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Resumo: O presente estudo tem o objetivo de demonstrar a existência e a importância dos princípios éticos judaico-cristãos nos
sistemas normativos da atualidade.Através da evolução histórica da sociedade humana, tais valores vieram progressivamente
fazer parte dos ordenamentos jurídicos das nações.Na atualidade, pode-se observar que os mesmos perduram, se tornando
universais, imutáveis e, como uma bússola, vem contribuindo para o aprimoramento dos Direitos Humanos, tanto no âmbito
interno das nações, como no plano internacional.A ética cristã se destaca, portanto, como princípio norteador para o
fortalecimento do moderno Estado democrático e humanista de direito.De tal forma que, sem os mesmos, a humanidade iria
correr o risco de retroceder para a barbárie,tornando a pacificação social e a busca da plena justiça, na atualidade, um ideal
impossível de ser alcançado.
INTRODUÇÃO
Na Europa, a partir do século XX, em países mesmo capitalistas, onde o aspecto social
democrático é marcante, há também uma forte influência dos valores cristãos nos seus
sistemas normativos.
Há, portanto, uma nítida diferença entre os ordenamentos das sociedades democráticas e
das que não o são, posto que não se deixam influenciar tanto pelos valores judaico-
cristãos, nem fazem parte da cultura ocidental, mas sim prevalentemente oriental, com
algumas exceções.
Tal fato não vem desmerecer ou valorar, ou mesmo taxar tais culturas como primitivas,
mas apenas pontuar que as mesmas estão emoutra fase de desenvolvimento.
Com a primavera árabe houve anseios e lutas por mudanças, o que um dia poderão ser
alcançadas, por meio de seus processos históricos e revoluções sociais.
Enfim, resta concluir que a ética judaico-cristã continua sendo a base valorativa dos
ordenamentos jurídicos nas nações democráticas, deixando seu marco na história do
direito e da justiça para a pacificação social dos povos.
TEXTOS RELACIONADOS
“De fato Israel aparece, pela primeira vez, como povo em uma inscrição datada como
sendo de 1220 a.C., onde o Faraó Mernepta conta suas vitórias. A vitória pode não ter
acontecido, pois os Faraós apresentavam até derrotas como triunfos, mas a citação prova
que Israel já estava fora do Egito por esta época”
A festa é celebrada, portanto, no mesmo dia a cada ano, tantopara judeus como para os
cristãos, como se pode observar. Para cristãosrepresenta a passagem da morte para a
vida; para os judeus, a passagem da escravidão no Egito para uma vida de liberdade. O
que condiz perfeitamente com o significado da palavra Páscoa que quer dizer passagem
(Pessach no hebraico) (ibid.I Coríntios 5:7-8 e Ex. 12).
Sabe-se, pelos relatos bíblicos, que o Cristianismo se originou do Judaísmo, o que faz
com que os valores de ambos sejam os mesmos, no sentido da ética.
Essa libertação do Egito, segundo o historiador Flávio Josefo(ibid. 2004,p. 102) levou o
povo hebreu a uma situação inusitada, onde o povo viu-se rodeado de todos os lados
pelo exército dos egípcios, composto de seiscentos carros de guerra, cinquenta mil
cavaleiros e duzentos mil homens de infantaria bem armados, não lhes sendo possível
escapar, porque o mar os cercava de um lado e uma montanha inacessível, com
rochedos que se estendiam pela praia, de outro. Refere o autor:“Eles tampouco podiam
combater, porque não tinham armas, nem resistir a um cerco, porque já haviam
consumido todos os víveres.”Pode-se concluir dessa forma, que não havia outra solução
humanamente possível senão entregar-se nas mãos dos egípcios!
A reação do povo diante de tal situação foi de incredulidade e de revolta contra Moisés.
Mas o grande líder os convenceu a deixar as dúvidas, pois segundo ele:“Deus quer ser o
defensor do seu povo... o qual Ele ama e zela e pode tornar grande o que é pequeno e
fortificar o fraco”(ibid., p. 103).
Flávio Josefo, como o mais famoso historiador judeu da antiguidade, ainda reitera na
sua narrativa (ibid.,p.105):
“Narrei aqui tudo em particular, segundo o que encontrei escrito nos Livros Santos.
Ninguém deve considerar como coisa impossível que homens que viviam na inocência e
na simplicidade desses primeiros tempos tivessem encontrado, para se salvar uma
passagem no mar, quer se tenha ela aberto por si mesma, quer tenha acontecido pela
vontade de Deus, pois a mesma coisa aconteceu algum tempo depois aos macedônios,
quando passaram o mar da Panfília, sob o comando de Alexandre, e quando Deus se
quis servir dessa nação para destruir o império dos persas, como o narram os
historiadores que escreveram a vida desse Príncipe. Deixo, no entanto, a cada qual que
julgue como quiser.”
Moisés atribuiu o fato, segundo os relatos bíblicos, a uma ação particular de Deus.
