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A.1 Introdução
Além disso, essas correntes também são usadas para determinação dos limites de suportabilidade
térmica de cabos, transformadores, chaves de manobra, etc., pelo tempo necessário para atuação dos
equipamentos de proteção.
Observando-se a equação acima, pode-se concluir que a assimetria da corrente será máxima
imediatamente após o curto, tornando-se gradualmente simétrica com o passar do tempo.
A-1
A componente simétrica ou de regime, é determinada pelos métodos convencionais de cálculo de
curto-circuito. Para isso, emprega-se componentes simétricas, conforme será visto.
A corrente assimétrica é calculada de, forma prática, através de fatores de assimetria. São
utilizados para multiplicar o valor eficaz da componente em regime. São números que assumem valores
típicos entre 1 e 1,7 , a depender da relação X/R (Tabela 1). Portanto, dependem da localização do curto-
circuito.
A-2
No cálculo destas correntes, são usados os diagramas de seqüências de fases, acoplados
convenientemente de acordo o tipo de curto.
Os diagramas de seqüências são de três tipos : seqüência positiva, negativa e zero. Na montagem
destes diagramas, a fim de se determinar correntes de curtos-circuitos, é necessário se conhecer os circuitos
de seqüências de seus componentes, basicamente: gerador, transformador e linha.
EA IA
(a)Gerador em
vazio aterrado EB IB
através de uma
EC IC
impedância
ZT
I A1
EA Z1 IA 1
(b)Circuito trif. (e)Circ. monof. Z1
Z1 I B1
de seq. pos. EB de seq. pos.
Z1 EA
EC I C1
Z2 IA2 I A2
Z0 IA0
I A0
Z0 IB0
(d)Circ. trif.
de seq. zero Z0 (g)Cir. monof. 3Z T
IC0
de seq. zero
ZT Z0
A-3
b) Diagramas de seqüência zero de bancos trifásicos de transformadores ou de transformadores trifásicos
de núcleo envolvente (Fig.2):
Z0
Z0
Z0
Z0
Z0
É importante lembrar que não havendo o aterramento da estrela, não haverá caminho para as
correntes de seqüência zero.
Z1 Z2
(a)Diagrama de (b)Diagrama de
Seq. Pos. Seq. Neg.
A-4
Os circuitos de seqüências dos condutores das linhas, são dados conforme Fig. 4 . Na prática, as
impedâncias de seqüências positiva e negativa são tomadas iguais (Z1 = Z2).
Z0 Z1 Z2
De acordo com o estudo de componentes simétricas para sistemas trifásicos, tem-se as seguintes
relações:
a = 1∠120o ; a2 = 1∠240o
VAN = V0 + V1 + V2 ; (1)
VBN = V0 + aV1 + a2V2 ; (2)
VC N = V0 + a2V1 + aV2 ; (3)
IA = I0 + I1 + I2 ; (4)
IB = I0 + aI1 + a2I2 ; (5)
IC = I0 + a2I1 + aI2 (6)
O curto trifásico é equilibrado (Fig. 5), portanto é representado somente pelo diagrama de
seqüência positiva. Não aparecem as componentes de seqüências positiva e zero. A corrente é dada
E
pela expressão : I CC,3Φ = I 1 =
Z1
ZA
F I1
Z1
EA
ZB
EB E
ZC
EC
As tensões da fonte são consideradas sempre equilibradas, então nos diagramas de seqüências irá
aparecer somente a componente de seqüência positiva.
A-5
A.5 Curto-circuito bifásico
ZA
I1 I2
EA Z1 Z2
IB ZB F
EB
E V1 V2
ZC
EC
IC
IA = 0 ; IB = -IC ; VB = VC ; V1 = V2
Este tipo de curto (Fig. 7), é desequilibrado e envolve a terra, portanto no seu circuito de seqüência
têm as componentes de seqüência zero, positiva e negativa.
