
regional;
l) Administração regional da educação de base e secundária, da formação
profissional e da cidadania;
m) Promoção da cultura e das tradições regionais;
n) Promoção da cultura física e do desporto à escala regional;
o) Coordenação do sistema regional de promoção e defesa da juventude;
p) Coordenação do sistema regional de proteção dos portadores de deficiência
e dos idosos;
q) Administração e defesa do domínio público e privado da região e do domínio
público e privado do Estado na região;
r) Coordenação dos sistemas regionais de proteção civil e de segurança pública;
s) Cooperação externa descentralizada com regiões de outros Estados.
2. Quando abranja mais do que um município, incumbe ainda à região, pela via do
apoio aos municípios que dela fazem parte, assegurar em todo o território
regional um nível adequado de prestação de serviços locais fundamentais que os
mesmos não consigam prestar nos respetivos territórios.
3. Quando abranja mais do que um município, a região promove a articulação entre
os municípios que dela façam parte em matérias de interesse comum dos
mesmos ou do interesse próprio específico da região, com pleno respeito pela
autonomia municipal.
4. Salvo o disposto no número seguinte, passam para a direção da região as funções
operacionais de serviços da Administração Central direta ou indireta
desconcentrados no seu território, os quais se integram, para todos os efeitos e
com os respetivos recursos humanos, materiais e financeiros, na administração
regional.
5. Excetuam-se do disposto no número 4 as esquadras e comandos policiais, os
hospitais e centros de saúde, as conservatórias e serviços de registo e os
cartórios e serviços de notariado públicos sedeados no território regional, sobre
os quais a região goza apenas de superintendência em matéria de funcionamento
corrente e atendimento.
6. A região coordena as suas intervenções com a Administração Central na
prossecução de atribuições partilhadas, designadamente tendo em vista evitar a
sobreposição de atuações, ou no quadro de parcerias acordadas.
7. A região coopera estreitamente com a Administração Central na prossecução das
atribuições do Estado no território regional e pode dela receber delegação de
competências.
8. O Governo pode delegar temporariamente à região atribuições ou tarefas
administrativas do Estado, mediante acordo de delegação de atribuições, nos
termos da lei.

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9. Quando abranja mais do que um município, a região pode delegar


temporariamente atribuições e tarefas próprias nos municípios que abarque,
mediante acordo de delegação de atribuições, nos termos da lei.
10. Quando abranja mais do que um município, em caso de dúvida sobre a repartição
de atribuições entre a região e a Administração Central ou entre a região e o
município, prevalece o princípio da subsidiariedade, nos termos do qual o
exercício de responsabilidades públicas deve incumbir de preferência às
autoridades mais próximas dos cidadãos, salvo se a amplitude e a natureza da
tarefa ou exigências de eficácia e economia justificarem solução diferente.
11. As bases do presente artigo são desenvolvidas por decreto-lei que estabelece a
repartição de atribuições administrativas entre o Estado, a região e o município.

Artigo 5.º
Competência

1. Os órgãos próprios da região gozam de todos os poderes necessários à plena


realização das suas atribuições, designadamente os de natureza consultiva, de
planeamento, de regulamentação, de direção, de gestão, de investimento, de
fiscalização e de sanção, salvo disposição legal em contrário.
2. Os órgãos próprios da região têm especialmente, nas matérias incluídas nas suas
atribuições, direito a:
a) Elaborar, aprovar, executar e avaliar as opções administrativas que julgar
mais adequadas;
b) Editar regulamentos autónomos ou subordinados;
c) Praticar atos administrativos;
d) Celebrar contratos administrativos e civis;
e) Conceber, aprovar, executar, fiscalizar e avaliar planos, programas, medidas
e ações, válidos exclusivamente no território regional, no quadro das leis,
regulamentos, planos, programas, disposições e orientações vinculativas de
âmbito nacional ou sectorial aprovados ou emitidos pelos órgãos
competentes;
f) Decidir, executar, fiscalizar e avaliar nas matérias que, nos termos da lei,
sejam expressamente da sua competência exclusiva, partilhada ou articulada
com outras entidades públicas;
g) Decidir, executar fiscalizar e avaliar nas matérias que não tenham sido
expressa ou implicitamente atribuídas ao Estado ou ao município;
h) Impugnar atos, contratos ou normas que violem as suas atribuições e
competências ou ofendam a sua autonomia e a independência dos seus
órgãos;
i) Administrar e gerir os bens do domínio público ou privado regional;
j) Administrar os equipamentos sociais públicos de âmbito regional existentes
no seu território;

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k) Participar, nos termos da lei e no que respeite ao território regional, nos


sistemas nacionais de planeamento nacional, de ordenamento do território,
de planeamento urbanístico, de proteção civil e de saneamento básico, em
articulação com a Administração Central e com os municípios que dela fazem
parte;
l) Exercer a polícia administrativa no seu território, designadamente em
matéria de saúde pública, saneamento, ambiente, ordenamento do território,
proteção civil, ordem pública, segurança nas estradas, atividades económicas
e condições de trabalho, em articulação com as entidades públicas estaduais
competentes e com os municípios;
m) Planear, realizar e gerir investimentos públicos de interesse regional
respeitantes às suas atribuições, salvo convenção escrita em contrário,
celebrada com a Administração central, com os municípios que dela fazem
parte ou com organizações da sociedade civil;
n) Estabelecer parcerias publico-privadas de âmbito regional;
o) Cooperar e geminar com regiões de Estados estrangeiros com quem Cabo
Verde mantenha relações diplomáticas e relacionar-se com organizações
estrangeiras ou organizações internacionais de regiões reconhecidas pelo
Estado de Cabo Verde;
p) Pronunciar-se sobre tudo o que respeite à vida e interesses comuns das
respetivas populações e organizações, perante quaisquer órgãos de
soberania, autoridades ou entidades públicas ou privadas;
q) Participar, através dos seus órgãos representativos, na definição das políticas
públicas especificas, na elaboração, execução, controlo e avaliação de planos,
programas, determinações e orientações de âmbito nacional, sectorial ou
local respeitantes ao seu território e população e nas negociações de acordos
de cooperação internacional que diretamente lhes digam respeito;
r) Ser ouvidos previamente sobre decisões, regulamentos e leis dos órgãos
sobre matéria que exclusiva ou principalmente respeitem ao seu território e
população.
3. Os poderes da região são exercidos em conformidade com a lei e com as normas
regulamentares, administrativas e técnicas emanadas dos órgãos competentes
do Estado.
4. A competência da região é desenvolvida no decreto-lei a que se refere o nº 11 do
artigo 6º.

CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DAS REGIÕES

SECÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS E COMUNS

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Artigo 6.º
Órgãos

1. São órgãos próprios da região administrativa a Assembleia Regional e a


Comissão Executiva Regional.
2. Os órgãos da região são independentes no âmbito das suas competências e as
suas deliberações só podem ser suspensas, modificadas, revogadas ou anuladas
por eles próprios ou por decisão judicial em processo de contencioso
administrativo, nos termos da lei.
3. Os órgãos da região só podem deliberar no âmbito da sua competência e para a
realização das atribuições regionais.
4. Os órgãos da região obedecem à Constituição, aos princípios gerais de Direito, às
normas legais e regulamentares em vigor, respeitam os fins para que os poderes
lhes foram conferidos e salvaguardam os direitos e os interesses legalmente
protegidos das pessoas.
5. Aos titulares dos órgãos regionais é aplicável, com as devidas adaptações, o
estatuto dos eleitos locais em tudo o que não estiver regulado no presente
diploma.
6. O estatuto remuneratório dos titulares dos órgãos regionais é definido por lei.

Artigo 7.º
Mandato

1. O mandato dos titulares dos órgãos regionais é de quatro anos.


2. Os titulares dos órgãos regionais servem pelo período do respetivo mandato e
mantêm-se em efetividade até à sua substituição, salvo disposição expressa da
lei em contrário.
3. Os titulares cessantes são obrigados a entregar aos seus substitutos ou aos novos
eleitos todos os processos pendentes, fazendo-os completamente cientes de
todos os aspetos relevantes de cada um e do estado geral da administração
regional, prestando-lhes todas as informações pertinentes ou que lhe sejam
solicitados, sob pena de responsabilidade criminal por recusa de colaboração
devida, se outro crime mais grave não couber.
4. Os titulares dos órgãos regionais podem renunciar ao mandato mediante
comunicação escrita ao órgão respetivo.
5. A comunicação de renúncia do Presidente da Assembleia Regional é feita ao
plenário, e a do Presidente da Comissão Executiva Regional, ao Presidente da
Assembleia Regional.
6. Os titulares dos órgãos regionais podem solicitar a suspensão do respetivo
mandato sempre que, por motivos relevantes, expressamente indicados,
devidamente fundamentados e como tais aceites pelo presidente do respetivo
órgão ou, tratando-se deste, pelo plenário do órgão, estejam impossibilitados de
participar nos trabalhos e de desempenhar as respetivas funções por período
superior a sessenta dias.

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7. Suspende automaticamente o mandato o titular de cargo em órgão regional que


for eleito ou designado para cargo político nacional ou municipal.
8. A suspensão do mandato e a ausência ou impedimento temporário do titular
determinam a convocação do membro substituto para a reunião seguinte do
órgão, a cargo do presidente deste.
9. Perdem o mandato os titulares de órgãos regionais que:
a) Após a eleição sejam identificados como portadores de alguma incapacidade
eleitoral passiva;
b) Não tomem assento no órgão durante três sessões ou cinco reuniões diárias
consecutivas ou quinze interpoladas, salvo justificação aceite pelo plenário
do órgão;
c) No decurso do mandato ou no mandato imediatamente anterior incorram ou
tenham incorrido por ação ou omissão em ilegalidade grave ou numa
continuada prática de atos ilícitos, verificada em inspeção, inquérito ou
sindicância ou reconhecidas por sentença judicial definitiva;
d) Forem condenados por crime punível com pena de prisão punível com pena
de prisão efetiva superior a um ano;
e) Após a eleição se integrem em formação diversa daquela pela qual tenham
sido apresentados a sufrágio;
f) Suspendam o mandato por mais de trezentos e sessenta e cinco dias.
10. Compete aos tribunais declarar a perda de mandato em processo próprio, de
caráter urgente e sumário, que assegure o contraditório.
11. A interposição de recurso da sentença de perda de mandato implica a suspensão
do mandato do recorrente até decisão final.

Artigo 8.º
Incompatibilidades

1. O exercício de cargo em órgão regional é incompatível com a nomeação ou a


designação para cargo político nacional ou municipal.
2. O exercício de cargo em Comissão Executiva Regional é incompatível com o de
qualquer cargo partidário.

Artigo 9.º
Impedimentos

Os titulares dos órgãos regionais não podem intervir na discussão e votação


de assuntos que lhes digam respeito ou aos seus cônjuges ou unidos de facto ou
aos seus parentes e afins na linha reta ou até ao terceiro grau na linha colateral,
nem nos assuntos em que se encontrem numa situação de conflito de interesses
com a região.

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Artigo 10.º
Ata negativa

Se não for possível efetuar uma reunião convocada dos órgãos regionais, o
secretário lavra ata negativa na qual consigna as razões determinantes do facto, os
membros que faltaram e o mais que o regimento determinar.

Artigo 11.º
Direito subsidiário em matéria de funcionamento e deliberação

Em tudo o que não esteja regulado na presente Lei, aplicam-se aos órgãos
regionais as regras gerais de funcionamento e deliberação dos órgãos colegiais da
Administração Pública estabelecidas na Secção I do Capítulo III do Decreto
Legislativo nº 2/95, de 20 de junho.

SECÇÃO II
DA ASSEMBLEIA REGIONAL

Artigo 12.º
Natureza e composição

1. A Assembleia Regional é o órgão deliberativo da região.


2. A Assembleia Regional é composta por nove, onze ou treze membros, conforme
o território regional abarque menos de, igual a ou mais de três municípios, eleitos
por sufrágio universal, direto, livre, igual e secreto dos eleitores residentes no
território da região, segundo o sistema da representação proporcional.
3. Os membros da Assembleia Regional designam-se por deputados regionais.
4. Em caso de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum dos
membros da Assembleia Regional será ele substituído por um dos suplentes da
lista eleitoral respetiva em conformidade com a ordenação da mesma.
5. Esgotada a lista de suplentes e desde que não esteja em efetividade de funções a
maioria absoluta dos deputados da região, o Presidente da mesa comunica o
facto ao Governo nas quarenta e oito horas seguintes, para que este marque
novas eleições, a ter lugar no prazo de noventa dias.