Flávio Josefo, como historiador, no entanto, se afasta do sentido sobrenatural ou
religioso dos fatos, usando sua imparcialidade de cientista histórico,para narrar os fatos,
conforme suas pesquisas na época. Assim se abstêm de qualquer conotação de fé ou
religião, quando de forma neutra reitera: ...”cada qual que julgue como quiser”. Assim
os fatos são o que interessam aqui.
Da mesma forma, também, como coloca Flávio Josefo, o presente estudo tem como
objetivo uma narrativa imparcial dos fatos históricos, de forma que o mesmo não tenha
qualquer conotação religiosa, mas antes jurídica e com enfoque em pesquisa científica.
Dessa forma, pode-se inferir com o autor, que Israel surgiu, na verdade, inicialmente,
como um povo nômade, que vagava pelo deserto em busca da terra prometida por seu
Deus, para se estabelecerem como nação ao chegarem ao seu destino, Canaã. Essa
região é ocupada na atualidade pelo país de Israel, Estado Democrático de Direito,
estabelecido pela ONU em 1948, após a segunda guerra mundial, como refúgio para os
judeus, os quais padeceram horrores na segunda guerra, através do holocausto nazista.
O ápice dessa jornada israelita no êxodo pelo deserto se dá, pelos relatos, tanto de
Josefo, quanto da Bíblia, em Êxodo 19, pelo acontecido no monte Sinai:
Moisés subiu ao monte Sinai, chamado também Horebe, onde perante os olhos
deslumbrados do povo, que em volta do monte tudo contemplava, e lárecebeu de Deus
as tábuas da lei. Duas tábuas que continham escritas pelo dedo de Deus os Dez
Mandamentos. Essa era a lei mosaica, entregue ao povo por Deus através de Moises, a
fim de que o povo tivesse sua primeira lei, que estabelecia assimum parâmetro de
ordem, normas de relacionamento para a paz coletiva, o equilíbrio social e a
sobrevivência do povo.
Mais tarde, nos textos bíblicos mosaicos ainda receberam outras leis de caráter sanitário,
como “o aterro fora do arraial”, que tinha a função de evitar que os detritos humanos
contaminassem o povo; leis de caráter social, como por exemplo, libertar escravos,
mesmo sem o pagamento integral de suas dívidas, após, no máximo sete anos de
escravidão, conforme o expostono texto bíblico em Deuteronômio, 5º livro escrito por
Moisés, cap.15,v.12; Além de leis de aspectos rituais da religião e de higiene, que não
entram em questão no presente tema proposto.
O relato dos Dez Mandamentos encontra-se em Êxodo 20 no texto bíblico, bem como
nos relatos do historiador Flávio Josefo (ibid. passim).
Cabe ressaltar que não se pode falar de história do povo hebreu sem citar seu livro
sagrado, a Torah, (que são os cinco primeiros livros da Bíblia). E nem se deve fazer
referência aos valores judaico-cristãos sem se atentar ao acontecimento do monte Sinai,
onde, no deserto, surgiu o mais perfeito e abrangente sistema normativo documentado
de que se tem notícia, que, como será estudado mais adiante, ainda faz parte das leis dos
povos contemporâneos: Os Dez Mandamentos!
Antes de se iniciar o estudo em si das leis mosaicas nos ordenamentos jurídicos e seu
aperfeiçoamento pelo cristianismo, é de vital importância traçar um paralelo com os
ordenamentos jurídicos primitivos, anteriores à lei mosaica, a fim de se traçar uma
análise comparativa de ambos.
As guerras, lutas e disputas eram em geral motivadas para garantir o melhor local para
sobreviver, que estava associado ao melhor lugar onde conseguisse boas condições para
alimentação e abrigo.
Há 10 mil anos, o feijão, a batata e a pimenta já eram cultivados nas Américas. E nessa
mesma época o boi e o gato eram domesticados no Egito.
Por volta de 6 mil anos o arroz começou a ser cultivado na Tailândia e China e logo se
espalhou pela Europa.
Pode-se, portanto, inferir com o autor que o Direito (pré-histórico) é mais antigo que a
escrita. Um dos pilares da evolução humana e de sobrevivência dessas comunidades
pré-históricas foia criação de regras de conduta para o melhor convívio social.
Esse direito não era naturalmente baseado em lei escrita, pois não havia ainda surgido a
escrita, era um direito baseado em costumes (consuetudinário) e oral.
Como não havia escrita, não se encontram achados de documentos escritos relativos a
essa época.
Documentos antigos que relatam a existência e a vida de outros povos, como viviam e
se organizavam, sobre o direito e a sociedade da época.
Dessa forma pode-se entender e estudar algumas características do saber jurídico desses
povos:
Por não existir a escrita, o saber jurídico e o conhecimento eram transmitidos oralmente
de geração em geração. Havia assim adágios, provérbios, e canções populares que iam
passando de geração em geração, oralmente.
O costume era a lei principal, a sanção era o desprezo, o isolamento ou até o banimento
ou morte do infrator.
É interessante observar que ainda hoje existem comunidades indígenas que não
dominam a escrita e nem por isso vivem num caos: Eles tem suas regras de conduta
apropriadas para seu estágio de desenvolvimento.
