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MANAUS
2009
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
MANAUS
2009
Para compreensão acerca de uma totalidade em Padre Antônio Vieira, tanto no
qual visão estética melhor se insere no contexto vieirense e, em seguida, como esse
caso, tido como uma linguagem dificultosa e sem problematização da realidade –, mas
conceptista, como garante Moisés (2003), “barroco, conceptista e não gongórico (...)
parte de um fato real ou de flagrante presença (...), para, de pronto, galvanizar o ouvinte
(...)”. Constata-se também essa afirmação, como muito bem ressaltado ainda por Moisés
não leias. Quando este estilo mais florescia, nasceram as primeiras verduras
sua expressão até sua atitude, que utiliza de maneira singular a estética barroca: não pela
representação de um homem dilacerado entre um interesse espiritual e mundano, mas
por uma atitude estilística, indo além de seus contemporâneos, ao mesclar o uso
Onde se constata, a exemplo das afirmações, no Sermão de Santo Antônio – na festa que
(PÉCORA, 2003), um texto que se inicia com a vida de um santo e parte para uma
análise crítica social; retomando o santo no final. Ou seja, observa-se que, além da
Além disso, observa-se que há em seu conjunto literário um outro conflito, que
vai além do plano estético: o conflito interno entre Sujeito e Estado, possível de se
como a dos escravos (sermões da série Rosa Mística), das invasões holandesas (Sermão
da maneira como ela estava se configurando. Assim, esse Sujeito cria, pelos seus
projetos, paradigmas para esse “pai”. É exatamente nesse sentido, o de superar o “pai” e
de poder se reinventar como Sujeito, a partir dessa morte simbólica, que se configura
Ainda, pode-se dizer que o jesuíta apresenta um “objetivo artístico” muito bem
definido, guiado por uma postura iconoclasta: derrubar o “instituído” – neste caso, a
forma arcaica do Estado Português de se manifestar como Estado –, o que reforça sua
faceta precursora e moderna, uma vez que somente nos artistas modernistas pós-
Baudelaire, segundo Gay (2009), se configura essa característica consciente. Portanto, é
contemporâneo a Vieira já existem autores como, por exemplo, Cervantes e Gil Vicente,
donos de textos fundadores da modernidade ocidental, mas que, entretanto, não excluem
avanços tanto filosóficos quanto tecnológicos; este último fruto de dois séculos de
isso não só comprovado, mas também comparado à própria biografia de Antônio Vieira,
conservador e repressor.
Todavia, pode-se observar que, apesar de a referência em Vieira não ser voltada
para o Brasil, não se exclui de uma realidade brasileira. Constata-se essa alusão no
Sermão de Santo Antônio aos Peixes, proferido na cidade de São Luís do Maranhão em
1654, três dias antes de embarcar escondido para Portugal, o qual o padre “critica a
prepotência dos grandes, que, como peixes, vivem do sacrifício de muitos pequenos, os
Assim foi; mas, se entre vós se acham acaso alguns dos que, seguindo a
esteira dos navios, vão com eles a Portugal e tornam para os mares pátrios,
bem ouviriam estes lá no Tejo que esses mesmos maiores que cá comiam os
moderno: o de ter a colônia como panorama parcial de sua obra. Antônio Vieira,
pertence a uma estética singular, pois se diferencia tanto da Tradição, a respeito das aqui
Tradição; portanto, uma leitura de Vieira deve ser feita tendo em vista sua
especificidade precursora (em maior relação ao contexto brasileiro), para que não se
tradição e renovação.
Referências
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 32ª ed. São Paulo: Cultrix, 2003.
PÉCORA, Alcir. Sermões: Padre Antônio Vieira. 2ª ed. São Paulo: Hedra, 2001.
PÉCORA, Alcir. Sermões: Padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2003.