Artigo 13.º
Instalação

1. A instalação das primeiras Assembleias Regionais eleitas depois da aprovação da


presente Lei será feita por representante do membro do Governo com função de
tutela sobre as autarquias locais, como presidente da sessão.
2. A instalação das Assembleias Regionais seguintes é presidida pelo Presidente da
Assembleia Regional cessante ou quem fizer as vezes dele.
3. No ato de instalação, o presidente da sessão verifica a identidade e a legitimidade
dos membros da Assembleia Regional eleitos, declara os eleitos como membros

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da Assembleia Regional e lavra ata avulsa de instalação redigida por quem o


mesmo designar e assinada por ele, por todos os membros da Assembleia
Regional presentes e por quem a elaborou.
4. Concluída a instalação, constitui-se uma mesa provisória presidida pelo primeiro
nome da lista mais votada ou, na sua falta, pelo segundo nome e assim
sucessivamente, e secretariada pelos dois eleitos mais novos, a qual dirige os
trabalhos da primeira reunião da Assembleia Regional com vista à eleição da
mesa definitiva.

Artigo 14.º
Mesa

1. A Assembleia Regional é dirigida por uma mesa composta por um Presidente e


um Secretário, como efetivos, e um suplente, eleitos pelo período do mandato
por escrutínio secreto e por maioria absoluta de votos dos membros da
Assembleia Regional em efetividade de funções.
2. Compete à mesa organizar os trabalhos da Assembleia Regional e garantir as
condições de legalidade, ordem e disciplina nos mesmos, de conformidade com
a lei e com o regimento.
3. Compete ao Presidente da mesa:
a) Representar a Assembleia Regional;
b) Convocar as sessões, ordinárias e extraordinárias, da Assembleia Regional;
c) Dirigir as reuniões da Assembleia Regional e nelas manter a ordem e a
disciplina;
d) Promover a publicação das deliberações da Assembleia Regional e velar pela
sua execução;
e) O que mais lhe for cometido por lei ou pelo regimento da Assembleia
Regional.
4. O Presidente da mesa é substituído, nas suas ausências e impedimentos, pelo
secretário e, subsidiariamente, pelo membro da Assembleia Regional mais idoso
presente.
5. O secretário da mesa é substituído, nas suas ausências e impedimentos pelo
suplente e, subsidiariamente pelo membro da Assembleia Regional mais novo.

Artigo 15.º
Competência

1. Compete exclusivamente à Assembleia Regional:


a) Eleger a respetiva mesa, composta por um Presidente e um Secretário;
b) Elaborar e aprovar o seu regimento;
c) Aprovar os regulamentos regionais;
d) Aprovar o programa de atividades e o orçamento da região apresentados
pela Comissão Executiva Regional;

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e) Acompanhar e fiscalizar a atividade da Comissão Executiva Regional e dos


serviços autónomos da região;
f) Apreciar em cada semestre o estado da região e emitir as recomendações que
entender pertinentes;
g) Apreciar, anualmente, o relatório de atividades e o relatório e contas da
região, apresentados pela Comissão Executiva Regional;
h) Votar moções de confiança e de censura à Comissão Executiva Regional;
i) Tomar posição perante a Administração Central e os municípios abrangidos
na região sobre assuntos do interesse desta;
j) Apreciar, suspender, modificar ou revogar atos da Comissão Executiva
Regional, à exceção dos praticados por ela no uso de competência própria;
k) Aprovar os planos regionais de desenvolvimento e submete-los a ratificação
(ou homologação) em sede de planeamento nacional;
l) Aprovar os instrumentos de ordenamento territorial de âmbito regional e
submete-los a ratificação (ou homologação) em sede de ordenamento
nacional;
m) Autorizar, sob proposta da Comissão Executiva Regional, a aquisição,
oneração e a alienação de imóveis, a outorga de exclusivos e a concessão de
bens, serviços e obras por prazo superior a três anos e a contração de
empréstimos, nos termos da lei;
n) Autorizar, nos termos da lei, o lançamento de impostos regionais;
o) Estabelecer, nos termos da lei e sob proposta da Comissão Executiva
Regional, as taxas regionais e aprovar os quantitativos respetivos;
p) Fixar, sob proposta da Comissão Executiva Regional, o máximo das coimas
que a mesma e os serviços regionais podem aplicar, salvo disposição legal em
contrário;
q) Aprovar, sob proposta Comissão Executiva Regional, o regulamento orgânico
e o quadro de pessoal da região;
r) O que mais lhe for cometido por lei.

Artigo 16.º
Reuniões

1. A Assembleia Regional reúne-se ordinariamente uma vez por trimestre e


obrigatoriamente nos meses abaixo indicados para apreciação das seguintes
matérias, apresentadas pela Comissão Executiva Regional:
a) Em fevereiro, para apreciação do relatório escrito de atividades do ano
anterior;
b) Em abril, para apreciação das contas de gerência da região;
c) Até novembro, para aprovação do plano de atividades e orçamento para o
ano seguinte.
2. A não realização das reuniões previstas nas alíneas do nº 1 constitui grave
ilegalidade.

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3. Nas reuniões ordinárias, só podem ser objeto de apreciação e deliberação os


assuntos inscritos na ordem do dia ou que forem reconhecidos como urgentes
pela maioria absoluta dos deputados regionais.
4. Nas reuniões ordinárias, será reservado, antes da ordem do dia, um período
inicial de duração a fixar no regimento, para intervenções e questões dos
cidadãos sobre matérias das atribuições da região e competência dos seus órgãos
e respetivas respostas dos titulares destes.
5. A Assembleia Regional reúne-se extraordinariamente sempre que necessário,
para apreciar e deliberar exclusivamente sobre os assuntos para que tenha sido
expressamente convocada, sob pena de nulidade.
6. As reuniões da Assembleia Regional são convocadas pelo Presidente da mesa,
por sua iniciativa.
7. As reuniões extraordinárias da Assembleia Regional podem ser convocadas
também a solicitação:
a) Da Comissão Executiva Regional;
b) Da maioria absoluta dos membros da Assembleia Regional;
c) Do membro do Governo com poderes de tutela sobre a região;
d) De cidadãos eleitores da região em número equivalente a quinze vezes o
número de membros da Assembleia Regional.
8. Nos casos previstos na alínea c) do nº 7, o membro do Governo pode fazer-se
representar na reunião por alto funcionário da Administração Pública com
direito ao uso da palavra sobre a matéria objeto da convocatória.
9. Em todas as sessões da Assembleia Regional participam o Presidente e os
Secretários Regionais da Comissão Executiva Regional, que poderão intervir nos
debates, sem direito a voto.
10. Nas reuniões ordinárias, o Presidente deve informar verbalmente a Assembleia
Regional do estado da região desde a reunião anterior e responder, ou indicar
vogal da Comissão Executiva Regional que responda, às questões postas pelos
membros da Assembleia Regional, oralmente no decurso da sessão ou, havendo
necessidade de investigações, por escrito dirigido à mesa no prazo de quinze
dias.
11. As reuniões da Assembleia Regional são públicas, podendo ser transmitidas
diretamente pela rádio e pela televisão, salvo se, fundada no interesse público ou
na tutela de direitos fundamentais dos cidadãos, por maioria qualificada de dois
terços dos membros da Assembleia Regional presentes, a Assembleia Regional
deliberar reunir-se à porta fechada.