Quando essas comunidades aprendem a escrita elas deixam de existir como tais e o
problema se torna mais complexo do que parece: elas deixam de existir com suas
características culturais peculiares.
Essas tribos em questão tem suas regras próprias, seus valores e costumes que as tornam
equilibradas. Elas resolvem seus conflitos segundo o direito consuetudinário.
Tal afirmação leva a refletir sobre os aspectos históricos dessa área em particular das
ciências jurídicas.
A vingança privada foi, de acordo com o autor, a primeira fase de evolução do direito
penal. O direito de vingança era assim exercido pelo próprio ofendido e a sociedade não
participava da medida retributiva desde a pré-história. Muitas comunidades, tribos e
famílias foram extintas devido ao processo da vingança em particular, como meio de
solução de conflitos.
Ainda segundo o mesmo autor (ibid., p.8), a vingança ultrapassava, na maioria das
vezes a pessoa do agressor, atingindo sua prole, ou qualquer outra pessoa da família. A
mesma satisfazia apenas o ego do agredido.
Na vingança privada poderia haver, na maioria dos casos, uma desproporção entre a
conduta criminosa e a resposta do agredido. Como, por exemplo, em resposta a um tapa,
o agredido poderia tirar a vida de seu agressor! Nítida desproporção entre a agressão e o
revide. Não havia qualquer compromisso com a verdadeira justiça, nem com a
proporcionalidade.
Destarte, com a evolução de processos históricos e sociais, para que tribos inteiras não
fossem dizimadas por conta da vingança, o homem chegou, após a compilação gradual
de sucessivos códigos, à necessidade de desenvolver um primeiro código com razoável
aplicação da pena, no que se refere à equidade (proporcionalidade): A lei do Talião, (que
será estudada mais adiante). Com a lei do Talião iniciou-se assim uma evolução
marcante no que toca ao convívio entre os povos antigos, na busca de uma convivência
mais harmônica e maior garantia para a sobrevivência das tribos. O senso de justiça
comum era assim infundido e evitavam-se guerras e conflitos armados, que eram muito
frequentes: nasceu assim com a lei do Talião o Instituto da Proporcionalidade.
No entanto, a descoberta da escrita foi anterior ao período da lei do Talião, foi um
processo gradual e dinâmico e inaugurou a era da História. Até a invenção da escrita os
códigos eram orais, não respeitavam a proporcionalidade e não tinham um senso
comum ou racional de justiça. A escrita foi um marco importante para a história do
direito, como para a humanidade, no seu processo evolutivo como um todo. Da pré-
história entra-se enfim na era da história! Sendo assim,pode-se observar, pelos estudos
antropológicos, que mesmo com a introdução da escrita, os sistemas normativos eram
muito rudimentares e impostos pelas autoridades, no caso o rei, que era juiz e legislador
ao mesmo tempo. Eram úteis naquelas comunidades, na sua época e em seu contexto de
vida. Mas não conservavam um núcleo de valores fundamentais que se perpetuaram
através da história!
Um dos primeiros registros históricos da escrita se deu por volta de 4000 a.C., como os
ideogramas da Escrita Vinca e as Tábuas de Tartária. Os desenhos eram como
ideogramas.
Pode-se concluir que esse era apenas um tratado de paz, que fixava os limites territoriais
entre dois povos, após uma guerra acirrada.
Bruno Albergaria (ibid. p.18) relata que esse código é datado de 2350 a.C.,sendo um dos
primeiros códigos documentados de normas jurídicas. Contudo jamais foi encontrado.
Isso deixa uma lacuna em relação ao contexto em que foi escrito, bem como em relação
à codificação de suas normas e seus conteúdos.
O que se conhece a respeito do mesmo vem através de outros textos, que lhe fazem
referência.
Naquele contexto a terra era considerada uma propriedade dos deuses e não havia a
concepção de título de propriedade.
Na mesma época havia tribos que eram animistas e tinham a natureza como objeto
sagrado de adoração. No século XVIII e ainda na atualidade existem tribos indígenas na
América do Norte com essa concepção do sagrado que envolve a natureza, o conceito
da mãe terra, de onde lhes provia o sustento.
Esses aspectos marcavam suas culturas e códigos de leis nas normas de convivência, em
busca da pacificação social.
CÓDIGO DE UR-NAMMU
Uma placa de argila de 10cm x 20cm, é o principal artefato encontrado desse código,
escrito em língua suméria, datada de 2100-2050 a.C., descoberta em 1952 d.C.. Outros
fragmentos do código também foram encontrados na Mesopotâmia. Faz referência ao
rei Ur-Nammu, da cidade de Ur. A compilação do mesmo foi feita por seu filho Shulgi.
É considerado atualmente o “Código” jurídico mais antigo já encontrado.
.Se um homem viola o direito de outro de deflorar sua mulher, ele poderá matar o
violentador.
Desse código, das 57 normas jurídicas, somente umas 30 foram traduzidas, devido à
deterioração do bloco.