ZA
EA
I1 I0
IB ZB Z1 Z0
F
EB
I2
ZC
EC E V1 Z2 V2 V0
IC IF
IF
A-6
Observando-se os circuitos das Fig. 7 , obtêm-se as seguintes relações:
E E( Z 2 + Z 0 ) E( Z 2 + Z 0 ) DI 1
I1 = = = E=
Z2 Z0 Z1 Z 0 + Z 2 Z 0 + Z 1 Z 2 D Z2 + Z0
Z1 +
Z2 + Z0
E − Z1 I 1 EZ 0
−I 2 = I2 = −
Z2 D
E − Z1 I 1 EZ 2
−I 0 = I0 = −
Z0 D
ICC,2 φT = IB + IC = - 3EZ2 / D
Z1
Como Z1 = Z2 , então: ICC,2 φT = −3E
D
Este curto é desequilibrado e envolve a terra (Fig. 8), então o seu circuito de seqüências é
constituído das seqüências zero, positiva e negativa.
Z1
I1
ZA IA E
F V1
EA
ZB Z2
EB
ZC I2 V2
EC
Z0
I0 V0
3I 0
A-7
Substituindo-se os valores das componentes simétricas na equação (6), obtêm-se:
3E
I CC ,φT = I A =
2 Z1 + Z 0
As faltas discutidas anteriormente consistiam de curtos diretos entre fases ou entre estas e a terra.
Isto é, foram desprezadas as IMPEDÂNCIAS DE FALTA (ZF). Entretanto, a maioria das faltas são
resultantes de arcos entre fases ou entre estas e pontos aterrados, envolvendo, geralmente, os isoladores.
Isto resulta em RESISTÊNCIA DE ARCO (Rarco). Além disso, quando a falta é para a terra, a
RESISTÊNCIA DE TERRA(RT) deverá ser considerada. As Figuras 9 mostram os diversos tipos de curto
através da impedância de falta (ZF).
A A
ZF
B B
ZF
C C
ZF ZF
Fig.9.b
Fig.9.a
A A
B B
C C
ZF
ZF
Fig.9.d
Fig.9.c
Considerando ZF igual nas três fases, o curto TRIFÁSICO permanece equilibrado, portanto
somente circulam correntes de seqüência positiva (Fig. 10), então :
E
I CC ,3φ = I 1 =
Z1 + Z F
Para a falta BIFÁSICA, tem-se :
A-8
No caso de falta BIFÁSICA À TERRA, a corrente que irá circular para a terra através da
Z1
impedância ZF , será : ICC,2 φT = −3E
D
O produto desta corrente por ZF , resulta na queda de tensão de seqüência zero no ponto da falta:
Z1 Z
V0F = ZF ( −3E ) = − E 1 3Z F =3I0ZF
D D
Então, ZF deverá se apresentar no circuito de seqüência zero multiplicada por 3, para manter a queda de
tensão, uma vez que neste circuito circula I0 , e não 3I0 , (Fig 10). Com ZF incluído, o valor do denominador
D, passa a ser: D’ = Z1Z2 + Z1(Z0 + 3ZF) + Z2(Z0 + 3ZF) ,
Z1
portanto, a corrente do curto será dada por : I CC ,2 φT = −3E
D′
3E
Se a falta for FASE-TERRA, a corrente de falta é dada por: I CC ,φT =
2 Z1 + Z 0
E
A queda de tensão de seqüência zero, no ponto de falta, é: V0F = 3Z F =3I0ZF
2 Z1 + Z 0
Então, do mesmo modo da falta bifásica-terra, a impedância ZF , será representada no digrama de seqüência
3E
zero com seu valor multiplicado por 3, Fig. 10: I CC ,φT =
2 Z1 + Z 0 + 3Z F
I1 Z1 ZF I1 ZF I2
Z1 Z2
E E V1 V2
Fig. 10.a
Trifásico
Fig.10.b
Bifásico
I1 I0
Z1 Z0 Z1
I2
I1
E V1 Z2 V2 V0 3ZF E V1
I0
Z2
Bifásico-terra 3ZF
I2 V2
Z0
Fig. 10 – Circuitos de seqüências para I0 V0
curtos-circuitos através de impedância
Fig.10.d
Fase-terra
A-9
Quando se considera a impedância de falta, a tensão na mesma não pode ser tomada igual a zero. O
seu valor será: VF = ZF IF .