Artigo 17.º
Quórum

1. A Assembleia Regional só pode funcionar e deliberar em primeira convocação


com a presença da maioria do número legal dos seus membros com direito a
voto.

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2. Não comparecendo a maioria referida no número anterior, é convocada, pelo


Presidente da mesa ou quem fizer as vezes dele, uma nova reunião para as
quarenta e oito horas seguintes, nela podendo a Assembleia Regional funcionar
e deliberar desde que esteja presente pelo menos um terço dos membros com
direito a voto.
3. Pode ainda a Assembleia Regional deliberar validamente se iniciada a reunião
com quórum, este deixar de existir no decurso da mesma por abandono de uma
parte dos seus membros presentes no início.
4. Para efeitos de quórum não se contam os membros da Assembleia Regional
impedidos nos termos da lei.

Artigo 18.º
Deliberação

1. A Assembleia Regional delibera por maioria relativa de votos dos membros


presentes com direito a voto.
2. O Presidente da mesa da Assembleia Regional tem voto de qualidade em caso de
empate, salvo se a votação tiver sido por escrutínio secreto.

Artigo 19.º
Orçamento

A Assembleia Regional dispõe de orçamento específico, incluído no


orçamento regional, cujas verbas são disponibilizadas pela Comissão Executiva
Regional e geridas pelo Presidente da mesa, que delas presta contas diretamente
perante o Tribunal de Contas, como ordenador das respetivas despesas.

Artigo 20.º
Instalações

A Assembleia Regional dispõe de espaços físicos próprios para as suas


reuniões e para a mesa, financiados pelo orçamento regional.

Artigo 21.º
Remuneração

Os membros da mesa da Assembleia Regional e os membros da Assembleia


Regional da região têm direito a senha de presença estabelecida por deliberação da
Assembleia Regional.

SECÇÃO III
DA COMISSÃO EXECUTIVA REGIONAL

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Artigo 22.º
Natureza e composição

1. A Comissão Executiva Regional é o órgão executivo da região.


2. A Comissão Executiva Regional é composta por um Presidente e dois ou quatro
Secretários Regionais, conforme o número de eleitores da respetiva região.
3. Os membros da Comissão Executiva Regional são designados nos termos
seguintes:
a) O Presidente é o primeiro eleito da lista mais votada para a Assembleia
Regional;
b) Os secretários regionais são propostos pelo Presidente da Comissão
Executiva Regional à Assembleia Regional, que os ratifica.
4. Os membros da Assembleia Regional que façam parte da Comissão Executiva
Regional suspendem o mandato na Assembleia Regional, sendo nela substituídos
pelos membros não eleitos ou pelos suplentes da mesma lista eleitoral, por
ordem de designação.
5. Em caso de morte, renúncia, suspensão ou perda de mandato de algum dos
membros da Comissão Executiva Regional será ele substituído nos seguintes
termos:
a) Tratando-se do Presidente Comissão Executiva Regional, pelo membro da
Assembleia Regional eleito em reunião extraordinária especificamente
convocada para o efeito, por maioria absoluta dos membros da Assembleia
Regional em efetividade de funções, para completar o mandato;
b) Tratando-se de secretário regional, pela ratificação de um novo secretário
regional nos termos do nº 3, b) e no prazo máximo de vinte dias a contar do
facto determinante da nova ratificação, para completar o mandato.
6. Os membros Comissão Executiva Regional exercem as respetivas funções em
regime de exclusividade, sendo as mesmas incompatíveis com o exercício de
qualquer outro cargo político nacional ou local, com o exercício de cargo
partidário e com o exercício profissional simultâneo de quaisquer outras funções
públicas ou privadas, salvo por inerência das funções desempenhadas na
Comissão Executiva Regional.

Artigo 23.º
Instalação

A Comissão Executiva Regional é instalada pelo Presidente da Assembleia


Regional no prazo de dez dias a contar da eleição referida no nº 3 b) do artigo
anterior.

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Artigo 24.º
Responsabilidade

1. A Comissão Executiva Regional é responsável perante a Assembleia Regional que


a pode orientar e fiscalizar em todos os aspetos da sua atividade.
2. A Assembleia Regional pode votar moções de censura à Comissão Executiva
Regional por iniciativa de um quarto dos membros da Assembleia Regional em
efetividade de funções.
3. A aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos membros da
Assembleia Regional em efetividade de funções implica a demissão da Comissão
Executiva Regional, cujos membros serão substituídos nos termos do artigo 22º
6, no prazo máximo de vinte dias, de nova eleição.
4. Se a moção de censura não for aprovada, os signatários da correspondente
iniciativa não podem apresentar outra no decurso do mesmo mandato.