No prólogo, o rei é aclamado como estabilizador das regras. Uma das interessantes
características do código de Ur-Nammu é a aplicação de penas pecuniárias para alguns
tipos de delito; Deu-se início assim ao instituto da indenização. Pode-se observar, no
entanto, que o mesmo não respeitava o princípio da proporcionalidade.
Um dado histórico interessante é que a cidade de Ur foi a cidade natal de Abraão (ibid.,
p.20).
CÓDIGO DE ESHNUNNA
Pelo texto pode-se observar que a sociedade da Mesopotâmia na época era constituída
de três importantes grupos sociais: o homem livre, os escravos, e osmuskenum, uma
classe social situada entre livres e escravos, apesar de livres eram oprimidos por serem
pobres. Previa a interferência do poder real na esfera econômica, para estabilizar o custo
de vida e minorar o sofrimento das classes desfavorecidas.
Alguns trechos:
Art. 12-O Awilum (livre) que for apanhado no campo de um muskenum (pobre) ao meio
dia junto dos feixes de grão: pesará dez siclos de prata (indenização). O que for
apanhado, de noite, junto aos feixes de grão, morrerá, ele não viverá.
Art. 23- Se um awilum não tem nada contra um outroawilum, mas penhora a escrava
desse awilum, retém o penhor em sua casa e lhe causa a morte: ele restituirá duas
escravas ao proprietário da escrava.
Esse código tem a data provável em torno de 1870 a.C. (ibid., p.25).
Considerado o segundo código mais antigo já encontrado, seu nome provém do seu
autor e legislador, o rei Lipit-Ishtar que governou entre 1934 e 1924 a.C. na cidade de
Isin, hoje localizada no Iraque.
Trechos:
3-Se um homem é casado e desse casamento há filhos vivos, e uma escrava também dá
filhos ao seu amo e o pai concede a liberdade `a escrava e aos seus filhos, os filhos e a
escrava não dividirão a propriedade (herança) com os filhos do seu amo.
6-Se um homem alugou um boi e danificou o seu olho, ele vai pagar metade do seu
preço.
8- Se um homem alugou um boi e quebrou o seu chifre, ele deverá pagar um quarto do
seu preço.
9-Se um homem alugou um boi e danificou a sua cauda, ele vai pagar um quarto do seu
preço.
Pode-se analisar, pelo seu conteúdo, que esse código versava sobre questões gerais do
quotidiano que iam sendo apresentadas, de forma individualizada e ocasional, não
havendo, portanto,uma diretriz programática unificada. Era uma “colcha de retalhos”.
Versava de forma pontual sobre questões de propriedade e conflitos que se
apresentavam diante do rei, juiz e legislador ao mesmo tempo. Aquele governante que
detinha o poder da vida e da morte, como na maioria das civilizações antigas, era a lei.
Havia ainda outros códigos como o código de Gortina, dentre outras legislações gregas,
entre elas a cretense, que permitia até a morte do adúltero surpreendido em flagrante
(vingança privada)
Mas também trazia artigos em que havia núcleo de proporcionalidade e que foram
mantidos pela Lei do Talião:
Segundo Albergaria (ibid. p.27), esse código é considerado o documento jurídico mais
importante do mundo antigo, antes da Grécia Clássica. Foi encontrado na cidade de
Susã em 1902 e encontra-se atualmente, como um sólido monólito de pedra no museu
do Louvre em Paris.
É um bloco monolítico estela-de pedra com 2,5 m de altura por 1,60m de circunferência
na parte superior e 1,90 na sua base. A legislação abrange 281 leis em 3.600 linhas, tudo
em escrita cuneiforme.
Alguns princípios jurídicos são até hoje utilizados advindo desse código, como a
publicidade (o código era visível a todos).
O Rei era visto como figura sagrada, senhor da vida e da morte, “iluminador dos povos”
e escolhido pelos deuses. A Babilônia era exaltada como dádiva dos deuses e muitas
superstições entraram nas leis do código, até mesmo atos irracionais, cruéis e
desumanos, principalmente na esfera penal. A vingança privada foi institucionalizada!
Trechos:
Art.22º Se alguém faz um buraco em uma casa, deverá diante daquele buraco ser morto
e sepultado.
Art. 23º Se alguém comete roubo e é preso, ele é morto. (na verdade, não havia
distinção entre furto e roubo).
Art.230° Se um arquiteto constrói para alguém e não o faz solidamente e a casa que ele
construiu cai e fere de morte o proprietário, esse arquiteto deverá ser morto.
É bem verdade que ainda existe pena de morte em vários Estados dos Estados Unidos,
também em algumas ditaduras, mas a diretriz da justiça através do respeito aos direitos
humanos é o que vem prevalecendo numa democracia, buscando-se meios outros para
se punir crimes hediondos ou impedir “serial killers” de continuarem a praticar seus
crimes: A castração química é uma das alternativas no direito penal para certos casos
isolados de crimes sexuais, por exemplo. Na sociedade pós-moderna, os direitos
humanos, que são tão almejados, devem idealmente caminhar de mãos dadas com a
segurança pública(o que na realidade nem sempre acontece)!