Os curtos para a terra elevam as tensões das fases que não estão envolvidas (fases sãs). Os valores
que irão atingir, dependem da resistência de falta, que no caso, é basicamente a resistência de terra “vista”
pela corrente de curto. Isto é, dependerá da classe de aterramento do sistema (Tabela 2):
Tensão Tensão em
Transitória Regime
Classe de Relações de Simetria Fase-Terra Fase-Terra
Aterramento (pu da crista (pu da
da tensão tensão pré-
pré-falta) falta)
Para uma determinada falta à terra, as sobretensões atingirão os valores tabelados. Estes valores
decrescerão no sentido do ponto de falta para a fonte.
Considerando-se um curto fase-terra através de uma impedância de falta (Fig. 9.d), as tensões, no
ponto de falta, são calculadas por componentes simétricas. Da Fig.10.d , são tiradas as seguintes equações:
E
I1 = ; V0 = - Z0 I0 ; V1 = E - Z1 I1 ; V2 = - Z2 I2
Z 0 + Z1 + Z 2 + 3Z F
Substituindo o valor de I1 , resulta : VAN = E - [ZA E / (ZA+3ZF)] = 3ZF E / (ZA +3ZF) = 3ZFI1
A-10
VBN = - Z0 I0 + a2 (E - Z1 I1) + a (- Z2 I2) = a2 E - [E(Z0 + a2 Z1 + a Z2) / (Z0 + Z1 + Z2 + 3ZF)]
EZ 0 − a 2 EZ1 − aEZ 2
VBN = a 2 E − , onde d = Z0 + Z1 + Z2 + 3ZF
d
Z 0 + a 2 Z1 + aZ 2
Fatorando a expressão acima , resulta : VBN = E a 2 − (7)
Z 0 + Z1 + Z 2 + 3Z F
Z 0 + aZ1 + a 2 Z 2
De maneira semelhante, obtêm-se : VCN = E a − (8)
Z 0 + Z1 + Z 2 + 3Z F
VBN =
(
Z1 a 2 − a E ) =
3
E ∠270o ; VCN =
(
Z1 a − a 2 E ) =
3
E ∠90o
2 Z1 2 2 Z1 2
Para esta situação não há elevação das tensões das fases sãs. Então, concluí-se que quanto melhor
o aterramento, isto é, resistência de terra mais baixa, menor será a elevação das tensões das fases sãs.
a 2 Z1 + aZ 2 aZ1 + a 2 Z 2
1+ 1+
Z0 Z0
VBN = E a2 − ; VCN =E a−
Z + Z 2 + 3Z F Z + Z 2 + 3Z F
1+ 1 1+ 1
Z0 Z0
Nesta situação, como era de se esperar, houve elevação das tensões das fases sãs. Portanto,
concluí-se que, quanto pior o aterramento do sistema (resistência de terra elevada) , maiores serão as
elevações das tensões das fases sãs.
Este estudo será feito, tomando-se como base a corrente de curto trifásica e será desprezada
a impedância de falta. A comparação é importante, porque fornece condições para uma análise crítica dos
valores das correntes de curtos nos diversos pontos do sistema.
3Z1
Dividindo-se a corrente de curto fase-terra pela trifásica, obtêm-se: I CC ,φT = I CC ,3φ
2 Z1 + Z 0
A-11
Se : Z0 < Z1 ICC, φ T > ICC,3φ (1) ;
A condição (1) é comum nas proximidades de transformador ligado em ∆-ΥT , no lado ΥT , pois como foi
visto no diagrama de seqüência zero, o circuito é aberto do lado ∆ para o lado YT.
A condição (4) é semelhante à condição (1), portanto tudo que foi dito para a (1), vale para a (4).
3
I CC ,2 φ = I CC ,3φ = 0,866I CC ,3φ
2
Isto é, os curtos trifásico e bifásico, calculados em um mesmo ponto , guardam sempre a relação acima. Ou
seja, a corrente de curto bifásico vale aproximadamente 86% do valor da corrente de curto trifásico.