Artigo 25.º
Competência

1. A Comissão Executiva Regional detém todos os poderes necessários para


administrar e representar a região em conformidade com as leis e regulamentos
aplicáveis e com os instrumentos e orientações estabelecidos pela Assembleia
Regional.
2. A Comissão Executiva Regional pode praticar todos os atos e cumprir tudo o que
necessário ou conveniente for à prossecução das atribuições regionais e a uma
administração sã e prudente da região e não seja cometido por lei à Assembleia
Regional.
3. Incumbe em especial à Comissão Executiva Regional:
a) Elaborar e aprovar o seu regimento;
b) Preparar e submeter à aprovação da Assembleia Regional os regulamentos
regionais, os instrumentos de gestão previsional e os documentos de
prestação de contas;
c) Dirigir os serviços regionais e superintender nos serviços autónomos da
região;
d) Elaborar e apresentar à Assembleia Regional o programa anual de atividades,
o estado da região, o relatório de atividades;
e) Elaborar e apresentar à Assembleia Regional o orçamento da região e as suas
revisões e proceder à sua execução;
f) Tomar posição perante a Administração Central e os municípios abrangidos
na região sobre assuntos do interesse desta;
g) Preparar e submeter à aprovação da Assembleia Regional os planos regionais
de desenvolvimento e os instrumentos de ordenamento territorial de âmbito
regional;
h) Submeter à aprovação da Assembleia Regional a aquisição, oneração e a
alienação de imóveis, a outorga de exclusivos e a concessão de bens, serviços

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e obras por prazo superior a três anos e a contração de empréstimos, nos


termos da lei;
i) Lançar, liquidar, cobrar e administrar os impostos e outras receitas regionais,
podendo convencionar com o Estado ou com os municípios que abarque o
seu lançamento, liquidação e cobrança;
j) Instaurar, instruir e decidir processos de contraordenação em matérias da
competência da região;
k) Elaborar e submeter à aprovação da Assembleia Regional o regulamento
orgânico e o quadro de pessoal;
l) Executar as deliberações da Assembleia Regional;
m) Assegurar as relações da região com o Governo e com os municípios por ela
abrangidos;
n) Submeter à tutela os atos que, por lei, devam ser a ela submetidos;
o) Mandatar advogado que patrocine a região em juízo, prescindindo da
representação pelo Ministério Público;
p) O que mais lhe for cometido por lei ou por deliberação da Assembleia
Regional.

Artigo 26.º
Pelouros

A Comissão Executiva Regional organiza-se em pelouros a distribuir entre


todos os seus membros, sob proposta do Presidente.

CAPÍTULO IV
DAS FINANÇAS REGIONAIS

Artigo 27.º
Autonomia financeira

1. As regiões têm património e finanças próprias, cuja gestão compete aos


respetivos órgãos, nos termos da lei.
2. No exercício da sua autonomia financeira incumbe à região:
a) Elaborar, aprovar e alterar os respetivos planos de atividades e orçamentos;
b) Elaborar e aprovar os respetivos balanços e contas a serem submetidos a
julgamento do Tribunal de Contas;
c) Dispor de receitas próprias, arrecadá-las e às demais destinadas à autarquia,
ordenar e processar as despesas que lhe incumbam, nos termos da lei;
d) Gerir o património da autarquia.

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Artigo 28.º
Plano de atividades

1. O plano de atividades da região é anual e deve ser estruturado em objetivos,


programas, projetos e, eventualmente, ações, discriminando-se, em relação a
cada objetivo e programa e com o grau de pormenor adequado, os projetos que
impliquem despesas a realizar por investimentos, transferências de capital ou
ativos financeiros.
2. Para cada projeto devem ser indicados, entre outros elementos:
a) Os encargos previstos para o respetivo ano, caso tenham expressão
orçamental direta;
b) A rubrica ou rubricas orçamentais por onde devem ser pagos os
correspondentes encargos;
c) As fontes de financiamento, indicando expressamente a parte assegurada e
inscrita no orçamento e, se for o caso, as fontes de financiamento previstas
ainda não garantidas;
d) As datas previstas para o início e conclusão
3. Os projetos podem ser especificados em ações sempre que estas sejam
autónomas e diferidas no tempo.

Artigo 29.º
Orçamento

1. O orçamento da região obedece aos princípios do equilíbrio, da anualidade,


unidade, universalidade, especificação, não consignação e não compensação.
2. O princípio da não consignação não se aplica:
a) Quando o orçamento da região atribuir aos municípios que dela façam parte
receitas destinadas ao exercício de funções que, com o seu acordo, lhes sejam
confiadas pela região ou à realização de projetos de interesse regional;
b) Quando as receitas provenham de financiamento da cooperação
internacional descentralizada com regiões de outros Estados.
3. Quando o Orçamento do Estado destinar às regiões verbas para novas funções,
ficam essas obrigadas a inscrever nos seus orçamentos as dotações de despesas
de montantes correspondentes.

Artigo 30.º
Relatório de atividades e conta de gerência

1. O relatório de atividades explicita a execução do programa de atividades do ano


anterior e inclui, ainda, uma análise da situação financeira da região, referindo,
nomeadamente:
a) Os desvios entre as receitas e despesas previstas e as realizadas;
b) A evolução do endividamento da região;

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c) A relação entre as receitas e despesas correntes e as receitas e despesas de


capital.
2. Os resultados da execução orçamental constam da conta de gerência, elaborada
nos termos da lei e enviada pela Comissão Executiva Regional, depois de
aprovada pela Assembleia Regional, a julgamento do Tribunal de Contas até ao
final do mês de Maio do ano seguinte àquele a que respeita.

Artigo 31.º
Receitas

Constituem receitas próprias da região, nos termos fixados na lei das finanças
regionais:
a) O produto das derramas regionais;
b) Uma participação no produto das receitas fiscais do Estado;
c) Uma participação no produto da renda da concessão dos aeroportos do
Estado, no produto da venda de terrenos situados em Zonas Turísticas
Especiais e no produto da taxa estabelecida pelo uso do solo, subsolo e
do espaço aéreo por concessionários do Estado, a sair da parcela ora
reservada a este;
d) A comparticipação em receitas consignadas, designadamente as
resultantes da taxa ecológica, da contribuição turística e da taxa
rodoviária, cobradas no território regional;
e) As comparticipações atribuídas no âmbito de contratos-programa;
f) O produto da cobrança de taxas e tarifas pela região;
g) O produto da venda de serviços pela região a entidades públicas ou
privadas;
h) O rendimento de serviços da região, por ela administrados ou dados em
concessão;
i) O rendimento de património próprio;
j) O produto da alienação de bens próprios;
k) O produto de multas ou coimas aplicadas pelos órgãos regionais ou que
devam reverter para a região;
l) O produto de empréstimos que a região contraia;
m) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades a favor
da região;
n) Outras receitas estabelecidas a favor da região.