Segundo o autor não há muitos documentos dessa época, a época dos faraós, há apenas
alguns papiros e hieróglifos.
De tal forma não se sabe ao certo sobre detalhes do Direito do Egito antigo. Mas pode-
se facilmente perceber que era uma sociedade altamente organizada, haja vista as
grandes construções, Pirâmides, Esfinge, artefatos dos Faraós, múmias e o processo de
mumificação e achados arqueológicos do Vale dos Reis.
Uma das características interessantes é que essa cultura misturava a figura do chefe
administrativo (faraó) com a imagem divina (Deus); Todo o poder político era exercido
pela mesma pessoa, que era também adorado e fazia parte do centro da adoração desse
povo. Ele também centralizava a aplicação da justiça, elaborava as normas, as aplicava e
julgava em última instância.
O Livro dos Mortos, elaborado na época do Império Novo (1580 a.C. e 1160 a.C.),
retratado em diversos papiros (papiro NU, por exemplo), contém algumas passagens
elucidativas do sistema jurídico da época.
Esse documento trata da confissão negativa, na qual a alma (da pessoa que já morreu)
deveria apresentar-se para Osíris e ser julgado conforme fora o seu comportamento em
vida, presidido pela deusa da justiça, Maat.
O morto deveria colocar seu coração em uma balança (símbolo da justiça), e se a mesma
ficasse equilibrada, seria porque a pessoa teria sido em vida um cidadão justo, honesto e
correto. Ao contrário, se a balança não ficasse equilibrada, a pessoa teria sido ruim em
vida e seria assim devorada por Ammut, o monstro devorador dos mortos e sofreria
eternamente.
É interessante inferir com o autor que essa cultura valorizava o juízo final e prestava
culto aos mortos. Vale ressaltar que as pirâmides nada mais eram que túmulos
construídos para os faraós, que através de grande ritual eram mumificados e sepultados,
preparados para serem recebidos no mundo dos mortos. Muitos dos seus empregados
eram enterrados vivos junto com ele nas pirâmides, que possuíam túneis e labirintos,
para se evitar roubos e saques. Eram enterrados com muita riqueza e pompas.
O culto aos mortos, que ainda existe na atualidade em algumas comunidades, se origina
portanto da antiga cultura egípcia.
Como todo poder emanava do Rei-Faraó, as leis e os tribunais eram organizados por ele.
Pressupõe-se, portanto, que a lei teria sido a principal fonte do direito, com força nos
julgamentos maior do que os costumes.
Cada cidadão egípcio, após seguir rigorosa carreira administrativa, poderia adquirir, por
mérito próprio, altos postos do governo (vide José do Egito -Gênesis 40, Bíblia).
Resta pontuar que nessa época essa cultura era cheia de religiosidade e venerava a
figura do faraó, como a personificação da própria divindade.
O autor (ibid., p.8) ensina que o termo talião é originado do latim lextalionis, ou seja lex
é lei e talis significa igual a tal. O termo, assim, quer dizer: “tal ou igual”, daí a
expressão “olho por olho, dente por dente”.
O código de Hammurabi tinha muitos elementos que foram mantidos na lei do talião.
No seu epílogo finaliza assim: “para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de
proteger as viúvas e os órfãos ergui a Babilônia” (Albergaria, Bruno, 2011, p. 27).
Inferindo com os mencionados autores, pode-se concluir que o maior legado da lei do
Talião, portanto, foi a criação do instituto da proporcionalidade, adotado por diversos
outros sistemas jurídicos da antiguidade, que lhe copiavam o senso do equilíbrio, ou
seja, a proporção entre transgressão e a sanção.
Essa evolução foi marcante para evitar as guerras entre as tribos, que antes, sem o
princípio da proporcionalidade, iriam buscar a justiça, através da vingança privada, com
lutas e violência, chegando a serem dizimadas famílias inteiras, tribos e até
comunidades.
É importante observar que a lei do talião foi contemporânea ao antigo direito hebreu na
época da lei mosaica, pois fazia parte das tradições do povo.
O autor explana que, pelo texto bíblico de Êxodo, Moisés, líder dos judeus no Egito,
após libertar o povo hebreu do domínio do faraó, no Egito, percorreu 40 anos no deserto
até avistar a “terra prometida”.
Albergaria (ibid. p. 51) continua a narrar que no caminho, no monte Sinai, em Horebe,
Moisés teria recebido de Deus os Dez Mandamentos que o seu povo deveria seguir
(Êxodo, 24:14). Desses Dez Mandamentos originários, Moisés viria a escrever
posteriormente, por determinação divina, segundo a tradição hebraica, a Torá, ou a Lei,
que são os cinco primeiros livros bíblicos citados acima. Na época, eram cinco rolos
separados. Atualmente e, com o advento da imprensa, estão compilados tanto na Torá
hebraica, como na Bíblia dos cristãos.Bíblia, do grego Biblios, significa coleção de
livros (compilados). Os “rolos”, feitos de couro na época, foram posteriormente
reescritos pelos escribas, até a invenção do papel.