A-12
A.11 Exercício de aplicação
13,8kV
3,5MVA
69kV R
TF TC 2/0 CAA-8km B 1/0CAA-3km D
52 R S
4MVA CF
Y 51 A
69/13,8kV
S=15MVA 2/0CAA-6km
Z1 =Z0 =8%
CF
C 45kVA
CF TD
CF
TD CF
TD CF 75KVA
75KVA
• Para os curtos envolvendo a terra fora da S/E, considerar resistência de terra igual a 33,3Ω :
3RT =100Ω (valor recomendado pelo CCON) ;
• No caso de curtos envolvendo a terra dentro da S/E , considerá-los FRANCOS, isto é, fazer a
resistência de terra igual a ZERO : RF = 0
Resolução:
A-13
( VBT ) 2 (13,8) 2
Z 1S = X 1S = = = 1,5870Ω
S CC ,3φ 120
Z% ( VBT ) 2 8 (13,8) 2
X 1T = X 0T = = = 1,0157Ω
100 S T 100 15
Para isso, são necessários as montagens dos circuitos de seqüências, até o ponto de falta (Barra A):
Z1S A
E= 13,8 =7,97 kV
Z1T 3
Z =j1,0157ohms
1T
E
Z1S =j1,5870ohms
Barra de Referência
E 7.970
I CC ,3φ = = = j3.062A
j( Z1T + Z1S ) j2,6027
A-14
b) Curto Bifásico (diagramas se seqüências pos. e neg.) :
Z 1S A Z 2S
Z1T = Z 2T
Z1T
Z 2T Z 1S = Z 2S
E
3 E 7.970
ICC,2 φ = I CC,2 φ = ± j = ± j0,866 = ± j2.652A
2 ( Z1T + Z1S ) 2,6027
3
Esta corrente poderia ter sido calculada utilizando-se a relação : I CC ,2 φ = I CC ,3φ = 0,866I CC ,3φ
2
Z 1S A Z 2S
Z 0T = Z1T = Z 2T
Z1T
Z 0T Z 2T Z 1S = Z 2S
E
Observações:
(1) Devido à ligação do transformador de força ser do tipo ∆-ΥT , as impedâncias de seqüência zero do lado
do ∆ , não passam. Isto é, não são representadas nos circuitos de seqüência zero, do lado YT . Por isso, Z0S
não aparece no ramo de seqüência zero da figura acima.
(2) Devido ao curto ser dentro da S/E, desprezou-se a resistência de terra (RF = 0) , isto é, considerou-se o
curto FRANCO.
Z1 ( Z + Z1S )
I CC,2 φT = −3E = −3 × 7.970 1T
D D
O cálculo desta corrente fica menos trabalhoso quando se utiliza a corrente de curto trifásica como base,
3Z1
isto é: I CC,2 φT = − × I CC,3φ
Z1 + 2 Z 0
A-15
d) Curto Fase-Terra (diagramas de seqüências. pos., neg. e zero)
As observações que foram feitas para o curto bifásico-terra, valem também para este curto.
3E 3E 3 × 7.970
A I CC,φT = = = = − j3843
. A
Z 1S
2 Z1 + Z 0 2( Z1T + Z1S ) + Z 0T 2 × j2,6027 + j1,0157
Z1T
E
Este curto também poderia ter sido calculado tomando-se como base o curto trifásico,
ou seja:
Z 2T Z 2S
A figura abaixo mostra o sistema da Fig. 11, com as correntes curtos SIMÉTRICAS calculadas
nos pontos A, B, C e D:
1111 867
962 757
110 106
R 207 194
B D
52 R S
51 A
3062
Legenda 2652
5159 732
I CC,3 0 634
3843
I CC,2 0 103 C
I CC,2 0 T 144
I CC,0 T
A.12-Exercício proposto
(a) Monte os circuitos de seqüências para os curtos nos pontos B, C e D; (b) Calcule os curtos nestes pontos
e confira com os resultados dados; (c) Determine as correntes ASSIMÉTRICAS nos pontos B e C ; (d)
Dimensione os elos-fusíveis e as respectivas chaves-fusíveis; (e) Recalcule os curtos usando p.u.
A-16