Artigo 32.º
Taxas da região

A região pode cobrar taxas, a fixar pela Assembleia Regional, sob proposta da
Comissão Executiva Regional, dentro dos limites da lei, pela:
a) Utilização de sistemas e equipamentos da região;

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b) Utilização de domínio público da região e aproveitamento de bens de


utilização coletiva de âmbito regional;
c) Ocupação ou aproveitamento de instalações regionais de uso coletivo;
d) Prestação de serviços ao público pelos serviços regionais;
e) Concessão de licenças da competência dos órgãos regionais;
f) Ocorrência de outras situações ou atos relativamente aos quais a lei
permita ou imponha a cobrança de taxas.

Artigo 33.º
Domínio regional

1. Pertencem ao domínio público regional:


a) As praias existentes no território da região, fora das zonas urbanas ou de
expansão urbana;
b) Os terrenos situados numa zona considerada continuamente e no contorno
da orla marítima da região, designadamente de quaisquer baías, estuários e
esteiros, até oitenta metros medidos no plano horizontal, a partir da linha das
máximas praia-mares;
c) As estradas ou seus troços a ligar as sedes dos municípios que fazem parte
da região, quando estejam classificadas como estradas nacionais;
d) Os terrenos situados em duas faixas iguais e paralelas adjacentes às estradas
regionais até ao limite de vinte e cinco metros de cada lado;
e) Os montes e os seus terrenos circundantes até ao imite de cinquenta metros
em torno do respetivo diâmetro, quando declarados por lei;
f) Outros bens objeto de transferência dominial para a região, nos termos da
lei.
2. Pertencem ao domínio privado da região:
Os bens atribuídos por lei ou por ato válido à região ou por ela adquiridos
por qualquer título legítimo e que não estejam integrados no domínio
público, nem afetos ou destinados a fins de utilidade púbica.

Artigo 34.º
Lei das finanças regionais

As finanças regionais regem-se por regime jurídico estabelecido em lei


própria.

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CAPÍTULO V
DOS REGULAMENTOS E ATOS REGIONAIS

Artigo 35.º
Autonomia regulamentar

1. A região goza de poder regulamentar próprio, competindo aos seus órgãos, nos
limites da lei, editar normas gerais sobre matéria das suas atribuições,
obrigatórias apenas na respetiva área territorial.
2. Os regulamentos regionais podem ser independentes ou complementares.
3. São Regulamentos Regionais Independentes, abreviadamente RRI, os dimanados
dos órgãos regionais competentes por sua iniciativa para regular a realização das
atribuições regionais, sem dependência direta de qualquer diploma legislativo
especifico.
4. São Regulamentos Regionais Complementares, abreviadamente RRC, os
dimanados dos órgãos regionais competentes para executar normas de um
diploma legislativo específico ou de um determinado regulamento do Governo,
completando, densificando ou complementando as normas destes.

Artigo 36.º
Publicidade

1. Os regulamentos e outras deliberações de eficácia externa e caráter geral dos


órgãos regionais são:
a) Publicados gratuitamente no Boletim Oficial, sob pena de ineficácia;
b) Publicitados nos sítios da região e dos municípios que dela fazem parte, na
internet;
c) Afixadas, em resumo, nos lugares de estilo dos referidos municípios;
d) Levados ao conhecimento do público, em resumo, pela comunicação social e
por outras vias julgadas adequadas.
2. As deliberações dos órgãos regionais que tenham destinatário certo e
determinado são-lhe notificadas pessoalmente ou por editais, nos termos da lei,
sob pena de ineficácia.

Artigo 37.º
Início de vigência

1. Os regulamentos e as deliberações dos órgãos regionais de eficácia externa e


caráter geral começam a vigorar na data neles designada, nunca inferior a quinze
dias contados da sua publicação no Boletim Oficial.
2. Excecionalmente, por motivo de urgente necessidade e interesse público
devidamente fundamentada, podem os órgãos regionais competentes
determinar a vigência e eficácia imediata dos seus regulamentos e deliberações
a partir da data da publicação.

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Artigo 38.º
Significado do silêncio

1. Os órgãos executivos e os serviços regionais são obrigados a tomar decisão final


sobre os requerimentos e pretensões a eles apresentados por escrito por
qualquer pessoa singular ou coletiva em matéria das respetivas competências,
no prazo de trinta dias contados da data da entrada do requerimento ou
pretensão, salvo se outro prazo especial for estabelecido por lei.
2. A falta de decisão final no prazo estabelecido no número anterior, quando não se
traduza, nos termos da lei, em deferimento tácito, confere ao interessado a
faculdade de presumir indeferido o seu requerimento ou pretensão, para o efeito
de impugnação judicial do indeferimento.
3. O disposto no número anterior não determina o início da contagem do prazo
legal de impugnação judicial, não dispensa o órgão ou serviço regional do
cumprimento do dever de decisão sobre os assuntos da sua competência que lhe
sejam apresentados e não prejudica a possibilidade de ulterior deferimento
expresso do requerimento ou pretensão.

Artigo 39.º
Alvará

Salvo se a lei exigir forma especial, o título que integre deliberação ou decisão
dos órgãos regionais conferindo direitos aos particulares investindo-os em
situações ativas perante a administração regional é um alvará assinado pelo
Presidente da Comissão Executiva Regional.

Artigo 40.º
Direito subsidiário

Em tudo o que não esteja regulado no presente capítulo ou na presente lei


aplica-se aos regulamentos e atos dos órgãos regionais o regime geral dos
regulamentos e atos administrativos.

CAPITULO VI
DOS SERVIÇOS REGIONAIS

Artigo 41.º
Autonomia organizativa

A região goza de autonomia organizativa, podendo, por regulamento


orgânico, criar, organizar e fiscalizar serviços destinados a assegurar a realização
das suas atribuições.

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Artigo 42.º
Organização de serviços

A organização dos serviços de cada região obedece às exigências do


desenvolvimento regional e de articulação com as administrações municipais no
respetivo território e com a administração do Estado na região e sujeita-se aos
princípios gerais da organização dos serviços da administração direta do Estado,
com as necessárias adaptações.

Artigo 43.º
Pessoal

Cada região dispõe de pessoal próprio regido pelo regime geral da função
pública.

Artigo 44.º
Gabinete da Comissão Executiva Regional

O Presidente da Comissão Executiva Regional constitui um gabinete de apoio


aos membros da Comissão Executiva Regional, com um máximo de sete elementos,
providos por ele, livremente, em comissão de serviço, cessando automaticamente as
suas funções com a cessação do mandato do Presidente e regendo-se pelo estatuto
de pessoal de quadro especial.