A data aproximada da outorga dos Dez Mandamentos é entre 1.200 e 1.400 a. C., ou
seja, há aproximadamente 3.400 anos.
Assim, a Bíblia, como documento histórico, foi escrita em 66 livros (rolos) por mais de
40 autores, ao longo de aproximadamente 1.500 anos.
Ensina ainda Albergaria (ibid., p. 53) que o Antigo Testamento tem como característica
principal a divinização do Direito. Isto é, pelas crenças judaicas, o Direito é todo
outorgado por Deus, sua única fonte. Não há, portanto, diferença entre norma moral,
religiosa ou jurídica. Toda e qualquer violação de suas normas é considerado pecado, e,
portanto, crime, passíveis das mais severas penas, tais como a morte e o apedrejamento.
Ainda aplicava-se a Lei de Talião, pela tradição local das trigos, mas é certo afirmar que
o Antigo Testamento foi e continua sendo, relativamente aos Dez Mandamentos, um dos
principais pilares do ordenamento ético-jurídico do mundo ocidental, afirma o autor.
O corpo Jurídico do Antigo Testamento pode ser analisado em Êxodo, 20, no texto
bíblico, onde se conhecer os Dez Mandamentos.
O autor explana ainda que é importante observar que o Código (Dez Mandamentos), de
conteúdo religioso, não prevê qualquer espécie de sansão para ser aplicada; afinal, o
pior dos castigos para os hebreus era justamente o castigo divino, ou seja, ir para o
inferno após a morte. No entanto, pela tradição das comunidades da época, não
deixaram de aplicar ainda as leis do talião.
Algumas sanções de caráter religioso estão escritas em Deuteronômio 28, (5° livro da
Torá e da Bíblia), onde o texto bíblico deixa claro que através da obediência a Deus,
bênçãos iriam alcançar o povo. Mas se violassem suas leis, as maldições iriam persegui-
los, como fome, doença, problemas familiares etc.
Pode-se inferir com o autor que, realmente, quando uma família tem uma vida
equilibrada, com valores como verdade, justiça, amor e sem vícios, os filhos são mais
saudáveis e menos propensos à violência, drogas e outros males que atingem a
sociedade contemporânea.
Aqui vale citar uma máxima da sabedoria popular: “Colhe-se o que se planta”.
Daí pode-se concluir que o Direito Hebreu foi “sui generis” em todos os seus aspectos.
Sua eficácia é comprovada e ainda prevalece, e, com exceção de regras de caráter
religioso, são permanentes, não se deixaram caducar quanto à sua eficácia, no sentido de
contribuir ainda hoje para educar uma comunidade de forma eficaz.
Ensina ainda Albergaria que a Grécia antiga é considerada o berço da fase áurea do
surgimento das ciências humanas.
No Direito, sua maior contribuição está nos legados no ramo da filosofia, com
Heráclito, Sócrates, Platão e Aristóteles, autores jusnaturalistas. Na concepção dos
mesmos o Direito tem origem divina, é imutável e inspirado pela divindade. No entanto,
eram politeístas, não tinham a crença no Deus dos Hebreus, que são monoteístas. A
mitologia grega trazia no imaginário a ideia de um deus para cada área de atividade
humana: o deus da fertilidade, o deus da guerra, o da sabedoria, etc.
Assim, a sua maior contribuição está focada no ramo da filosofia.
Afirma Albergaria (ibid.) que os gregos, na verdade, não foram grandes juristas. Não
construíram uma ciência jurídica autônoma tal como os romanos. Conclui: “não deram
grandes contribuições para o mundo jurídico”.
Citando a parte mais importante de suas leis, pode-se lembrar a Lei de Drácon, que
contemplava três tipos de homicídio: o intencional (doloso), o não intencional (culposo)
e o legal.
A publicidade foi um legado importante da lei de Drácon: pela primeira vez na Grécia
clássica todas as normas tornaram-se públicas. Porém, a parte mais importante no que se
refere a essas leis é, sem dúvida, relativa ao direito penal. Aristóteles, na Política, já
afirmara que... “subsistem leis de Drácon, mas ele promulgou-as para uma constituição
já existente. Nenhuma particularidade há nessas leis dignas de nota, a não ser a
severidade resultante da magnitude das penas.” Pontua ainda o autor.
Não se tem notícia de toda legislação de Drácon, mas foi localizado na Grécia uma
estela, (monólito de pedra), com partes da legislação. Atualmente essa estela, datada de
409/8 a.C., encontra-se o Museu Epigráfico em Atenas.
Citando Albergaria (ibid. p. 62) “Por ser muito severo, o que não contribuía para a paz
social, e nem para manter a sociedade coesa, tentou-se modificar a Lei de Drácon.
Assim em 594 a.C., foi incumbido ao poeta-jurista Sólon que reformulasse outras leis
para a Grécia”.
As leis de Sólon tinham um caráter social marcante. No relato de Aristóteles Sólon foi
“O primeiro a se apresentar como paladino do povo”. Sua obra Ética a Nicômaco
(Aristóteles,2011.passim) traz mais explanações sobre virtude e justiça.
