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Introdução
Tendo em vista que a maioria das modalidades esportivas são praticadas de forma unilateral e, ainda, sendo o
corpo humano assimétrico, com o tempo de prática essas assimetrias tendem a acentuar-se. Por outro lado, existem
modalidades esportivas que têm características de prática bilateral, a exemplo judô, natação, handebol, entre outras.
Especificamente no judô, a prática que deveria ser simétrica, isto é, bilateral, não é efetivamente praticada por
judocas, como mostrou o estudo de Santos (1993), caracterizando a mesma com atividades específicas de trabalho
unilateral.
A prática sistemática do judô por um tempo prolongado utilizando apenas no lado dominante pode acarretar
desequilíbrios musculares, que por conseqüência afetam negativamente o desenvolvimento postural dos seus
praticantes, visto que alguns estudos já comprovaram tal acometimento (SANTOS, 1993; PIEMONTEZ et al., 2005).
Nesse sentido, tendo em vista a importância do levantamento do tipo de prática (unilateral ou bilateral) efetuada
por judocas para prevenção de desvios posturais é que se realizou este estudo com o objetivo geral de analisar as
assimetrias de circunferências musculares e assimetrias do percentual de gordura em praticantes do judô. Mais
especificamente, objetivou-se identificar o número de assimetrias musculares nas circunferências nos segmentos
braço, coxa e semi-perímetro torácico e a diferença do percentual de gordura obtido entre o lado dominante e não-
dominante apresentadas pelos judocas; comparar as circunferências musculares e o percentual de gordura de
diversos segmentos corporais entre os lados dominante e não-dominante.
Na busca da verdade para o estudo delimitaram-se as seguintes hipóteses: H1 - os judocas apresentam os
segmentos do lado dominante mais hipertrofiado que o lado não-dominante; H2 - o lado dominante dos judocas
apresenta menor percentual de gordura que o lado não-dominante.
http://www.efdeportes.com/efd105/percentual-de-gordura-de-judocas.htm 20/02/2012
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Materiais e métodos
Participaram deste estudo descritivo do tipo diagnóstico, 27 judocas do sexo masculino, escolhidos
intencionalmente, pois deveriam ter no mínimo dois anos de prática, participantes de três centros de treinamento de
judô da cidade de Florianópolis.
Os instrumentos de medida utilizados foram uma fita métrica com precisão de 1mm e um adipômetro da marca
CESCORF. Foram mensuradas as circunferências musculares de braço, coxa e semi-perímetro torácico e as dobras
cutâneas de tríceps, subescapular, supraíliaca e panturrilha medial nos lados dominante e não-dominante.
A coleta de dados foi realizada nos locais de prática, agendado antecipadamente, após a assinatura do
consentimento orientado, exigido pelo Comitê de Ética da UFSC. Estando os sujeitos com calção de banho, as
medidas foram realizadas com demarcação dos pontos anatômicos de referência em ambos os lados com caneta
demográfica.
Para o cálculo da densidade corporal foi utilizada a equação de Petroski e o percentual de gordura foi calculado a
partir da equação de Siri. Para análise estatística dos dados utilizaram-se técnicas de estatística descritiva em termos
de média, desvio-padrão, mínimo, máximo e estatística não-paramétrica com utilização do teste "t" de Student para
dados pareados, com probabilidade de 0,05.
Resultados e discussão
Dos 27 judocas participantes do estudo, no quadro abaixo estão contidos as características gerais dos mesmos, no
que concerne idade, tempo de prática e graduação.
De acordo com o quadro acima, pode-se observar que grande parte dos judocas analisados possui assimetrias nas
circunferências musculares, sendo que 21 possuem assimetria de circunferência de braço, 23 de circunferência de
coxa e 23 de circunferência de semi-perímetro torácico. No total, os 27 judocas analisados possuem 67 assimetrias
musculares nos segmentos corporais.
Mesmo sendo o Judô um esporte que deveria ser praticado bilateralmente, assim como todos deveriam, estudos
reforçam os dados aqui obtidos, a exemplo de Melo et al. (1992), ao estudarem judocas paranaenses, encontraram
diferenças significativas entre a perimetria dos membros superiores, membros inferiores e hemi-tronco entre os lados
dominante e não-dominante.
Em outras modalidades, Araújo et al. (2004) também encontraram diferenças entra as circunferências de braços e
antebraços direito e esquerdo de atletas da Seleção Brasileira de Tênis de Mesa. Da mesma forma, Silva e Milani
(2004), analisando a força de prensão manual nos lados dominante e não-dominante em jogadores de voleibol,
encontraram diferenças em ambos os lados, concluindo que estas podem interferir no rendimento final do atleta
durante uma partida.