CAPÍTULO VII
DAS RELAÇÕES ENTRE O ESTADO E A REGIÃO

Artigo 45.º
Tutela

1. A região está sujeita a tutela administrativa do Governo.


2. A tutela administrativa sobre a região é de mera legalidade, nos termos e casos
previstos na presente lei.
3. A tutela administrativa do Governo sobre a região é exercida pelo Primeiro-
Ministro ou por ministro a quem delegue.

Artigo 46.º
Âmbito da tutela

1. No âmbito da tutela, o Governo, com vista à verificação do cumprimento da lei ou


à reposição da legalidade:
a) Fiscaliza a gestão administrativa, patrimonial e financeira da região,
podendo ordenar inspeções, inquéritos, sindicâncias e averiguações aos
órgãos e serviços regionais, bem como solicitar e obter informações,

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documentos e esclarecimentos que permitam o acompanhamento eficaz da


gestão regional;
b) Aprova em última instância deliberações tomadas pelos órgãos regionais nos
casos expressamente previstos em lei;
c) Impugna judicialmente atos ilegais dos órgãos regionais, nos termos da lei;
2. A região pode impugnar judicialmente qualquer ilegalidade cometida pela
Administração do Estado no exercício dos poderes de tutela.

Artigo 47.º
Dever de informar

1. A região é obrigada a oficiosamente informar o Governo, remetendo-lhe, nos


termos e prazos regulamentados cópia certificada, designadamente, dos
instrumentos de gestão previsional, dos documentos de prestação de contas, das
atas das reuniões dos órgãos regionais e dos acordos de geminação e de
cooperação descentralizada estabelecidos.
2. A região é obrigada, também, a remeter ou prestar no prazo estabelecido todas
as informações, documentos e esclarecimentos solicitados pela entidade tutelar
em ordem ao acompanhamento eficaz da gestão regional.
3. Ao dever de informar da região aplica-se, subsidiariamente, o regime
estabelecido para o município, com as necessárias adaptações.

Artigo 48.º
Aprovação tutelar

1. Carecem de aprovação tutelar para serem eficazes:


a) Os atos dos órgãos regionais que lancem impostos, adicionais e taxas;
b) Outros atos dos órgãos regionais que a lei expressamente sujeite a tal
aprovação.
2. Nos casos sujeitos a aprovação tutelar, uma certidão ou cópia certificada do ato
sujeito à tutela é remetida à entidade tutelar pelo Presidente da Comissão
Executiva Regional, no prazo de dez dias a contar da tomada da deliberação.
3. A aprovação tutelar só pode ser recusada com fundamento em ilegalidade do ato
tutelado ou na sua desconformidade com planos ou programas a que a região
esteja vinculada por lei.
4. A aprovação tutelar pode ser parcial, quando se refira a uma parte autónoma do
ato.
5. A aprovação tutelar pode ser concedida sob condição suspensiva ou resolutiva
tendente a garantir a conformidade do ato tutelado com a legalidade e o
planeamento nacional ou regional.
6. A aprovação tutelar considera-se tacitamente concedida se, no prazo de trinta
dias a contar da receção da certidão ou cópia certificada do ato não for
comunicada à região por escrito a sua denegação expressa, total ou parcial, pelo
órgão tutelar.

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7. Da aprovação tutelar ou da sua recusa cabem reclamação graciosa e impugnação


judicial, com fundamento em ilegalidade, nos termos gerais, por parte de:
a) Cidadãos com interesse direto, pessoal e legítimo na reclamação ou
impugnação;
b) O órgão tutelado, nos casos de recusa de aprovação ou de aprovação parcial
ou sob condição.

Artigo 49.º
Dissolução

1. Os órgãos regionais só podem ser dissolvidos por razões de interesse público


quando:
a) Tenham cometido, por ação ou omissão, graves ilegalidades na gestão
regional, verificadas através de inspeção, inquérito ou sindicância;
b) A Administração Regional obste à realização de inspeções, inquéritos ou
sindicâncias às suas atividades ou se recuse a cumprir as decisões definitivas
dos tribunais;
c) Não apresentem a julgamento, nos prazos legais, as respetivas contas, por
facto que lhes seja imputável.
2. Salvo causa justificativa, constituem ilegalidade grave para efeitos da alínea a)
do nº 1, nomeadamente:
a) O incumprimento reiterado das recomendações da inspeção administrativa
ou financeira;
b) A reiterada não realização das reuniões dos órgãos nos prazos legais;
c) A reiterada não apresentação à aprovação pelo órgão competente, nos
prazos legais, dos projetos de instrumentos de gestão previsional e dos
documentos de prestação de contas.
3. A dissolução dos órgãos regionais compete ao Governo, por Resolução do
Conselho de Ministros da qual deve constar, sob pena de inexistência jurídica da
dissolução:
a) Os fundamentos da dissolução;
b) A designação da comissão administrativa, composta de três a cinco membros,
que substituirá os órgãos dissolvidos até à posse dos novos titulares eleitos;
c) A data para a realização das novas eleições, nos cento e vinte dias seguintes
e pela lei eleitoral vigente ao tempo da dissolução;
d) A menção de que o mandato dos novos eleitos se destina a completar o
mandato dos órgãos dissolvidos.
4. Os membros dos órgãos regionais dissolvidos não podem fazer parte da
comissão administrativa prevista no número anterior, nem ser candidatos a
qualquer órgão regional ou municipal nos atos eleitorais destinados a completar
o mandato interrompido nem nos subsequentes que venham a ter lugar no
período de tempo correspondente a novo mandato completo.

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5. Excetuam-se do disposto no número anterior os membros dos órgãos


dissolvidos que tenham votado contra as ilegalidades que causaram a dissolução.
6. A dissolução é impugnável judicialmente por qualquer dos titulares dos órgãos
dissolvidos, nos termos gerais.
7. A impugnação judicial da dissolução tem caráter urgente, reduzindo-se para
quinze dias o prazo da impugnação e para metade todos os respetivos prazos
processuais superiores a cinco dias.

Artigo 50.º
Delegação de poderes

Pode o Governo, pelo Primeiro-Ministro, delegar poderes de coordenação da


administração desconcentrada do Estado no Presidente da Comissão Executiva
Regional, com o consentimento desta.

Artigo 51.º
Tutela administrativa

À tutela do Governo sobre a região aplica-se, subsidiariamente, o regime de


tutela administrativa sobre o município, com as necessárias adaptações.

CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES DIVERSAS, FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 52.º
Regime eleitoral

1. A eleição dos titulares dos órgãos regionais por sufrágio direto é regulada, com
as devidas adaptações, pela lei eleitoral dos municípios, salvo no que vier a ser
regulado em lei própria.
2. Nos doze meses anteriores à data das eleições regionais gerais não podem ser
realizadas eleições intercalares, salvo ocorrência de dissolução.

Artigo 53.º
Primeiras eleições regionais gerais

As primeiras eleições regionais gerais realizam-se na mesma data das


primeiras eleições municipais gerais posteriores à entrada em vigor da presente lei.

Artigo 54.º
Programação da regionalização

1. A instalação das regiões é programada e faseada por Resolução do Conselho de


Ministros.

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2. A adaptação e instalação podem fazer-se diferenciadamente por cada região, em


função da respetiva situação quanto ao estado da sua organização e recursos e à
complexidade das operações e ações a desenvolver para o efeito.

Artigo 55.º
Instalação

1. A instalação das regiões estabelecidas na presente lei incumbe ao Governo,


através do membro que exerça a tutela das autarquias locais.
2. Para a instalação das regiões que abrangem mais do que um município o
Governo, previamente às primeiras eleições regionais gerais:
a) Delega temporária e transitoriamente nas associações desses municípios, de
forma programada e progressiva, atribuições e competências regionais até à
presente lei conferidas ao Estado, com vista à sua definitiva transferência
para a esfera dos órgãos regionais;
b) Delega temporária e transitoriamente nas associações desses municípios, de
forma programada e progressiva, a direção dos serviços desconcentrados do
Estado nelas instalados, que devam passar a ser serviços regionais sob a
direção dos órgãos regionais, no âmbito da presente lei;
c) Cria, de forma programada e faseada, condições em termos de alocação de
instalações e de recursos humanos, materiais e financeiros de suporte ao
funcionamento regular dos órgãos regionais eleitos e à gestão corrente da
região no primeiro ano de mandato.

Artigo 56.º
Alocação de recursos humanos em instalação

1. A alocação de recursos humanos prevista no artigo 58º é feita em regime de


comissão especial de serviço por prazo não superior a um ano, passível de ser
dada por finda a todo o tempo pelos competentes órgãos regionais eleitos ou de
contrato de trabalho a termo por um ano prorrogável por iguais períodos e
insuscetível de conversão em contrato por tempo indeterminado.
2. Os órgãos regionais saídos das primeiras eleições regionais podem, durante o
período de dois anos contados da data da sua instalação, prover os cargos
públicos dos respetivos quadros de pessoal por nomeação em regime de
substituição ou por contrato de trabalho em funções públicas, por um ano
renovável uma única vez.

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Artigo 57.º
Transferência e delegação de atribuições e competências em instalação

A transferência e a delegação de atribuições e competência previstas no


artigo 58º regem-se pelo disposto na secção II do capítulo III da Lei nº 69/VII/2010,
de 16 de Agosto que estabelece o quadro da descentralização administrativa.

Artigo 58.º
Dos serviços desconcentrados do Estado nas regiões

1. Os serviços desconcentrados da Administração direta Estado nas áreas incluídas


nas atribuições das regiões, são transferidas para a região em cujo território
estão localizados, com todas as atribuições e competências e com todos os
recursos humanos, materiais e financeiros correspondentes, passando a
constituir serviços regionais sob a direção dos órgãos próprios da respetiva
região.
2. A transferência dos serviços desconcentrados referidos no nº 1 é faseada e
concretizada através de Convenções de Transferência de Atribuições (CTA), nos
termos da lei.
3. A CTA com a região é negociada com os órgãos próprios das associações dos
municípios que dela fazem parte, aprovada pelo Conselho de Ministros sob
proposta do membro do governo que exerça a tutela, e celebrada entre o
Primeiro-Ministro, o presidente do órgão diretivo da associação e os presidentes
da maioria das câmaras municipais ou, havendo duas, o presidente de uma delas.
4. À transferência de serviços desconcentrados é subsidiariamente aplicável, com
as necessárias adaptações o disposto na secção II do capítulo III da Lei nº
69/VII/2010, de 16 de agosto que estabelece o quadro da descentralização
administrativa.

Artigo 59.º
Monitorização da regionalização

1. A regionalização é monitorizada pela unidade de seguimento de políticas


autárquicas, uma equipa de trabalho a funcionar junto do Primeiro-Ministro
mediante Resolução do Conselho de Ministros que define a sua composição,
missão, principais ações e os relatórios periódicos que deve apresentar.
2. A equipa de trabalho deve ser abrangente, plural, aberta à sociedade e
constituída por pessoas de reconhecida credibilidade e competência na matéria.
3. O Primeiro-Ministro apresenta à Assembleia Nacional, anualmente, um relatório
sobre o estado da regionalização, para debate e orientação.

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Artigo 60.º
Programa de descentralização

1. O Governo, ouvidas a Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos e a


sociedade civil e apresentados à Assembleia Nacional para debate e orientação,
aprova no prazo de cento e oitenta dias e executa:
a) Um programa de capacitação de quadros das autarquias locais;
b) Um plano de gestão da descentralização autárquica.
2. Anualmente, o Primeiro-Ministro apresenta à Assembleia Nacional, para debate
e orientação, um relatório de execução do programa e plano referidos no número
anterior.

Artigo 61.º
Direito subsidiário

Em tudo o que não esteja regulado na presente lei aplica-se às regiões, salvo
disposição expressa em contrário, o disposto no Estatuto dos Municípios, com as
necessárias adaptações.

Artigo 62.º
Desenvolvimento e regulamentação

1. O Governo desenvolve as bases da presente lei e aprova os regulamentos


necessários à sua aplicação eficaz e eficiente.
2. No âmbito do disposto no nº 1, designadamente, o Governo aprova, no prazo de
cento e oitenta dias a contar da publicação da presente lei e para entrar em vigor
conjuntamente com ela, o regime das finanças regionais, o estatuto
remuneratório dos titulares do órgão executivo da região e a repartição de
atribuições e competências administrativas entre o Estado e as autarquias locais.

Artigo 63.º
Prevalência e derrogação

A presente lei prevalece sobre todas as demais normas legais e


regulamentares que a contrariem, as quais devem considerar-se derrogadas
tacitamente.

Artigo 64.º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no prazo de cento e oitenta dias a contar da data
da sua publicação.

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