Nesse diapasão Sólon, em sua legislação, proibiu a hipoteca da terra e a escravidão por
endividamento, através da lei “Seisateia”.
Continua o autor: Aristóteles, para finalizar, defendeu Sólon, referindo-se a ele como
salvador de seu país e de legislador ideal. Todavia, apesar da importância histórica para
sua época, especificamente na proteção do devedor, as leis de Sólon não tiveram
grandes contribuições doutrinárias para o mundo jurídico (ibid., p. 65).
Cabe relembrar que o direito atual, no seu aspecto formal, herdou do direito romano
muitas características: O Processo, como hoje é formalizado, nasceu desse período.
Outras contribuições podem ser citadas como a importância do dia para os atos
processuais, que não poderiam ser realizados a noite, bem como a valorização do acordo
fora dos muros da justiça, daí o velho brocadojurídico: “pacta sunt servanda” (os
acordos devem ser cumpridos); o desenvolvimento da Magistratura, foi muito
importante, figura representada na época pela função do Pretor.
Um dos códigos mais conhecidos dessa época, A lei das XXII tábuas, datada do século
V a.C.,evidencia que,apesar das grandes contribuições do direito romano, esse não havia
atingido a busca da humanização do direito. O Império Romano costumava, por
exemplo, aplicar a pena de morte para criminosos em geral, tanto ladrões, como
homicidas, havendo penas cruéis oudesumanas, como a morte na cruz.
Pode-se relembrar aqui que Jesus Cristo fora condenado à morte de cruz no ano 33 d.C.!
No período clássico do Império Romano, após longo processo. Foi considerado inocente
pelas autoridades, o que pode ser constatado no ato simbólico de Pilatos, ao lavar as
mãos; mas este, pressionado pelo povo, condenou Jesus à morte, cedendo aos levantes
populares e com receio de uma revolução.
Outra característica desse período era que o devedor respondia pessoalmente com
relação às suas dívidas. Se não pudesse pagar, se tornaria escravo do credor, até pagar
sua dívida. Atualmente, ao contrário, com os processos evolutivos de humanização do
direito, sabe-se que a responsabilidade do devedor é apenas patrimonial e não se estende
à sua pessoa. (não é pessoal).
Ensina Albergaria (ibid. p. 100) que, com a queda do Império Romano em 527 d. C., O
Imperador Justiniano, com o intuito de resgatar o esplendor do antigo império, tentou
fazer uma reforma militar e legislativa. Compilou assim as leis imperiais desde a época
de Adriano, tendo sido criado o Corpo Jurídico Civil: Corpus Juris Civilis de Justiniano.
Um dos maiores méritos desse feito foi a unificação de todas as constituições legais em
um único Código, que passou a ser obrigatório em todo o império.
Após o Código, foram criadas as Institutas e as Novelas, que eram novas normas
jurídicas, as quais versavam sobre direito hereditário e matrimonial.
Na verdade, uma das maiores contribuições desse período foi, essencialmente, o
surgimento de uma classe de juristas profissionais e doutrinadores, por meio de um
processo gradual de aplicação dos métodos da filosofia grega ao direito, podendo-se
citar Cícero, que trouxe muitos conceitos sobre o direito e a justiça.
Dessa forma, conclui-se que foram inestimáveis as contribuições do direito romano para
o mundo, na área da jurisdição.
Pelo que se tem estudado, pode-se inferir com os autores que o maior legado do direito
Hebreu no Antigo Testamento foi a outorga dos Dez Mandamentos.
“O Senhor, teu Deus, te suscitará um Profeta, como eu, do meio de ti, de teus irmãos, a
ele ouvirás...porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar. Eu mesmo pedirei contas de todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que
ele falar em meu nome”
Aqui pode-se concluir que Deus estava dando claramente, através de Moisés, a
mensagem da vinda futura de Jesus, segundo um consenso entre os teólogos.
O mais interessante é que, ainda seguindo uma linha cronológica da história e do direito
dos hebreus, Jesus literalmente afirmou que não veio abolir a lei, mas sim cumpri-la. Ao
cumprir a lei em todos os seus aspectos, tanto religiosos, como éticos, ele deixou um
modelo de vida, que mudou a história da humanidade para sempre.
Nenhum ser humano é mais famoso e estudado do que Jesus Cristo, tanto do ponto de
vista histórico, filosófico, quanto religioso.
Seu legado é a lei do amor e do perdão, princípios nunca antes cogitados de forma
coletiva na história! Nem a Lei Mosaica em si explicitava essas máximas da conduta
humana de forma clara. Essa lacuna foi preenchida com os ensinamentos de Jesus.
Em Mateus 7:12 o texto bíblico, escrito pelo escriba e seguidor de Jesus, Mateus, relata
as palavras do Mestre: “Esta é a Lei (Torá) e os Profetas(demais livros do Antigo
Testamento): “Tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a
eles, pois esta é a lei e os profetas”.