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Com relação ao percentual de gordura obtido das medidas do lado dominante e não-dominante, os resultados
obtidos estão apresentados no Quadro 3.
Observando o Quadro 3, verifica-se que o lado dominante apresenta percentual de gordura menor que o lado
não-dominante, o que ratifica que o treinamento de forma geral está sendo mais exigido do lado dominante do
atleta.
Os dados obtidos tanto em termos de circunferência quanto em percentual de gordura afirmam que a prática do
Judô, para esse grupo, não está sendo exigida de forma bilateral. Esse fato pode ser justificado por diferentes
variáveis que não foram controladas neste estudo, porém certamente a mais apropriada é o estigma que judocas
têm sobre a prática bilateral, ou seja, consideram perda de tempo treinar o lado não-dominante (SANTOS et al.,
1990).
O segundo objetivo específico foi de comparar as circunferências musculares e o percentual de gordura dos
segmentos corporais entre o lado dominante e não-dominante. Para tal utilizou-se o teste "t" de Student com nível
de significância de 0,05, cujos resultados estão demonstrados na Tabela 1.
No que se refere à comparação das circunferências musculares dos segmentos corporais de braço, coxa e semi-
perímetro torácico entre os lados dominantes e não-dominantes, mediante a aplicação do teste "t" de Student para
amostra dependente, rejeita-se a hipótese nula, encontrando-se diferença significativa para todas as variáveis, ou
seja, os judocas apresentam os segmentos do lado dominante mais hipertrofiado que o lado não-dominante. Da
mesma forma, no percentual de gordura rejeita-se a hipótese nula, ou seja, o lado dominante dos judocas
apresentou menor percentual de gordura que o lado não-dominante.
Tais achados comprovam a hipótese de que os judocas trabalham sistematicamente de forma unilateral. Esse tipo
de prática pode resultar lesões específicas em curto prazo, lesões do tipo repetitiva com desgastes
osteomioarticulares em médio prazo e problemas posturais ratificados em longo prazo. Santos (1993) detectou em
seu estudo realizado com judocas com média de idade de 24,8±7,9 anos e tempo de prática de 14,1±6,5 anos,
desvios posturais principalmente em termos de escoliose, resultante dos anos consecutivos de prática unilateral.
Outro estudo realizado com judocas encontrou maior crescimento ósseo-muscular no lado dominante (PIEMONTEZ et
al., 2005).
A prática específica e suas seqüelas, também já foi apresentada em um trabalho realizado por Silva (1989) o qual
detectou encurtamento de antebraço no lado dominante em função da exigência unilateral da técnica de preferência
- Morote-Seoi-Nague.
Em outras modalidades, encontraram-se resultados semelhantes no que se refere aos desvios posturais
decorrente da prática sistemática unilateral. A exemplo, Neto Jr. et al. (2004) encontraram alterações posturais em
atletas que participavam de provas de potência muscular, decorrentes de desequilíbrios musculares; e Dezan et al.
(2004) verificaram alta ocorrência de dores lombares, provavelmente relacionadas à exigência da modalidade e
desequilibro muscular, em atletas de luta olímpica.
Conclusões
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Com base nos resultados obtidos e respeitando os pressupostos teóricos pesquisados, conclui-se que:
Os resultados permitem alertar ao grupo de judocas para a efetivação de uma prática bilateral com o intuito de
prevenção de futuros desvios posturais.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, D.J.; AMARAL, C.A.; FREITAS, W.Z; et al. Perimetria dos braços e antebraços de praticantes de tênis
de mesa. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 27, 2004, São Paulo. Anais... São
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DEZAN, V.H., SARRAF, T.A., RODACKI, A.L.F. Alterações posturais, desequilíbrios musculares e lombalgias em
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MELO, S.I.L.; SANTOS, S.G.; PIRES-NETO, C.S. Comparação do percentual de gordura e de circunferências
entre os lados dominante e não-dominante em judocas. In: Jornada de Pesquisa da UFSM, 2, 1992. Santa
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NETO Jr., J; PASTRE, C.M.; MONTEIRO, H.L. Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que
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PIEMONTEZ, G.R.; MARTINS, A.C.V.; COAN, M.V. Análise da postura em atletas de judô. In: Suplemento da
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SANTOS, S. G. dos et al. Estudo sobre a aplicação dos princípios judoísticos na aprendizagem do judô. Revista
da Educação Física/UEM, n. 1. p. 11-14, 1990.
SILVA, O.G.; MILANI, N.S. Força de prensão manual nos lados dominante e não-dominante em jogadores de
voleibol. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 27, 2004, São Paulo. Anais... São Paulo:
CELAFISCS, 2004, p. 189.
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