Da mesma forma, Jesus, nos textos bíblicos, também resumiu os Dez Mandamentos em
dois:
O texto de Mateus 5:38 ainda reitera o novo ensinamento de Jesus a respeito do perdão:
“Ouvistes que foi dito: olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não
resistais ao homem mau. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”
Ainda prosseguindo no texto: “Ouvistes que foi dito: -amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo- Eu porém vos digo: Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem...se amardes os que vos amam, que recompensa tereis?”
Aqui cabe observar que com esses novos ensinamentos houve uma forma revolucionária
de se lidar com os conflitos, através da instituição do perdão.
Esse instituto é utilizado hoje em dia na prática do direito, podendo ser observadona
prática do perdão judicial e nas formas de composição, acordo e mediação e perdão do
ofendido.
Assim, Jesus aboliu completamente a lei do talião, que ainda era utilizada
tradicionalmente na era mosaica e até na época em que Cristo vivia! Reiterando, Jesus
agiu de forma emblemática ao impedir o apedrejamento da mulher adúltera, exortando-a
a não continuar a agir mais daquela forma!
Traçando, portanto, um paralelo entre a lei mosaica e as leis de Cristo, pode-se observar
que o direito hebreu evoluiu muito em aspectos humanísticos.
Pela primeira vez na história da humanidade, valores como perdão, tolerância, respeito,
fraternidade e amor foram apreciados. Os Direitos Humanos foram colocados de
maneira prática na comunidade, de forma a melhorar o convívio das pessoas: o ser
humano passa a ser mais valorizado do que a propriedade e as coisas materiais em geral.
A respeito da Lei, o Apóstolo Paulo viria também a comentar em suas cartas: “A letra
mata, o espírito vivifica”.
Tal brocado bíblico ainda é usado hoje em dia pelos juristas, que não se deixam vincular
somente pela letra da lei, mas sim às circunstâncias fáticas e às minúcias do caso
concreto, fundamentando seus julgados muito mais pelo espírito da lei (o que visa a lei)
do que pelo seu texto literal (texto positivado).
Enfim, enquanto a lei mosaica preparou o terreno para o advento das normas cristãs de
conduta, essas últimas prepararam a sociedade para a apreciação dos Direitos Humanos.
Após a morte de Jesus, seus seguidores, que eram vistos como participantes de uma
seita chamada Caminho (Atos dos Apóstolos 19:9), liderados por seus discípulos,
passaram a ser perseguidos tanto pelas comunidades judaicas, que não entendiam o
aperfeiçoamento da lei de Moisés pelos ensinamentos de Jesus, como por outros povos,
que eram hostis aos novos conceitos que o cristianismo estava trazendo na consciência
do povo. Conceitos de igualdade, liberdade, respeito, amor ao próximo, vida ética e
perdão eram novos. Para os gregos parecia loucura, segundo Paulo. Para os judeus,
como uma maldição, pois a morte na cruz era símbolo de maldição. Portanto não
entenderam porque Cristo não era um líder político, que iria libertá-los da escravidão de
Roma. Aguardavam um Messias (enviado de Deus, ungido) poderoso e que teria vitória
contra o Império Romano. Assim Cristo não foi reconhecido como o Messias,
prometido por Deus e seus seguidores passaram a ser perseguidos.
Todo texto bíblico de Atos trata das perseguições e lutas que os cristãos sofriam.
Assim, logo após a morte de Jesus, seus primeiros seguidores começaram a se reunir
clandestinamente, se escondendo das autoridades. Existem provas históricas e
arqueológicas sobre esse fato: A cidade de Roma traz lugares subterrâneos, muito
visitados por turistas, a saber, as famosas catacumbas, onde os cristãos daquela época
realizavam suas reuniões e seus cultos, se escondendo das autoridades.
A crença e os valores dos cristãos eram tão fortes, que muitas vezes os discípulos eram
mortos e não negavam sua fé em Cristo, diante do iminente momento da morte. Eram
jogados aos leões, para o divertimento do povo de Roma e não negavam sua fé.
Graças à atitude heroica e obstinada dos primeiros apóstolos, que foram criando novas
comunidades em toda a Ásia e regiões adjacentes a Israel, o cristianismo sobreviveu.
Com ele permanecem os valores ensinados por Cristo, que são eternos, imutáveis,
universais e essenciais para a busca de uma sociedade mais justa e humana, até os dias
de hoje.
É interessante pontuar aqui que a sociedade é dinâmica, mutável; E o Direito
acompanha a evolução da sociedade, dando proteção jurídica às novas situações sociais,
sendo também dinâmico.
O Apóstolo Paulo, através de suas Cartas, exortava as comunidades cristãs, para que
permanecessem firmes na fé e sinceros nos seus relacionamentos, dentro e fora das
comunidades. Ensinava que deviam viver em amor sincero, ajudando uns aos outros, a
fim de dar o bom exemplo ao mundo pagão, que os odiava e os combatia, por não
entenderem, nem aceitarem esses novos parâmetros de vida.
É bem verdade que havia muitos problemas nas comunidades, quando essas
desobedeciam às regras de Cristo, mas Paulo e os outros Apóstolos as visitavam e as
ensinavam a buscar sempre o caminho ensinado por Jesus, através do “arrependimento”.